O milagre podia ter acontecido na passada quinta feira. Bastaria que a candidatura ibérica, a melhor de todas segundo o homem do leme do nosso desporto, tivesse logrado a organização do mundial de futebol. Mas Putin não deixou. E parece que jogou forte. Como escreveu José Lello: quem paga, ganha. O homem do leme do nosso desporto já tinha garantido que o país não ia gastar um euro. Ou seja não pagava. Supõe – se, de resto, que as viagens, deslocações e estadias que entretanto realizou para apresentação da candidatura tenham sido suportadas por outro bolso que não os cofres públicos E embora para o final já admitisse que tinha de pagar os custos de segurança, ainda não estimados, a coisa era dinheiro em caixa. E mais emprego. E camas ocupadas. E mais turismo. E transportes. E os inevitáveis reflexos para a boa imagem do país.
De repente o país político transfigurava-se. A crise tinha abalado. Havia uns patuscos que achavam que a nossa parcela (leia-se número de jogos em solo pátrio) era pequena comparada com Espanha. Quanto ao resto tudo bem. E no mar de dificuldades em que vivemos o centrão político deu um ar da sua graça. O governo cumpriu os mínimos. Sem grandes euforias. A surpresa veio do lado dos PSD´s do futebol e afins. A defender algo inédito: o investimento está feito e o retorno é imediato. Sem risco. Cavaquistas desembainharam os argumentos e esqueceram por momentos as palavras do dito a propósito do evento. Todos a defenderem a causa .E a demonstrarem que o tempo em que o PCP tinha o monopólio das cassettes já passou. A imprensa desportiva fez o óbvio: render o peixe que a ajuda a sobreviver. E para que a coisa tivesse ainda maior rigor científico houve até um estudo académico a demonstrar “a+b” que era dinheiro em caixa. Parece que havia o compromisso do TGV, de que falou Zapatero, mas por cá a coisa passou não fosse transtornar as relações com o parceiro de orçamento. Nem se falou do assunto. O estudo dizia que era preciso gastar uns milhões. Mas se o mesmo estudo previa que o número de milhões a entrar era bem maior o assunto estava arrumado. E havia ainda o valor da marca “Portugal”. E o contributo para o PIB. Tudo, como sempre, boas causas.
E, por isso, foi um futebol politicamente unido que fez frente à poderosa FIFA. O homem do leme do nosso desporto, o patrão do futebol e o representante dos trabalhadores fardaram-me a rigor. Colocaram a mesma gravata. E demonstraram que, afinal, os estatutos da federação não são motivo impeditivo para todos estarem irmanados pelas grandes causas futebolísticas nacionais. Sentido de honra? Defesa de princípios? A parte ilegal da federação cedeu o seu lugar à realpolitik .O governo legitimou. O governo esqueceu a parte ilegal da federação. Esta agradeceu. Para quê complicar?
É dos livros. Sempre que Portugal se candidata a organizar qualquer coisa, a “coisa” paga-se a si mesma. E ainda dá lucro. Foi assim com a Expo. E com o Euro 2004.E com estudos para um candidatura aos jogos olímpicos. É o espírito scut. O problema é quando se enceram as contas. As previsões saem falhadas. O que talvez ajude a explicar que tão lucrativos projectos não consigam arrancar sem o chamado apoio político. Que trocado por miúdos quer dizer dinheiros públicos.
Com excepção de Barcelona, e respectivos Jogos Olímpicos, está para surgir o primeiro grande evento desportivo internacional, tipo europeu/mundial de futebol ou jogos olímpicos, que não seja um descalabro financeiro para o pais ou a cidade que os acolhe. E o oposto: um lucrativo resultado para a entidade que os organiza (UEFA/FIFA ou COI).
A literatura é abundante a demonstrar que a organização de um mundial de futebol cria valor. Ganha-se muito dinheiro. Mas também se perde. O que é mais lucrativo - direitos televisivos e contratos de sponsorização - ficam na Suiça. Limpos e isentos de impostos. O resto se verá. O resultado final é conhecido. Bom para a FIFA (ou UEFA). Bom para a federação nacional e negócios que na sua orbita prosperam. Mau para as finanças públicas dos países que acolhem. Se estamos enganados que surjam os bons exemplos.
É preciso rever muita coisa na organização do futebol, dizia consternado Gilberto Madail. Compreendo-o. Quem o convenceu que uma candidatura que não constrói uma dezena de novos estádios tem vantagens comparativas face uma outra que se propõe fazê-lo?
Quando - agora na FIFA, no passado no COI- os senhores do mundo se plantam frente a uns vetustos decisores desportivos a pedirem uma decisão favorável aos seus projectos, o que tem de ser repensado não é a organização do futebol(ou do desporto). É a relação da política com os negócios do futebol (e do desporto).
De repente o país político transfigurava-se. A crise tinha abalado. Havia uns patuscos que achavam que a nossa parcela (leia-se número de jogos em solo pátrio) era pequena comparada com Espanha. Quanto ao resto tudo bem. E no mar de dificuldades em que vivemos o centrão político deu um ar da sua graça. O governo cumpriu os mínimos. Sem grandes euforias. A surpresa veio do lado dos PSD´s do futebol e afins. A defender algo inédito: o investimento está feito e o retorno é imediato. Sem risco. Cavaquistas desembainharam os argumentos e esqueceram por momentos as palavras do dito a propósito do evento. Todos a defenderem a causa .E a demonstrarem que o tempo em que o PCP tinha o monopólio das cassettes já passou. A imprensa desportiva fez o óbvio: render o peixe que a ajuda a sobreviver. E para que a coisa tivesse ainda maior rigor científico houve até um estudo académico a demonstrar “a+b” que era dinheiro em caixa. Parece que havia o compromisso do TGV, de que falou Zapatero, mas por cá a coisa passou não fosse transtornar as relações com o parceiro de orçamento. Nem se falou do assunto. O estudo dizia que era preciso gastar uns milhões. Mas se o mesmo estudo previa que o número de milhões a entrar era bem maior o assunto estava arrumado. E havia ainda o valor da marca “Portugal”. E o contributo para o PIB. Tudo, como sempre, boas causas.
E, por isso, foi um futebol politicamente unido que fez frente à poderosa FIFA. O homem do leme do nosso desporto, o patrão do futebol e o representante dos trabalhadores fardaram-me a rigor. Colocaram a mesma gravata. E demonstraram que, afinal, os estatutos da federação não são motivo impeditivo para todos estarem irmanados pelas grandes causas futebolísticas nacionais. Sentido de honra? Defesa de princípios? A parte ilegal da federação cedeu o seu lugar à realpolitik .O governo legitimou. O governo esqueceu a parte ilegal da federação. Esta agradeceu. Para quê complicar?
