Os tempos atuais caracterizam-se por
uma abundância de informação, associada à sua globalização, num quadro de
mudança permanente, imprevisível e turbulenta. Para lidar com a enorme
quantidade de informação com que somos constantemente bombardeados, “recorremos a modelos mentais, selecionando e
simplificando a informação em padrões causais reconhecíveis. São estes modelos
que depois utilizamos para enquadrar a nova informação que recebemos e para
determinar as suas reações. É assim que as nossas escolhas e ações dependem
daquilo que aprendemos, pelo que quanto mais adequados à realidade estiverem os
nossos modelos mentais, mais eficazes serão as nossas ações.” E, por isso,
estuda-se hoje, um pouco por todo o mundo, os fatores inibidores da ação das
organizações desportivas. Tenta-se compreender o desvio entre o previsto e o
realizado. E o papel de elementos subjetivos associados ao comportamento e
dinâmicas de atores políticos, sociais, desportivos e económicos.
O nosso modelo tradicional de
funcionamento de uma organização desportiva olha para o desporto como um
sistema aberto, mas em que se podem observar e respeitar as relações diretas
entre causas e efeitos, para o qual o êxito será encontrado no equilíbrio
estável, com harmonia interna e uma adaptação perfeita ao meio. È um modelo que
corresponde a um desporto unipolar, mas que tem dificuldades de se adaptar a um
modelo de inspiração multipolar. É aqui que se situa, precisamente o risco de a
construção teórica falhar.
Muitos dos atuais modelos de
planeamento estratégico assentam, em visões e valores que o desporto já não
partilha. E muito do que é hoje o desporto e as suas organizações dificilmente
se enquadram no desporto que estudámos há duas ou três décadas. O risco que
enfrentamos é o de nas nossas organizações optarmos por um modelo de planeamento
estratégico que está ultrapassado pela natureza das mutabilidades ocorridas no
âmbito das práticas do desporto.
A pluralidade do desporto (como se
pratica, como se organiza, e como se financia), a sua multipolaridade tornam
impensável uma lógica de modelo único. Pensar estrategicamente um clube
desportivo é bem diferente de pensar uma federação desportiva ou um comité
olímpico. Pensar estrategicamente as políticas públicas não é o mesmo que
pensar as políticas associativas. O próprio processo de desenvolvimento
desportivo é, pela sua própria natureza, como temos escrito, um processo cumulativo.
É um processo de longo prazo, multifatorial, multideterminado, multidimensional
aberto à interação de fatores causais e contingenciais alguns de natureza
imprevisível e de efeitos não controláveis.
As características estruturais das
políticas desportivas pedem um contexto organizacional onde haja vitalização do
tecido associativo, mobilização das entidades e agentes desportivos,
concertação e convergência estratégica entre as políticas públicas, privadas e
associativas. O papel regulador do Estado enquanto gestor de externalidades ao
sistema desportivo, e enquanto fornecedor de bens públicos, atuando ao nível
das infraestruturas e da envolvente associativa, deve concorrer dessa forma
para o incremento e sustentação do sistema desportivo.
Razão pela qual de pouco valem planos
bem estruturados que, passado muito pouco tempo, se encontram desatualizados e
não são executados. E as razões para que isso ocorra não são o facto de os
planos terem sido executados de forma deficiente ou os gestores não os apoiaram
devidamente. O problema é mais profundo. É que os gestores não conseguem
dominar todas as variáveis do processo. E nem sempre se percebe, em tempo útil,
que mudanças no planeamento estratégico carecem também de alterações no modelo
organizacional.
33 comentários:
"Pensar estrategicamente um clube desportivo é bem diferente de pensar uma federação desportiva ou um comité olímpico."
Naturalmente, existem objetivos não só contraditórios como maioritariamente incompatíveis. Mas o mais vulgar é a navegação à vista, o primado do politicamente correto eleitoralista, as promessas vãs, o não-compromisso, a ausência de avaliação, o apego a lugares de chefia e à respetiva eternização.
"Pensar estrategicamente as políticas públicas não é o mesmo que pensar as políticas associativas."
O mais natural é os interesses e objetivos serem sobretudo contaditórios.
A verdade é que muito raramente houve, até hoje, sequer diálogo e confrontação de interesses e objetivos.
O planeamento tem que ser imposto por quem sabe das matérias profundamente e conhece a realidade a nível nacional e diferentes metodologias a nível mundial.
Portugal sempre foi adverso ao planeamento estratégico e à avaliação de resultados.
É uma questão cultural.
E o diálogo e a audição das partes interessadas não interessa a ninguém, já que colide com a afirmação de posições hierárquicas, interesses instalados e vaidades pessoais.
Mais grave: nem sequer nunca interessou que a(s) realidade(s) fosse conhecida e compreendida antes de fazer qualquer coisa.
Ora aqui está um tema em que vale a pena tranferir para uma questão que nunca foi "organizativamente" muito bem explicada, a existência de um comit olímpico e de uma confederação de desporto, a não ser para dar mais uma cadeira a um qualquer vaidoso à procura de maior protagonismo social.
