sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O Natal de 2010 e o Desporto

Publicamos e agradecemos mais um texto da autoria do Fernando Tenreiro


O milagre dos resultados desportivos é algo que os portugueses não devem esperar.

A investigação económica, que fiz recentemente para a Faculdade de Desporto do Porto, permitiu-me identificar três funções de produção que se interligam em cadeia para produzir desporto de acordo com os princípios de política da União Europeia. O modelo económico que construí, desenvolvendo os contributos de Stefan Kesenne, de Chris Gratton e Peter Taylor e de Paul Downward, pode ser quantificado com dados preliminares da União Europeia e com os dados nacionais.


O Eurobarómetro é o primeiro instrumento com resultados da prática desportiva das populações que comummente são a prática desportiva informal que está na base da pirâmide. A distância de Portugal à média europeia mede-se em 19 pontos percentuais correspondendo a 1,9 milhões de praticantes desportivos.

As duas funções de produção seguintes são a recreação e o alto rendimento que constituem a prática formal identificada com a actividade das federações desportivas. Quanto à recreação o défice de Portugal é de 12 pontos percentuais ou 1,2 milhões de praticantes segundo dados genéricos das federações. Se os valores do alto rendimento forem de 3% para a Europa e de 1% para Portugal, cerca de 5 mil praticantes, porque estes números ainda são incertos, o nosso défice de alto rendimento será de 2 pontos percentuais. O valor percentual de défice é o mais baixo e corresponde ao valor mais longínquo de se atingir. O valor corresponde a multiplicar por três os actuais níveis de intensidade do capital humano desportivo nacional e que é o mais sofisticado em todas as dimensões.

O desporto de Portugal não está preparado para a crise económica e orçamental, para resolver estes três défices desportivos porque lhe falta o conhecimento, a capacidade de debate, as estruturas de literacia científica e técnica avançada que os países europeus possuem quando se apresentam nas competições globais. As faltas organizativas, institucionais e de comportamento e debate científico e técnico das universidades aos campos de treino são as metas a definir e a trabalhar para que os défices que agora são visíveis sejam trabalhados e desapareçam.

No curto prazo resta-nos um milagre e, mesmo assim, seria aconselhável esperar sentados mesmo que trabalhando afincadamente em todos os níveis.



Bom Natal a Todos.
Fernando Tenreiro

22 comentários:

Luís Leite disse...

Caro F. Tenreiro, a minha opinião:

1) A Europa é um nado morto (salvo seja); nunca chegou a existir;

2) O que conta mesmo e contou sempre, neste nado morto (salvo seja) são e foram as estatísticas; uma obsessão; deturpadas ou não;

3) Os números fornecidos pelas instituições europeias, por sua vez baseados nos dados fornecidos pelos países, são e foram sempre pouco credíveis, já que se fundamentam em conceitos com contornos pouco definidos e tendo em consideração realidades díspares, com interpretações divergentes;

4) Considerar por exemplo "recreação" tudo aquilo que não é alto rendimento, no desporto federado, é um disparate sem o mínimo sentido; poderá haver recreação no desporto federado, mas será uma minoria sem significado; os federados dão normalmente o máximo que podem e não anda a brincar; além disso qual o referencial para "alto rendimento" se é variável consoante os países?

5) Não está provado que o máximo sucesso desportivo seja consequência obrigatória da existência de uma base de praticantes muito alargada; em Portugal, temos inúmeros exemplos disso: temos muito poucas saltadoras em comprimento feminino e temos uma Naide Gomes; temos poucos triplo-saltadores e temos um Nelson Évora; na Marcha feminina ganhámos a Taça do Mundo e temos pouquíssimas marchadoras;

6) No caso do Atletismo, por exemplo, temos alguns dos melhores treinadores do Mundo, sem qualquer dúvida, nas suas especialidades, pelo que não é verdade que haja falta de conhecimento, pelo menos generalizado;

7) Ainda no caso do Atletismo, está a ser praticada por algumas Faculdades investigação e apoio ao alto rendimento nas áreas da biomecânica, da resistência, da velocidade, etc., da medicina desportiva e fisioterapia, que estão ao nível do melhor que há no Mundo;

8) O sucesso consegue-se com muito trabalho (de qualidade), muito esforço, querer e entrega; como predisse e mostrou Mário Moniz Pereira ("amanhã há treino às nove, sejam quais forem as condições atmosféricas, incluindo terramoto"); o resto é conversa.

