Em
contextos de fraca qualidade politica e de fragilidade doutrinária a construção
da decisão política fica muitas vezes
dependente da dimensão técnica. E essa dimensão técnica é determinada pela formação
disciplinar dos que estão mais perto dos decisores políticos Depois explica-se
esta ou aquela decisão porque supostamente é a melhor. Mas em que o mérito é
determinado, ainda que não assumidamente, por critérios técnicos e não por critérios
políticos. É certo que a decisão política não pode deixar de
estar tecnicamente fundamentada. Mas esse facto não reduz a decisão política a
uma mera réplica da decisão técnica.
Os
modelos de desenvolvimento do desporto configuram opções e alternativas. Não
existe um modelo único no sentido de excluir outras possibilidades. Se o país
está preocupado com o nível de resultados de topo pode prescindir das políticas
de promoção desportiva. A “pirâmide desportiva” em que a elite surge da massa dos
praticantes só é ainda um modelo defensável na perspetiva do acesso do maior
número de cidadãos à prática desportiva. Mas, em termos de política desportiva
dirigida para o alto rendimento, deixou de ser a condição imperativa que se
admitia antes da evolução registada nos processos de deteção, seleção e
preparação dos atletas É uma opção. Mas as questões dilemáticas na escolha dos
modelos sendo importante não é decisiva. O importante é definir o modo de
influenciar os fatores críticos para o sucesso desportivo independentemente do
modelo escolhido.
A
passagem de um modelo unidimensional
(desporto de rendimento) para um modelo pluridimensional (formação, competição,
rendimento, recreação, lazer) com a passagem de um foco unipolar (o clube) para um regime multipolar (escola, clube, setor privado, etc.) alterou os termos
em que tradicionalmente se pensava o desenvolvimento desportivo. Porque deixou
de haver um centro único e tudo passou a funcionar em rede e de forma sistémica
Não deixa de ser curioso que seja um governo assumidamente liberal que alimenta
a ideia de um Plano para o Desporto
como comando e motor orientador do desenvolvimento desportivo nacional, a que
deverá reportar toda a estratégia nacional subordinada à ação volitiva do
Estado. E nem a crise das finanças públicas, e com ela a de um Estado incapaz
de sustentar as suas políticas sociais e distributivas, pondo em risco a
própria estabilidade da sua dimensão social, parece impedir a ilusão de um modelo que
quer fazer do Estado o centro da racionalização estratégica das políticas
desportivas.
O
ponto nevrálgico de uma nova política para o desporto, e que reclamaria novas
atitudes e uma nova mentalidade por parte de todos os intervenientes – Estado e
agentes desportivos – era a transição de uma linha política de desenvolvimento dirigido, em que o Estado é a unidade central e
centralizadora, para uma outra de desenvolvimento
assistido, em que o Estado deixa às organizações desportivas grande parte
das suas competências e iniciativas, mantendo contudo, além da iniciativa
legislativa, a cooperação técnica e financeira onde as energias próprias do sistema
desportivo não fossem suficientes à prossecução das suas metas. Uma
consequência paradoxal do sistema desportivo nacional tem sido, apesar de
negado, o reforço e o controlo burocrático dos governos sobre o movimento
desportivo, aumentando o grau de dependência deste e criando uma estrutura instável
e pulverizada em decisões que dificultam tanto a conceção e discussão de
propostas como a tomada de decisão. E nem a crise do Estado parece arrefecer
essa vontade. O futuro desportivo do país precisa efetivamente de referências e
de objetivos e de um conceito estratégico claro.E essa deve ser função do Estado. Mas tem de ter uma doutrina
que o suporte e um consenso com os parceiros desportivos. O resto
é louvável, mas cria o risco de insucesso.
25 comentários:
Em tempos de perda total de autonomia e independência nacional, vergados às exigências impostas por quem nos entrega o dinheiro para pagar ordenados e pensões se nos portarmos bem, fará sentido pensar, ideologicamente ou não, em estratégia(s) para um futuro em que a questão única é COMO SOBREVIVER?
O problema é que não soubemos cuidar do país quando o devíamos ter feito e agora estamos e estaremos a pagar os erros de políticos incompetentes e/ou ladrões impunes, inclinando-nos progressivamente para uma pobreza inevitável e sem horizonte.