É dos livros. Sempre que Portugal se candidata a organizar qualquer coisa, a “coisa” paga-se a si mesma. E ainda dá lucro. Foi assim com a Expo. E com o Euro 2004.E com estudos para um candidatura aos jogos olímpicos. É o espírito scut. O problema é quando se enceram as contas. As previsões saem falhadas. O que talvez ajude a explicar que tão lucrativos projectos não consigam arrancar sem o chamado apoio político. Que trocado por miúdos quer dizer dinheiros públicos.
Com excepção de Barcelona, e respectivos Jogos Olímpicos, está para surgir o primeiro grande evento desportivo internacional, tipo europeu/mundial de futebol ou jogos olímpicos, que não seja um descalabro financeiro para o pais ou a cidade que os acolhe. E o oposto: um lucrativo resultado para a entidade que os organiza (UEFA/FIFA ou COI).
A literatura é abundante a demonstrar que a organização de um mundial de futebol cria valor. Ganha-se muito dinheiro. Mas também se perde. O que é mais lucrativo - direitos televisivos e contratos de sponsorização - ficam na Suiça. Limpos e isentos de impostos. O resto se verá. O resultado final é conhecido. Bom para a FIFA (ou UEFA). Bom para a federação nacional e negócios que na sua orbita prosperam. Mau para as finanças públicas dos países que acolhem. Se estamos enganados que surjam os bons exemplos.
É preciso rever muita coisa na organização do futebol, dizia consternado Gilberto Madail. Compreendo-o. Quem o convenceu que uma candidatura que não constrói uma dezena de novos estádios tem vantagens comparativas face uma outra que se propõe fazê-lo?
Quando - agora na FIFA, no passado no COI- os senhores do mundo se plantam frente a uns vetustos decisores desportivos a pedirem uma decisão favorável aos seus projectos, o que tem de ser repensado não é a organização do futebol(ou do desporto). É a relação da política com os negócios do futebol (e do desporto).
40 comentários:
Pois, o milagre não aconteceu.
Ainda bem.
Mas ainda temos o "Magalhães"!
O nosso "Primeiro" anda a tentar impingi-los aos sul-americanos, dizendo que o Magalhães (esse brinquedo/negócio escandaloso atrbuído sem concurso público), revolucionou a Educação em Portugal.
Comprem, meus senhores, que os nossos resultados escolares agora já são outra coisa!
A verdade é esta:
O Magalhães é usado pelos miúdos para jogarem em casa.
Não aprendem nada com o Magalhães.
A exigência no ensino é cada vez menor.
Tudo a fingir, só conta para a estatística.
Chegam ao terceiro ciclo sem saber ler, escrever, medir e contar.
De História e Geografia, sabem nada.
No Secundário, já não se consegue dar aulas e os analfabetos funcionais já chegaram, aos magotes, à Universidade.
A população é, cada ano que passa, mais inculta.
Também no Desporto.
Ah! Já me esquecia, temos as "Novas Oportunidades", que servem para diplomar tudo o que mexe.
Porque não tentar exportá-las também?
A oportunidade e a justeza do comentário do LL não podiam ser maiores.
Sobretudo, quando confrontados com o Relatório da OCDE, PISA2009, hoje divulgado:
Portugal registou uma evolução «impressionante» nos resultados da avaliação de alunos, afirmou hoje um responsável da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE).
«Portugal ocupava o fundo da tabela nos relatórios anteriores e desta vez aproximou-se da média dos países da OCDE, ultrapassando por exemplo a Espanha», afirmou Andreas Schleicher, director da Divisão de Indicadores e Análise da Direcção de Educação da OCDE.
Andreas Schleicher sublinhou que Portugal obteve uma classificação de 489 pontos, próxima da média da OCDE, que é de 493 no relatório de 2009 do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), hoje divulgado em Paris.
O PISA avalia os conhecimentos e aptidões dos alunos em matemática, leitura e ciências. «O melhor resultado de Portugal no relatório de 2009, em relação ao de 2006, foi obtido na matemática», explicou Andreas Schleicher.
«O que é mais interessante nos resultados de Portugal é que o salto foi conseguido sem sacrificar o equilíbrio dos diferentes níveis de alunos. Não houve declínio no topo para se conseguir a melhoria na base», resumiu o especialista da OCDE, em entrevista à agência Lusa.
Andreas Schleicher refere que a melhoria de resultados «pode ser explicada em primeiro lugar pelas políticas seguidas nos últimos anos e por uma conjugação de factores como a avaliação de professores e um controlo sério da qualidade do ensino. Não se pode melhorar o que não se conhece», explica o responsável da OCDE.
O relatório PISA revela também que «diminuiu o peso das repetições, cujo nível continua alto em Portugal».
Portugal faz parte do grupo de países que no relatório PISA 2009 registaram melhorias significativas da sua nota geral, que inclui o Chile, Israel e Polónia.
Portugal está tanto entre os países com mais progressos na avaliação em matemática (com México, Turquia e Grécia) como no grupo com um salto mais significativo em ciências (Turquia, Coreia do Sul, Itália, Noruega, Estados Unidos e Polónia).
«A diferença entre as escolas melhores e as escolas piores diminuiu», salientou Andreas Schleicher, acrescentando que é também relevante no caso português que «a diferença (de resultados) entre escolas privadas e públicas não é muito grande».
Isso quer dizer talvez, explica Andreas Schleicher, que «a escolha entre público e privado e o mercado do ensino não são factores de melhoria da educação».
O responsável da OCDE frisou também que «as escolas privadas, após se corrigir a diferença socioeconómica dos alunos, não têm por si só melhores resultados».
O PISA 2009 revela que «os melhores resultados são obtidos em geral pelas escolas mais autónomas, aquelas que têm mais responsabilidades e liberdade na condução da sua actividade».
Para de obterem estatísticas favoráveis e milagres de um ano para o outro, a receita é muito fácil.
Basta:
1) Exigir progressivamente menos nos programas e na avaliação;
2) Fazer provas de aferição e exames escandalosamente fáceis.
As estatísticas fabricam-se, manipulam-se facilmente.
Quem é professor nas escolas públicas básicas, secundárias e superiores, sabe bem que o que é referido neste relatório sobre Portugal é tudo treta.
É tudo a fingir.
Se o "sucesso", se não se consegue a sério, consegue-se a brincar.
Considerar a nova avaliação de professores e um controlo sério da qualidade do ensino as causas do milagre estatístico é uma perfeita vigarice.
O Sr. Andreas Schleicher anda a ser enganado e das duas uma: ou não sabe, ou sabe e alinha em comparações impossíveis, entre países com sistemas de ensino diferentes, incomparáveis.
Por cá, nivela-se tudo por baixo, Sr. Schleicher.
