domingo, 4 de abril de 2010

Maputo e Obesidade Sarcopénica

Dias antes de viajar para Maputo tinha visto uma excelente reportagem da jornalista Cândida Pinto intitulada "Eu e os Meus Irmãos" que relata as vidas dos órfãos de vítimas de sida em Moçambique. Despertou-me, ainda mais, a curiosidade para a realidade social que me esperaria neste país tão longínquo, mas tão familiar devido às recordações e memórias invocadas por vários amigos que lá viveram.

Foi, por conseguinte, o XIII Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, realizado no Centro de Conferências Joaquim Chissano, designadamente algumas das intervenções deste evento, assim como alguns recortes da vida moçambicana, que me inspiraram uma ou duas ideias para partilhar nesta colectividade. A primeira prende-se efectivamente com a cidade de Maputo e as suas gentes. Estar no estrangeiro e ouvir e falar português proporciona um bem-estar, uma serenidade e uma felicidade incomensuráveis, ainda muito mais acrescidos quando os anfitriões são doces no trato e nos olham meigamente como é o caso dos moçambicanos. Neste particular, também a reportagem acima invocada evidencia bem esse olhar sublime de candura e doçura deste povo.
Porém, apesar dos progressos, continuam bem evidentes nas casas, nos transportes, nos hábitos, nos comércios de rua, no salário mínimo (a rondar os 30 euros), os sinais que reflectem uma realidade pobre e que persistem em colocar Moçambique na cauda dos países mais pobres do mundo (posição 172 de 177 no Índice de Desenvolvimento Humano de 2007/2008).
Dados relativos à esperança média de vida dos Países de Língua Portuguesa indicam Moçambique com os valores mais baixos (cerca de 43 anos), aumentando na cidade de Maputo para valores médios de 62 anos para os homens e de 55 anos para as mulheres.

Daí que algumas intervenções neste congresso, nomeadamente as que incidiam sobre o envelhecimento e ainda por cima associados à obesidade sarcopénica (aumento da massa gorda e redução da quantidade e da qualidade muscular que conduz a uma baixa qualidade muscular e aptidão física geral reduzida), tenham sido um dos paradoxos patentes entre a investigação e a vida real dos Moçambicanos. Porém, os temas, os trabalhos e investigações apresentados neste congresso patentearam bem o espaço diferenciado que é a lusofonia e que reclama, necessariamente, reflexões e estudos específicos e não apenas os que sobrelevam das academias americana e europeia.

Por fim, um último registo para nomes de desportistas, dirigentes e técnicos invocados em conversas amenas com diversos Moçambicanos e que perduram na nossa história desportiva, tais como Mário Coluna, Eusébio, Fernando Adrião, Dulce Gouveia, Mirandela da Costa, João Boaventura, Hermínio Barreto. E como eles continuam a ser referências, estimados e queridos…lá como cá!

2 comentários:

Luís Leite disse...

Já agora só para acrescentar, para além dos citados, mais alguns nomes que, de repente me vieram à memória, de grandes desportistas moçambicanos: Costa Pereira, Matateu, Hilário da Conceição, Vicente Lucas, Shéu Han, Manaca, Jorge Cadete, Abel Xavier (Futebol), Luís Pina, Mário Albuquerque, Nélson Serra, Rui Pinheiro, Paulo Carvalho (Basquetebol), José Magalhães, Angélica Manaca, Helena Relvas, Conceição e Manuela Alves,
José Silveira, Vítor Mendes (Atletismo), Velasco e Bouçós (Hóquei em Patins), etc.
As minhas desculpas para todos aqueles que não me vieram à memória neste momento e que ajudaram a melhorar (muito) o desporto português.

Anónimo disse...

Carlos Lisboa,Henrique Vieira (equipa de basquetebol do Benfica) Alberto Moreira, António Botelho de Melo,Rui Abreu, Samuel de Carvalho, Estácio Dias, António Almeida, Carlos Joia, José joia, George Sing (equipa do ginásio Figueirense, a equipa de hóquei do Sesimbra (vencedora da Taça CERS, enfim a lista é interminável e se continuasse a escrever ocupava o espaço todo
Jorge Santos