Neste contexto de completa dependência do exterior, com cortes radicais no financiamento desportivo público e privado, fará sequer sentido pensar em políticas desportivas?
Tenho as minhas dúvidas.
Estivemos sempre na cauda da Europa no respeita ao desporto.
A situação só vai agravar-se nas próximas décadas.
No matter who, no matter how, no matter what.
Uma desolação...
"A construção da decisão política fica muitas vezes dependente da dimensão técnica". Tenho para mim que esta frase resume toda a incapacidade política verificada neste País, faz muitos anos. Para mim, concluí já há muito tempo que a decisão política implica obrigatoriamente uma capacidade técnica que leva à conclusão fundamentada e real das verdadeiras necessidades de um determinado sector da realidade de um Estado, por forma a alterar eventuais vicissitudes que esse Sector possa apresentar. O pior é que os políticos deixaram de ser Técnicos e, alguns, nem conseguirão definir ou sequer pereceber o Sector Social ou Económico em que foram colocados como Dirigentes. Aliás, basta ouvir o noticiário das nossa televisões para concluir que os "Técnicos" ou estão todos fora ou estão a ir "porta fora" o que significa que ficarão apenas os políticos....para mail dos nossos pecados.
João Ramos
Não que a Política seja uma Ciência menor. A Política nasceu para resolver problemas reais com pessoas reais e para contribuir que pessoas reais tivessem uma melhoria contínua no seu status. Na Política decide-se que "Área" necessita de planeamento e correspondente intervenção. Ou seja, de entre várias áreas de intervenção há que estabelecer um plano político de opções prioritárias de intevenção. Cada opção afectará um conjunto de pessoas reais. Quando a simples ideologia de grupo se sobrepõe à Política tudo deixa de ser transparente e as pessoas reais passam a acreditar que as opções tomadas atingem apenas "algumas pessoas reais". Por isso é que Políticos, na nossa História, existiram muito poucos. Pessoas virtuais é que sempre existiram muitas em todas as áreas da vida deset Estado.
João Ramos
A “passagem para um regime multipolar”?
Nem queria acreditar quando li este post de J.M.Constantino!
Por momentos julguei que era o Governo anterior a falar, em Maio de 2005.
Ora ouçam o que dizia esse Governo (passo a citar, das conclusões do Congresso do Desporto de 2005): “O desenvolvimento do desporto não podia continuar a ser perspectivado fora das causas e das consequências que, a montante e a jusante, repercutiam na vida dos cidadãos e das comunidades. Nem desenquadrado e desligado das outras estratégias de desenvolvimento da sociedade. Foi esta mudança que marcou o novo rumo da política de desporto do XVII Governo e singularizou a sua estratégia. O primeiro passo foi, no Programa do Governo, redefinir o rumo, a missão e os objectivos da política de desporto e da responsabilidade pública pelo seu desenvolvimento em Portugal. Foi adoptar, pela primeira vez, um «modelo multifactorial de desenvolvimento desportivo» que passou a considerar e a investir não apenas num, mas nos vários factores constitutivos do desporto: i) o alto rendimento e a excelência dos resultados desportivos a nível internacional; ii) a generalização da prática a todos os cidadãos, reactivando o associativismo desportivo e o papel das Federações; iii) e, a formação de base a partir da Escola, tornando activa e nuclear a parceria entre as autarquias e os clubes de praticantes.”
E esta hem?! Quem diria? O J.M.Constantino convertido ao Socialismo de Sócrates.
Talvez
Oh Pedro Cardoso e aos seus diferentes heterónimos (Talvez, Folha A4 e Funcionário Público,etc ):terei todo o gosto em lhe enviar o que sobre os modelos de desenvolvimento desportivo tenho escrito. Confira as datas. Depois por favor corrija o que escreve. A um homem que tem um pensamento histórico consolidado não fica bem reescrever o passado em nome da ideologia. Aguardo indicação de morada para proceder ao envio. Cumprimentos.
Até recebi dois telefonemas de companheiros desse tempo que me vieram dizer, com alguma emoção, que afinal tinha razão quando lhes dizia em 2005 que estávamos a ensinar e a fazer pedagogia, e que um dia outros haveriam de adoptar aquilo que criámos. Foi sorrir a bom sorrir!