Bem sei, que há modalidades desportivas que não fazem parte dos Jogos Olimpicos, assim como, outras que fazem parte, mas, dificilmente lá põem os pés. Não seria mais económico, ou, se quizerem mais lógico, centralizar o poder negocial do desporto na confederação e criar no seu seio um departamento que trate exclusivamente do apoio aos atletas olimpicos e da nossa representação nos Jogos Olímpicos.
Falamos na junção de municípios, freguesias e esquecemo-nos de pensar em modelos de organização mais simples e económicos, a começar peloo organismos de topo. Agora que o dinheiro escasseia seria bom refletir sobre muitas das gorduras que existem no sistema despotivo.
A relação entre o “Previsto” e o “Realizado” é um bom caminho para se adquirir a consciência da coetaneidade. O Talvez também prefere esta visão multipolar e multifactorial da realidade desportiva, que nunca deixa acertar o “Previsto” com o “Realizado”. São questões difíceis e complexas. Mas assim ficamos no terreno do concreto, onde vivem os problemas reais que exigem resolução e valem o esforço. Entrar neste território demonstra que se possui consciência do Contexto, e se está atento aos «sinais do tempo».
Por exemplo, quem gasta todo o dinheiro a «jusante» (visão unipolar), tornando-o escasso a «montante», e se vangloria disso em público, talvez devesse descer desse Imaginário e olhar o Real. Para compreender como essa obsessão unipolar está a destruir o Desporto. A obsessão pelo elitismo dos resultados, e pela ideologia que açambarca para o Alto-Rendimento todo o dinheiro disponível que o Estado tem, faz morrer a montante o Desporto.
Um exemplo vale mais do que mil palavras (passo a citar): “… os autarcas da Junta Metropolitana de Lisboa estão preocupados com o projeto de agregar a Educação Física e Desporto à nova área de Expressões e Tecnologias, com a redução da carga horária no 3º ciclo, e a exclusão da classificação desta disciplina para a média final no ensino secundário.” (23/Dez/2012).
Moral da história: Esses que vivem na «ilusão unipolar», de que o Alto-Rendimento pode prescindir do que se passa a montante (na maturação metabólica e hormonal do ser humano, mas também na mudança de mentalidade no uso desportivo do corpo e da competição), esses que fazem de conta que esta realidade não existe hoje, vivem numa Ilusão perigosa para a responsabilidade da gestão do Desporto. Ao deixarem de ter consciência da interdependência entre o Desporto, a Atividade Física, e o Corpo (o que acontece ao corpo dos cidadãos/ãs após não ser possível alcançarem «resultados de elite»? O que a obsessão unipolar provoca na sua legítima vontade de continuarem a praticar desporto, sobretudo numa sociedade em que há cada vez mais pessoas a viverem até mais tarde?). Essa teimosia ideológica está a ferir de morte o Desporto. É como se estivessem sentados debaixo de uma árvore, no conforto de apenas colherem os frutos mais saborosos. E por estarem no apogeu de um tempo em que os frutos foram semeados no final do séc. XIX, vivem na sobranceria e na presunção de que esses frutos continuarão a cair-lhes no regaço. De que nada mudou. E nesse conforto, deixam de cuidar da árvore, de regarem as raízes, de cuidarem da diversidade dos galhos (dos que querem fazer Desporto da primeira à última idade). Um dia, por exemplo como aquele que a notícia mostra, é a árvore que morre, e os frutos que desaparecem.
Quem está no Desporto e se posiciona na visão unipolar e na preponderância da Elite-dos-Resultados, e vilipendia os que querem fazer Desporto sem o desejo de alcançarem marcas mundiais ou olímpicas, está a prejudicar e a destruir o próprio Desporto sem disso ter consciência.
Talvez o caminho seja aquele que o Talvez propôs em 2005: «Interdependência e Compatibilidade» (entre a Atividade Física e o Desporto) em vez de «Exclusão e Confronto». Isto é, uma política pública de desporto que não se deixe enganar pelos arautos da preponderância desmesurada do Desporto de Elite, que gritam ferozmente contra uma justa e ponderada distribuição do dinheiro do Estado pelos fatores que permitem chegar a jusante.
Esta é uma das razões para distância entre o “Previsto” e o “Realizado”.
Talvez
O Talvez, palavroso como sempre, com o seu estilo rococó, transformou-se num anti-alto rendimento. Só diz asneiras. Vamos lá desmontar isto em duas penadas. Sabe o Talvez quanto recebe qualquer federação anualmente? Claro que sabe. Sabe quanto é atribuído ao alto rendimento e seleções nacionais? Claro que sim. Sabe quanto é atribuído ao desenvolvimento da atividade? e aos recursos humanos? Claro que sabe. Etc. Etc. Etc. Então porque persiste em confundir, nesta sanha contra o alto rendimento? E não pelo estilo romanesco que convence alguém. Confunde é certo mas é pela diarreia mental que emana sempre que escreve.
Basta pum basta!!!
Uma geração que consente deixar-se representar por um TALVEZ é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a geração!
Morra o TALVEZ, morra! Pim!
Uma geração com um TALVEZ a cavalo é um burro impotente!
Uma geração com um TALVEZ ao leme é uma canoa em seco!
O TALVEZ é um cigano!
O TALVEZ é meio cigano!
O TALVEZ saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!
