Os organismos desportivos que pretendam receber apoios públicos estão sujeitos a uma bateria de procedimentos de ordem administrativo-financeira. E as entidades concedentes seguem o mesmo caminho. Ano após ano complexificam-se as exigências burocrático – administrativas. Neste domínio não há qualquer simplex. Pelo contrário funciona o complex. Em nome da transparência, da equidade e do bom uso dos dinheiros púbicos. E ninguém pode fugir a elas. É condição necessária para quem recebe e para quem concede. E assim gastam uma parte significativa do tempo. No meio de papeis. Não a pensar no desporto e como o desenvolver. Mas nos procedimentos a que estão sujeitos.
São estas exigências adequadas e proporcionais à natureza e missão das organizações desportivas? Não. Prevalece o formalismo e o legalismo que geram rigidez e ineficiência. E em que o direito administrativo dominante conflitua com a gestão. A condição necessária, a formalidade administrativo-financeira, transforma-se em suficiente. O resto, como se trata o desporto e que se faz para o desenvolver não interessa. Reconheço que este problema, face aos paradigmas dominantes em matéria de administração pública, não tem condições para ser debatido. E as tendências dominantes nas escolas da nova gestão pública vão aumentar este tipo de cultura administrativa. Mas que vão desvitalizar a gestão. Como as novas pedagogias fragilizaram o ensino. A escola é a mesma.
Matéria distinta é a avaliação ao grau de eficiência das organizações desportivas. E o controlo sobre a respectiva missão. Uma avaliação que interessa às próprias e a quem as apoia (poderes públicos e privados).
É neste âmbito que reside uma das maiores fragilidades dos sistemas desportivos. Se os poderes públicos devem ser um factor adjuvante no aumento da competitividade e da sustentabilidade das organizações desportivas precisam de ter um indicador de avaliação. O desígnio de “mais desporto e melhor desporto”tem de ser monitorizado. Ora não é a verificação das conformidades administrativa/contabilística/fiscal/financeira que responde a esse desiderato. Pelo que a razão de ser das organizações e o seu objecto (o desporto) não são escrutinados.
As organizações desportivas, nessa ausência, invocam muitas vezes o quantitativo de filiados, como factor que deveria hierarquizar os apoios. Mas é pouco. O número de filados é um indicador importante sobretudo no âmbito dos apoios de manutenção. Mas esse indicador precisa de ser cruzado com indicadores de qualidade, de distribuição geográfica, de género, de grupos etários, de curvas de crescimento, de custos de prática desportiva (os praticantes/modalidades têm custo diferenciados), etc.
O modelo de auditoria financeira é conhecido. O modelo de auditoria desportiva não. Porquê? Por insuficiências no estado actual do conhecimento e das prioridades públicas em matéria de apoios ao associativismo. Conhece-se o problema mas não se tem a solução para ele. Sabe-se o que se quer, mas não se sabe como lá chegar. Conhece-se o destino mas não se domina o caminho.
A investigação e os estudos que são feitos no âmbito das organizações desportivas bem poderiam investir neste tópico. Ajudando a criar uma matriz e um modelo de avaliação que fornecesse elementos que permitissem a sua monitorização. Que permitisse conhecer quem aproveita bem os recursos públicos. E quem os desaproveita. Para se poder premiar os primeiros. E penalizar os segundos.
São estas exigências adequadas e proporcionais à natureza e missão das organizações desportivas? Não. Prevalece o formalismo e o legalismo que geram rigidez e ineficiência. E em que o direito administrativo dominante conflitua com a gestão. A condição necessária, a formalidade administrativo-financeira, transforma-se em suficiente. O resto, como se trata o desporto e que se faz para o desenvolver não interessa. Reconheço que este problema, face aos paradigmas dominantes em matéria de administração pública, não tem condições para ser debatido. E as tendências dominantes nas escolas da nova gestão pública vão aumentar este tipo de cultura administrativa. Mas que vão desvitalizar a gestão. Como as novas pedagogias fragilizaram o ensino. A escola é a mesma.
Matéria distinta é a avaliação ao grau de eficiência das organizações desportivas. E o controlo sobre a respectiva missão. Uma avaliação que interessa às próprias e a quem as apoia (poderes públicos e privados).