J.M.Constantino que tanto criticou o anterior Governo que, pela primeira vez propôs um «modelo multipolar e multifatorial», vem agora apresentá-lo. Ainda bem. Fez-me lembrar as palavras de William James. Quando em 1907 afirmou: “Primeiramente uma nova teoria é atacada porque é absurda. Depois admite-se que ela é verdadeira, mas óbvia e insignificante. Finalmente ela é considerada tão importante que os seus adversários reclamam que foram eles próprios que a descobriram.” [William James, “Pragmatism’s Conception of Truth” (1907), in Alburey Castell (org.), 1964, p.159].
Foram dezenas de textos, publicados em dezenas de discursos, revistas, e conferências de Norte a Sul do País a defender esse «modelo multipolar e multifatorial». Estão lá escritos, estão editados, e têm data. São factos que as palavras já não podem apagar.
Aliás a Folha A4, e a Mudança Organizacional que propôs, vieram como corolário dessa estratégia e desse modelo de governação do Desporto de 2005.
Mas agora, em 2012, há um aspeto importante que tem escapado ao debate. Refiro-me à construção de uma ferramenta de Planeamento e Programação que daria ao Estado, e aos responsáveis pela governação do Desporto, aquilo que lhes tem faltado para controlarem com rigor e eficácia a interlocução com as organizações desportivas e os parceiros que vêm às audiências. Defendendo o Estado das manipulações costumeiras de que são useiros e vezeiros. E para libertar a política de desporto da teimosa dupla: fazer infraestruturas ou fazer legislação. É nisso que estamos a trabalhar para o “próximo futuro”.
Talvez
Essa preponderância exagerada dada ao alto-rendimento, e à busca alucinada de medalhas olímpicas e recordes internacionais, obrigando coercivamente o Estado a dar todo o dinheiro dos contribuintes apenas a essa pequena elite de cidadãos, de um pequena faixa etária, tem matado a possibilidade do Desporto para todos os outros milhões de cidadãos. Não, não me refiro ao lazer, às caminhadas, ao mexa-se, e a outros tipos de Atividade Física não-desportiva. Refiro-me ao Desporto. E Desporto é tentar ganhar; é competir para ser o primeiro, ou para superar um resultado. Mas isso é válido não apenas para aqueles poucos cidadãos que podem alcançar medalhas na Festa Quadrienal ou nos campeonatos internacionais. Não. O Estado deve distribuir o dinheiro para que todos os outros cidadãos, dos 15 aos 80 anos, possam fazer Desporto. Isto é, ter «quadros competitivos» nas suas regiões e comunidades.
Seria uma política diferente das que até aqui foram feitas. Porque até agora apenas se entretêm com a «construção de infraestruturas» ou com o «fazer leis». Seria uma política que apostava nesse terceiro fator: o de promover e implementar os quadros competitivos que permitissem a nível nacional o Desporto a todos os cidadãos. Porque «competir», «querer ganhar», «jogar para ganhar», são um comportamento imprescindível às pessoas e à Sociedade desde o início da Humanidade (e não apenas desde há 776 a.C).
Ora foi isso que foi roubado à Sociedade e às pessoas pela teimosia alucinada (muitas vezes dopada) da preponderância e da exclusividade dada ao «desporto para as medalhas olímpicas». O Estado tem que contratualizar a Prática do Desporto com as organizações desportivas que a promovem e organizam para todas as classes etárias. Quem só estiver disposto a fazê-lo apenas para uma parte da população deve receber apenas uma percentagem do dinheiro que o Estado tem para distribuir. O Estado deve encontrar várias outras organizações desportivas que a queiram proporcionar aos cidadãos. A maioria da população não quer participar em campeonatos internacionais, nem competir nos Jogos Olímpicos. Nem está para que lhe seja imposto coercivamente a chantagem de ser caçado para ser talento. Uns quererão outros não querem. O Estado tem que tirar o monopólio do Desporto às «Federações que apenas querem os Praticantes para ganhar recordes internacionais». Tem que proporcionar aos cidadãos que querem praticar desporto uma alternativa e uma livre opção.
Uma pessoa desde a adolescência até aos últimos dias de vida continua a querer «competir», a querer «ganhar» com os amigos e vizinhos. Foi isso que foi roubado às pessoas e à Sociedade pela preponderância alucinada das medalhas internacionais. O que ficou silenciado e escondido todos estes anos pela ditadura do Olimpismo e do Internacionalismo Desportivo foi o roubo e a coerção feita à liberdade dos cidadãos quererem fazer desporto sem terem que pagar as chorudas rendas às Federações. Que apenas os queriam para «atletas que ganhassem medalhas internacionais ou olímpicas.» Obviamente que muitos jovens e menos jovens escolheram outras modalidades performativas de competição. Uma escolha que se repercute nas estatísticas do desporto federado.