O TALVEZ pesca tanto de poesia que até faz sonetos com ligas de duquesas!
O TALVEZ é um habilidoso!
O TALVEZ veste-se mal!
O TALVEZ usa ceroulas de malha!
O TALVEZ especula e inocula os concubinos!
O TALVEZ é TALVEZ!
Morra o TALVEZ, morra! Pim!
(...)
E o TALVEZ teve claque! E o TALVEZ teve palmas! E o TALVEZ agradeceu!
O TALVEZ é um ciganão!
Não é preciso ir pró Rossio pra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!
Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador, basta escrever como o TALVEZ! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado, e usar coco e olhos meigos! Basta ser Judas! Basta ser TALVEZ!
Morra o TALVEZ, morra! Pim!
O TALVEZ nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!
O TALVEZ é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair...
O TALVEZ é um soneto dele-próprio!
O TALVEZ em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.
O TALVEZ nu é horroroso!
O TALVEZ cheira mal da boca!
Morra o TALVEZ, morra! Pim!
O TALVEZ é o escárnio da consciência!
Se o TALVEZ é português eu quero ser espanhol!
O TALVEZ é a vergonha da intelectualidade portuguesa!
O TALVEZ é a meta da decadência mental!
E ainda há quem não core quando diz admirar o TALVEZ!
E ainda há quem lhe estenda a mão!
E quem lhe lave a roupa!
E quem tenha dó do TALVEZ!
E ainda há quem duvide que o TALVEZ não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!
(...)
Morra, PIM!
(Adaptação de Luís Leite para texto original de José de Almada Negreiros.)
A propósito das palavras sobre o Desporto também há o Previsto e o Realizado. Vamos lá a elas, que é para isso que há Blogs. Dividindo-as em três Aspetos.
Para o Primeiro Aspeto, poderíamos dizê-las do seguinte modo: «O Desporto é uma realidade que, em cada sociedade e em cada época, muda e varia como o tempo e o espaço. Esta dimensão construída exige permanentemente o trabalho político de adequação entre a procura e a oferta das práticas desportivas, sendo necessário considerar o impacto que essa mudança e essa variabilidade provocam nos cidadãos/ãs, na economia e na sociedade.»
Para o Segundo Aspeto, poderíamos dizê-las do seguinte modo: «A dimensão social do competir desportivo obriga a não esquecer que é preciso ter a competência técnica, o saber profissional, e a responsabilidade cívica para se utilizar o Desporto para regular pedagogicamente a competição. E que este elemento de regulação, e de aprendizagem social das relações humanas de confronto e de rivalidade, é que conferem a qualidade de Desporto às Atividades Físicas e ao Jogo.»
Para o Terceiro Aspeto, poderíamos dizê-las do seguinte modo: «A responsabilidade política pela área da governação designada por «Desporto» exige sempre a necessidade de equilibrar um triplo objetivo. O qual deve responsabilizar os profissionais e os decisores: Por um lado, um Desporto competitivo, de alto rendimento, que contribui para a superação individual e para o prestígio coletivo. Por outro lado, uma Atividade Física e um Desporto ao serviço da comunidade e da sua qualidade de vida, na vertente do exercício, do lazer e da saúde. Em terceiro lugar, um Desporto que simultaneamente contribui para a inclusão e para a coesão social.
Palavras? Palavras leva-as o vento…
O Desporto e a Atividade Física não se fazem em Blogs. E o Corpo é grande de mais para entrar nos circuitos eletrónicos. Talvez o que se possa fazer de aproximado ao desporto nos Blogs é o «Jogo».
Talvez
Continuemos o debate não fugindo ao tema do Post (“o previsto e o realizado” de J.M.Constantino).
A Mudança Organizacional que a Folha A4 propõe permitia uma cascata de soluções para vários problemas concretos de que muitos se queixam, apesar de serem os próprios que, quando chamados a agir, se recusam a resolver.
Ela é perigosa por isso. Porque apresenta uma solução possível de concretizar com os recursos disponíveis. Que poria o status quo perante a possibilidade de uma nova relação entre o Estado, as Federações, os Atletas, e os Resultados Desportivos. Ou se se quiser, perante um Desenvolvimento do Desporto em Portugal mais Eficaz e mais Eficiente. O problema é esse. A referida Mudança Organizacional que ela propõe possui mais Eficiência e Eficácia do que as ideias e propostas até ao momento apresentadas. Não é o autor da proposta que está em causa, se é isto ou aquilo. Não é a pessoa do autor que importa, é da solução que se trata. Falar do autor é fugir a debater as soluções, e a não se ter coragem para apresentar propostas concretas ao escrutínio público.
Não me refiro apenas à poupança e à concentração de recursos que já explicitei e quantifiquei anteriormente. Falo agora de outro aspeto. Diretamente ligado aos resultados desportivos: tanto os do «alto-rendimento», como os da «generalização da prática desportiva às classes etárias que não têm hipóteses de alcançarem resultados olímpicos e mundiais».
