segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A memória do regime

A tendência natural de quem governa é comparar-se com quem governou. Dizer que fez ou que está a fazer o que os outros não fizeram. E depois esgrimir situações, números e casos que legitimem a vantagem de quem está em relação a quem esteve. É um método que dura algum tempo. Como vive da memória recente tende a perder fulgor à medida que o tempo passa. Uma das formas de prolongar o “estado de graça “-de que conseguimos fazer o que outros não fizeram -é anunciar muitas coisas e ocupar com regularidade o espaço mediático.
Esta fatalidade nacional tem tanta utilidade como comparar o que se está a fazer com o que anteriormente tinham deixado feito. Por uma óbvia razão: o presente pede responsabilidades a quem está, não a quem esteve. E quem esteve já foi avaliado.
Os governos de Durão Barroso/Santana Lopes foram objecto da avaliação em eleições. E os resultados alcançados não deixam margem para dúvidas: foram reprovados de um modo tão claro que deram pela primeira vez a maioria absoluta ao PS. Defender a política desses governos derrotados será um exercício que porventura os visados serão tentados a fazer. Mas se o fizerem significa que pouco aprenderam com a situação. Mas os que ganharam também não podem cair no erro primário de pensarem que quem governa não tem passado. E que parte desse passado não foi derrotado nas urnas pelos que lhes sucederam. Se o método é o de regressar ao passado não se pode ser acometido de uma amnésia selectiva sobre a memória do regime. Lembrar o que convém; silenciar o que não é oportuno.
A política desportiva não é excepção e vive circunscrita a lógicas de exercícios daquele tipo. Por debilidades próprias, por ausência de tradição de debate político, por excesso de pessoalismo. O debate sobre as politicas é empurrado para exercícios que servem para alimentar pequenas polémicas e desamores pessoais que não ultrapassam o círculo restrito dos envolvidos. Os que estiveram, os que saíram e os que regressaram.
O que se passa no âmbito das organizações desportivas também não é brilhante. Habituadas a posicionamentos reactivos - quando estão em causa financiamentos públicos ou o aumento dos poderes de regulação pública - estão sem agenda política, sem propostas para o pais desportivo e completamente enquistadas - por opção ou por ausência - às politicas públicas. O que não é bom nem para quem governa. O país só beneficiaria se o tónus associativo fosse mais activo e menos “acrítico”.A vontade de perpetuação das lideranças associativas, a ausência de vontade de renovação - para além da que vier a ser imposta por via normativa - revelam que o movimento associativo vive bem com o que tem e com o modo como é dirigido. E assim será enquanto o financiamento público não “mexer” com o “status quo”.
O debate e o contraditório político precisam de se ancorar em matrizes ideológicas e doutrinárias que consubstanciem modos diferentes de pensar e de governar. Para que a governação mais do que alternância entre os protagonistas habituais se possa transformar em alternativa. O que vale tanto para quem governa, como para quem pretende governar. Mas ajuda a essa construção perceber que a critica a quem governa não tem necessariamente que ser a defesa de quem governou. Ou que pretende vir a fazê-lo. Convém lembrá-lo aos neófitos do debate político e àqueles cuja “politização” obedece a um regime acelerado de formação “clubística”: ou se é de uns ou de outros!

5 comentários:

Anónimo disse...

Os seus textos compactos sem espaço entre os parágrafos, como faz o João Almeida, torna difícil e incómoda a leitura.

Desisto logo de ler. mesmo que tenha algum interesse.

Sem demagogia.

Anónimo disse...