Não terá chegado o tempo de mudar?
Se há 120 euros para distribuir, e se as medalhas internacionais e olímpicas correspondem apenas a 25% da responsabilidade do Estado pelo Desporto, então só lhe cabe 30 euros desses 120. O Estado tem que deixar de ser gozado e manipulado pelas organizações desportivas.
Talvez
Acerca do anónimo Talvez
Parece que ficamos entendidos sobre a relevância política de escrever coisas que não se concretizam nem se avaliam para honrar a palavra política inicialmente dita.
Fica-se contente por meia dúzia de palavras atiradas ao vento que outro toma e diz ou disse pela absoluta superficialidade das intensões e dos propósitos de política desportiva.
Bastam as palavras e não existe a mínima propositura de criar o que quer que seja que se diga e metem-se os partidos como beneficiadores do foguetório promovido.
Parecem as listagens de há um ano ou as cartas íntimas enviadas às federações mais recentemente.
Olhem para o que digo, não olhem para o que eu faço, nem o significado dos meus actos, nem o benchmark estatístico de ordem nenhuma.
Unipolar ou multipolar, enquanto havia algum dinheiro para gastar, o Desporto português evoluiu alguma coisa que se visse nos últimos 20 anos?
Tirando a Albânia e os microestados, globalmente sempre estivemos na cauda da Europa em todos os ditos "polos".
Os raros sucessos desportivos nacionais devem-se fundamentalmente à aposta profissional de iniciativas de alguns TREINADORES, sustentados maioritariamente por CLUBES e PATROCINADORES PRIVADOS (e minoritariamente pelas Federações e pelo Estado), que souberam apostar em JOVENS GRANDES TALENTOS em modalidades individuais, que sempre vão aparecendo, mesmo que não se faça nada por isso.
O que o anterior Governo fez, para além de legislação inútil, não adiantou grande coisa à situação anterior.
A menos que as descontinuadas idas aos ginásios para emagrecer e eventuais caminhadas/convívio sejam consideradas sucesso desportivo.
Nos próximos 20 anos, sem dinheiro e numa luta terrível pela sobrevivência dia a dia, enquanto fingimos pagar dívidas e juros impagáveis, é que vai surgir o desenvolvimento desportivo?
Na Gália do Vercingétorix, na aldeia de Abraracourcix, em que viviam Astérix e Obélix, havia um bardo chamado Assurancetourix.
Volta e meia, faziam grandes festas, com lautos banquetes ao luar.
O bardo, que até não era má pessoa, tinha a mania de pegar na lira e desatava a cantar.
Eu não sei se ele cantava bem ou mal.
Só sei que os gauleses, às tantas, agarravam nele e penduravam-no numa árvore amarrado e com a boca tapada, porque já não aguentavam mais e queriam comer descansados.
Para quem alcançou os resultados que foram efetivamente alcançados em resultado dessa estratégia que foi escrita, e que estão construídos no concreto, à vista de qualquer prova ou demonstração, o que poderá responder? Apenas que quem fala assim continua a viver num mundo de fantasia, que só existe na imaginação daquilo que queriam fazer mas que nunca fizeram. Continuam a sonhar.
Vamos lá então a esses resultados entre 2005 e 2011:
-14 Centros de Alto Rendimento em 8 Distritos.
-103 Primeiros Relvados em 18 Distritos.
-189 Mini-campos desportivos em 189 Freguesias dos 18 Distritos.
-360 Obras em Instalações Desportivas para a saúde e segurança dos praticantes em 352 Clubes de 160 Concelhos dos 18 Distritos.
-Modernização do Centro Desportivo Nacional do Jamor.
-Aumento da prática desportiva federada (+25% mulheres/+13%homens).
-Aumento de atletas nos Programas Olímpico e Paralímpico (+27%).
-Criação do Programa Nacional Marcha e Corrida.
-Apoio às Federações Desportivas (Apetrechamento2M€+Modernização2,9M€+Financiamento regular (+18,6%)
-Aumento do Desporto na Escola (Mais 330 mil praticantes no 1.º Ciclo do Ensino Básico).
