Quando os políticos passam a usar uma linguagem que se aproxima mais do mundo das telenovelas do que do universo de autores clássicos, começa a ser de temer o pior.
Francisco Assis.
Mário Soares considera que não existem líderes políticos, como outrora. Não sei se tem razão. Os problemas do mundo e dos países são hoje incomparavelmente mais complexos que os de outrora. E vivemos um tempo conduzidos precisamente pelos líderes do passado. E onde gente muito bem preparada, culta e séria falhou. António Guterres terá sido o governante que reunia à partida as melhores qualidades e competências para as funções que exerceu e o resultado da sua governação falhou. As lideranças políticas não são redutíveis a qualidades pessoais e técnicas. E requerem características bem diferentes das de outrora. E a integração europeia e a globalização, ao diminuir as soberanias nacionais, reduziu muito a capacidade de intervenção no espaço nacional. Pelo que a comparação corre o risco de ser errada.
O certo é que os problemas, e a crise que lhes está associada, não nasceram hoje. São o resultado de anos de políticas que acrescentaram novos problemas aos problemas antigos. Vivemos um tempo, isso sim, de enorme confusão doutrinária e de bastante indigência retórica como escreveu o autor citado no início deste texto. (Público, 9/2/2011).E aí, de facto, há uma diferença substantiva. Hoje qualquer jovem político a quem a imprevidência deu um trabalho no Estado é capaz de teorizar sobre “as novas janelas de oportunidade” que constitui o desemprego jovem ou sobre o modo de “alavancar a economia” e o “empreendorismo” num ambiente semântico digno da literatura de autoajuda. Mas tem muita dificuldade em elaborar um pensamento como um mínimo de profundidade e de substância. Consegue apenas ser guia num Portugal dos pequeninos!
A crise da social-democracia e o ascenso do neoliberalismo só vieram acentuar a perda crescente de valores substituídos por uma cultura modernaça feita de navegações na net e de powerpoint, dispensando a leitura e a reflexão, ignorando as doutrinas que civilizacionalmente nos moldaram em nome de um falso pragmatismo e de um linguajar retórico de evidente pobreza.Se a coisa já não está famosa em relação a áreas nobres da política e da governação, o que dizer do desporto? Com uma tradição desportiva tardia, relativamente à Europa e uma prática importada, as consequências persistem no modo como socialmente o desporto nos marcou. E num país sem dinamismo económico tenderão a agravar-se. Para além dos problemas próprios do desporto junta-se um contexto desfavorável e gente com escassa experiência de vida e pouco preparada para a complexidade das tarefas da sua governação.
Saber alguma coisa do desporto - da sua história, das suas práticas e da sua governação – não é garantia segura para que se digam menos asneiras ou que se cometam menos erros. Mas ajuda a ter uma perspetiva menos confusa e a conhecer os limites do voluntarismo político. E para isso é preciso ler, estudar para saber agir. Nenhum país resolve os seus problemas de governação desportiva criando grupos de trabalho. E uma agenda politica que faz do seu anúncio um exercício de marketing só arranja lenha para se queimar.
Apesar de tudo, e de modo a que o tom deste comentário ganhe alguma positividade, saúde-se, num país onde a tradição de edição de obras sobre o desporto é escassa, o recente trabalho coordenado pelo José Neves, nosso companheiro dos primeiros anos deste blogue, e do Nuno Domingos intitulado Uma história do desporto em Portugal. Um trabalho em três volumes de que saiu o primeiro intitulado Corpo, Espaços e Média. Ao longo da sua leitura percebemos que a dificuldade de afirmação desportiva não é um problema de hoje. E que na história do desporto nacional se viveu uma permanente dificuldade em afirmar uma ideia desportiva para o país.
Francisco Assis.
Mário Soares considera que não existem líderes políticos, como outrora. Não sei se tem razão. Os problemas do mundo e dos países são hoje incomparavelmente mais complexos que os de outrora. E vivemos um tempo conduzidos precisamente pelos líderes do passado. E onde gente muito bem preparada, culta e séria falhou. António Guterres terá sido o governante que reunia à partida as melhores qualidades e competências para as funções que exerceu e o resultado da sua governação falhou. As lideranças políticas não são redutíveis a qualidades pessoais e técnicas. E requerem características bem diferentes das de outrora. E a integração europeia e a globalização, ao diminuir as soberanias nacionais, reduziu muito a capacidade de intervenção no espaço nacional. Pelo que a comparação corre o risco de ser errada.