Fernando Tenreiro disse...

Caro Luís Leite,

Você é magnífico.

Este espaço é obsoleto para as suas verdades maiores que o universo.

Como posso eu correr atrás das certezas absolutas por si levantadas.

E quedo-me por aqui antes que se faça tarde.


Antes, porém, correndo o risco da minha presunção pessoal, ocorre-me a história do grande soba africano que recebeu de presente de um explorador de renome uma garrafa de wisky velho de uma marca famosa.

Provando o wisky, cuspio-o de imediato e mandou matar o grande explorador, que o quereria matar, porque o wisky bom era a zurrapa dos comerciantes locais.

Atentamente,

Luís Leite disse...

(continuação)

Não acredito na pirâmide.
A pirâmide (*) é uma idealização muito teórica, que normalmente não corresponde às muitas realidades de natureza gráfica/estatística que conduzem ao sucesso.
Essa ideia está ultrapassada.

Acredito em factores decisivos, existentes ou ausentes, como:

a) Características genéticas (fisiológicas e biométricas) específicas para determinadas modalidades;

b) Aspectos sócio-culturais que criam a predisposição para a prática de determinadas modalidades a nível regional ou nacional;

c) Instalações desportivas e técnicos com qualificação adequada, distribuídos de forma harmoniosa em todo o território nacional, com particular incidência nos locais em que há tradição e valor competitivo em determinadas modalidades;

d) Capacidade organizativa das instituições, nos diversos níveis de responsabilidade;

e) Sistemas eficazes de formação, detecção e acompanhamento de jovens talentos em ambiente escolar;

f) Elevação progressiva do nível competitivo, tanto a nível de quantidade como de qualidade;

g) A qualidade é mais importante que a quantidade, e isto vale para tudo;

h) Trabalho, esforço, dedicação.

i) Valorização do esforço, do talento e do mérito, em detrimento da valorização da massificação niveladora por baixo, sem objectivos, sem esforço, sem talento, sem mérito.

(*) No atletismo, países como a Jamaica ou a Trinidad e Tobago têm uma pirâmide invertida e o maior sucesso nas provas de velocidade.
Tal como o Quénia e a Etiópia nas corridas de fundo.
Tanto num caso como no outro, praticamente só há grandes atletas nessas especialidades, e em percentagem elevadíssima do número de federados.
Temos também casos como o Japão, com uma base extraordinária de praticantes federados nas provas de fundo (muitas dezenas de milhar, a maior do mundo, de longe) e que não consegue ter atletas de topo mundial. Neste caso, a pirâmide é muito baixinha e não tem vértice.

Anónimo disse...

Cada cabeça sua sentença, mas aqui está a beleza do mundo.
Discordo totalmente do Sr. LL, porque analisa o desenvolvimento desportivo de uma forma muito linear, limitando-se a considerar resultados de paises que a sua aposta é meramente politica ou então têm atletas numa ou noutra disciplina/modalidade mas que treinam noutros paises.
Para mim os melhores modelos são os paises nórdicos: generalizar!
Isso sim.
Ser como a Etiópia, não obrigado! Um país socialmente degradado? e atletas de topo no atletismo? Antes assim.
Visões politizadas do desporto!
Veja bem, conheci e fiz amigos russos e ucranianos que em tenra idade foram retirados de casa porque, durante os rastreios da escola, foram dados como os mais aptos, os geneticamente mais predispostos para bater recordes! Boa! Com uma excepção, muitos destes rapazes nascidos em pontos altos, que nunca antes haviam visto um rio ou uma piscina, viram-se longe das suas familias, a troco do quê? De serem geneticamente mais aptos para remar ou nadar? Vale tudo? Não obrigado.
Cumprimentos,

Luís Leite disse...

A questão é esta:

Querem mais sucesso desportivo (mede-se em resultados e medalhas)ou querem sobretudo estatísticas que "mostrem" que quase todos nos "mexemos" e fazemos "caminhadas"?

Uma coisa nada tem a a ver com a outra. São assuntos distintos.
Que querem demagogicamente misturar, desvalorizando o mérito e nivelando por baixo, tal como no ensino.