-Apoio a 367 Eventos Desportivos Internacionais.
-Novos Benefícios fiscais e Bolsas aos atletas (Aumento de 10% nas bolsas com isenção IRS)
-Novo estatuto do atleta com benefícios durante e após a carreira.
-Modernização do Laboratório Antidopagem.
-Sustentabilidade do Financiamento do Estado ao Desporto (7,8% do total dos Jogos Sociais)
-Reforma Legislativa do Desporto Português.
-Novos instrumentos de diagnóstico e conhecimento do desporto
-Aumento e Generalização da prática desportiva:
-Aumento em mais de 58mil o número de praticantes federados.
-Aumento em 25% o número de mulheres a praticar desporto federado (mais 31.250 do que em 2005).
-Aumento do número de cidadãos que praticam actividade desportiva não formal, incluindo os idosos e os cidadãos portadores de deficiência.
-Aumento em 32% o número de atletas de alta competição oficialmente registados.
-Aumento significativo do número de medalhas conquistadas em provas olímpicas e não olímpicas (+40%).
-Reforma Legislativa do Desporto Português
-Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto (Lei nº 5/2007, de 16 de Janeiro).
-Regime Jurídico das Federações Desportivas (DL. Nº248-B/2008, de 31 de Dezembro).
-Conselho Nacional do Desporto (DL. nº 315/2007, de 18 de Setembro; e DL. nº1/2009, de 5 de Janeiro).
-Regime Jurídico dos Contratos-Programa (DL. nº 273/2009, de 1 de Outubro).
-Financiamento do Desporto (DL. nº 56/2006, de 15 de Março).
-Combate à Dopagem (Lei nº 27/2009, de 19 de Junho).
-Combate à Violência (Lei nº 39/2009, de 30 de Junho).
-Combate à Corrupção (lei nº 50/2007, de 31 de Agosto).
-Regime Jurídico do Desporto de Alto Rendimento (DL. nº 272/2009, de 1 de Outubro).
-Regime Jurídico do Acesso e Exercício da Actividade de Treinador de Desporto (DL. nº 248-A/2008, de 31 de Dezembro).
-Regime Jurídico do Seguro Desportivo Obrigatório (DL. nº 10/2009, de 12 de Janeiro).
-Regime Jurídico das Instalações Desportivas de Uso Público (DL. nº 141/2009, de 16 de Junho).
Regime Jurídico da Responsabilidade Técnica pelas actividades físicas e desportivas realizadas em ginásios e clubes de saúde (DL. nº 271/2009, de 1 de Outubro).
Escrevem muito, têm muitas ideias irrealizáveis. Mas continuarão a fazer apenas isso. Vai uma aposta?
Talvez
Vamos lá Talvez
O dinheiro dos contribuintes é para fazer essa lista infinda ou será para dar desporto e resultados desportivos a quem paga?
Toda essa realização não tem consequências é uma acumulação de pedras mortas, considerando que algumas pedras poderão ser vivas.
O governo actual diz aos contibuintes para emigrarem o que é consequente com a impossibilidade de governar com o dinheiro dos contribuintes no sentido dos benefícios da população e não das listagens políticas e dos débitos e falências criados por essas políticas que estes resultados apontam ser erradas.
Veja que o que aqui refiro é uma postura política socialmente transversal ao espectro desportivo nacional.
"Aumento significativo do número de medalhas conquistadas em provas olímpicas e não olímpicas (+40%)."
Isto é demagogia mentirosa, como aliás já denunciei inúmeras vezes. Até a Pordata enfiou o barrete que o IDP lhe enfiou.
Somam medalhas modalidades olímpicas com paralímpicas e com outras coisas estranhas.
O Desporto português não evoluiu nada enquanto lá esteve o anterior Governo.
E as medalhas obtidas quase nada têm a ver com a política governamental.
Tudo o resto são ou resultados manipulados e falsos, negociatas (relvados sintéticos) ou realidades inconsequentes.
Continuamos e continuaremos, com exceção do Futebol (claro) na cauda da Europa (Albânia e micro-estados à parte).
Há uma questão ética e de base.
Mas para não entrar por aqui e não ferir susceptibilidades é difícil não dizer o seguinte:
As pessoas não são parvas mas os partidos políticos portugueses tratam-nos como tal.