Permitam-me que opine, pela 1.ª vez, neste blog sobre a “dança das cadeiras” que se verifica amiúde na política de “trazer por casa” nacional. De facto poucos são os políticos, e quando escrevo políticos refiro-me a todas as áreas da política. Eu penso, logo já existia, antes de pensar, que nos tempos actuais já não se faz política no termo etimológico e Grego de “política”. Actualmente faz-se mais aquilo que se pode e deixam fazer. Faz-se, isto é, os raros que sabem fazer alguma coisa! Isto porque, como eu entendo que o presidente dos USA “não manda lá”, excepto o George Washington, também por cá o nosso Governo “manda” naquilo que a UE deixa. Ora, no 76 da Av.ª Infante Santo também sempre aconteceu o mesmo. ou seja, sempre se andou a reboque das grandes ideias passageiras de quem mandava. Eu vou apenas lembrar as “figuras mais marcantes” dentro do capítulo do relacionamento. Eu entrei naquele edifício, ainda por lá estava um Armando Rocha. Naquela altura havia tudo o que sabemos mas o homem tanto dava nas orelhas de um contínuo como nas de um director de serviços! Não era assim tão fascista como alguns dos que vieram depois diziam! Tenho a certeza que nessa altura as quotas de 5% para os excelentes e os 20% para os muito bons rebentavam num instante! Depois chegou lá o Melo de Carvalho, super-progressista, que também dava nas orelhas a um contínuo ou a um director de serviços! Foi na altura um dos poucos que conheci que entendia que a função pública vive “de pessoas para pessoas” e que sem a cooperação das pessoas ele não chegava a lado nenhum! Depois lembro Vasco Lince que era outro “humanista” que tratava as pessoas “como pessoas”! Por último lembro Manuel Constantino que “visitava” os vários gabinetes cumprimentando as pessoas! Todos os que vi chegar, fosse de que política fossem, traziam os seus “super-assessores” que faziam o mesmo ou pior dos que os que lá estavam mas sempre, sempre mesmo, vinham ganhar pelo menos o dobro dos que lá estavam a fazer a mesma coisa! Ora isso dava logo uma sessão mútua de “amores”entre os que chegavam e os que lá estavam! E depois tinham o vício de se juntarem em “grupinhos”, nada de misturas com a fauna existente! O “ponto fulcral da questão” é que as chefias da função pública não sabem “patavina” do que seja e signifique “Recursos Humanos”! No IDP como em muitos outros lados o funcionalismo público é tal e qual a tropa! Existem os “bem pensantes” e a “ralé” dos subordinados que são uma “fauna” que não percebe nada das grandes ideias dos seus superiores! É claro que as grandes ideias começavam logo por deitar abaixo umas paredes e levantar outras! Trocar de carrinhos! Mudar umas mobílias! Artilhar os super-assessores com a +ultima tecnologia e mobília nova! E a “fauna” estava muito bem como estava! É que existem/existiram “dirigentes” naquele IDP que achavam que estavam e detinham um “poder” do caraças! Alguns lixaram-se há uns anos atrás da claque do Mirandela! É que na tropa quando um batalhão não atinge o objectivo, ou seja, não lixa o inimigo, a culpa é do estúpido que os comanda! Qualquer tipo com algumas habilitações sabe que quando os subordinados não prestam é porque os chefes são piores que eles! Ainda por cima quando há uns chefes que, como na tropa, dão ordens para todo o lado sem haver piu! São esses que depois, quando a coisa muda, ficam nas “ruas da amargura” encafuados em qualquer caixote sem nada para fazer como já aconteceu a muitos! E depois andam para lá umas “aves raras”, assessores daquela época em que bastava abanar a cabeça na vertical desde a entrada até à saída, que nem eles sabem como chegaram ali! Se algum dia começam a implantar os exames de avaliação para acessos ás categorias há por lá uma data de doutores que ainda vão parar a condutores! Pois é, a coisa já vai longa, iria muito mais, mas o que se passa ali é o que se passa em todo o lado! Ainda se vai ouvindo umas “balelas” sobre recursos humanos, como ainda há poço tempo esteve aí o Gary Hamel a dizer umas coisas e o Mira Amaral com um sono do caraças na assistência! Pois é, estava a falar da importância das pessoas, etc! Eu só iria para presidente de alguma coisa se tivesse um palno de reforma como o Cadilhe de 2 milhões de euros! E os outros que se lixassem, que é o que é usual fazer-se! Por isso nada de novo para aqueles lados, talvez mesmo só os “bolos da zézinha”, porque o resto sempre se fez com mais ou menos alarido! Ah e o desporto, bem isso é coisa para os lados de Algés-Praia que é onde estão os super-pensantes!

FPE (O funcionário público extinto).

Anónimo disse...

Respondendo ao FPE (funcionário publico extinto )