Com a Mudança Organizacional que a Folha A4 propõe fica disponível em Portugal uma solução que permitia triplicar ou quadruplicar o financiamento aos atletas que têm efetivas possibilidades de alcançarem resultados olímpicos e mundiais. E fica disponível em Portugal uma solução que permitia dar formação desportiva de excelência à generalidade dos jovens portugueses. A Folha A4 apresenta essas duas soluções gastando o mesmo que se vai gastar em 2013. Não era preciso mais.
Porque é que o Estado se mantém refém de um modelo que provou ao fim de trinta anos que é improdutivo e incompetente? O Estado não pode continuar a financiar intermediários e belos planos imaginários que terão (talvez) resultados Um-Dia-no-Além. O Estado tem a possibilidade de, em vez disso, financiar «resultados», «produtos» e «serviços». Porque ainda o não fez, nem sequer o propôs, passados trinta anos de «programas-de-governo»?
Com a mudança no Comité Olímpico poderá abrir-se um novo ciclo, como referi no comentário ao post de 14Dez2012. E é do interesse do COP que Portugal consiga obter mais medalhas do que as que tem obtido. Portanto, só a estultícia o faria seguir o mesmo caminho de permanente guerrilha e desconfiança que Vicente de Moura instituiu.
Sobre a aplicação da Mudança Organizacional que a Folha A4 propõe não se pede que sejam capazes. Nem que concordem ou discordem. Pede-se apenas para não empecilharem a ação dos que são capazes.
Esta também não será mais uma das razões para o desfasamento entre “o previsto e o realizado”?
Talvez
Com a imagem do Post parecia que o Estoril Open tinha sido cancelado!!! Felizmente parece que se mantém.
Caro Talvez
O COP nunca fez, não faz, nem nunca fará nada para merecer mais medalhas, porque lhe falta poder para esse efeito.
Limita-se a desejar que o trabalho das federações, treinadores e atletas, trabalhem para as obter. m
O COP nunca teve, não tem, nem nunca terá poderes para obter mais medalhas, porque é um simples intermediário ou receptáculo das listas de atletas das federações para as enviar ao CIO, portanto, uma simples caixa do correio do CIO.
Quando muito fará muito ruido ao Governo para dar mais uns cêntimos, e é esse barulho que as federações esperam do COP.
O Eng. Nobre Guedes, que era salazarista, e tinha ocupado lugares no governo, quanfo foi Presidente do COP, fez muitas ressonãncias para que o quinhão do totobola favorecesse mais o desporto, e obteve um retundo dissabor.
As medalhas obtêm-se com a boa vontade do governo para apoiar o desporto. Se não houver boa vontade, não há COP que possa fazer o que quer que seja.
Cordialmente
Caro Prof. João Boaventura,
Tem razão, se tomarmos por referência o «status quo vigente» (o das últimas décadas). O que refere é, de facto, o que acontece na atualidade. Mas acontece porque ficamos dentro desse «modelo de relações». Estou de acordo que a manter-se essa «lógica das relações» nada poderá ser mudado.
Mas se esse «modelo de relacionamento» (entre Estado, Federações, COP, e os outros atores que apontei no «Esquema da Folha A4») mudar, então, talvez «a ação do COP em prol das medalhas» possa ser outra.
A tese que aqui defendo, no contexto deste tema “O previsto e o realizado”, é a de que: «a qualidade da intermediação do COP (entre o Estado e as Federações, para o objetivo de medalhas olímpicas) tem consequências nos resultados. Das três uma: i) Se a intermediação do COP pender excessivamente para os interesses das Federações no que se refere à manutenção do atual status quo nada mudará em relação a uma ação do tipo «Vicente de Moura»; ii) Se a intermediação do COP pender excessivamente para os interesses do Estado, veremos um comissário político a cortar a torto e a direito nos recursos sem acautelar a realidade portuguesa, e a necessidade de manter a possibilidade de um desporto de alto-rendimento capaz de propiciar medalhas; iii) Se a intermediação do COP for executada com bom senso, independência, conhecimento profundo da realidade no terreno, e consciência de que a próxima década será de escassez de recursos, e se terá que fazer uma reforma organizacional para não ocorrer um colapso nesse legítimo objetivo de alcançar medalhas olímpicas, então, os resultados poderão ser outros.
Isto é, mesmo sendo «intermediário» o COP poderá ter um importante contributo no resultado final. Noutro post, há uns dias atrás, tomei posição sobre qual o candidato que gostaria que vencesse essa eleição. Exatamente por estas razões, e pelas que referi nesse post, e não por qualquer outro cálculo ou interesse pessoal.
Talvez
(cont.)
Para não alongar em demasia, dou um exemplo concreto desse bloqueio (que é infelizmente a marca do atual status quo): Os Presidentes das Federações com voto no COP (isto é, os que se sentam em ambas as cadeiras) combinam uma posição reivindicativa dentro do COP (por exemplo, listas extensas de atletas a financiar na preparação olímpica que sabem que nunca alcançarão qualquer medalha para Portugal) e incumbem o Presidente do COP de a reivindicar perante os governos, escondendo-se atrás dele. Quando vêm às audiências com os governos assumem posições de acordo com o governo do momento, dizendo até que estão a poupar e apoiam o dito governo. Este jogo-duplo tem manipulado o Estado há décadas. E deixado os coitados dos governantes sem capacidade de resposta (até o Eng. Nobre Guedes, como referiu). O problema é que este truque já foi detetado há muito pelos governantes, e acabou por transformar-se numa profunda desconfiança entre o Estado, o COP, e as Federações. Por detrás dos abraços, dos sorrisos, das palmadas nas costas, das juras de amizade, e das promessas, todos desconfiam uns dos outros por causa desse jogo pérfido que todos negam mas de que todos são cúmplices.
