sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Londres 2012: Uma competição sem importância

Um texto de Luís Leite.


Este país está cada vez mais futebolizado.
A cultura desportiva, em vez de crescer e melhorar, é cada vez mais frágil.
O interesse da população em geral no que respeita ao desporto, ao que parece, limita-se à vida de José Mourinho, Cristiano Ronaldo, e ao momento dos 3 grandes (FCP, SLB e SCP), a que se juntaram agora os vários clubes estrangeiros em que militam jogadores portugueses.
O resto, praticamente não tem qualquer relevância.
O Comité Olímpico de Portugal limita-se a distribuir bolsas de preparação olímpica aos atletas que vão sendo integrados.
Entretanto, o recém-nomeado Chefe de Missão Olímpica, declarou, um mês depois da sua nomeação, que já tem definido o perfil do seu adjunto. Bravo!
A pouco mais de ano e meio dos Jogos de Londres, a preparação da Missão Olímpica está no ponto de partida.
É o desinteresse total.
Dos Jogos só se falará, nos Órgãos de Comunicação Social, nas vésperas da partida para Londres.
Para onde enviarão, outra vez, jornalistas completamente ignorantes sobre aquelas estranhas modalidades.
Vicente Moura agora já não arrisca previsões.
O Governo não revela a menor preocupação. O que tinha interessado mesmo era a organização do Mundial de Futebol.
Eu arrisco uma previsão:
Dado o estado actual do Desporto Português, em plano inclinado, arriscamo-nos a sair de Londres sem qualquer medalha.
O que nos colocará, definitivamente, no grupo dos mais atrasados da Europa, com a companhia exclusiva dos micro-estados.
Com a população que temos, deveríamos apontar para 5 a 7 medalhas, o que significaria ter 15 a 21 medalháveis.
Mas ninguém se importa.
Pois se podemos ter dezenas de medalhas nos Paralímpicos…
O que interessa, para já, são os eventuais reforços futebolísticos de Inverno.
Em Agosto de 2012, após os Jogos, alguém irá culpar a crise financeira pelos maus resultados olímpicos.
De que se falará durante uma semana, no máximo, em simultâneo com os eventuais “reforços” dos 3 grandes para 2012/2013, que continuarão a encher as capas dos jornais desportivos, diariamente, com nomes de jogadores sul-americanos desconhecidos.
E o Benfica e o Porto deixarão de jogar com 9/10 estrangeiros. Passarão a jogar com 11.
É a paixão pelo Futebol…

20 comentários:

Anónimo disse...

A desonestidade intelectual do arquitecto por vezes é exorbitante.

Senão vejamos, desde 2009 existe um projecto de apoio à Preparação olimpica com atletas e treinadores a receber bolsas e os atletas a ser apoiados, simultaneamente as Federações recebem também dinheiro para essa preparação.
Todos tem estado a trabalhar quase unica e exclusivamente com esse apoio.
Dizer que a preparação arrancou agora por parte de alguém que tem perfeito, ou devia ter, conhecimento de todos estes factos não é correcto.

PS dispensamos as "bocas" sobre o estatuto dos anónimos. Escalareça se é ao não verdade que desde 2009 existe esse projecto e esse apoio; se está a ser cumprido e atletas treinadores recebem bolsas de valor duas vezes superiores ao salário minimo nacional e as Federações recebem um financiammento superior a 20.000 euros anuais por cada atleta.
Já agora se mais de 50% desse finaciamento vai direitinho para a sua Federação.

Anónimo disse...

As Federações recebem a verba para gastar com a preparação dos atletas envolvidos: estágios, competições, material, apoio médico, etc. Não é para financiar as actividades das Federações.
E já agora, não são 20.000 € por atleta, pois estes não estão todos no mesmo nível de integração.

Luís Leite disse...

1) Quanto a projectos, há muito existem vários com o horizonte Londres 2012, desde o anterior ciclo olímpico, portanto muito anteriores a 2009.
Estes projectos não significam mais do que a atribuição de bolsas e verbas aos nomes indicados pelas Federações.
Não existe, que eu saiba, qualquer avaliação dos projectos e o porquê da entrada e saída de nomes.