E assim...Andreas Schleicher passou a figurar na 'lista de abate' de LL.
Os relatórios da OCDE e do PISA2009 limitam-se a aceitar os dados que as organizações portuguesas enviam e que, são, como se sabe, mentiras, primeiro, porque um Ministro que não minta é um irresponsável (Churchill), segundo, porque o Ministro acaba por acreditar no que diz, como se fosse uma verdade, e terceiro, porque assim se engana por sistema, por tendência e por vício, para acabar de vez com a Educação, tal como Ramalho Ortigão já propunha no seu tempo, pelo destempero com que o governo a tratava.
O mesmo se passa pelos Inquéritos PISA/OCDE, aos quais respondem cada País, pelo que qualquer pessoa pode aceder ao resultado final PISA 2009, para verificar os quase melhoramentos obtidos num sistema educativo que se vem degradando desde o 25 de Abril. A mentira não beneficia ninguém, e como já aqui referi uma vez, um Comissário Europeu, sobre os dados fornecidos à EU, declarou, para quem o quis ouvir, que muitos deles ofereciam fortes dúvidas perante certas realidades.
É como os Centros das Novas Oportunidades, cuja eficácia e durabilidade oferecem dúvidas ao autor do “Case Study Report” do “German Institute for Adult Education Leibnitz Centre for Lifelong Learning”, titulado que elaborou Portugal, Centre for New Opportunities, pp 148, perante os dados e outras fontes fornecidas por Portugal.
È o que se passa com o Orçamento do Estado, que tem vindo a viver de balões de mentiras... até que os balões rebentem, porque de tão escondido ninguém consegue entendê-lo. Mas o BCE e o FMI já entenderam o jogo do orçamento escondido, e a Alemanha está pronta para ordenar que se faça o que se tem que fazer, e de fazer.
Veja-se quanto Henrique Granadeiro da PT anda irritado com a liderança alemã na Europa. Esquece que foi a Alemanha que engendrou a instituição do euro, como quis, quando quis, e nas condições em que o quis. Além de que Lenine já o tinha previsto há muito.
Acabo de ver no Jornal das Noite da SIC Notícias uma entrevista com a Ministra da Educação sobre os relatórios da OCDE e PISA.
Confesso que nunca imaginei que um(a) ministro(a) pudesse mentir tanto, tão descaradamente e ser tão demagógica em tão pouco tempo.
Limito-me a constatar (como lembrou João Boaventura citando Churchill) que "um ministro que não minta é um irresponsável".
Só que aquilo a que assisti é demasiado!...
Eu sou professor e achei simplesmente nojento o elogio ao trabalho dos professores feito pela Ministra, bem como a concordância do Mário Nogueira com esse elogio.
É que nada mudou e se mudou foi para pior, com a excepção das obras de recuperação de escolas que foi feita com dinheiros comunitários.
Eu tenho 54 anos e ainda acabei o Liceu antes do 25 de Abril.
Essa será a razão porque eu e os meus colegas mais velhos, que aprendemos demasiadas coisas no tempo da outra senhora, nos sentimos tão desgraçadamente frustrados por ter que andar a ensinar aos nossos colegas com menos de 40 anos a razão de ser dos feriados de 1 e 8 de Dezembro.
Na minha instituição de ensino, não encontrei um(a) único(a) que soubesse o que era "a Restauração" e muito menos "a Imaculada Conceição".
Como não sabem quanto dá 9x7, porque já não aprenderam a tabuada.
E são professores, muitos deles com Mestrado.
A vários deles não se pode dar uma acta para fazer, porque escrevem pessimamente.
Estes são apenas alguns simples exemplos dos brilhantes resultados da "Educação" dita democrática.
Se me permitem, há uma certa analogia com o caso .Julien Assenge, o homem do WikiLeaks, que vem revelando documentos secretos, como se, jornalisticamente ou bloguísticamente a matéria constituísse novidade. Ele tem-se limitado a trazer à luz do dia, uma vez mais, a sentença de Churchill: "O político que não mente é um irresponsável".
Isto para dizer que Julien Assenge limitou-se a revelar o negativo da fotografia política, e comprovar que afinal os políticos, ao mentirem, mostraram e demonstraram que são responsáveis, e Julien Assenge, um irresponsável ou ingénuo, ou uma forma de alcançar notoriedade ou prestígio. E explico porquê.
Para os teóricos medievais a existência de dois mundos - o terrenal e o celestial – que se distinguiam pelos seguintes parâmetros, respectivamente, um, criado e administrado pelos homens, logo, falível e decadente, e o segundo, criado por Deus, logo, imperecível e incorruptível, poderia pautar um certo domínio da Igreja.
Para obviar às fraquezas políticas humanas, dentro deste quadro, só havia uma forma de dar autoridade, imperecível e incorruptível, aos reis e imperadores, pela outorga da vontade divina, de acordo com o ditame de S. Paulo: “Todo o poder emana de Deus”. Fica assim compreendida durante séculos a cumplicidade entre monarquia e a Igreja, o domínio desta no poder secular, e os fundamentos dos liberais vintistas e os revolucionários republicanos, os laicos, retirarem os poderes da Igreja, e humilhando-as por vezes, indo ao ponto de encerrarem também conventos, para os transformarem em quartéis.
Isto porque, apostavam na sentença inscrita na Política de Aristóteles, baseada na “Efigénia em Aulis”, de Eurípides, de que “é justo que os helenos dominem os bárbaros, e não jugo alheio submeta os helenos (…) eles são escravos, nós somos livres por nascimento.” Portanto, os laicos liberais e republicanos, por serem “livres por nascimento” devem, dir-se-á, afastarar a Igreja do Estado.
Com isto acabava-se o poder divino dos monarcas, e a influência dominante da Igreja, que passava para os constituintes liberais, ou para os deputados republicanos, constituindo o rei uma figurava decorativa ou simbólica da monarquia constitucional, ou seja, adiantava-se o passo para o Estado “tendencialmente falível e decadente”, pela extinção do “poder emanado de Deus”.
Fica agora evidenciada a falibilidade e decadência dos Estados com a revelação dos documentos da WikiLeaks, e sobre os quais os líderes mundiais se limitaram a esboçar um sorriso cuja interpretação possível seria a de que todos têm documentos e segredos desse teor, mas esperam que não os descubram nem divulguem, porque têm a consciência de que todos os outros sabem que os possuem, porque são armas de defesa.
(Continua)
(Conclusão)
Este caso WikiLeaks lembra-me ainda o sr. Bernard Mandeville, e a sua “Fábula das Abelhas”, nas longínquas paragens de 1714, onde as públicas virtudes do Estado, se fazem à custa dos vícios privados do Estado, ou sejam, as mentiras e os segredos, considerando o autor que os progressos da época ficaram muito vinculados ao egoísmo/individualismo do Estado, dado que vício e virtude, constituem o cerne do egoísmo.