Alterar esta situação, tentando «um novo contrato de responsabilidade» entre estes falsos-amigos, será um desígnio imprescindível a um novo ciclo. E é nesta perspetiva que referi a possibilidade de uma nova intermediação do COP traduzível num novo resultado em medalhas.
Foi isso que propus na Folha A4: Concretamente, «dar uma maior responsabilidade e autonomia aos atores do sistema desportivo» através da “Agência para o Desenvolvimento do Desporto” (ADD), ou mesmo da Fundação do Desporto. Em que o Estado passaria a ser um Acionista de um caminho decidido por esses atores, em vez de assumir o papel de condutor do sistema desportivo.
Porque o ponto-fraco do Estado tem sido querer ser «o chefe do Sistema Desportivo». Só libertando-se desse excesso de intervencionismo e de protagonismo é que quebrará essa iníqua manipulação que caracteriza o status quo vigente. E a acontecer esta reforma que propus na Folha A4 a intermediação do COP passa a ter um contributo decisivo. Se ocorresse esta reforma que propus o Estado poderia contratualizar com as Federações e o COP novas responsabilidades que, por causa do bloqueio e da desconfiança atual, hoje são impossíveis. O atual presidente do COP teve muita responsabilidade neste prejuízo causado ao desporto português.
Talvez
(cont.)
É nesta nova postura que o COP poderia apostar. Estou convicto de que se o líder do COP quisesse seguir este caminho, o tal modelo «modelo de relacionamento» (entre Estado, Federações, COP, e os outros atores que apontei no «Esquema da Folha A4») mudava.
Eu sei que o Prof. João Boaventura possui uma visão global da Realidade Desportiva, e não comete o erro de parcialidade que alguns aqui cometem, ao defenderem que a questão se cinge apenas à «relação entre o Estado e as Federações Desportivas». A questão é mais global, e os atores estão numa interdependência mais larga como mostrei na Folha A4. A ferramenta cognitiva que necessitamos de utilizar para a compreensão dessa relação é obrigatoriamente «multifatorial» e não «monofatorial/hierárquica». Neste ponto o «Talvez» e «J.M.Constantino» convergem. Se apenas olharmos para a «relação entre o Estado e as Federações Desportivas» perdemos aquilo que ocorre a montante, no «Sistema Desportivo» (Realidade Desportiva).
Alguns discutem quem é, ou foi, o mais intervencionista. Ora todos sabemos que ambos os Partidos estão reféns desse modelo “Intervencionista”. Há quantos anos que ambos assinam os famigerados contratos-programas, que são o utensílio concreto que executa esse intervencionismo esbanjador e ineficaz? A Folha A4 demonstra que por cada 100€ dado ao Desporto o Estado desperdiça 60€ nesse «intervencionismo» improdutivo. Esses 60€ davam para triplicar o que se está a dar atualmente aos «atletas com efetivas possibilidades de ganharem medalhas», sem aumentar a despesa do Estado.
Em vez de aprovarem «listas de atletas em que 90% nunca poderão alcançar medalhas», passariam a fazer listas mais honestas visto que o Estado não estava disposto a dar o dinheiro dos contribuintes a esse imenso grupo excursionista responsável pelo esbanjamento improdutivo, causador de faltarem condições aos que de facto têm possibilidades de as alcançarem.
Infelizmente as «Infraestruturas» e a «Legislácia» têm sido a marca de todos os governos. Uma aliança cúmplice que acabou por destruir a possibilidade de alternativa e de mudança na política desportiva em Portugal. Vote o Povo em quem votar, lá vem esse par inefável «Infraestruturas & Legislácia», com os mesmos personagens, e o mesmo séquito de especialistas. Agora entretêm-se com o «Tribunal Arbitral». Mas continuam a passar ao lado da questão fulcral do «Desenvolvimento do Desporto em Portugal». Até apetece, por as palavras do seguinte modo, e perguntar: Se quem manda no Desporto (i.e. a Indústria) quisesse cumprir a Lei, criaria um Tribunal à parte? Se cada «ordem profissional» criasse um Tribunal Arbitral, com a mentirosa justificação de uma santa especificidade (como se cada uma estivesse à parte da Coletividade Humana), não era a Justiça que podia ir de férias para sempre? Os dois chefes de todos os tribunais do desporto (isto é, as decisões de último recurso dessa Arbitrariedade) não estão sedeados no paraíso fiscal da Europa à revelia da União Europeia?
Os resultados combinados (que atingem atualmente proporções enormes, deixando escapar todos os dias uma notícia, apesar da malha apertada), e as normas de proteção corporativa fora do Direito e das regras da Ética e da Democracia, não necessitam de um Faz-de-Conta (controlado à socapa, de preferência pago e avençado pelo sistema que Julgam) para continuarem a proliferar sem controlo? Um Tribunal Arbitral não é para julgar em causa própria com a aparência de que se está a ser sério?