Quando apontei a Jamaica, o Quénia ou a Etiópia não estava a dizer que devíamos ser como eles, estava a mostrar que a pirâmide ideal não existe, nem nos países nórdicos.

A massificação e as ideias igualitárias, só por si, não conduzem ao sucesso desportivo.

Nós, no Atletismo, conseguimos quatro medalhas de ouro em Jogos Olímpicos e muitos títulos mundiais e europeus e, que eu saiba, ninguém foi retirado de casa.

No entanto, quando se entra no alto-rendimento, que é o mesmo que dizer profissionalismo, passa-se muito tempo fora de casa, em estágios e competições.

Como diz F. Tenreiro, "não há milagres".
O que há é políticos e políticas demagógicos.

Fernando Tenreiro disse...

Ao Anónimo

Um esclarecimento de ordem formal.

Não quero ser paternalista mas deixe-me esclarecer o seguinte:

Os modelos são formas de simplificar a realidade para podermos trabalhar a realidade que é complexa.

O Modelo Europeu de Desporto é um desses instrumentos com os seus detractores e os seus apoiantes.

Vários cientistas económicos usam-no para explicar o funcionamento económico do desporto moderno.

Particularmente o exemplo apresentado estabelece de forma clara metas sobre três défices que prejudicam o desporto português.

O exemplo dá uma dimensão das metas nacionais que ajudam a compreender que os desafios nacionais não se encontram neste ou naquele patamar ou protagonista e que são complexos e interrelacionados.

A questão não está em respeitar a sentença de cada cabeça, como o anónimo refere, e que é um princípio de democracia.

Ao apresentar este poste eu procuro ir mais longe.

O desafio está em compreender aspectos parcelar de uma realidade que poderia ser melhor do que o pior lugar da Europa.

Há pessoas que negam a capacidade de Portugal alcançar melhores resultados no alto rendimento e a essas pessoas pode-se perguntar e então o que é que impede Portugal de alcançar resultados no Informal e na Recreação, segundo os conceitos aqui avançados?

Portanto, o modelo sem expressar a totalidade do desporto moderno permite questionar a realidade e construir elementos de consenso e futuro.

É esse o objectivo do modelo apresentado "construir elementos de consenso e futuro".

Maria José Carvalho disse...

Caro Fernando Tenreiro,

Permita-me o seguinte esclarecimento, parece-me que o Fernando não fez uma investigação económica para a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. O que deve ter feito foi um trabalho individual que foi submetido e irá ser apreciado em provas púbicas na FADE.UP. Estarei enganada?
Um bom domingo

Luís Leite disse...

Esse conceito de "Recreação" para todos os Federados que não estão no Regime de Alta Competição brada aos céus...
Então os milhares de atletas/jogadores profissionais em dezenas de modalidades que não atingem os mínimos do Alto Rendimento andam a brincar?...

Fernando Tenreiro disse...

Cara Maria José Carvalho

Creio que tem razão.

O que eu quis dizer é que o que fiz e estará sujeito a provas públicas vai ser na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Espero que assim se aproxime da correcta formaliZação.

No fundo, no fundo, a minha referência era à FADE-UP enquanto instituição que faz e promove a investigação sobre desporto em Portugal.

Parece-me haver uma dificuldade grande de encontrar nos blogues nacionais referências à investigação e às instituições que a fazem sobre o desporto português.

Uso como exemplo a investigação económica que se encontra nos respectivos blogues e que ajudam a compreender a realidade.

Isto não justifica a minha errónea formalização.

Bom domingo.

Fernando Tenreiro disse...

Luís Leite

O conceito de alto rendimento que usei é para aqueles atletas que concitam espectadores e competem nos campeonatos europeus e mundiais.

E eles são poucos, muito poucos.

De acordo com estatísticas das modalidades que você pode calcular o alto rendimento e o desporto profissional são uma percentagem muito pequena.


0,5%, 1%, 2% dos praticantes totais de uma federação.

Tudo o resto é considerado como recreação e são até 99,5% dos praticantes.

A recreação inclui toda a actividade amadora regular, bem estruturada, competitiva mas que não são parte do espectáculo que os espectadores de desporto consomem nos estádios ou nas televisões e jornais.

O facto de terem níveis de regularidade e perfeição elevados isso não faz deles estrelas.

O alto rendimento são as estrelas.