Há formulações de política desportiva que acabam por envergonhar e as pessoas colocam-se num alto pedestral dizendo enormidades técnicas que as pessoas não regateiam por dois motivos:
1 - a iliteracia nacional de como fazer uma boa política desportiva é baixa;
2 - as pessoas estão cansadas e deixam as coisas que sabem estar erradas passar.
Agora, a questão principal é a das pessoas que usam determinado instrumental argumentativo e aí temos um desafio muito grande porque estamos a discutir determinadas coisas que noutros países ninguém formula e se perde tempo e legislaturas com teimosias e outras coisas e paro por aqui.
Enfim o uso de alguma inteligência não reafirmaria pela milionésima vez aquilo que tem sido, desde há vários anos, contestado e argumentado contra quem é inflexível no seu pensamento e comportamento.
Para mais essa inteligência deveria levar a compreender a favor ou contra aquilo que JM Constantino afirma nem que fosse para melhorar a argumentação futura.
Espero não ter ofendido...
Vamos lá então, anónimo «Fernando Tenreiro».
Antes de irmos, apenas uma nota sobre a figura «anónima». Quando começamos a falar para as caras das pessoas, sobretudo se as conhecemos facialmente, perde-se toda a riqueza que a Internet pode proporcionar no debate de argumentos e de raciocínios. Vemos mais a cara e a figura exterior da pessoa que conhecemos do que a ideia ou o argumento que produz. Matar o anonimato é voltarmos ao atraso de antes. Os heterónimos são uma evolução na capacidade de raciocinar, como afirmam atualmente as neurociências e a biologia molecular da cognição. Foi esse avanço que a Internet e estas redes de discussão impulsionaram. Quem não consegue ser «anónimo» revela medo de deixar de ser aquilo que sempre foi. O medo do anonimato revela medo da perda de Identidade (no sentido que Ricoeur lhe deu). O ser sempre reconhecido facialmente é uma espécie de bóia de salvação. Que vive da ilusão de que o constrangimento do reconhecimento facial ou corpóreo conseguirá salvaguardar aquilo que se conquistou na relação com os Outros. Para um sistema hierárquico o anonimato é o pior inimigo, razão pela qual os serviços policiais dos países que têm mais a perder já controlam e vigiam toda a informação que circula na Internet.
Não se raciocina nem se pensa com a cara, com a barriga, com a postura, ou com o estatuto. É o cérebro que pensa e que argumenta. E a essa parte do corpo não lhe interessa para nada «quem é quem». Pelo contrário. Ou se consegue raciocinar, ou não se é capaz. De nada vale o resto. É por isso que os inimigos do anonimato põem o resto à frente, para ver se escapam a essa prova.
Portanto vou tentar falar para o anónimo «Fernando Tenreiro», isto é, para o que disse, e não para o Fernando Tenreiro. O mesmo para o anónimo «J.M.Constantino». Para o Talvez, aqui, são todos «anónimos». Afinal quem conhece quem que não seja somente o que imagina que o outro é, geralmente por que é o que mais lhe convém? Muitas vezes é o outro que constrói o embrulho que «quem acha que conhece» compra e engole ingenuamente.
Vamos lá então.
Dizia «Fernando Tenreiro» às 11h52m que o Talvez estava a escrever (passo a citar) «coisas que não se concretizaram», e que «não se tinha honrado a palavra politica inicialmente dita». Às 18h43m o Talvez mostrou a lista das coisas que afinal se concretizaram, e que tinham sido a palavra dita no início. O que fez o «Fernando Tenreiro»? Ensaiou a fuga para outros assuntos.
Mas há outra contradição que é mais curiosa, e me fez sorrir (espero não ofender). É que «Fernando Tenreiro» correu veloz em defesa de «J.M.Constantino». E nessa pressa não se apercebeu que acabou por criticar e chamar todos aqueles nomes e impropérios a «J.M.Constantino». Porque foi «J.M.Constantino» que veio defender, agora em 2012, o modelo multipolar que tinha sido a orientação da governação há mais de 7 anos. E que conduziu àquelas realizações que «Fernando Tenreiro» afirmou que não existiam. Portanto se aquela política multipolar estava errada, se gastar assim o dinheiro estava errado, e se é isso que «J.M.Constantino» defende agora como o futuro, o que dizer do que «Fernando Tenreiro» disse às 16h45? Compreender aquilo que «J.M.Constantino» afirmou é compreender que defende agora o modelo multipolar que já foi aplicado há 7 anos atrás, e que «Fernando Tenreiro» criticou ao Talvez com tanta veemência.