O certo é que os problemas, e a crise que lhes está associada, não nasceram hoje. São o resultado de anos de políticas que acrescentaram novos problemas aos problemas antigos. Vivemos um tempo, isso sim, de enorme confusão doutrinária e de bastante indigência retórica como escreveu o autor citado no início deste texto. (Público, 9/2/2011).E aí, de facto, há uma diferença substantiva. Hoje qualquer jovem político a quem a imprevidência deu um trabalho no Estado é capaz de teorizar sobre “as novas janelas de oportunidade” que constitui o desemprego jovem ou sobre o modo de “alavancar a economia” e o “empreendorismo” num ambiente semântico digno da literatura de autoajuda. Mas tem muita dificuldade em elaborar um pensamento como um mínimo de profundidade e de substância. Consegue apenas ser guia num Portugal dos pequeninos!
A crise da social-democracia e o ascenso do neoliberalismo só vieram acentuar a perda crescente de valores substituídos por uma cultura modernaça feita de navegações na net e de powerpoint, dispensando a leitura e a reflexão, ignorando as doutrinas que civilizacionalmente nos moldaram em nome de um falso pragmatismo e de um linguajar retórico de evidente pobreza.Se a coisa já não está famosa em relação a áreas nobres da política e da governação, o que dizer do desporto? Com uma tradição desportiva tardia, relativamente à Europa e uma prática importada, as consequências persistem no modo como socialmente o desporto nos marcou. E num país sem dinamismo económico tenderão a agravar-se. Para além dos problemas próprios do desporto junta-se um contexto desfavorável e gente com escassa experiência de vida e pouco preparada para a complexidade das tarefas da sua governação.
Saber alguma coisa do desporto - da sua história, das suas práticas e da sua governação – não é garantia segura para que se digam menos asneiras ou que se cometam menos erros. Mas ajuda a ter uma perspetiva menos confusa e a conhecer os limites do voluntarismo político. E para isso é preciso ler, estudar para saber agir. Nenhum país resolve os seus problemas de governação desportiva criando grupos de trabalho. E uma agenda politica que faz do seu anúncio um exercício de marketing só arranja lenha para se queimar.
Apesar de tudo, e de modo a que o tom deste comentário ganhe alguma positividade, saúde-se, num país onde a tradição de edição de obras sobre o desporto é escassa, o recente trabalho coordenado pelo José Neves, nosso companheiro dos primeiros anos deste blogue, e do Nuno Domingos intitulado Uma história do desporto em Portugal. Um trabalho em três volumes de que saiu o primeiro intitulado Corpo, Espaços e Média. Ao longo da sua leitura percebemos que a dificuldade de afirmação desportiva não é um problema de hoje. E que na história do desporto nacional se viveu uma permanente dificuldade em afirmar uma ideia desportiva para o país.
24 comentários:
"dispensando a leitura e a reflexão, ignorando as doutrinas que civilizacionalmente nos moldaram em nome de um falso pragmatismo e de um linguajar retórico de evidente pobreza." Caro JMC neste "desporto" do IDP já não existe nem falso pragmatismo nem linguajar pobre. Naquele falso IDPJ ou lá o que seja já ninguém sabe o que seja desporto, já ninguém sabe quem manda no desporto, o que vai ser do desporto ou do seu próprio futuro. A desinformação é tal, as dúvidas tantas que duvido que alguma política desportiva possa acontecer quando os trabalhadores, "matéria prima da moderna gestão", são colocados à margem "do processo produtivo". Parece que a política desportiva já evoluiu tanto que já não necessita de trabalhadores mas tão só de dirigentes. O "diz-se", o "secretismo", o "anonimato" o "talvez" e o "não sei" vai ser a base do novo organismo do desporto, seja lá isso o que venha a ser. A "nova política" não tem rosto, não tem voz nem tem contemplações humanísticas e/ou relacionais para com aqueles que vão servir de suporte ao novo "pragmatismo".
Com a exceção da clubite e do fanatismo futebolístico, Portugal nunca teve grande interesse pelo Desporto.
Os sucessos desportivos (parcos para um país europeu com 10 milhões de habitantes) resultaram sempre muito mais do aproveitamento de circunstâncias isoladas que de políticas desportivas.
Na falta de Desporto, os governantes viraram-se para a demagogia fácil, populista e paternalista das "caminhadas" (!!!) e agora da "ética desportiva".
Esperamos ansiosamente pelos resultados de Londres 2012.
Como o Luis Leite costuma dizer não é difícil prever os resultados de Londres 2012. Não é preciso ser bruxo, adivinho, quiromante ou especialista em mapas astrais.