O que gera o movimento das competições europeias e mundiais são as estrelas.

É fácil medir em cada modalidade.

É evidente que no topo da recreação eles não andam a brincar mas não são alto rendimento.

Eu estou a interpretar-lhe o conceito de Stefan Kesenne e aceite pelos economistas do desporto europeus e americanos.

Não espero que aceite ou negue esta situação e se quiser apresentar argumentos contrários, diga.

Luís Leite disse...

Fernando Tenreiro,

Claro que não aceito os seus argumentos, venham eles do Sr. Stefen Kesenne ou de outra pessoa qualquer.
Por essa ordam de ideias, saltar5,50m no salto com vara, lançar 60m no disco, fazer parte da equipa principal do Benfica ou do F.C. Porto em Basquetebol, Andebol ou Voleibol é "recreação", porque não conseguiram mínimos para Campeonatos do Mundo ou da Europa...

A este nível, estamos a falar, no mercado português, de atletas portugueses que ganham por mês, entre clube e apoios estatatais, se forem atletas de Selecção Nacional, de remunerações entre 1500 e 5.000 euros por mês, no mínimo, que treinam diariamente e muitos não têm outra profissão.
Para não falar dos estrangeiros contratados...

No caso do Atletismo português, as percentagens de que você fala para o Alto Rendimento (Regime de Alta Competição) são erradas e há muitas de dezenas de profissionais em exclusividade e centenas que recebem remunerações totais relativamente significativas, (superiores ao ordenado mínimo nacional) e que acumulam com outra actividade profissional ou estudantil.

Na Liga de Basquetebol, todos são profissionais em exclusividade ou em acumulação.

Isto para não falar dos futebolistas profissionais que nunca foram a um Campeonato do Mundo ou da Europa...

E você diz que andam a brincar...

Você é que está a brincar comigo...

Fernando Tenreiro disse...

Luís Leite

Vamos estabelecer definições e valores.

Supondo que a federação de atletismo tem 12.000 praticantes inscritos.

Diga qual é a sua estimativa para o atletimo português.
- 1% são 120 praticantes de alto rendimento.
- 3% são 360 praticantes de alto rendimento.

Podendo considerar que o atletismo tem mais atletas ou seja uma percentagem média maior do que outras modalidades, um valor de 5% ou 7%.

Considere apenas aqueles que são capazes de ir a um mundial ou a um europeu.

Se quiser fazer mais uma conta, defina o que é para si o alto rendimento, dê o exemplo do atletismo e diga-nos a percentagem desta sua definição.

Veja que a ciência não aparece caída do céu e a experiência dos agentes associativos é útil para estabelecer o que se passa na realidade.

De qualquer forma temos de tratar dos valores que suportam as ideias.

Eu apresentei os meus valores e definições, diga os seus.

Perplexo disse...

Escreve Fernando Tenreiro

O conceito de alto rendimento que usei é para aqueles atletas que concitam espectadores (...)

O que serão "atletas que concitam espectadores"?

O verbo "concitar" significava - pelo menos antes do Acordo Ortográfico - "instigar" (para o que é mau), "excitar", "provocar".

Será que, por qualquer obscura razão, se entende que tais atletas se comportam por forma a provocar ou a excitar os espectadores?!

Fernando Tenreiro disse...

Ao anónimo:

É o caso de trabalhar com o google que não tem dicionário de sinónimos em português.

Quando estava a escrever e me surgiu a palavra ainda pensei ir ver. Deixo à sua criatividade a correcta interpretação da frase.

Já pensou tomar Ritalin para se conseguir fixar nas coisas do desporto e não se distrair com o português? É que estas derivas do português correcto já deixaram outros bloguistas aborrecidos.

De qualquer forma tenho de agradecer porque depois desta catarse nunca mais me vou esquecer do significado de concitar.

Ainda mais perplexo disse...

Insiste Fernando Tenreiro

Já pensou tomar Ritalin para se conseguir fixar nas coisas do desporto e não se distrair com o português? É que estas derivas do português correcto já deixaram outros bloguistas aborrecidos.

Já, já experimentei. Até experimentei a anestesia geral.

Mas...que quer?! Os tratos de polé que habitualmente sofre a nossa língua, os erros ortográficos, a absoluta ignorância da sintaxe, o uso de um vocabulário paupérrimo e quejandos, são superiores às minhas forças...

