domingo, 13 de maio de 2012

Ó Relvas, Ó Relvas, nada à vista


Texto publicado no Público de 13 de Maio de 2012

 
1. O Correio da Manhã noticiou esta semana um jantar ocorrido no dia seguinte (não o da SIC Notícias) ao jogo entre o Benfica e o Porto, a contar para a Liga, disputado a 2 de Março passado, com a vitória a pender para os atletas do Norte.

Juntos, à mesma mesa, em restaurante de luxo lisboeta, alimentaram-se o responsável (?) governamental pela área do desporto, Miguel Relvas, o presidente do F.C. do Porto, o empresário Joaquim Oliveira e ainda o multiuso Fernando Seara e sua esposa.

Filipe Vieira, ausente neste repasto, não gostou da composição deste (ficou “muito incomodado”), por certo, espontâneo grupo de convivas. Vai daí, noticia-se, o Benfica terá desistido de participar em torneio a realizar em Angola que contaria coma presença do F.C. do Porto e era “promovido” pelo Ministro.

Fonte próxima de Miguel Relvas assegurou ao CM que o jantar de 3 de Março foi o único em que o ministro esteve com Pinto da Costa e frisou que tal já aconteceu com outros dirigentes desportivos, caso de Luís Filipe Vieira, com quem já jantou três vezes.

Logo, e para já, 3-1 a favor de Luís Filipe Vieira.

2.Não há – já muita gente o disse – almoços grátis. Outros adiantaram o pequeno-almoço. O jantar, como refeição, não parece fugir a esta regra das refeições em Portugal. “Fonte próxima do processo” confirmou-me, todavia, que cada um dos pressentes no repasto pagou a respectiva parte (dúvidas há se Fernando Seara pagou só o seu ou o da sua mulher ou se sucedeu o inverso). Todos os convivas, é certo e seguro, “puxaram” dos seus cartões multibanco e a máquina veio à mesa, pessoa a pessoa.

Contudo, independentemente da nossa fonte merecer toda a confiança, e não colocarmos em causa a forma de pagamento do repasto, o que fica verdadeiramente por explicar – e nunca será explicado – é qual a razão que leva este Ministro e tantos outros membros do Governo – deste ou de passados – a jantar tanto e com tanta gente.

3. Na verdade, se dúvidas houvesse, fica sempre no ar a suspeita que as decisões políticas são alinhavadas, pensadas e, por vezes, mesmo tomadas, em redor de uma boa refeição, bem longe do escrutínio público que é exigido num Estado de bem.

Sucede, também aqui não temos muitas dúvidas, que Portugal já não é – se alguma vez o foi – um Estado de bem.

Este território, superiormente definido em tempos (por Almada Negreiros) como a África dos europeus, é, cada vez mais, um local mal frequentado.

Esta e outras notícias, no desporto ou em outra área da nossa vivência colectiva, são apenas migalhas que ficam para trás de um agir contínuo e omnipresente.

4. Não temos hipóteses.

PSD1: E pré-explicou (antes das noticias do CM) Fernando Seara: “quem impulsiona a notícia fez as mesmas coisas, noutras circunstâncias, com as mesmas pessoas. Portanto. Já viu o quê?”

PSD2: Por que razão Mestre Picanço não foi ao jantar? Não tinha cartão multibanco? Ou servirá ele apenas para receber o presidente do Sporting apresentar queixas dos árbitros?



2 comentários:

Anónimo disse...

Agora até ao Correio da Manha recorre para a intriguice.
Próximo passo o confessionário da revista Maria.
Chafurdice e intriguice nada contribui para a causa.

Luís Leite disse...

Nesta triste realidade democrática à portuguesa, uma coisa é certa: no Poder, as moscas vão sempre mudando. O resto já sabem...