2) A Preparação Olímpica só faz sentido se for coordenada pelo Chefe de Missão.
Pelos vistos essa estrutura indispensável ainda não existe em Dezembro de 2010, a pouco mais de ano meio dos Jogos.
O Chefe de Missão servirá para tratar dos bilhetes de avião? É uma figura decorativa inevitável?

3) Com esses projectos, já deveríamos estar, neste momento, pelo menos com uma dezena de atletas dos desportos individuais com boas hipóteses de serem medalháveis.
Que conclusões tira o COP sobre a situação actual?
Porquê a inviabilidade de conseguirmos, ao menos, a presença de uma modalidade colectiva?

4) Os valores das bolsas continuam ridículos, e ainda mais quando comparados com o ridículo salário mínimo nacional.
Nem vale a pena comparar com as bolsas espanholas, porque daria vontade de rir.

5) Se a Federação de Atletismo recebe mais de 50% desse financiamento é porque há razões óbvias para que tal aconteça: as 4 medalhas de ouro olímpicas são todas do Atletismo; 10 das 22 medalhas olímpicas são do Atletismo; o Atletismo consegue ter mais de um terço dos atletas que fazem mínimos de participação.

6) Não gosto de me acusem de desonestidade intelectual.
Muito menos por quem não é capaz de assinar o que escreve e, por isso, não merece grande credibilidade cívica.

F. Oliveira disse...

A senda persecutória de LL no 'contra tudo e contra todos' leva-o a escrever isto.
Uma simples consulta ao site do COP esclarece os montantes, destinatários e desde quando estão a ser pagos...
E, ao que 'corre pelo meio' na ultima assembleia plenária ainda se vangloriaram de pagar aos atletas apesar do IDP estar em atraso.
Bater nos anónimos é que é...são os que lhe fazem frente.

Luís Leite disse...

Números escondidos, a realidade que não interessa conhecer:

Média de medalhas olímpicas por participação (só em Jogos Olímpicos de Verão), ganhas pelos países europeus com população actual semelhante ou inferior à portuguesa, excluindo os micro-estados (países com menos de 1 milhão de habitantes):

População (em milhões)/ Média de medalhas:

Hungria (10,1) - 19,1 medalhas
Suécia (9,2) - 19
Bielorrússia (9,8) - 16
Finlândia (5,3) - 13
Bulgária (7,9) - 11,8
Rep. Checa (10,3) - 8,3
Dinamarca (5,5) - 6,8
Suiça (7,8) - 7
Noruega (4,8) - 6,3
Bélgica (10,4) - 5,8
Eslováquia (5,4) - 5
Geórgia (4,4) - 4,5
Azerbeijão (8,9) - 4
Grécia (11,2) - 4,2
Croácia (4,4) - 3,4
Aústria (8,3) - 3,4
Estónia (1,3) - 3,1
Eslovénia (2) - 3
Lituânia (3,4) - 2,3
Arménia (3,2) - 2,3
Sérvia e Mont. (10,8) - 2
Letónia (2,2) - 1,9
Moldova (3,5) - 1,3
Irlanda (4,3) - 1,2
Portugal (10,5) - 1 medalha
Albânia (3,2) - 0

Esta é a realidade que não interessa que seja conhecida nem pelo Governo nem pelo COP.
Se calhar, não haveria razões para grandes celebrações...

Anónimo disse...

Concordo plenamente com o que disse no texto, mas é um fenómeno que se verifica e que é muito díficil de ser contrariado.
Na minha modesta opinião temos necessidade de nos identificar com os vencedores mediáticos, em especial o que estão em Espanha.
Apesar de acompanhar de forma superficial, sei que o Chefe de Missão Olímpica é uma pessoa válida e com créditos, pois tem feito um trabalho impressionante numa Federação, que até há 10 anos, estava na "rua da amargura". Veio acrescentar um valor importante na função que exerce: foi atleta e viveu os problemas das modalidades amadoras.
Sinceramente, espero que tenha sucesso, juntamente com todos os atletas.
Bem hajam!

Anónimo disse...

O que não interessa e o que se esconde é que durante todos estes anos o desporto tem tido muitos LL.


Já agora que faz tantos estudos diga lá ao povo quanto custou em investimento cada medalha do atletismo (quando superiormente liderados por si)e custaram nos paises que elencou.