Quem manda na Justiça Desportiva não é atualmente a Indústria Desportiva? Os executores políticos não são figurinhas-de-cera nesse Jogo Desportivo global?
Mas voltando á questão que colocou, e á tese que defendo sobre a intermediação do COP, formulo o seguinte desejo: Quem sabe se teremos sorte com o resultado da próxima eleição no COP?
Talvez
Jamais haverá ano novo,
se continuar a copiar os erros dos anos velhos.
Luís Vaz de Camões
Estou totalmente de acordo com o último comentário de João Boaventura.
Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia: e,
se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos.
Fernando Pessoa
Caro Talvez
O Estado, como diz Platão na sua "República", pode escolher entre a harmonização e a dominação, e daqui não se sai.
Se opta pela harmonização significa que a aceita, não porque esteja de acordo mas porque o acordo lhe interessa, porque está dentro do seu jogo. O que subverte o acordo por configurado como dominação.
Se opta pela dominação, a harmonização fica entre a espada e a parede, e dali não sairá mais.
Este jogo conflituoso entre o Estado e o Desporto resulta da ignorância do primeiro sobre a matéria do segundo, pelo que toda a legislação não passa da manifestação dessa ausência de conhecimento, projectando o medo de ilustrar a sua iliteracia desportiva. E o medo cria defesas.
O mesmo se passaria com o seu projecto A4. Se ele for harmonizado pelo Estado, é porque ele corresponde, em princípio, aos desígnios do Estado que não terá pejo em o adulterar na primeira oportunidade com os rocambulescos argumentos que lhe reconhecemos.
Portanto, quer queiramos ou não, o Estado, de qualquer forma, será sempre o elemento dominante, e a designação de Estado de Direito do regime, é o chapéu que esconde os beneficiados 40 ladrões do Ali-Babá (pejorativo de Estado).
Cordialmente
O Comité Olímpico de Portugal, pela natureza dos seus fins (Artº 6º dos Estatutos), na prática não tem quaisquer poderes relevantes.
Limita-se às incumbências que lhe advêm de ser o representante em Portugal do COI.
A sua importância relativa face à realidade global que é o Desporto Nacional, é pouco significativa.
Cada vez que leio o "talvez" que não conheço, que não sei quem é, mais me convenço que o homem confunde tudo. É um ignaro. Diz "Em vez de aprovarem «listas de atletas em que 90% nunca poderão alcançar medalhas», passariam a fazer listas mais honestas visto que o Estado não estava disposto a dar o dinheiro dos contribuintes a esse imenso grupo excursionista responsável pelo esbanjamento improdutivo, causador de faltarem condições aos que de facto têm possibilidades de as alcançarem." Hó inteligente, hó sábio talvez, então aos jogos olimpicos só iam os atletas que ganhassem medalhas? Sabes quantas medalhas são disputadas nos jogos? Sabes quantos atletas vão aos jogos? Porque será que vão milhares aos jogos quando só estão em competição algumas centenas de medalhas? Hó inteligente talvez, hó sábio talvez, sabes quanto recebe um atleta de nível 4 e 3 e 2 e 1 integrados no programa olímpico? sabes quantos estão incluídos em cada um dos níveis? Para de dizeres asneiras. Sabes talvez, as frases redondinhas e vazias que tão bem dominas, não são suficientes para alterar a realidade, só para enganar os incautos que te rodeiam. Mas continua a escrever, é bom neste foram haver alguém que diga asneiras, muitas asneiras.
Será o debate deste blogue o exemplo do que se passa no CND? Há quem assegure que algumas das coisas que por aqui passam terão estado na Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto! Nesse caso a distância do CND à SEJD é capaz de ser pequena e este debate ser um espelho.
Olhem à vossa volta e deixem-se de inventonas. Começo a ter saudades do prof. Moniz Pereira, quando dizia " quando os atletas portugueses tiverem as mesmas condições dos seus adversários para treinar e competir podemos chegar às medalhas".
A única diferença para pior que se tem vindo a agravar com o tempo é que em vez de um gestor destes apetitosos recursos, passamos a ter uma enormidade de personalidades e organismos a intermediar esta ligação e que consumem a maioria dos recursos destinados à preparação dos atletas.
Previsto e realizado, tão simples de resolver. Apoio residual regular para custear o dia a dia de uma condigna preparação dos atletas com previsão de.... (previsto) e um forte apoio ecónomico para quem concretizar objetivos precisos (realizado).
Temos de acabar com os critérios de paridade de sexos, número de atletas, juventude das comitivas e, até de classificações por países com tabelas até aos semifinalistas.
Quando se apoio um semi-finalista é para ser finalista, um finalista é para ser medalhado e não para se eternizarem nesta condição e, assim sucessivamente. Vejam quantas personalidades se encontram requisitados a tempo inteiro por ação do previsto, seguramente, inflacionado através da pressão que exercem para envolver o máximo número de praticantes nos projetos e, consequentemente, adquirirem com mais propriedade este previlégio.
Não inventem, façam como o mestre prof. Moniz Pereira, sejam humildes, olhem para o que se faz lá fora e, já agora, abandonem por um momento as vossas cadeiras de leitura e, tal como, fazia o prof. Moniz Pereira aproximem-se um pouco mais da realidade do terreno.