Quem estiver interessado em ler a Fábula poderá ceder à versão inglesa The Fable of the Bees: or, Private Vices, Publick Benefits ou com ortografia actual From the fable of the bees: Or, private vices, publick benefits, ou versão francesa La fable des Abeilles.
Em Política, tudo o que parece não é, porque, o que é, não aparece, portanto a WikiLeaks só destapou a casa das abelhas, e estragou o espectáculo da política, em permanente actuação no palco do mundo. E é pena porque o “faz de conta” com que todos os políticos do mundo sempre nos encantaram, acabou por revelar os mesmos truques com que os filmes nos brindam com maravilhas que só a nossa imaginação sonha.
Posto isto, e porque o palco do mundo tem espaço suficiente para todos actuarem, peço que transportem tudo o que disse, sobre a actuação dos Estados, para a actuação do COP ou da FIFA, e encontram as respostas para as decisões que tomam quando escolhem as cidades ou os países para a realização dos espectáculos olímpicos ou futebolísticos.
Como estou de férias, pude ver em directo o anúncio dos países organizadores dos campeonatos mundiais FIFA 2018 e 2022. Sinceramente pouco me importava se Portugal (aliado à Espanha) vencia. Para falar verdade, esperava que não vencesse, porque isso seria mais um motivo para deixar o país desviado do essencial.
Não gostei de, mais uma vez, ver que estivemos tão mal representados nas instâncias internacionais do futebol. Foi incrível e visível o mau perder dos portugueses. Isto diz muito do nosso carácter como país. Entre outros, estavam presentes Eusébio e Laurentino Dias, que ficaram com um sorriso amarelo estampado na cara.
Os comentadores de TV falaram em “interesses comerciais” a influenciar a decisão. Nuno Luz (jornalista SIC) escreveu mesmo através do twitter: “Voltou o dinheiro a ser decisivo“. A falta de fair play tolda a visão de muitos portugueses que até falaram de “falta de infra-estruturas no Qatar” esquecendo-se que Portugal também não as tinha quando ganhou a organização do Euro2004.
Se alguém tinha dúvidas sobre o mau perder dos nossos representantes apenas tinha de ler o twitter de Nuno Luz: ”Dizem os membros da candidatura ibérica que a partir de agora não vale a pena dar informações técnicas o que conta é o dinheiro“. Também José Lello (deputado e ex-Ministro Desporto do PS) escreveu: “Qatar ganhou na FIFA. Russia ganhou na FIFA. Quem paga ganha!“
Confesso que fiquei satisfeito com a escolha da Rússia para 2018 e Qatar para 2022. Porquê? O João Almeida (deputado CDS e presidente CF Belenenses) disse-o bem: “As escolhas da FIFA são absolutamente normais. No mundo actual, Rússia e Qatar abrem novos horizontes. Outras escolhas seriam mais do mesmo“.
De resto, a derrota de Portugal pode trazer muitas coisas positivas: 1) É menos um motivo para a construção do TGV; 2) É mais um motivo para Gilberto Madaíl sair da FPF; 3) A selecção vai ter de trabalhar e de se esforçar para garantir a qualificação para a prova.
Escreveu João Boaventura
Os relatórios da OCDE e do PISA2009 limitam-se a aceitar os dados que as organizações portuguesas enviam e que, são, como se sabe, mentiras, primeiro, porque um Ministro que não minta é um irresponsável (Churchill), segundo, porque o Ministro acaba por acreditar no que diz, como se fosse uma verdade, e terceiro, porque assim se engana por sistema, por tendência e por vício, para acabar de vez com a Educação, tal como Ramalho Ortigão já propunha no seu tempo, pelo destempero com que o governo a tratava.
Há aqui, porém, um problema: este mesmo estudo da OCDE já foi realizado em 2000, 2003 e 2006. Agora foi divulgado o de 2009.
Nos três anteriores estudos (2000, 2003 e 2006) Portugal aparecia com números miseráveis. Como os números então divulgados eram muito maus, deviam ser verdadeiros, para seguir o método científico de análise propugnado por João Boaventura. Ou seja: os Ministros de 2000, 2003 e 2006 foram muito sinceros (=irresponsáveis); daí os números serem tão maus.
Aparece agora o estudo de 2009, muito mais positivo para Portugal. Ora, seguindo sempre o método sugerido por João Boaventura, se os números são bons, é porque a Ministra é mentirosa.
Até porque - conclui Boaventura triunfantemente, citando Churchill - um Ministro que não minta é irresponsável.
E Luís Leite, entusiasmado, adere de imediato a esta tese.
Numa palavra: a OCDE é credível quando nos arrasa; mas é mero braço acrítico do Governo português se disser que afinal não somos assim tão maus....
Haja pachorra!
Também não deixa de ser curioso o facto de a data em que a santa aliança Espanha-Portugal praticamente coincidir, com umas horas de diferença, da celebração, com feriado nacional, dos 370 anos da restauração da independência de Portugal face à Espanha.
Pelos vistos, o feriado deixou de fazer sentido; ou então e por outras palavras (de Camões):
"Mudam-se os tempos mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda a confiança, todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades".
Luís Vaz já sabia que isto estava para acontecer e morreu precisamente quando os espanhóis tomaram conta disto em 1580.
Insisto:
Viva o Magalhães!
Viva o PISA!
Viva o TGV!
PS: Lembrei-me agora de que o Presidente da EDP, António Mexia, ganha por ano um pouco mais que a verba que o Estado destina à preparação olímpica de Portugal durante o mesmo período.
E se mandássemos o Mexia a Londres em 2012?...
Já sei, uma coisa não tem a ver com a outra...
Sustentou João Boaventura
É como os Centros das Novas Oportunidades, cuja eficácia e durabilidade oferecem dúvidas ao autor do “Case Study Report” do “German Institute for Adult Education Leibnitz Centre for Lifelong Learning”, titulado que elaborou Portugal, Centre for New Opportunities, pp 148, perante os dados e outras fontes fornecidas por Portugal.
Segui o conselho e fui ler o tal estudo do da Universidade de Florença em colaboração com o German Institute for Adult Education Leibnitz Centre for Lifelong Learning.
Ora, o que aí consta é justamente o oposto do que disse João Boaventura.