Não posso estar mais de acordo consigo. Vivi toda essa época que você fala, isto é, desde a era do Prof. Armando Rocha ate à época do nosso “popular “ Dr. Sardinha.
Retrospectivando estes 34 anos de Desporto deixa-me mágoa quando se afirma restar só “os bolos da “Zézinha”.
Não é que não sejam excelentes, esses continuarão, a ser excelentes , porque a “Zezinha “ continua a faze-los com amor , abraçou com fervor a causa de a adoçar os corações do IDP. Daqui o meu Bem Haja.
Talvez pegando na atitude da “Zezinha” possamos chegar ao seu sucesso e ao insucesso do IDP, IP.
È fácil de perceber.
Escreve o meu bom amigo que Prof. Melo de Carvalho entendia que a função pública vive “de pessoas para pessoas” e que sem a cooperação das pessoas ele não chegava a lado nenhum! .Penso que aqui esteja a chave do sucesso e a razão do insucesso.
Repare que a primeira coisa a conquistar para uma causa., são as pessoas.
São elas que darão sucesso à mudança. O que é que esta a ser feito???
As pessoas deixaram de ser pessoas e passaram a ser coisas. Passaram a ser “ferramentas e utensílios de trabalho”. Passaram a partir de aqui à situação de coisas.
Coisas que se usam quando é necessário, coisas que se amachucam quando dá jeito e prazer, coisas que se modificam por conveniência.
Ao descaracterizar-se as pessoas, ao anula-las, e ao transforma-las em coisas, como querem fazer passar a mensagem do qualquer projecto? As coisas não tem poder de absorção e assimilação….. são coisas!
Hoje meu caro amigo a incompetência cultiva-se. Pela experiencia que conheço da casa, todas as chefias, colocados por influencia politica tem vindo de mal a pior. E sabe porque?
Porque o IDP, IP esta tão mal visto, que, qualquer escolha - mesmo politica que seja –será uma escolha de “refugo”( mas de baixo grau) e a sua aceitação terá como único objectivo, fazer currículo para a sua progressão profissional.
Assim sendo onde esta o abraçar do tal projecto que se diz IDP. IP???? Será que ele existe ?? Ou estará ainda estará para os lados de Algés, à espera de um novo Dr. Sardinha?


Desenganem-se os demais que qualquer passagem pelas chefias do IDP, IP penalizará fortemente todos os currículos, caso contrario não haveria dificuldade de escolha.
Não será preciso dizer mais nada. Você, que esta por dentro facilmente arranjará uma dezena de nomes que certificam esta minha afirmação.
Meu caro amigo. Há pessoas que tem missões a cumprir. Se as aceitam é porque tem estômago para isso.
Para lhe demonstrar que as pessoas não são pessoas e são coisas, atente-se ao que aconteceu com o pessoal das Delegações Distritais. Pessoal colocado há 30 anos por exemplo em Castelo Branco, com família estabilizada em C. Branco, com casa comprada no seu local de trabalho, com todo uma vida alicerçada ali, no seu local de trabalho, de um momento para o outro, vê-se colocada em AVEIRO. Como vê, deixaram de ser pessoas e passaram a ser coisas.
Há estômagos e estômagos…

Anónimo disse...

Eu compreendo as razões apontadas pelos dois últimos comentadores.Sou de outra idade não vivi a passagem de tantos responsáveis.O que sei é o que ouço falar.Mas o que me faz mais impressão não é o facto de trazerem gente de fora.É quem chega não perceber nada das tarefas que lhes são entregues e passado algum tempo deixarem as funções.Nunca vivi nesta casa um caos orgnizativo como o actual e sobretudo a irresponsabilidade evidenciada.E o que se passa nas delegações entregues a comissários políticos não é difrente do que por aqui vai.

ex-Complexo da Lapa

Anónimo disse...

Ao ex-complexo da lapa

Vejo que o meu bom amigo também foi, é, alguém que passou pela infante santo, e essa sua passagem deixou-lhe marcas.

Compreendo-o perfeitamente, e sinto que, quando alguém suou uma camisola, custe ver o clube onde jogámos, ser um perdedor.

Compreendo que tenha dificuldade em aceitar a entrada de tantos cérebros iluminados pela incompetência, uma vez que me parece, conhecer, ou ter conhecido os valores que a infante santo detém (detinha)!!!!

È também com estranheza que se constata o caos organizativo actual do IDP,IP e sobretudo a irresponsabilidade evidenciada.

O meu bom amigo estranha???? Eu Também….. pelo menos já somos dois!.

Lembra-se de uma reuniões que se faziam, ( no seu tempo e no meu) para dar directivas, fazer analises, indicar rumos? Sabe quantas reuniões gerais de trabalho foram feitas com os funcionários na gerência do Sr. Dr.Sardinha? NENHUMA!!!!
Provavelmente isto é SIMPLEX.

Como nota final.

Não posso considerar, como reunião de trabalho o Jantare de Natal que todos os anos são feitos, fazendo nessas alturas discursos de circunstancias, e demagógicos, reiterando confiança nos seus funcionários, quando na pratica não a reconhece.

Ah!!!! Agora por isso. Já está mais uma reunião “magna de trabalho” marcado para a época de Natal.
Bom trabalho caros colegas.