Não esquecer que estamos a falar de um total superior a doze milhões de Euros do projecto de Londres ao que acrescem os magotes de dinheiro que algumas Federações recebem para o alto rendimento.

Claro que a culpa é de quem paga e não de quem implementa no terreno a preparação. Depreende-se do seu Discurso que deveria ser o COP e o IDP.

Citando um dos Autores deste blog o Professor Alfredo Silva:

"A conclusão a que chegamos é que o sistema de organização desportiva deles produz melhores resultados", sublinhou Alfredo Silva, lembrando que os ingleses, que se preparam para receber os Jogos de 2012, em Londres, já andam a projectar para daqui a 20 anos.

O professor de Gestão do Desporto reconhece que o "problema" não passa pelo apoio financeiro, que considera ter sido pleno, mas de promover a prática do desporto em Portugal e que isso não depende do COP.


"Com meios financeiros a duplicarem, com mais e melhores instalações desportivas, e não conseguimos sair deste patamar em que estamos há 12 anos. Alguma coisa se passa com as políticas públicas de promoção do desporto"

Mas como o LL está convicto do seu toque de Midas acha que mudando pessoas e não politicas faz a diferença. Ajudaria mas não faria a diferença.

Anónimo disse...

Arquitecto Luis Leite:

Se não sabe o porquê da entrada e saída de nomes informasse.

Para quem quer ser voz activa convém estar informado e falar com conhecimento de causa. O problema é que o Senhor Arquitecto sabe mas prefere lançar veneno.

Anónimo disse...

A listagem dos países (comparáveis em população a Portugal)que têm mais medalhas olímpicas que nós, apresentada por Luís Leite, merece alguns comentários:

1º - Desses 25 países, 17 pertenciam à ex-URSS ou constituíam seus satélites (Albânia, Moldávia, Estónia, Sérvia e Montenegro, Arménia, Lituânia, Eslovénia, Letónia, Croácia, Azerbeijão, Geórgia, Eslováquia, República Checa, Bulgária, Bielorússia, Arménia e Finlândia);

2º - São conhecidos os métodos de detecção de talentos e de treino usados na ex-URSS e seus países satélites, insusceptíveis de serem reproduzidos no Ocidente, e habitualmente "acompanhados,apoiados e acarinhados" pelas respectivas polícias políticas;

3º - É igualmente conhecido o "respeito" que estes países devotavam ao controlo anti-doping, à sombra do qual foram fabricadas muitas daquelas medalhas;

4º - Finalmente, anoto que Luís Leite se escusou de mencionar o país, com poucos mais habitantes que Portugal, e que até batia os EUA em medalhas: a ex-RDA... Vá-se lá saber porquê....

Luís Leite disse...

Nota: como só há anónimos, tenho que, contra os meus princípios, responder a anónimos, sob pena disto ficar por aqui...

Respostas aos últimos 4 anónimos, após o meu último comentário:

Anónimo 1:
Concordo consigo, embora me pareça muito difícil ser Chefe de Missão vivendo no Porto, sobretudo nos últimos meses antes dos Jogos; também me parece ser uma pessoa competente mas demasiado jovem para a função;

Anónimo 2:
O primeiro parágrafo é completamente despropositado e não merece comentários; quanto aos apoios financeiros do Estado ao Desporto, tanto ao nível do Alto Rendimento e Preparação Olímpica como da construção de infraestruturas, sempre foram e são simplesmente ridículos, quando comparados com os outros países europeus da nossa dimensão; as opções políticas sempre foram disparatadas e os responsáveis principais pelo atraso português são os governantes; a incompetência é impressionante;
se nos compararmos com a Espanha, verificamos que, em democracia (desde 1976), enquanto Portugal ganhou 15 medalhas olímpicas (10 do Atletismo), a Espanha ganhou 115, ou seja 11,5 vezes mais;

Anónimo 3:
Você sabe que eu sei que você não sabe o que eu sei; quanto a veneno, não uso; uso argumentos e assino por baixo;

Anónimo 4:
OK: os outros são melhores que nós porque são mauzinhos; nós é que somos MESMO bons, porque somos bonzinhos, pobrezinhos e honrados; se você não fosse anónimo eu até podia argumentar consigo sobre "doping"; mas como é, fica de castigo...