Com efeito:
- Tal estudo tem por objecto um conjunto de "Boas Práticas" em matéria de formação de adultos, sendo, a tal propósito, referido o caso de Portugal e da experiência com os centros de novas oportunidades;
- Ao contrário do que sugeria Boaventura, Portugal consta desse estudo porque a sua experiência foi considerda uma "Boa Prática" (e não, como quer Boaventura, uma desgraça...);
- Assim, na pág. 149 é concretamente referido que The initiative is selected as a Case Study of good practice because it
shows concretely how a certain political strategic plan can tackle a
country’s problematical situation in regard to education and qualifications
and lead to a measurable prompt impact. The New Opportunities Initiative,
relaunched by the government in 2006, already features considerable
results which are further described below;
- A final, foram considerados aspectos positivos deste Programa os seguintes: "Non-formal acquired skills of workers are recognized, validated and no longer remain the ‘hidden potential’; Lower skilled people get the chance to catch up on graduation and/or
vocational training; A high number of individuals (225.027) have caught up on certification until now, the number of registrations is still increasing New Opportunities Centres are spread all over the country, good
accessibility due to integration in
different institutions, companies etc".
- E foram considerados aspectos negativos os seguintes: "Solely economic interests achieved
with this measure to exploit human
resources, possibly disregarding
individual interests; Continuation, governing and funding
of the New Opportunities initiative
correlates with the interest of the
current government (Socialist Party), former version of the initiative has already been ended in 2002 by closing the responsible National Agency for Adult Education by the ultraconservative government".
Pretender - como o faz Boaventura -que o autor deste Relatório formulou um juízo negativo sobre este Programa das Novas Oportunidades, não é apenas deturpar o respectvo conteúdo; é trucá-lo e manipulá-lo, contra a expressa conclusão do Relatório quanto ao resultado muito positivo do mesmo Programa.
Ó anónimo do "Haja pachorra":
A manipulação e dados fornecidos pelos governos às instituições internacionais sempre existiu.
Só que há momentos em que dá mais jeito exagerar na vigarice e nos métodos para lá chegar.
Este é, obviamente, um deles.
Este primeiro-ministro vai certamente entrar para o Guinness Book of Records como aquele que mais se disse e contradisse, com intervalos, nalguns casos, de apenas umas horas.
É que vale mesmo tudo!...
Caro Anónimo das 07:46
Quando refere que os relatórios de 2000, 2003 e 2006, nos colocavam muito abaixo da média (miseráveis), isso só prova que Portugal não sabia mentir.
Hoje o jogo é jogado de forma diferente, isto é, de "forma responsável", e só quem não acompanha a história da educação em Portugal, é que poderá ficar satisfeito/a com resultados fictícios.
Mas apraz-me saber que há pessoas que seguem o aforismo de Victor Hugo: "A mentira só se diz a quem não é feliz com a verdade".
No meu comentário do dia 7, das 23:35, registo um erro no último parágrafo. Onde está
"osto isto, e porque o palco do mundo tem espaço suficiente para todos actuarem, peço que transportem tudo o que disse, sobre a actuação dos Estados, para a actuação do COP ou da FIFA,..."
Onde está COP deve ler-se CIO.
Com as minhas desculpas.
A pergunta que tem de ser feita é esta:que resultados se não atingiriam se em vez de um governo que só criou dificulades aos professores e escolas houvesse um outro que ajudasse e estimulasse o trabalho dos docentes?Mas estes socialistas que levaram o país à miséria não têm vergonha!!!
Haja pachorra para quem ainda consegue defender o socratismo e este governo...
Para acabar de vez com quaisquer dúvidas:
O programa "Novas Oportunidades" é uma das maiores fraudes que jamais se fizeram na História do Ensino.
Atribuem-se diplomas do 9º Ano e do 12º Ano a pessoas que, apesar de não saberem nada daquilo que é exigido aos alunos vulgares, pelo simples facto de terem aprendido com o passar dos anos, bem ou mal, uma profissão, é-lhes conferida uma equivalência fraudulenta e falaciosa (fala-se em "competências" um conceito vago, esquecendo que a tradução para "skills" é "capacidades específicas", um conceito mais restrito), apenas com fins estatísticos e eleitoralistas.
Um verdadeiro escândalo internacional em que o nivelamento por baixo atinge a sua plenitude com o acesso ao ensino superior de analfabetos funcionais que estão a ser piedosamente enganados!
Tudo a fingir!
Não há vergonha!
Há umas décadas atrás, isto seria considerado uma anedota...
Vergonha:Mário Soares tinha metido o socialismo na gaveta.Sócrates deitou-o ao lixo.É preciso ter lata para sobre um texto a propósito da mais uma aventura futeboleira vir falar dos sucessos da educação.Não chega já o que fizeram a este pobre país?
Em conclusão (quanto a João Boaventura):
- Insiste na desvalorização do PISA 2009, achando que tais resultados são consequência de informações prestadas pelos Ministros de cada país;
- Insiste em que, se Portugal teve resultados maus em 2000, 2003 e 2006 (ao contrário dos resultados muito positivos de 2009), isso apenas se explicaria pelo facto de, então, ainda não "saber mentir";
- Esta argumentação é irracional;
- É preciso lembrar que estes resultados (dos vários relatórios PISA), resultam de testes escritos feitos a mais de 6.000 alunos com mais de 15 anos;
- Não são resultados "de Ministro"; são resultados de testes europeus normalizados;
- Por fim, e quanto às Novas Oportunidades, anota-se que Boaventura nem sequer responde à denúncia feita de que deturpou deliberadamente o sentido do Relatório da Universidade de Florença sobre o grande mérito deste programa...
Haja dupla pachorra!!!!
Quer dizer:
- Nos últimoa dias foram tornados públicos dois relatórios sobre Portugal;
- Um (PISA 2009) sobre as competências dos alunos portugueses com 15 anos; outro sobre os Centros Novas Oportunidades;
- Os relatórios provêm de Organizações muito diversas e que nada têm que ver entre si: um, é da OCDE; outro, da Universidade de Florença (em colaboração com um instituto alemão);
- Nenhum destes estudos foi efectuado por solicitação ou encomenda do Governo português;
- Ambos os estudos são muito elogiosos para Portugal, para as políticas de educação e formação aqui peosseguidas.
E, não obstante....
Não obstante tudo o que acima vai dito, há comentadores deste blog que acham que aquilo é tudo falso e manipulado pelo Governo!!!!
E a "prova do crime" que apresentam é simples: se os resultados são positivos, é porque são falsos; se são positivos só pode ser porque o Governo os aldrabou!!!
Conclusão: o "complexo de Cassandra" nacional - a que Camões chamou "os velhos do Restelo" - está a assumir proporções endémicas!....E com altíssimos febrões, que toldam o raciocínio...
Caro Anónimo de
8 de Dezembro de 2010 07:46
9 de Dezembro de 2010 14:05
Vivemos em mundos diferentes, não estou a dizer qual é o melhor ou o pior. Peço que aceite apenas o diferencial dos nossos mundos - o seu e o meu, porque daí deriva o diálogo.