E é um sinal dos tempos que seja recomendado Ritalin a quem se não conforma com tais desmandos linguísticos precisamente por alguém que, a persistir nestes erros, apenas demonstra ser a prova viva de que a degradação do ensino aparentemente já terá começado em tempos bem mais recuados do que os actuais!

Luís Leite disse...

Fernando Tenreiro:

O que eu critico no modelo que apresentou é que só existem entre os federados:

a) Os do Alto Rendimento, que em Portugal ainda se chamam "Atletas integrados no Regime de Alta Competição", com regras perfeitamente claras para cada modalidade;

b) E os da "recreação", ou seja, pessoal que anda para aí a entreter-se na brincadeira numas competições a feijões.

Isto não faz o mínimo sentido, sobretudo quando ainda por cima não existe uma definição clara do que é para si e para os seus amigos o "Alto Rendimento" em cada modalidade e em cada país.

Quanto ao Atletismo, posso dizer-lhe que, nos últimos 6 anos, o número de atletas integrados no Regime de Alta Competição oscilou entre os 150 e os 180 por ano.

Integram o Regime de Alta Competição atletas de vários níveis, desde a PREPOL (preparação olímpica, com 3 níveis) até aos juvenis do Percurso de A.C., passando pelas categorias internacionais A e B, Selecção Nacional, Sub-23 e Juniores.

Todos têm categoria internacional e só entram por classificações muito relevantes ou por marcas, também elas muito relevantes para cada escalão.

Consulte as marcas de acesso e, se percebe alguma coisa de Atletismo, diga-me se aqueles atletas que ficam muito próximo e não conseguem entrar andam só a brincar ao Atletismo.

Diga-lhes depois isso e prepare-se para ouvir o que nunca ouviu.

Muitos destes atletas são profissionais a tempo inteiro.
Há ainda muitos outros atletas que não estão no Regime de A.C. e são profissionais a tempo inteiro ou parcial.

Você está enganado.
Tem de ser considerado um escalão intermédio de "média-alta competição", que integra muitas centenas de atletas que fazem marcas de muito bom nível, que só se conseguem com talento, muito treino e dedicação.
E é gente que ganha dinheiro e não é tão pouco como isso.

É preciso não esquecer que entre os federados há muitos atletas que estão na base dos escalões de formação (infantis e iniciados e juvenis) e nos veteranos, mas todos
detestariam que dissessem que andam só na brincadeira.

É tudo.

Fernando Tenreiro disse...

Perplexo, Ainda mais Perplexo, desejo-lhe um bom Natal e um 2011 que não tenha as dificuldades que o desporto vai suportar.

Quanto ao português como já fiz notar tomei nota e irei ter em consideração a sua correcção para todo o sempre.

Fernando Tenreiro disse...

Caro Luís Leite,

Nós temos de fazer um corte no número de praticantes que será igual em 27 países.

Segundo percebo os seus números estão dentro das percentagens que adiantei.

Você adianta os que ficam de fora que são muito diferentes do topo da base recreativa.

Tudo depende do âmbito da análise que faz.

Na que eu faço eu considero só aqueles que chegam a mundiais e a europeus.

Na sua proposta para o atletismo esse número deverá ser multiplicado por 2 ou por um valor superior.

Quando eu faço um estudo económico parto da definição que outros economistas usam e faço pequenas alterações/sugestões para que as minhas contas façam sentido para os outros economistas de outros países.

Depois a comparação da análise deste tipo visa fazer um corte constituir um conjunto de características similares. A definição de atletas presentes em europeus e mundiais e presentes em campeonatos profissionais é útil por ser fácil de medir.

O mais importante é que o interesse da definição é compreeder os valores relativos da prática de cada país.

Mesmo com a sua definição multiplicando por 2 ou mais as estrelas do atletismo, que são os que conseguem ir a europeus e mundiais, Portugal tem uma dimensão que é maior ou menor do que outros países A, B e C e esse é o interesse de usar uma definição e quantificá-la.

Com a definição de alto rendimento sugere-se um défice de Portugal na Europa.

Juntando-lhe os outros dois conceitos recreação e informal identificam-se três défices.

Você diz que não é válido um dos cortes.

