quarta-feira, 4 de julho de 2012

Site bilingue?

Pessoa amiga chamou-me atenção para o site do IPDJ.E dizia o seguinte:… De site, não tem nada. É apenas uma página inicial que depois remete para os antigos sites do IDP e do IPJ.A página inicial - a demonstrar bem as dificuldades em fundir o desporto e a juventude - tem dois tipos de construção gramatical: um conjunto de frases em que o leitor é tratado por "tu" (área da juventude); e um conjunto de frases em que o leitor é tratado na 3ª pessoa do singular. Quase se fica com a sensação de que o desporto é para "mais velhos", mais adultos, mais formais. E que à juventude fica reservado o "privilégio" da informalidade, da descontração, do tu cá tu lá. O que é mais interessante é que isto não foi pensado assim e representa apenas duas culturas e duas formas de estar na vida que o IPDJ não consegue fundir. Pergunto eu: significa que é uma operação votada ao fracasso? Não necessariamente. Revela apenas as dificuldades existentes.
Os processos de reorganização/fusão não têm destinos comuns. Uns traduzem-se em ganhos de eficiência e de diminuição de custos. Outros começaram por ter uma redução de custos e passado pouco tempo as despesas de funcionamento cresceram para valores superiores à situação anterior à reorganização. Os próprios custos de funcionamento não podem ser desligados do valor produzido pelos serviços que são prestados. E uma avaliação estritamente financeira não se faz comparando intenções ou orçamentos, mas relatórios de atividades e contas. Vale isto por dizer que uma avaliação criteriosa carece de tempo. Só ele permitirá verificar se a solução encontrada foi positiva ou negativa no plano financeiro.
Esse tempo é também indispensável para avaliar se é possível ou não, anular as tensões e as idiossincrasias resultantes de fundir entidades distintas. A fragilidade e a volatilidade de uma certa cultura de missão muito centrada nos procedimentos administrativos e no dogmatismo contabilístico como alfa e ómega da boa administração pública são o verdadeiro muro de Berlim a um projeto voltado para servir o desporto e a juventude. O que verdadeiramente importa saber é se as politicas para o desporto e para juventude desporto ganham com a solução adotada. E para responder a essa questão só o tempo será o tribunal da razão. Porque, até lá, o princípio é doloroso.
A fusão de organismos com culturas e missões distintas coloca sempre problemas de construção da nova identidade. Os organismos fundem-se mas as pessoas e as suas vivências não terminam com o encerramento dos organismos. Migram para a nova realidade. Onde procuram a sobrevivência com o que as configurou no passado. Por isso, escrevemos na altura, a fusão como ato administrativo é relativamente fácil. Difícil é harmonizar o que sempre viveu separado. Muito difícil é a convivência entre lógicas de produto (desporto/juventude) com modos de produção distintos, públicos e organizações diferentes. E com um histórico por detrás. Essas dificuldades não estão para além dos seus atores e protagonistas. A opção por quadros com experiências profissionais alheias à lógica das organizações fundidas e com um histórico de migração clientelar na administração pública não é, à partida, um elemento que favoreça essa integração. Pelo contrário, a tendência é para acentuar um tropismo organizacional em redor de um poder centralizado. E como muito do setor público perdeu completamente a noção de qual é a sua missão e para que serve, uma parte dele anda às aranhas limitando-se a cumprir orientações superiores, que em alguns casos, são apenas as orientações de quem conjunturalmente controla uma parte do aparelho administrativo do Estado. O resultado não pode ser brilhante.





10 comentários:

Anónimo disse...

A questão do «Desenvolvimento do Desporto em Portugal» (e de qual o modelo mais adequado aos recursos humanos, técnicos e financeiros; e à especificidade da sociedade e cultura portuguesa), não é, nem nunca foi, o «Instituto» (ou a «direção-geral»).
O problema é, após o «25 Abril», ter tido muitos nomes diferentes mas ter permanecido sempre o mesmo. E nesse entretanto, (é bom não esquecer, sobretudo os mais novos, que só há pouco tempo chegaram), muitos dos que para aqui escrevem sobre a famigerada figura estatal do «Instituto» são pessoas que passaram de partidos radicais de esquerda para partidos ditos de direita, e outras andanças do género. Mas o «Instituto» ficou imóvel, na sua postura majestática, como um ícone de um tempo que há muito ruiu.
A desqualificação gradual e sistemática do papel do Estado (para que os acomodados do dito «setor privado» conseguissem viver de rendas e de subsídios vitalícios do Estado (quer dizer, dos contribuintes pobres), em vez de competirem no «mercado» como a palavra «privado» os obrigaria, sempre foi escondida (pelo PS e pelo PSD) com tapumes que diziam “descentralização administrativa” ou “desburocratização”.
Na folhita A4 lá estão todos esses fatores e variáveis que condicionam o Desenvolvimento Desportivo em Portugal, e a nova interligação e parceria que, na minha opinião (não se amofinem que, mais do que ninguém, sei que vale pouco), se deveria adoptar. Mas em vez de discutirem o conteúdo e a questão principal, andam sempre às voltas com o «Instituto». Ou, dito de outro modo, em vez de discutirem o que interessa andam a discutir sobre os que lá estão agora, e a vontade escondida de para lá querem ir outra vez. Um nojo.