Vamos aos Centros de Novas Oportunidades, onde descobriu que afinal menti, porque o relator do Study Case, do Instituto Alemão, até diz bem, como diz bem do da Noruega, da Finlândia e da Holanda, porque foram contratados para os elaborarem, e a Noruega, antes da sua publicação quis validar o relatório.
Como vivo no mundo dos enganados, repare que pus o acento nesta frase
"perante os dados e outras fontes fornecidas por Portugal"(meu com. de 7.12.2010, 18:41), exactamente como fizeram Noruega, Finlândia e Holanda.
Os restantes 10 países (porque foram escolhidos 14) optaram por fazer o trabalho de casa, com a prata da casa, com indicação das fontes ministeriais. A Espanha nem as cita, porque, como diz o provérbio: "Dos teus dirás, mas não ouvirás".
Os 4 "Case Study" encomendados, e perante os dados fornecidos pelos Ministérios "a dizerem bem dos seus programas", mal seria que o Instituto Alemão dissesse mal, e mesmo assim a Noruega quis verificar o trabalho final encomendado.
Mal comparado é como se pedíssemos um parecer jurídico a Marcelo Rebelo de Sousa e o resultado final nos afundasse. Não é para isso que se esgota o tesouro.
Mas eu considerei ter havido dúvidas da parte do relator porque, com tanta demasiada eficiência latina nos Centros, mal ficaria ao relator não deixar a sua marca de seriedade científica. E aí vamos.
Se for ler todos os textos até agora publicados, editados e ditados, pelo Governo, em inúmeros blogs sobre as Novas Oportunidades, vai ler exactamente esta apologia a pp 156 do Study Case nacional:
The New Opportunities Centres register concrete achievements. Especially after the change of government in Portugal in 2005 and the conversion of the former Centres for Validation and Certification of Skills into the New Opportunity Centres, the figures clearly demonstrate the successful impact.
Since 2006, 761,605 registrations at the centres have been documented; of these about half of those registered were able to gain qualifications above the secondary school basic educational level, either through vocational further education provision or through catching up by achieving a 12 year"
Quem tenha estado atento às leituras nacionais chega à conclusão de as estar a ler agora traduzidas para inglês.
Todos assistimos, via TV, à entrega de um diploma do 12.º ano, a um indivíduo da 3.ª idade, que iria ingressar na Universidade, e com esta simbólica representação, transmitimos a ideia de que o ensino normal está resolvido, e agora até há tempo para recuperar os casos perdidos, qualquer que seja a idade.
Mas a representação não acaba aqui.
(Continua)
(Continuação)
O Anónimo de 8 de Dezembro de 2010 11:18, considera que os aspectos negativos apontados pelo relator do Instituto Alemão, foram:
"Solely economic interests achieved
with this measure to exploit human
resources, possibly disregarding
individual interests; Continuation, governing and funding
of the New Opportunities initiative
correlates with the interest of the
current government (Socialist Party), former version of the initiative has already been ended in 2002 by closing the responsible National Agency for Adult Education by the ultraconservative government".
Retirou este síntese de um quadro-resumo, que não diz tudo.
E ainda, com enfática ideologia, que em 2002, o bloco governamental "PSD+CDS" ordenou o encerramento da Agência Nacional da Educação dos Adultos, o que constitui um aspecto negativo do "PSD+CDS" e não dos Centros das Novas Oportunidades.
O discurso dos aspectos negativos, localizado a pp 157-158, é deste teor, e parte do qual corresponde à primeira parte do quadro-síntese transcrito pelo amável Anónimo:
Weak and strong aspects - Finally, it should be noted that, alongside all the recorded achievements of the initiative, THERE ARE ALSO DOUBTS BEING VOICED. IT IS CLEAR that the initiative is driven by pure economic interests with the aim of increasing the employability of adults and preparing them for competent performance and mobility on the job market. Of course, IT MAY BE QUESTIONABLE WHETHER EVERY INDIVIDUAL CAN PRECISELY ESTABLISH THE SKILLS THATR WILL BE USEFUL FOR THSM in a job purely through self reflection. THE QUESTION that logically follows is: HOW FAR DO THE COUNSELLORS HAVE TO ASSIST AND SUPPORT participants in the process, and TO WHAT EXTENT CAN THIS APPROACH GENUINELY INCREASE the heavily-cited human capital on the Portuguese employment market and thus make the Portuguese economy competitive, RATHER THAN AN APPROACH BASED ON THE EDUCATIONAL SYSTEM and knowledge-based society.
Aí estão as dúvidas (postas em caixa alta),e que o caro Anónimo não tinha lido, ou não conseguiu lobrigar.
Sobre esta questão, dos Centros das Novas Oportunidades, já expendi muitos comentários nos blogs "De Rerum Natura" e "A educação do meu umbigo", e a eles não vou recorrer.
Resta agora a questão da OCDE/PISA que permitiu ao Dr. Ferro Rodrigues, embaixador de Portugal junto daquela organização, e ao Eng.º Sócrates, expandirem as alegrias conjuradas e conjugadas, na TV, pelo sucesso do tormentoso sistema educativo nacional.
Relembram os filósofos da Antiguidade, como o de Creta que afirmou que todos os cretenses são mentirosos. Como ele próprio era cretense, era necessário considerar essa afirmação como uma mentira.
Mas se era uma mentira afirmar
que todos os cretenses são mentirosos, então era verdade. E se era verdade que todos os cretenses eram mentirosos, então essa
afirmação também é uma mentira, e assim por diante.
Chama~se a isso enrolar o pensamento.
Para concluir o processo OCDE/PISA chama-se a atenção para o facto de Portugal continuar, no entanto, abaixo da média da OCDE nos conhecimentos de matemática, com 487 pontos, e sensivelmente abaixo nos conhecimentos em ciência, com 493 pontos.
Para quem acredita na fiabilidade dos dados, e com conhecimento positivista, ofereço a recensão da referência elaborada por Christian Baudelot et Roger Establet, L’élitisme républicain: l’école française à l’épreuve des comparaisons internationales (Paris, Le Seuil, coll. ‘La République des Idées’, 2009), como certificação de que estão bem acompanhados, e que continuo a respeitar plenamente as opiniões contrárias.
Cordialmente
Ontem à noite, no Jornal da SIC Notícias das 22.00h, Mário Crespo entrevistou dois antigos Ministros da Educação, um do PS, Marçal Grilo e o outro do PSD, David Justino.
Curiosamente, os dois amigos escreveram livros muito semelhantes e com títulos quase iguais.
Durante meia hora, o rejúbilo foi unânime no elogio ao trabalho dos últimos governos face aos resultados divulgados neste relatório PISA.
Um verdadeiro bloco central a funcionar em pleno, que mostra que, no fundo, além de não perceberem nada da realidade actual do assunto, o que é normal em qualquer ministro (vide a célebre série "Yes Minister"), não querem sequer olhar para essa mesma realidade que já aqui retratei.
