Os Jogos Olímpicos de Londres são daqui a três meses. E seria expectável que a atenção dos que trabalham no Comité Olímpico de Portugal estivesse focalizada na tarefa de garantir a melhor prestação possível à delegação nacional. Mas não. O secretário- geral do COP, que continua em exercício de funções, entendeu contactar algumas federações desportivas e anunciar que decidiu ser candidato à liderança do organismo. Entretanto, o líder de uma outra organização – a Confederação do Desporto de Portugal-cujo mandato para que foi eleito ainda não terminou, já anuncia que não descarta a hipótese de se candidatar ao COP.E, embora reconheça que este não é o momento próprio para abordar o tema, lá vai desfilando os motivos curriculares que, segundo o próprio, justificam que admita essa possibilidade.
As eleições são em 2013. E tudo tem o seu tempo. O frenesim de ocupar espaço e a agitação agora manifestada não augura nada de bom. Qualquer destas atitudes revela a ausência de elementar prudência e respeito. Prudência, porque neste momento de preparação para os Jogos se dispensa o contar de espingardas, o desgaste da contabilidade dos apoios e o alinhamento por esta ou aquela candidatura. E de respeito por quem atualmente lidera o COP e que vê na praça pública a sua liderança já estar a ser disputada. Quem é que gosta de dirigir um organismo, ter importantes tarefas pela frente e saber que ao lado já há quem se prepara, a tão grande distância, para o substituir? Mesmo no relacionamento institucional esta atitude retira-lhe força e fragilizam-no. Agravado num dos casos, por partir de alguém que exercendo uma tarefa de particular importância no relacionamento com as federações desportivas o faz, a partir de agora, não apenas como secretário-geral, função que não suspendeu, mas também como candidato a futuro presidente do COP.
Não está em causa, naturalmente, o perfil dos candidatos e bem assim o direito que lhes assiste de pretenderem ocupar o lugar de Vicente Moura. Está em causa, isso sim, o respeito por quem ainda exerce essa função e tem pela frente, repito, importantes desafios e que naturalmente não pode ser insensível ao que se movimenta em seu redor. Mas está também em causa o respeito pelas federações desportivas, técnicos e atletas envolvidos nos trabalhos olímpicos e que, agora são chamados a prestar atenção a algo que tem um momento próprio para ser apreciado e discutido.
Estas atitudes, e outras que porventura ocorram em contexto semelhante, só podem surgir por uma incontrolável necessidade de aparecer e garantir algo que escapa à lógica de serviço desinteressado à causa olímpica e desportiva. É um posicionamento que não está muito longe daquele que é habitual na competição política. Não é que daí venha grande mal ao mundo. Mas deita por terra muito da ideologia do dirigente olímpico, feita de dedicação, sacrifício e entrega a valores de altruísmo e inspiração coubertiana. Bem o sabemos que poder é poder. E não é preciso reler os clássicos para se perceber que é uma espécie de parafuso sem fim pouco compatível com certo tipo de valores. Só que, por vezes, engana: por muito que se enrosque não aperta.
4 comentários:
Quando se fala em valores e em ética olímpica, certamente o COP não é de todo um bom exemplo.
Basta lembrar a atitude e os comportamentos do seu Presidente durante os Jogos de Pequim (eu estava lá e assisti a muita coisa), que lhe deveriam ter valido a irradiação imediata do Movimento Olímpico, por violações várias da Carta Olímpica durante o desenrolar dos Jogos.
Tanto ele como o Secretário Geral agora candidato e o Presidente da CDP não são grandes exemplos de competência e são responsáveis pela insignificância olímpica e desportiva de Portugal.
Numa organização tão pouco democrática em que os estatutos aceitam que seja o Presidente do COP a dirigir os trabalhos das plenárias (Assembleias Gerais), manipulando as sessões a seu bel-prazer, o aparecimento destas candidaturas neste momento não destoa do resto.
Da insignificância provinciana, feita de vaidades ridículas mas curiosas.
A 'falta de chá' é notória.
O Sr. Marques da Silva demitia-se a apresentava a candidatura mas...assim estaria uns meses largos ser ser 'indemnizado' com os 75% dos 2.500,00 € da 'indemnização mensal' do presidente...
Assim 'indemniza-se' e joga por dentro !
Inacreditável o que está a passar no COP. Mas dizem-me, não sei se é verdade ou mentira, que há cargos dirigentes remunerados. Custa acreditar. Se assim for então compreende-se esta pressa em anunciar a vontade de ocupar a cadeira do Comandante. Sempre são uns trocos.
AC
ELEIÇÕES ?????
Delicia de oportunismo claro nítido e transparente do Sr. Marques da silva(secretario geral!) quer continuar dentro, por dentro e fazendo trafico de influências como é "moda" na politica, à descarada e sem medos de represálias...
Mas há mais candidatos e do melhor, gente que não pode viver sem o reforço mensal e do protagonismo que o cargo tem.
Quanto à previsão de medalhas, Podium, TOP TEN,eu sei lá outro tipo de classificações para justificar... só depois dos Jogos!.
Comandante Vicente Moura, ponha ordem no barco…. porque tem gente dentro disponível para todo tipo de golpes e embarcações… mesmo sem carta de marinheiros…
ADC
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