O que não era de prever, há uns anos atrás,era esta miséria actual de discurso e prática em torno dos assuntos da política desportiva. Bem, talvez eu esteja errado pois se tivessemos passado a gráfico os conteúdos da linguagem usada na política desportiva, pelo menos desde 1974, teriamos, certamente,percebido a tendência para nos atolarmos nesse linguajar miúdo que JMC refere.
Pelos corredores intermédios da Infante Santo passaram muitas "pessoas boas", mas pelos patamares da liderança passaram figuras absolutamente desastradas e desastrosas. Houve poucas mas honrosas excepções. Quando olhamos para os lados de Algés a situação torna-se muito mais dramática. Algés é apenas uma expressão generalizadora pois o problema precede Algés. Pela secretaria de estado passaram abencerragens que de desporto percebiam menos que zero mas que sempre fizeram do desporto um meio de ascensão política. Se se analisarem os documentos políticos produzidos ao longo dos anos podemos julgar os seus autores. Aliás muitos assistiram ao longo dos anos à forma como eram elaboradas os poucos parágrafos "desportivos" que eram incluídos nos programas políticos dos partidos. Alguns "técnicos" "ideologicamente polivalentes" participaram nessas produções, oferecendo o seu saber a cores muito diferentes do espectro partidário.
O que nós somos hoje devemo-lo a tudo isto que suportámos ao longo do tempo "sem tugir nem mugir".
Se quiserem ir um pouco mais fundo imaginem o que se passou, ao longo do tempo, nas chamadas delegações distritais. Quem foram (e quem são) os delegados que participaram no desenvolvimento desportivo do nosso país. Asseguro-lhes que alguns eram de "ir às lágrimas". Foi, e é, tudo isto que levou o discurso político-desportivo para o nível actual.É por tudo isto que o desporto é pobre e igualmente pobres são as gentes que nele vivem.Problema maior é concluirmos que este não é um retrato exclusivo do desporto.
Um exemplo de linguajar miúdo é o seguinte:
Alexandre Mestre, in RECORD de 17.11.2011:
Alexandre Mestre salientou, no entanto, a "paz social com que esta transição tem sido feita", garantindo que se vai "tentar acautelar todas as situações".
IPDJ em reunião com a Comissão de Trabalhadores, realizada em 23.2.2012:
Sobre esta questão a Dra. Lídia Praça e o Dr. João Bibe referiram não ser possível nesta fase adiantar números definitivos, uma vez que o mapa de pessoal ainda não está fechado. No entanto, foi afirmado que o mapa de pessoal não irá permitir contemplar a totalidade dos atuais colaboradores dos organismos objeto de fusão (IPJ e IDP), pelo que haverá excedentes, em número não possível de quantificar neste momento.
Que é como quem diz: com papas e bolos se enganam os tolos...
Mais um exemplo de linguajar miúdo:
Manda dizer o verdadeiro Dono do IPDJ, e futuro presidente, mais dia menos dia, que "não queremos deficientes, nem doentes. Só ficam funcionários submissos e caladinhos".
Um hino aos direitos, à ética, ao humanismo e à fraternidade entre irmãos.
Dentro e fora do IDP e IPJ vive-se um clima explosivo, com os funcionários e as federações profundamente revoltados. As reacções dos trabalhadores e movimento associativo serão incontroláveis e imprevisíveis.
O destino está nas vossas/nossas mãos. Agir.
O Joâo Bibe ainda nâo foi convidado para Embaixador Nacional da Ética no Desporto? Se não foi é uma injustça que deve ser rapidamente corrigida
O problema de Alexandre Mestre - a que se referiu um anterior anónimo - é que falou sem ter pedido autorização ao João Bibe. E este limitou-se a corrigi-lo - com a deselegância e grosseria habituais - sabendo que o "rapaz" gosta de dizer coisas e que por vezes as diz sem autorização superior....
O Relvas e o Mestre andam a dormir, enquanto o Bibe (rapazola de pulso partido) vai destruindo o Desporto, perseguindo os trabalhadores e enchendo os bolsos! O artista diz… e faz.
Lendo todo o conteúdo supra apenas posso concluir na "palhaçada" em que se transformou o IDP, na "fantochada" em que se vai transformar o novo "organismo" e na "miséria" em que anda o desporto do ponto de vista institucional. Quase sou obrigado a questionar para que serve a SEJD, para que serve o IDP, para que serve o IDPJ e para que serviram os anos de trabalho de todos os funcionários que por lá andam e por lá passaram. Um pleno desperdício, um "monumento" cheio de ratos, ratazanas e baratas que sugaram muita coisa que por lá passou. Uma tristeza, na medida do governo que nos "desgoverna"!