Sem ofensa, parece-me que «Fernando Tenreiro» meteu, como diz o povo, «os pés pelas mãos».
Talvez
(cont)
Quanto às “pedras mortas” e à “falta de consequências” isso nem parece de um «Fernando Tenreiro». Se ainda viesse do anónimo «L.Leite» ainda se compreenderia. Mas de alguém que sabe fazer contas, não se esperaria. Então quer dizer que tudo o que foi investimento que não se traduziu numa medalha olímpica ou internacional deixa de ser consequência para o desenvolvimento do desporto português? Será que cerca de 700 pessoas do Distrito da Guarda, incluindo a colaboração das escolas e das autarquias, que se organizaram em duas associações desportivas após o Primeiro Relvado ter sido construído, não é desenvolvimento desportivo? Será que dezenas de balneários que não tinham duche nem sanitários decentes para os praticantes desportivos, e passaram a ter, não é desenvolvimento desportivo e uma consequência? Exemplos destes são às dezenas, em consequência da adoção do tal modelo multipolar que adotámos. Claro que não deram nenhuma medalha olímpica nem internacional. Mas puseram cidadãs e cidadãos do nosso país a fazer desporto com mais qualidade e mais segurança. A alucinação das medalhas olímpicas, das pistas mondo para os recordes internacionais, mais a predadora caça aos talentos, e as políticas desportivas que elegem o alto-rendimento como prioridade… cega. Tudo o resto parece não interessar. Nem permitem que se chame desporto senão a essa alucinação. Essa política unipolar foi a que foi defendida por todos os programas de governo até ao de 2005. Os resultados foram um desastre. Mataram, como referi, o acesso ao desporto da maioria da população.
Mas o curioso é que «Fernando Tenreiro» está contra o modelo multipolar que «J.M.Constantino» vem agora defender, e que o Talvez ajudou a aplicar no concreto em 2005 (e que a prestação de contas está naquela lista).
Não haver dinheiro para investir, ter-se gasto demais desde o 25 de Abril de 1974, ter que haver austeridade durante algum tempo, isso não resolve nada. Isso não é solução que resolva o desenvolvimento. Para haver desenvolvimento ter-se-á, mais tarde ou mais cedo, que voltar a gastar. Ora aquilo a que «Fernando Tenreiro» fugiu foi à questão de se saber, quando tivermos que desenvolver outra vez, se deve gastar num modelo multipolar como o Talvez e «J.M.Constantino» defendem, ou se é no modelo monopolar da alucinação olímpica como defende «L.Leite».
E esta hem?
Será que é desta vez que «Fernando Tenreiro» não ensaia a arte da fuga à questão?
Talvez
Caro Talvez
Obrigado pela sua resposta
Sr Talvez do NUNCA
Quando o Constantino diz:
"Mas as questões dilemáticas na escolha dos modelos sendo importante não é decisiva. O importante é definir o modo de influenciar os fatores críticos para o sucesso desportivo independentemente do modelo escolhido."
Se o Constantino apoia os multis
como é que agora ele diz que a escolha do modelo não é decisiva ?
Dá o dito por não dito ?
Inventam-se novas palavras mas depois não se sabe se resultam ou não?
E depois o Talvez NUNCA fica satisfeito por o Constantino concordar com ele ? Quando o próprio Cinstantino diz que nim ?
O Desporto tem andado muito nas bocas da política esta semana. E pelos piores motivos. Sendo acusado publicamente por políticos com responsabilidade, e do quadrante partidário do atual poder, como responsável pela culpa da austeridade.
Primeiro foi o atual Ministro da Economia que na palestra que deu na Universidade Política do PSD, organizada pela JSD, em Sintra no auditório disse perante uma plateia de estudantes do ensino superior que disse (passo a citar): «Em vez de utilizarmos [os fundos comunitários] para construir rotundas, piscinas, estradas e pavilhões gimnodesportivos, o que queremos é que vocês quando saírem da universidade criem as vossas empresas ou que exportem. Que criem uma empresa dinâmica, produtiva e com valor acrescentado».