Julgo que naquelas pobres cabeças o que há é muito má consciência e necessidade de fugir para a frente.
Uma vergonha.
Diz Luís Leite, referindo-se aos ex-Ministros da Educação David Justino e Marçal Grilo
Julgo que naquelas pobres cabeças o que há é muito má consciência e necessidade de fugir para a frente.
Uma vergonha.
Esta frase é espantosa!
David Justino é licenciado em Economia e doutorado em Sociologia. É actualmente professor universitário na Universidade Nova de Lisboa.
Marçal Grilo é licenciadoe doutorado em engenharia mecânica pelo IST.
LL é um obscuro licenciado em arquitectura e docente de educação visual no ensino básico.
Dos três, quem tem "pobre cabeça" são os dois primeiros...na opinião da "grande cabeça" que é o terceiro!!!!...
Valha-nos Deus!
Caro João Boaventura:
Você tem obviamente razão, mas já percebeu que não vale a pena argumentar com esta gente.
Um conselho para todos os que me estão a ler:
Perguntem aos professores, a qualquer professor de qualquer grau de ensino a sua opinião sobre o estado da "Educação" (ensino, instrução, não educação) em Portugal.
Não estou a referir-me ao que se passa em uma dúzia de colégios particulares exigentes que excluem que não cumpre as regras e de onde saem os poucos mas muito bons que, como sempre existiram, existem e existirão.
Estou a referir-me à Escola pública, fábrica de analfabetos funcionais diplomados, desgraçados que são abandonados pelo Governo em favor de estatísticas mentirosas.
Pobres, incultos, diplomados e contentes. Consumidores.
Certamente bons eleitores...
No meu penúltimo comentário de
9 de Dezembro de 2010 18:50
sairam truncadas algumas letras nestas linhas
...course, IT MAY BE QUESTIONABLE WHETHER EVERY INDIVIDUAL CAN PRECISELY ESTABLISH THE SKILLS THATR WILL BE USEFUL FOR THSM in a job...
que resultam de as letras de algumas teclas se terem apagado com o uso, pelo que as reponho agora que verifiquei o lapso:
...course, IT MAY BE QUESTIONABLE WHETHER EVERY INDIVIDUAL CAN PRECISELY ESTABLISH THE SKILLS THAT WILL BE USEFUL FOR THEM in a job...
Eram perceptíveis e facilmente corrigíveis, mas faço-o como opção.
As minhas desculpas.
Para o João Boaventura
O relatório da Universidade de Florença sobre as "Novas Oportunidades" é, a um tempo, muito elogioso para aquela iniciativa do Governo e, de outro lado, também se faz eco de algumas vozes críticas em Portugal.
Quando verifiquei que João Boaventura pretendia resumir a conclusão daquele relatório apenas à parte em que se fazia alusão às "vozes críticas", apressei-me a lembrar que o sentido geral do relatório não era esse (o escolhido por Boaventura), mas sim o de aplaudir a iniciativa do Governo.
Ora, constato agora que João Boaventura, com pleno conhecimento de causa, quis ter "sol na eira e chuva no nabal": a parte de relatório que é elogiosa só se poderia explicar por subserviência ao Governo e acriticismo perante as "mentiras" deste; a parte do relatório que se fazia eco das tais vozes discordantes, essa é que era a parte verdadeira e independente )!
É esta manipulação (para a qual se evocou, ora Churchill, ora Creta...) que pretendi clarificar.
Como o fiz.
Ó anónimo das 13.00h:
Aqui o "obscuro" acrescenta, sem precisar de anonimatos, o seguinte:
Tanto Eduardo Marçal Grilo como David Justino são dois dos grandes responsáveis políticos pelo descalabro do Ensino (não da Educação) em Portugal.
Ambos foram ministros e ambos sabem que o estado a que isto chegou é (também) culpa deles.
Os livros que escreveram não são mais do que tentativas desesperadas de justificação para o injustificável, revelando que têm má-consciência e vergonha pelo contributo que deram para o nivelamento por baixo que transformou este país num mar de anlafabetos funcionais que não sabem nem querem fazer nada, mas têm direito a diploma.
O facto de os dois ex-ministros serem licenciados e doutorados, mesmo que em áreas diversas desta, só é agravante relativamente ao juízo que qualquer pessoa com bom senso e conhecimento da realidade no terreno faz, daquilo que estes senhores assinaram, escreveram e disseram.
E agora, aflitos, fogem para a frente.
O julgamento que faço é político, não pretendo atingir as pessoas em particular mas criticar as suas ideias, sublinhar a sua (i)responsabilidade.
Não tem a ver com pós-graduações universitárias, que eu, se calhar por acaso, também possuo.
Você não assina o que escreve e pretende atingir-me desvalorizando-me enquanto pessoa e enquanto profissional, portanto é cobarde, servil e não merece grande atenção.
Caro Luís Leite
Não se trata de saber quem tem razão, mas apenas de tecer argumentos para esclarecer a verdade de cada um, que nos compete respeitar, porque nem sempre são expostos todos os elementos necessários e suficientes, por circunstâncias que nos escapam ou não estão ao nosso alcance.
Vamos supor que cada post é um manuscrito e ao qual muitos leitores têm acesso. Como não os conhecemos, ocorre apenas aquilo que se passa no “Prólogo do Autor a todo o género de Leitores” (sic), da obra do Cónego Rafael Bluteau, “Vocabulário Português, e Latino” (Coimbra, 1712), onde é explicado que, por norma, é costume os autores fazerem uma introdução ao leitor,
“como se não houvesse mais, que um só leitor no mundo. Eu, que em cada homem, que sabe ler, considero um leitor, e ele com ânimo, capacidade, e génio diferente de outro, faço este Prólogo a todo o género de Leitores.”
Seguidamente, dirige-se a diferentes tipos de leitores, assim designados:
Ao Leitor Benévolo
Ao Leitor Malévolo
Ao Leitor Impaciente
Ao Leitor Português
Ao Leitor Estrangeiro
Ao Leitor Douto
Ao Leitor Indouto
Ao Leitor Pseudocrítico
Ao Leitor Impertinente
Ao Leitor Mofino
Consequentemente Rafael Bluteau acaba por fazer 10 prólogos, porque tipifica 10, e que podem ser lidos aqui.