É neste âmbito que reside uma das maiores fragilidades dos sistemas desportivos. Se os poderes públicos devem ser um factor adjuvante no aumento da competitividade e da sustentabilidade das organizações desportivas precisam de ter um indicador de avaliação. O desígnio de “mais desporto e melhor desporto”tem de ser monitorizado. Ora não é a verificação das conformidades administrativa/contabilística/fiscal/financeira que responde a esse desiderato. Pelo que a razão de ser das organizações e o seu objecto (o desporto) não são escrutinados.
As organizações desportivas, nessa ausência, invocam muitas vezes o quantitativo de filiados, como factor que deveria hierarquizar os apoios. Mas é pouco. O número de filados é um indicador importante sobretudo no âmbito dos apoios de manutenção. Mas esse indicador precisa de ser cruzado com indicadores de qualidade, de distribuição geográfica, de género, de grupos etários, de curvas de crescimento, de custos de prática desportiva (os praticantes/modalidades têm custo diferenciados), etc.
O modelo de auditoria financeira é conhecido. O modelo de auditoria desportiva não. Porquê? Por insuficiências no estado actual do conhecimento e das prioridades públicas em matéria de apoios ao associativismo. Conhece-se o problema mas não se tem a solução para ele. Sabe-se o que se quer, mas não se sabe como lá chegar. Conhece-se o destino mas não se domina o caminho.
A investigação e os estudos que são feitos no âmbito das organizações desportivas bem poderiam investir neste tópico. Ajudando a criar uma matriz e um modelo de avaliação que fornecesse elementos que permitissem a sua monitorização. Que permitisse conhecer quem aproveita bem os recursos públicos. E quem os desaproveita. Para se poder premiar os primeiros. E penalizar os segundos.
2 comentários:
Concordo genericamente com o texto.
Hoje e ontem o micro computador com que trabalho arrastava-se e levei-o a um informático que aumentou a memória e retirou ficheiros temporários de inúmeras pastas e no momento de limpeza o computador passou a funcionar com maior velocidade.
Primeiro, as organizações complexas necessitam de estruturas multiplas para trabalhar bem e segundo existem funções que necessitam aparecer e desaparecer no momento e com o peso certo.
As auditorias técnico-financeiras surgem no actual momento de uma forma que os dirigentes federados consideram prejudiciais.
Este sentimento deve-se ao facto destas auditorias actuarem supletivamente ao todo jurídico que enforma a actividade desportiva. A auditoria é o elemento que o lider vê como o polícia e lhe retira graus de liberdade.
Fazer auditorias desportivas até que ponto serão úteis ou acentuarão a ineficácia de que se queixam os líderes?
A resposta que encontro é a da concordância com todo o referido no poste da oportunidade das auditorias, da necessidade de estudos e análises e acrescento que as políticas também deverão ser mexidas para se adequarem às novas possibilidades oferecidas.
Porquê?
Tomemos o número de praticantes ou de medalhas.
São necessárias políticas que integrem objectivos quantificados.
Sem o principio, que chamaria ético, da quantificação dos objectivos tudo serve: crescimento, decrescimento ou zero de output (como parece ser o caso das medalhas em Portugal e que todos aceitam).
Ou seja, as políticas deveriam ser mais complexas e objectivas razão que exige auditorias técnicas, análises plurais e estruturas de diálogo superiores como por exemplo o CND, os blogues e os órgãos de comunicação social.
Não poderia concordar mais com este "complex" de JMC.
A minha experiência pessoal, no caso do Atletismo, é de que os valores atribuídos a cada contrato-programa têm sido, ano após ano, sensivelmente os mesmos.
Os critérios de atribuição nunca foram explicados nas reuniões próprias com o Presidente do IDP.
As verbas têm sido atribuídas olhando apenas para os valores do ano anterior.
O Plano de Actividades e Orçamento da FPA, documento sempre de grande qualidade e quantidade de informação auto-avaliativa, estratégica e técnica, pura e simplesmente não conta para nada.
Alguém o terá lido alguma vez?
Esta foi uma das razões para a minha demissão de Vice-Presidente da FPA: a pura e simples ausência de diálogo ou troca de informaçõescom o IDP.
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