A todos: obrigado pelas réplicas; uma pena serem anónimas;

Luís Leite disse...

Por lamentável lapso, escrevi que a Espanha ganhou 115 medalhas olímpicas desde 1976. Na verdade foram 102, contra 15 de Portugal, 6,8 vezes mais.
Peço desculpa.
No total histórico, a Espanha tem 113 medalhas, contra 22 de Portugal, ou seja 5,14 vezes mais.
A população espanhola é de 44,7 milhões, contra 10,5 milhões de portugueses, 4,26 vezes superior.
Fica reposta a verdade.

Anónimo disse...

E então a ex-RDA, que o Luís Leite tanto admirava?!

Aquilo é que era desenvolvimento desportivo!...

Anónimo disse...

Sr. LL,

Não sou advogado de defesa do Chfe de Missão, mas gostaria de lhe perguntar uma coisa: ser jovem retira credebilidade da pessoa em causa? A juventude é tão má assim?
Pois, como jovem quero dizer-lhe que por esses preconceitos estamos onde estamos. Não há oportunidade para os jovens, para a inovação e irreverência, só há espaço para o maduro (às vezes em excesso que atá cai da árvores), para os cabelos brancos...
Por isso estamos onde estamos, não conta o mérito...

Luís Leite disse...

Um dos anónimos que aqui comentou, citou o Prof. Alfredo Silva, que considera que "o problema não passa pelo apoio financeiro, que considera ter sido pleno, mas de promover a prática do desporto em Portugal...".
São referidos os mais de 12 milhões de euros do Projecto Londres 2012 (muito mais do que isso custou o velódromo de Sangalhos), o que dá, para o total de actividades e despesas, 3 milhões de euros por ano para preparar os Jogos Olímpicos.
O equivalente ao salário médio anual da NBA, por exemplo.
O total disponível para a preparação olímpica para Londres, durante 4 anos, não chegaria para pagar o vencimento base anual de qualquer um dos jogadores americanos da selecção olímpica de basquetebol.
Apenas um sorriso...
Eu sei. São assuntos diferentes.
Só que em Portugal a sponsorização privada ou publico-privada vai quase toda para o Futebol...

Luís Leite disse...

Temos um anónimo que "sabe" que eu "tanto admirava" a ex-RDA!...
Olá...

Temos outro anónimo que acha que a idade não é um aspecto importante para a escolha de um Chefe de Missão Olímpica.
Pelos vistos não sabe para que serve um Chefe de Missão.
A minha opinião é que deve ser alguém com experiência olímpica, capacidade de liderança, que tenha conhecimentos sobre todas as modalidades e não esteja demasiado agarrado a nenhuma e, preferencialmente, idade entre os 50 e os 60 anos.
Não há discriminação nenhuma da minha parte.
Sei do que falo.

Anónimo disse...

O Luís Leite das 11,49 está a falar do currículo mínimo do Presidente Vicente Moura?

Luís Leite disse...

O anónimo da 13.41 faz uma pergunta incompreensível.
O curriculo mínimo do Pesidente Vicente Moura?

Não se percebe se acha que eu acho que Vicente Moura cabe naquele perfil, o que obviamente nem precisa resposta (não cabe nem podia ser Chefe de Missão),
ou
acha que aquele seria o perfil escolhido por Vicente Moura para o cargo, o que não faz sentido, já que foi escolhida uma pessoa que não se enquadra naquele perfil.

O que é que o anónimo quer saber?
Ou não quer saber nada?

Anónimo disse...

O problema do chefe de missão resolvia-se com um diploma legal que preenchesse a enorme lacuna que é no nosso acervo legislativo tal matéria não estar legislada a bem do interesse público

Luís Leite disse...

O anónimo das 15.39 das duas uma:

ou está a gozar (comigo?)
ou acha mesmo que o que falta é legislação.

No primeiro caso, passo à frente;
no segundo caso, mais legislação avulsa que não adianta nada?

É que com a legislação que tem saído, o desporto português não melhorou nada.

Anónimo disse...

Não estava a gozar consigo.Mas a ironizar com a falta de legislação.Onde está o seu sentido de humor?