Depois foi o Vice-Presidente da Associação Cívica Transparência e Integridade, Paulo Morais, que disse (passo a citar): «Foi a corrupção reiterada ao longo de muitos anos que trouxe o país à situação em que nos encontramos. A corrupção é que nos trouxe austeridade. Não é justo que neste Natal muita gente não tenha comida em casa porque, entretanto, outros vivem com dinheiro da corrupção que tiraram a toda uma população. Provavelmente, Isaltino Morais, Duarte Lima, Oliveira e Costa irão passar um Natal quentinhos em casa porque arranjaram dinheiro para comprar essas casas à custa da corrupção. A Expo 98, o Euro 2004, o BPN, o BPP, e os submarinos contribuíram para o aumento da dívida pública. Andando tanta gente a roubar durante tanto tempo, inevitavelmente as contas públicas tinham que chegar a este estado».
Fui ler as razões que justificaram o investimento no Desporto, e que agora é acusado, e que foram escritas pelos mesmos quadrantes políticos. E o que podemos lá encontrar são justificações do seguinte tipo (passo a citar do QREN):
«1) Portugal dispõe de uma Área Útil Desportiva por habitante de cerca de 2,1 m²/Hab., encontrando-se portanto com um défice de 1,9 m²/Hab., segundo as recomendações do Conselho da Europa e do Conselho Internacional para a Educação Física e o Desporto (UNESCO). Dadas as dificuldades e a incapacidade financeira das entidades que actualmente compõem o Associativismo Desportivo em Portugal, só com uma intervenção pública e com o Apoio Comunitário se poderá alcançar a necessária convergência com os países europeus.»
«2) O estudo recente do INDEG/ISCTE (Janeiro 2006) indica que o “Emprego no Desporto em Portugal” atinge actualmente 1,5% da população activa empregada. São números demasiado significativos. Que exigem que o Desporto seja incluído de modo consentâneo na definição das políticas económicas, na competitividade, na coesão social, na valorização territorial, mas também na qualificação e no potencial humano dos portugueses.»
«3) Perante esta situação, torna-se prioritário generalizar a prática desportiva e tornar a população mais activa. E este objectivo só poderá ser alcançado com um investimento forte e decisivo nas Infra-estruturas e Equipamentos Desportivos. Os Fundos Comunitários a obter através do QREN 2007-2013 devem, por isso, ser uma oportunidade para alterar esta situação. Devem servir para aproveitar um recurso que tem um potencial enorme para o desenvolvimento de Portugal a nível económico, social e territorial.»
Regressemos ao tema colocado por J.M.Constantino neste post, e ao comentário que fiz a propósito da intervenção de «Fernando Tenreiro». E voltemos a colocar a pergunta: Quando tivermos que voltar a Desenvolver outra vez, em que Verdade devemos acreditar, para que o Desporto não seja acusado pelos mesmos que antes escreveram o contrário?
Talvez
Os comentários do Talvez, fazem-me lembrar, lindos vinhedos, em que as parreiras estão abastadas de verdes parras, e escassos cachos de uva. É muita conversa, muito conhecimento, que depois de espremido não resulta nada, não tem sumo. O que fez Talvez pelo desposto quando esteve na SEJD, com o Laurentino Dias?
O que o Talvez fez foi chatear a cabeça ao Laurentino e aos que com ele trabalhavam....
António Guterres reconheceu a sua culpa no que aconteceu em Portugal. O Talvez insere-se naqueles desesperados com quem é impossível conversar porque a causalidade tende sempre para o campo adversário como num jogo de matraquilhos na tasca sebenta da esquina que tem as pernas de um dos lados mais curtas. O PS pelos vistos é assim tem pessoas mais curtas do que outras. O que pensa o Talvez do Tiago Monteiro e da Parkagar e do Laurentino Dias, também tem uma folha A4?
Deixem o Talvez em paz que ele anda há dois dias com azia e só come chá e torradas....
A liberdade de expressão é intrinseca aos estados democratricos.
A partir do momento que os comentários não ofendam pessoas, quanto à sua essência, nem sequer instituições e, queiram apenas ser jocosos, e sejam daqui retirados, só mostra que este blog tem indole politica fascista e pidesca.
Desafio o administrador do blog a colocar comentário das 8:24, bem como este, para que todos o leiam, uma vez que não é ofensivo para ninguém.
Enviar um comentário