“Quando se apoia um semi-finalista é para ser finalista, um finalista é para ser medalhado e não para se eternizarem nesta condição e, assim sucessivamente.”, afirmou o «Anónimo 4Jan2013-12:31».
E chamou a atenção para a importância de se diminuir o excesso de gastos com os «intermediários».
É um comentário muito pertinente, que vai ao fulcro do que é necessário fazer na «prática».
Aprender com quem tem legitimidade e credibilidade, como é o caso do Prof. Moniz Pereira, é de facto a melhor garantia para que o «previsto» se aproxime do «realizado».
Talvez
“O previsto e o realizado” serve também para antecipar os perfis dos candidatos, e as condições que cada um reúne, para o magno acto eleitoral no COP.
O Talvez já apresentou aqui vários desses critérios.
Ao aproximar-se essa escolha todos temos a oportunidade de apresentar publicamente, neste Blog, aqueles que na perspetiva de cada um, melhor defenderiam os interesses do Desporto Português. O Talvez junta mais cinco:
i) Um projeto para o Olimpismo que não esteja refém de uma fação política, ou se restrinja a uma lógica partidária que se esconde na retaguarda.
ii) Um projeto em que seja o Presidente do COP, ele próprio, e não por intermédias pessoas que o rodeiam, a dirigir e coordenar o COP e os destinos do Olimpismo em Portugal.
iii) Um projeto em que seja o Presidente do COP (ele próprio, e uma equipa coesa que o apoie) diretamente com as Federações, a liderarem. Em vez de ser uma figura comandada por interesses partidários, alheios aos valores do Olimpismo, aos interesses das Federações, e ao objetivo de tornar o Desporto Português mais competitivo e eficaz.
iv) Gerar consensos não é misturar tudo sem critério, nem aceitar tudo a qualquer preço. Porque isso inviabiliza um trabalho de equipa coeso e consistente, impede a credibilidade, e a capacidade de se alcançarem resultados.
v) Gerar consensos, sim. Mas sem perder a independência, ou ficar refém dos apoios que nele se acolitam. Porque no dia a seguir é o COP que se tornará ingovernável, e uma fonte permanente de conflitos.
Talvez
Último anónimo. Vai ver o triler do filme bolas e bolinhas na parte em que o rato manda o Toy para uma certa parte. Nem imaginas o trabalho que me deu encontrar o termo certo para te mandar a uma certa parte. Não desenterres cadáveres. O Carlos lopes e o Moniz Pereira são bons exemplos de vontade pessoal e não de apoio do estado ou seja de quem for. Muito menos representam pessoas banais como tu que nunca passaste de mediocre em tudo o que fizeste.
É necessário ter em consideração, no debate sobre qual o candidato que melhor serve os interesses do Desporto Português e do COP, uma outra condição. A juntar às que o Talvez já referiu em comentários anteriores.
A condição é a seguinte: «Independência do Candidato e do COP em relação aos partidos políticos».
Ou dito de outro modo, um Candidato (e os respetivos Vice-presidentes) que não estejam reféns de uma fação política, ou se restrinjam a uma lógica partidária que se esconde na retaguarda. Em que o Presidente do COP seja ele próprio a dirigir e coordenar o COP e os destinos do Olimpismo em Portugal, e não por intermédias pessoas que o rodeiam. Que seja capaz de gerar consensos, mas sem perder a independência, ou ficar refém dos apoios que nele se acolitam.
Porquê?
Imaginem que o Presidente do COP, e/ou os Vices, são ativos militantes de uma fação partidária, e que esse Partido ganha as eleições. Já imaginaram o «Secretário de Estado do Desporto desse partido» em funções com um «Presidente do COP seu correligionário»? O que acontecia? Seria certo que governariam melhor o Desporto? Quem mandava na prática? Ao fim da legislatura, das guerrilhas pelo poder dentro do Partido, dos telefonemas para o ministro-da-tutela ou para o primeiro-ministro a queixarem-se um do outro, quem eram os derrotados senão o Desporto, o descrédito desse Partido, e o do Estado?
Um COP independente do Governo e dos partidos é o melhor que um Governante pode desejar, e aquilo que o Desporto agradece.
Qual dos candidatos (e equipas que se perfilam) dá melhores garantias disto?
Talvez
Estou farto de ler disparates.
Repito:
O Comité Olímpico de Portugal, pela natureza dos seus fins (Artº 6º dos Estatutos), na prática não tem quaisquer poderes relevantes.
Limita-se às incumbências que lhe advêm de ser o representante em Portugal do COI.
A sua importância relativa face à realidade global que é o Desporto Nacional, é pouco significativa.
É completamente indiferente para o Desporto português quem vai ganhar as eleições do COP.
Como indiferentes são as propostas programáticas de intenções que irão ser reveladas em breve pelos 3 (ao que parece) candidatos.
Culturalmente, continuamos na mesma.
E agora sem dinheiro...
Concentremo-nos na sobrevivência de um terço da população que já está na pobreza, sempre a aumentar.
Concentremo-nos na fome e na indigência, sempre a aumentar.
