Artigo publicado no Público de 8 de Janeiro de 2012.
1. E voltamos à casa de partida, sem ganhar 2.000$00, porventura directos para a casa da prisão.
Alexandre Mestre Picanço fez um «balanço positivo de 2011». É certo, afirmou, que o Governo não teve tempo (?) para se dedicar a "questões de fundo do ponto de vista sectorial".
Coitado, teve que “acautelar aqueles que ficaram defraudados” pelo Governo anterior. Desviou-se do essencial. Mas, mesmo assim, ninguém ouse dizer que o desporto [nã0] vai ser uma das molas de desenvolvimento do país". É assim mesmo. Valente governante (?). Valente demagogia.
2. Uns dias mais tarde veio o Ministro Relvas, na apresentação das conclusões dos grupos de trabalho sobre matérias relacionadas com o futebol, aditar na «hola» demagógica governamental: «Estes três temas são incontornáveis para a consolidação de um modelo de desenvolvimento desportivo que se pretende leal, ético e assente em práticas de boa governação e de responsabilidade, atendendo ao propósito do desenvolvimento integral dos jovens nas suas dimensões cívica, educativa, cultural e ética». Mas “Não vou apontar prazos, mas espero que no mais curto espaço de tempo [sejam aplicadas as conclusões dos relatórios] ”. “Três alavancas para consolidar a qualidade do desporto em Portugal”. Três, quando as recomendações do grupo dedicado à protecção do jovem praticante e das selecções nacionais, não é mais do que um juntar – aqui e acolá atabalhoado – de “ é preciso reflectir”, “ deve se equacionar-se”, “haverá que pensar”?
Qualidade do desporto nacional? Do futebol, muito eventualmente, somente do futebol.
3. Nada de novo nos aguarda em 2012 se olharmos as políticas desportivas deste Governo. Em bom rigor, o que vamos ter é muito mais do mesmo, sombreado com a asfixia financeira ao associativismo desportivo, em particular às pequenas e médias associações desportivas.
O que vamos ter, miradas agora as autarquias locais, principal sustentáculo financeiro de milhares de pequenos clubes e colectividades, é o apelo ao fim daquilo que vêm referindo como “subsídio dependência”.
Como se essas entidades públicas – bem como as outras – não tivessem o dever – consagrado, desde logo, no texto constitucional – de apoiar esse associativismo desportivo.
Como se todas as entidades públicas não tivessem, no passado recente, esbanjado fortunas em eventos e infra-estruturas desportivas de mais que duvidoso retorno.
E, neste bem difícil momento, a sua resposta aos pequenos clubes e colectividades desportivas, verdadeira essência do desporto nacional, é que é necessário encontrar fontes de financiamento para além do público. Só podem estar a brincar com o esforço de milhares de pessoas que trabalham voluntariamente e de muitos mais milhares de praticantes de todas as idades.
4. Tudo será igual em 2012, mas sempre polvilhado de intensa demagogia.
10 comentários:
Tudo será igual em 2012, escreve JM Meirim.
Eu julgo que será pior que nos últimos (e anteriores anos), pelas razões expostas.
O valor desportivo nas diversas modalidades vai descer substancialmente nos próximos anos, o que seria difícil de imaginar, tal o fraco nível desportivo português.
E vai crescer ainda mais a futebolização, em regime de quase exclusividade, sendo os protagonistas, em solo português, desportistas estrangeiros.
Muito dificilmente sairemos de Londres 2012 com uma medalha.
O desporto a sério em Portugal não interessa aos sucessivos Governos, acabando por se refugiar sempre no "politicamente correcto", dramaticamente falacioso.
Tal como na Educação, ao nivelar sempre por baixo.
E na Justiça, ao promover a prescrição dos processos e a impunidade.
Triste país, condenado ao empobrecimento e à estupidificação por sucessivos Governos de irresponsáveis.
Em que principios se sustenta o sr. professor para falar dos pequenos clubes e colectividades desportivas, verdadeira essência do desporto nacional. Que fonte e ciência suporta a sua afirmação
ha meirinhos q bem correm atras do tacho mas como nada lhe cai, so fica mesmo o agouro... meirinhos destes ha muitos e andam todos atras do mesmo
Boa! Olha este anónimo das 13.15. Ele quer princípios, fontes e ciência para fundamentar uma opinião sobre a qual, pelos vistos, deve ter duvidas. Dr.Meirim, fsça lá um favorzinho à criatura e revele-lhe as fontes, os estudos, as hipóteses que formulou e os testes estatísticos que fundamentaram a escolha de tal conclusão. Sobretudo explique o que é isso da verdadeira essência. Será que isso também tem alguma coisa a ver com as não-medalhas de Londres 2012? Não, não me refiro ao outro anónimo das 12.45. Esse não tem dúvidas sobre a essência. Esse não tem dúvidas nenhumas sobre as medalhas que o desporto nacional não vai conquistar em Londres.Este anónimo é dotado de uma capacidade de previsão que vai muito para além daquela que equipa o mais comum dos mortais.O COP deveria contratá-lo para um gabinete de prospectiva olímpico. O dinheiro que se poupava...
Que droga de artigo
Gostava que o anónimo das 21:39h contestasse, com argumentos claros, aquilo que escrevi, frase por frase.
Será possível, ou é pedir muito?
Ou não interessa explicar, por exemplo, a "capacidade de previsão que vai muito para além dos mortais" quando se aponta para zero ou uma medalha em Londres 2012?
O que pensam os "mortais"?
Anónimo das 12:45h
Felizmente ainda há pessoas que se preocupam com "os pequenos clubes"...
Leia-se a crónica de Sidónio Serpa em «A Bola, 03.01.2014, p. 33» e encontramos alguém que diz que "não é a quebra de qualidade do desporto de alto rendimento e a representatividade nacional que me preocupa. É o adequado desenvolvimento dos jovens e a promoção da sua saúde.”
Interessam mais as medalhas de Londres ou o dinheiro que lá se vai gastar sem proventos?
O anónimo das 17:16h e o próprio Sidónio Serpa ainda não perceberam que o alto rendimento / representação nacional e o adequado desenvolvimento dos jovens e a promoção da sua saúde são duas faces da mesma moeda.
Querem moedas só com uma face.
Optam pela demagogia fácil, politicamente correta e não mensurável, supostamente inclusiva.
Em detrimento do talento, do esforço e do mérito, supostamente elitista.
A fuga, não para a frente, mas para baixo.
Para o fundo.
Mas que fala-barato me saiu este anónimo das 11.45.
Só afirma generalidades sobre generalidades. É consequente no pessimismo, no derrotismo no mal-dizer. Qual S.Serpa, quais anónimos, só ele tem o passo certo com a realidade, só ele vê bem a realidade. Só ele olha para o desporto e para a sociedade com olhos de ver. Solução para tudo isto: Milton Friedman. Liberalismo económico é o que nos faz falta. Só os mercados nos salvarão da ditadura da democracia e da constituição de 76.
O que o ressabiamento pode fazer a uma pessoa...
O que é um "fala-barato" para si?
As "generalidades sobre generalidades" são verdadeiras ou falsas?
"Pessimismo, derrotismo e mal-dizer":
Há coisas boas na política desportiva portuguesa que se possam elogiar?
Por que razão entende V. Exa. que sou um "ressabiado"?
O que é para si um "ressabiado"?
Então e argumentos para me contradizer? Nada?
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