Texto publicado no Público de 19 de Fevereiro de 2012.
1. Poder-se-ia discutir o acerto da política desportiva da Região Autónoma da Madeira, em particular na sua forte aposta na participação nas competições nacionais.
Poder-se-ia controverter o nível de envolvimento público na efectivação dessa politica, mormente em encargos financeiros.
Pode-se mesmo marcar este tempo histórico, de dura realidade, para equacionar respostas regionais quanto aos modelos de competição das diversas modalidades.
Todo esse debate, porventura bem legítimo, parece-nos, porém, que não tem natureza estritamente regional. A mesma reflexão coloca-se, certamente, bem para além do oceano.
2. Sem prejuízo, o que se nos apresenta é algo dramático e de consequências ainda não totalmente previsíveis para – por ora – o desporto madeirense.
Sucedem-se os registos de faltas de comparência, mesmo de desistência de participação nas competições desportivas nacionais. No ténis de mesa, no hóquei em patins, no voleibol e quem sabe o que ainda está para vir.
Equipas, por via de regra, sempre de ato nível competitivo no quadro nacional, vêem-se afastadas das competições ou comprometem, semana após semana, o seu futuro desportivo. A participação dos clubes madeirenses a nível nacional vem sendo, assim, paulatinamente, negada.
3. Ponta do Pargo, São Roque e Estreito (ténis de mesa), Machico (voleibol), Porto Santo SAD (hóquei em patins) são evidências. No futebol, adensam-se as preocupações. Sucedem-se as reuniões dos dirigentes das modalidades desportivas.
O que está em causa?
Os encargos com as deslocações aéreas. Sempre estiveram em causa e, num momento de crise, é essa fatia do apoio financeiro público regional que lança na agonia o desporto madeirense.
As declarações dos agentes desportivos vão adiantando que os clubes não recebem tal apoio financeiro, titulado por contratos-programa firmados com a Administração Pública regional.
4. Perante esta situação, o movimento associativo madeirense solicitou mesmo uma audiência ao Presidente do Governo regional, facultando um diagnóstico: desde Outubro de 2011 que se assistem a atrasos nos pagamentos contratualizados; as deslocações ficaram sem cabimento orçamental; têm sido os clubes, dirigentes e amigos, a suportar as despesas de gestão diária das instituições e as inerentes às deslocações aéreas.
Mas indo mais além, frisando que são 30 anos de toda uma política desportiva – que colocou o desporto madeirense no mapa nacional e mesmo internacional -, o movimento associativo disponibiliza-se “para ajudar na definição do novo modelo desportivo para que, atempadamente, sejam encontradas as soluções que enquadrem a nova realidade financeira para o desporto Regional”.
5. Mas seja o que fizer (ou não) o Governo Regional da Madeira, há sempre uma coisa que me martiriza quando leio o Diário da República: a inutilidade da lei.
Da pena do Secretário de Estado Alexandre Mestre Picanço, em 2004, saiu esta base do desporto nacional: o princípio da continuidade territorial assenta na necessidade de corrigir as desigualdades estruturais originadas pelo afastamento e pela insularidade, e visa garantir a plena participação desportiva das populações das Regiões Autónomas, vinculando, designadamente, o Estado ao cumprimento das respectivas obrigações constitucionais.
Laurentino Dias, seu colega de «turma», embora noutra carteira, disse praticamente o mesmo: o princípio da continuidade territorial assenta na necessidade de corrigir os desequilíbrios originados pelo afastamento e pela insularidade, de forma a garantir a participação dos praticantes e dos clubes das Regiões Autónomas nas competições desportivas de âmbito nacional.
6. E,aqui, há muito tempo que tenho uma solução: se não é para cumprir, apaguem, usem a borracha legislativa. Tenham coragem e deixem-se de hipocrisias nas recepções e portos de honra (?).
Poder-se-ia controverter o nível de envolvimento público na efectivação dessa politica, mormente em encargos financeiros.
Pode-se mesmo marcar este tempo histórico, de dura realidade, para equacionar respostas regionais quanto aos modelos de competição das diversas modalidades.
Todo esse debate, porventura bem legítimo, parece-nos, porém, que não tem natureza estritamente regional. A mesma reflexão coloca-se, certamente, bem para além do oceano.
2. Sem prejuízo, o que se nos apresenta é algo dramático e de consequências ainda não totalmente previsíveis para – por ora – o desporto madeirense.
Sucedem-se os registos de faltas de comparência, mesmo de desistência de participação nas competições desportivas nacionais. No ténis de mesa, no hóquei em patins, no voleibol e quem sabe o que ainda está para vir.
Equipas, por via de regra, sempre de ato nível competitivo no quadro nacional, vêem-se afastadas das competições ou comprometem, semana após semana, o seu futuro desportivo. A participação dos clubes madeirenses a nível nacional vem sendo, assim, paulatinamente, negada.
3. Ponta do Pargo, São Roque e Estreito (ténis de mesa), Machico (voleibol), Porto Santo SAD (hóquei em patins) são evidências. No futebol, adensam-se as preocupações. Sucedem-se as reuniões dos dirigentes das modalidades desportivas.
O que está em causa?
Os encargos com as deslocações aéreas. Sempre estiveram em causa e, num momento de crise, é essa fatia do apoio financeiro público regional que lança na agonia o desporto madeirense.
As declarações dos agentes desportivos vão adiantando que os clubes não recebem tal apoio financeiro, titulado por contratos-programa firmados com a Administração Pública regional.
4. Perante esta situação, o movimento associativo madeirense solicitou mesmo uma audiência ao Presidente do Governo regional, facultando um diagnóstico: desde Outubro de 2011 que se assistem a atrasos nos pagamentos contratualizados; as deslocações ficaram sem cabimento orçamental; têm sido os clubes, dirigentes e amigos, a suportar as despesas de gestão diária das instituições e as inerentes às deslocações aéreas.
Mas indo mais além, frisando que são 30 anos de toda uma política desportiva – que colocou o desporto madeirense no mapa nacional e mesmo internacional -, o movimento associativo disponibiliza-se “para ajudar na definição do novo modelo desportivo para que, atempadamente, sejam encontradas as soluções que enquadrem a nova realidade financeira para o desporto Regional”.
5. Mas seja o que fizer (ou não) o Governo Regional da Madeira, há sempre uma coisa que me martiriza quando leio o Diário da República: a inutilidade da lei.
Da pena do Secretário de Estado Alexandre Mestre Picanço, em 2004, saiu esta base do desporto nacional: o princípio da continuidade territorial assenta na necessidade de corrigir as desigualdades estruturais originadas pelo afastamento e pela insularidade, e visa garantir a plena participação desportiva das populações das Regiões Autónomas, vinculando, designadamente, o Estado ao cumprimento das respectivas obrigações constitucionais.
Laurentino Dias, seu colega de «turma», embora noutra carteira, disse praticamente o mesmo: o princípio da continuidade territorial assenta na necessidade de corrigir os desequilíbrios originados pelo afastamento e pela insularidade, de forma a garantir a participação dos praticantes e dos clubes das Regiões Autónomas nas competições desportivas de âmbito nacional.
6. E,aqui, há muito tempo que tenho uma solução: se não é para cumprir, apaguem, usem a borracha legislativa. Tenham coragem e deixem-se de hipocrisias nas recepções e portos de honra (?).
1 comentário:
Então a culpa de o Governo da Madeira andar a gastar milhões com o futebol profissional em vez de apoiar o desporto amador, já não é do Decreto Legislativo Regional 4/2007/M (quem fez? quem fez?), mas do Governo da República?!
'Tá boa!!!!!!!!!!
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