FdoE

Anónimo disse...

Caro Sr. FdoE:

O Sr. discute o que interessa?

Se sabe que a sua opinião vale pouco, porque não pega na "folhita A4" e a utiliza no WC?

Eu também sou FdoE mas não venho para aqui constantemente com críticas destrutivas!

Não gosta de JMC? Não faz mal, mas quando ele edita um post dá a cara pelo que escreve! Não gosta de JMM? Não faz mal, porque para além de dar a cara põe os pontos nos "ii".

Não gosta de AS, de JA ou de MJC? Então dê a cara ou remeta-se à sua insignificância!

Deixe de comentar neste blog... Não! Não deixe! Pelo menos alimenta os comentários de outros comentadores!

FdoE

Anónimo disse...

Caro Sr. FdoE:

O Sr. discute o que interessa?

Agradecia que respondesse...

FdoE

Anónimo disse...

Caro FdE

Não é necessária a folha A4 para saber quais os

"...fatores e variáveis que condicionam o Desenvolvimento Desportivo em Portugal".

porque os factores e variáveis que condicionam estão patentes no desinteresse do Estado, do Governo, e dos Ministros, e por reflexo maléfico nas Federações.

O desinteresse tem-se manifestado desde 1940.

EdF

José Correia disse...

Fusão ou Confusão?

A fusão entre duas instituições/organizações deve corresponder a uma vontade estrategicamente orientada de pelo menos uma delas, derivada da devida avaliação da respectiva administração/liderança de topo. No caso destas duas instituições públicas tal representaria que a tomada de decisão pela fusão tivesse sido devidamente enquadrada numa estratégia organizacional e de afirmação das competências e funções da organização resultante dessa mesma fusão. Será que esse diagnóstico e perspectiva de desenvolvimento organizacional existiu ou existe? Do programa de governo para o sector do desporto nada indicava que tal tivesse sido preparado ou viesse a ser realizado. Então de que tipo de fusão se está a falar? De algo que tenha correspondido a uma devida estratégia de gestão não será certamente! E que resultados vai ter? Bons para o desporto e para os recursos humanos e as funções e competências organizacionais não poderão ser...

José Pinto Correia

Luís Leite disse...

Os objetivos políticos primordiais para este, como para qualquer Governo no passado e certamente no futuro são:

1) Futebolização alienante para distrair e alienar o povo;

2) Demagogia politicamente correta e populista sobre os conceitos elementares de Desporto e Atividade Física.

A dança dos lugares públicos dirigentes é irrelevante.

Anónimo disse...

Caro José Correia... esqueça

Os políticos fazem da governação uma bricolagem ou jogo de cartas para se entreterem, enquanto vão pensando como demonstrar que vão inovar e revolucionar de uma vez por todas.

Um governo acabado de tomar posse não pode manter a cara e as feições do anterior governo senão os súbditos, que são sagazes, dizem logo: "Olha este governo não traz nada de novo !!!".

Então, é obrigado a inovar:
se há fusões fazem difusões;
se há difusões fazem fusões;
se houve x ministros passam a x-1 ministros;
se houve assessores a mais, passam a ter menos assessores;
se houve 10 carros para cada ministro passa a haver 9 carros; se já não há subsídio de férias passa a haver suplementos de férias;
se já não há subsídios de Natal passa a haver suplementos de Natal;
se para o anterior governo as duas instituições estavam separadas por mais económicas, o novo governo junta-as, pela mesma razão, i.é, por mais económicas.

Conhece a dança das cadeiras ?
Pois governar também é jogar.
Eles jogam o jogo deles e nós assistimos impávidos e serenos.
Eles dão espectáculo e nós assistimos.

Bom resto de domingo.

Anónimo disse...

Por não se querer discutir uma solução, e após ler a crueza destes comentários, só resta, como diria alguém, a mesma "não-solução" de sempre: «marquem-se eleições». Que depois, novos destes velhos comentários, em breve regressarão. E assim sucessivamente. Ou não?

FdoE

Anónimo disse...

Senhor FdoE

Acertou, esse será sempre o EdoF

Anónimo disse...

Será uma questão de fusão ou, antes, de comunicação?
Juntar aquela informação toda deve dar trabalho...
Onde estão as pessoas da comunicação do antigo IDP?