Tudo bem os cortes podem estar para cima ou para baixo. Fazer investigação é isso decidir sobre a realidade e propor instrumentos para interpretar e agir.

A hipótese que apresentei inicialmente permanece: Portugal tem défices europeus profundos na prática desportiva para vários níveis de prática que se queiram constituir.

Obrigado pelo seu contributo do atletismo.

Seria útil ter ouvido outras modalidades para compreender se os profissionais fora dos europeus e mundiais são significativos como no atletismo.

Gostaria de ouvir outras pessoas do atletismo porque creio que sempre ouvi dizer que a massa de atletas que anda nas provas nacionais são relevantes e dão a dimensão do atletismo mas que o seu percurso é fora do quadro do alto rendimento.

Neste sentido a minha restrição aos europeus e mundiais seja a de encontrar um valor para os que podem conquistar medalhas e não aqueles que constituem a massa de um nível inferior.

Havendo estes três défices será possível Portugal vir a ganhar 5 medalhas nuns Jogos Olímpicos?

Luís Leite disse...

F. Tenreiro:

O essencial da minha argumentação é que você considera que andam a "recrear-se" muitos milhares de desportistas profissionais profissionais em muitas modalidades (Futebol, Basquetebol, Voleibol, Andebol, Atletismo, Rugby, Natação, Hóquei em Patins, etc.), que estão colectados nas Finanças como profissionais, só porque não foram a um Campeonato do Mundo ou da Europa.
Este conceito está completamante errado e deturpa a realidade factual e as estatísticas dela decorrentes.
A sua classificação é absurda!

Fernando Tenreiro disse...

Luís Leite

Não é por você repetidamente ter adjectivado negativamente em inúmeros comentários que passa a ter razão.

O critério que procurei colocar é um critério desportivo e é bem claro do ponto de vista da formalização.

Quando fala das finanças exige mais informação que num conjunto de 27 países será mais difícil de encontrar.

Este seu critério poderia ser melhor mas é mais difícil de obter.

Depois o importante, da minha classificação em três funções de produção, é que este é o elemento relevante para comparar modelos de produção desportiva entre vários países.

Você tem de criar um critério que seja transversal aos países e simultaneamente às dezenas de modalidades de cada país.

Se ficam de fora uns milhares desde que esse diferencial seja comum a todos os países você consegue uma base de comparação.

Nesse caso você sabe que em todos os países há um diferencial de X% para as categorias consideradas.

Se me indicar uma classificação desportiva fácil de obter como os europeus e os mundiais agradeço-lhe que me diga.

Luís Leite disse...

O que existe aqui é uma prevalência do objectivo estatística a qualquer preço "no matter what it's all about".

Aqui, os fins justificam os meios, mesmo que os meios sejam completamente anacrónicos e sem qualquer nexo.

Os conceitos são ridículos e mais próprios de quem nunca esteve metido nestas coisas do Desporto.
É puro desconhecimento da realidade.
Nem sequer concebo como é que se pode estar a comparar o incomparável: realidades completamente diferentes.
Tudo depende, como é óbvio, do número de modalidades praticadas em cada país, se são colectivas ou individuais, se são praticadas por profissionais a tempo inteiro ou parcial ou amadores, se têm maior ou menor expansão e relevância internacional, a limitação do número de participantes por disciplina, muito variável em modalidades individuais, se há prevalência ou inexistência de desportos de Inverno ou de Verão, etc. etc.

Os dados obtidos não podem ser validados, porque não têm fundamentação científica e a abordagem do assunto é superficial.

Chama a isto um estudo "científico"?
Eu chamo a isto "empirismo".

Não existe uma classificação ou comparação "fácil de obter".
Primeiro teriam que ser definidos critérios uniformes e credíveis e depois o estudo teria que ser muito mais profundo na análise comparada de realidades diferentes.

Assim, não vale nada.

Fernando Tenreiro disse...

Grande Luís Leite

Fico à espera bem sentado pelos seus estudos e investigações sobre o desporto português.

Você é um caso paradigmático no desporto português. Destroi tudo para onde está voltado ignorando princípios de comportamento e consenso para se poder avançar com o conhecimento.

Mais uma vez ultrapassou a minha capacidade de pacientemente apresentar a razoabilidade das minhas ideias.

Fantástico Luís Leite você e o Pai Natal são os seres mais perfeitos do universo.