Na próxima remodelação do governo (para breve), vamos todos apoiar João Bibe a Ministro do Desporto! Um homem cheio de qualidades e virtudes, mas nos bolsos e nas luvas. Um mentiroso chique que manipula tudo e todos.
O desgoverno no desporto atinge os limites do ridículo. Um mar de ética no papel e nas palavras, em contraponto com um terramoto de incompetência e roubalheira nas acções. Uma vergonha que tem um fim anunciado.
O primeiro-ministro, Passos Coelho, tem que mandar esta escumalha para a RUA.
Ando no desporto quase há trinta anos e nunca ouvi falar desse tal João Bibe.Alguém me sabe explicar quem é?
Carlos Sotero da Silva,Amarante.
Disse o anónimo das 22,22 H:
Ando no desporto quase há trinta anos e nunca ouvi falar desse tal João Bibe.Alguém me sabe explicar quem é?
Mas se em vez de andar no desporto, tivesse andado no ballet, já saberia que ele era aquele menino de caracóis que ficava sempre até mais tarde, com o professor, a treinar adágios e allegros...
»Encomendou el-Rei D. João o Terceiro a S. Francisco Xavier o informasse do estado da Índia, por via de seu companheiro, que era mestre do Príncipe; e o que o santo escreveu de lá, sem nomear ofícios, nem pessoas, foi que o verbo rapio na Índia se conjugava em todos dos modos…».
No séc. 21, o Empresário Ferraz da Costa,numa entrevista ao jornal "i" declarou sem papas na língua que: "em Portugal rouba-se descaradamente"
Conclusão: Portugal é um país que respira a tradição, desde Viriato, porque os Lusitanos não cultivavam a terra que dava muito trabalho, preferiram saquear e roubar e, de tal forma que, quando casou com uma mulher ric, recusou sentar-se à mesa quando viu tanta fartura... saíu e foi obter tudo à sua custa, isto é, como bandoleiro.
Uma das grandes vantagens da futura sede do IPDJ, na Rodrigo da Fonseca, é a sua proximidade da sede do DCIAP, na Alexandre Herculano.
O IPDJ vai ser um bom e frequente cliente do Departamento de Investigação e Acção Penal...
O Ministério Público é que podia ir já adiantando trabalho e começar a criar uma brigada só para tratar dos ipdjotinhas e ipdjotonas...
Tenham vergonha! trabalhem e deixem o homem em paz
(...) e deixem o homem em paz.
Qual homem?!!!
Triste é:
Só se fala do BIBE e da PRAÇA... mas não se fala da bruxa?!
Então e a bruxa?!
Meus Senhores...
Raramente li tanto disparate em tão pouco tempo.
Dizem que ele tem o pulso partido...não sei...mas parece-me que andam mais por aí.
Isto parece-me mais amor que ódio!
Trabalhem...
que tem a ver a mulher dele com tudo isto!?
romances e aventuras, cheio de luas-de-mel no Oriente, deslocações, mulheres da limpeza, cursos, divisórias, obras em casa, etc...etc... - tudo, mas TUDO, à conta do Estado.
E qualquer dia ainda vai a(o) Ministro!
Tudo isto não sei! Mas e os outros?!
IDPJ ou lá o que seja... já ninguém sabe o que seja desporto, já ninguém sabe quem manda no desporto!
Sr. Futuro MInistro anda a dormir ou quê!?
Sou um dos funcionários que fui dispensado por uma comissão liquidatária presidida pelo Dr.º João Bibe, foram poucas as vezes que interagi com o Sr.º mas tenho pena. Trabalhei numa organização chamada FDTI durante 13 anos, há algum tempo que aguardava o desfecho que se veio a concretizar, nos últimos anos fomos dirigidos por autênticas nulidades intelectuais, foi com bastante surpresa que li os comentários neste blogue, suspeito que sejam de funcionários que nunca tiveram de trabalhar e vêm a água a chegar cada vez mais perto dos seus castelos de areia. Sempre fui socialista, desde que me lembro e sempre votei PS, à excepção das últimas legislativas, em grande parte por sentir na pele o que se passava nas "organizações" tuteladas pela antiga SEJD. Para finalizar, tenho pena de ter conhecido o Dr.º João Bibe antes, e nas condições em que conheci, se na vez de ser presidente da comissão liquidatária, tivesse uns anos antes sido presidente do conselho de administração, nunca tinha havido necessidade de haver uma comissão liquidatária.
concordo!
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