Caro Luís Leite, considere que aparecem, como na leitura do “Vocabulário Português, e Latino”, os mesmos leitores que mereceram a Bluteau o mesmo respeito e consideração, com os considerandos com que os contemplou, porque cada um se identifica com o que escreve, exactamente como Lúcio Séneca explica nas suas “Cartas a Lucílio”, com este aviso:
“Procede deste modo, caro Lucílio: reclama o direito de dispores de ti, concentra e aproveita todo o tempo que até agora te era roubado, te era subtraído, que te fugia das mãos. Convence-te de que as coisas são tal como as descrevo: uma parte do tempo é-nos tomada, outra parte vai-se sem darmos por isso, outra deixamo-la escapar. Mas o pior de tudo é o tempo desperdiçado por negligência. Se bem reparares, durante grande parte da vida agimos mal, durante a maior parte não agimos nada, durante toda a vida agimos inutilmente.”
Cordialmente
O Único Mistério do Universo é o Mais e não o Menos
No dia brancamente nublado entristeço quase a medo
E ponho-me a meditar nos problemas que finjo...
Se o homem fosse, como deveria ser,
Não um animal doente, mas o mais perfeito dos animais,
Animal directo e não indirecto,
Devia ser outra a sua forma de encontrar um sentido às coisas,
Outra e verdadeira.
Devia haver adquirido um sentido do «conjunto»;
Um sentido, como ver e ouvir, do «total» das coisas
E não, como temos, um pensamento do «conjunto»;
E não, como temos, uma ideia do «total» das coisas.
E assim - veríamos - não teríamos noção de conjunto ou de total,
Porque o sentido de «total» ou de «conjunto» não seria de um «total» ou de um «conjunto»
Mas da verdadeira Natureza talvez nem todo nem partes.
O único mistério do Universo é o mais e não o menos.
Percebemos demais as coisas - eis o erro e a dúvida.
O que existe transcende para baixo o que julgamos que existe.
A Realidade é apenas real e não pensada.
O Universo não é uma ideia minha.
A minha ideia do Universo é que é uma ideia minha.
A noite não anoitece pelos meus olhos.
A minha ideia da noite é que anoitece por meus olhos.
Fora de eu pensar e de haver quaisquer pensamentos
A noite anoitece concretamente
E o fulgor das estrelas existe como se tivesse peso.
Assim como falham as palavras quando queremos exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando queremos pensar qualquer realidade.
Mas, como a essência do pensamento não é ser dita, mas ser pensada,
Assim é a essência da realidade o existir, não o ser pensada.
Assim tudo o que existe, simplesmente existe.
O resto é uma espécie de sono que temos,
Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.
O espelho reflecte certo; não erra porque não pensa.
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo.
Estas verdades não são perfeitas porque são ditas,
E antes de ditas, pensadas:
Mas no fundo o que está certo é elas negarem-se a si próprias
Na negação oposta de afirmarem qualquer coisa.
A única afirmação é ser.
E ser o oposto é o que não queria de mim...
Alberto Caeiro,
in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa
O teorema de Luís Leite
Escolas públicas(=bandalheira. Exemplos:
- Universidade de Coimbra;
- Universidade de Lisboa;
- Universidade do Porto;
- Universidade Nova;
- Universidade do Minho;
- etc...
Escolas privadas (=excelência). Exemplos:
- Universidade Independente;
- Universidade Autónoma;
- Universidade Internacional;
- Universidade Lusíada;
- Universidade Portucalense;
- Universidade Fernando Pessoa;
- etc....
Caso especial (porque ligada à Igreja): Universidade Católica.
Os licenciados pelas universidades públicas e pela Católica, segundo o este teorema, serão analfabetos funcionais; os outros, licenciados pelas escolas privadas - esses antros de excelência - são os Leites deste mundo (=génios)...
Anónimo das 22.37:
Peço reverencialmente desculpa pela generalização abusiva.
Queria referir-me, essencialmente, à maioria das escolas públicas básicas e secundárias, antigamente chamadas Liceus, que não têm autonomia didáctica (agora "didática") e pedagógica, como têm as Universidades.
No restante, não retiro nada do que escrevi.
Não me atribua teoremas. Não sou matemático.
Nem tire conclusões por mim.
Limite-se a discordar, apresentando argumentos contrários aos meus.
Obrigado, apesar de tudo, pela chamada de atenção.
Sem pretender esgotar o tema OCDE/PISA, algumas pistas de alguns blogs, com o que se pretende alcançar a verdade, sem afrontar ninguém:
Aventar
Blasfémias
O último dos Moicanos
Pedras Rolantes
Todas as Opiniões
Todas as opiniões que há sobre a Natureza
Nunca fizeram crescer uma erva ou nascer uma flor.
Toda a sabedoria a respeito das cousas
Nunca foi cousa em que pudesse pegar como nas cousas;
Se a ciência quer ser verdadeira,
Que ciência mais verdadeira que a das cousas sem ciência?
... ... ... ...
Alberto Caeiro
(Heterónimo de Fernando Pessoa)
Sem pretender igualmente esgotar o tema Centros de Novas Oportunidades, reproduz-se excerto do Expresso de ontem, anunciando que “Ministro vai travar acesso fácil ao superior em virtude do “Número de alunos que entraram na Universidade via Novas Oportunidades cresceu 48 vezes em dois anos”.
Enquanto decorrem estes problemas nas cúpulas, nas bases, as dificuldades são outras. O jornal “i”, de 8 do corrente, dá conta de que “estudo conclui que 97% dos professores recorrem a fotocópias avulsas ou a sebentas fotocopiadas para ensinar os alunos. Para uma informação mais completa propõe-se leitura de Ensino Profissional.
Ontem à noite, domingo, no seu Comentário semanal da TVI, o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa - outra "pobre cabeça" do panorama académico nacional, na definição de LL - afirmou que todos estariam de parabéns com os resultados do PISA 2009.
E acrescentou : "...até o Governo".
Aqui assinalo o facto, recomendando ao LL que o inclua também numa próxima série do "Yes, Minister"...
1) Não há anónimos verdadeiros.
Há anónimos falsos, que escrevem opiniões e se escondem.
Não sabem aproveitar a liberdade de expressão.
Lamento.
2) Nunca disse que o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa é uma pobre cabeça.
Isso é um disparate sem qualquer nexo.
O Homem é Professor Catedrático e quase não dorme.
Lê na diagonal, etc.
Mas posso escrever, porque estamos num país livre, que o Prof. Marcelo fala demais e como tal, por vezes fala de assuntos de que não percebe ou de que não tem informação fidedigna.
É o caso.
3) O Prof. Marcelo nunca poderá aparecer no "Yes Minister" por duas razões:
a) A série já acabou há várias décadas;
b) Só metia ingleses.
Mas tal como qualquer ministro, teria que perceber pouco do assunto ou nunca chegaria lá.
Quem percebe dos assuntos são os "Sir Humphreys", que nunca chegam a ministros, até porque não querem.
Já estou mais descansado. O Professor Marcelo é que fala demais. Quando não há espelhos em casa o mais normal dos mundos parece distorcido.
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