Para quê perder tempo com lutas de galos que servem para nada?
Nada irá mudar.
Nos Jogos do Rio de Janeiro teremos mais do mesmo: zero a 3 medalhas, quando pela população de 10,5 milhões e sendo europeus, deveríamos ter 6 a 9.
Esqueçam.
Não somos capazes.
MÉDIA DE MEDALHAS POR PRESENÇA, OBTIDAS EM JOGOS OLÍMPICOS DE VERÃO, POR PAÍSES EUROPEUS COM POPULAÇÃO SEMELHANTE OU INFERIOR À DE PORTUGAL:
HUNGRIA (10,1 milhões): 19 medalhas
SUÉCIA (9,2 milhões): 18,6 medalhas
BIELORRÚSSIA (9,7 milhões): 15,2 medalhas
FINLÂNDIA (5,3 milhões): 12,6 medalhas
BULGÁRIA (7,5 milhões): 11,3 medalhas
REPÚBLICA CHECA (10,3 milhões): 8,6 medalhas
DINAMARCA (5,5 milhões): 6,9 medalhas
SUÍÇA (7,8 milhões): 6,9 medalhas
NORUEGA (4,8 milhões): 6,2 medalhas
BÉLGICA (10,4 milhões): 5,4 medalhas
AZERBAIJÃO (8,9 milhões): 5,2 medalhas
GEÓRGIA: (4,4 milhões): 5 medalhas
ESLOVÁQUIA (5,4 milhões): 4,8 medalhas
GRÉCIA (11,2 milhões): 4,1 medalhas
CROÁCIA: (4,4 milhões): 3,8 medalhas
ÁUSTRIA: (8,3 milhões): 3,3 medalhas
ESLOVÉNIA: (2 milhões): 3,2 medalhas
ESTÓNIA: (1,3 milhões): 3 medalhas
LITUÂNIA: (3,4 milhões); 2,6 medalhas
ARMÉNIA (3,2 milhões): 2,4 medalhas
SÉRVIA: (9,8 milhões): 2,3 medalhas
SÉRVIA E MONTENEGRO (10,8 milhões): 2 medalhas
LETÓNIA: (2,2 milhões): 1,9 medalhas
MOLDOVA (3,5 milhões): 1,4 medalhas
IRLANDA (4,3 milhões): 1,4 medalhas
PORTUGAL (10,6 milhões): 1 medalha
A prova de que o PIB per capita pouco ou nada tem a ver com o nível desportivo global e a conquista de medalhas olímpicas:
PIB per capita:
HUNGRIA: $20.700 USD (39º mundial);
PORTUGAL: $21.558 USD (32º mundial).
Média de medalhas olímpicas por participação nos Jogos Olímpicos:
HUNGRIA: 19 medalhas em 25 participações;
PORTUGAL: 1 medalha em 23 participações.
Total de medalhas olímpicas:
HUNGRIA: 476;
PORTUGAL: 23.
Coloquei no blogue Desporto e economia um comentário aos últimos números do Luís Leite sobre a exactidão dos valores e do raciocínio apresentado e de possível melhoria da conclusão a que chegou.
Ver o link: http://desportoeeconomia.blogspot.pt/2013/01/a-discussao-das-medalhas-olimpicas-no.html
Caro Fernando Tenreiro:
Se o PIB per capita não é, como se comprova, um factor a considerar, devemos concluir o seguinte:
Para Portugal melhorar significativamente o seu miserável desempenho olímpico tem que:
1) Passar a dar importância e valor ao desporto de alto rendimento;
2) Passar a dar importância e restruturar completamente o desporto escolar;
3) Ter uma política muito séria de prospecção e acompanhamento de grandes talentos revelados no desporto escolar e nos clubes;
4) Gastar pelo menos 10 vezes mais dinheiro com o desporto federado;
5) Promover o investimento empresarial na sponsorização do mesmo através de fortes benefícios fiscais.
Tudo isto obviamente nunca acontecerá, por razões culturais.
Caro dr. Luís Leite,
Não leve a mal, mas não percebe muito de estatística.
1. Ao ver o trabalho internacional da pwc (e o nacional vai no mesmo sentido) o da goldman,os das casas de apostas e tantos e tantos trabalhos académicos é notória uma relação entre as variáveis que menciona.
Ao escrever estas linhas fiz uma correlação de spearman com os dados do The Gaurdian (tem de ser o spearman pois estamos a falar de rankings) e o reslutado é significativo, como não podia deixar de ser. (os dados estão aqui: http://www.guardian.co.uk/sport/datablog/2012/jul/30/olympics-2012-alternative-medal-table#data)
E esse e um resultado que qq um pode avaliar. Não há manipulações (embora tb ache que não nos estudos que mencionei acima).
É directo! Simples! Claro! Evidente!
2. Não pode olhar apenas para uma variável: tem de olhar paa mais do que uma variável se quiseremos apurar mais do que uma tendência.
Temos de olhar para o PIB per capita; População; Idade média, etc.
Quantos mais indicadores, melhor será a nossa capacidade de previsão.
3. Mas o mais extraordinário é que em TODOS os sectores, TODAS as atividades há estatísticas. pq motivo não pode haver no desporto?
Desculpe que lhe diga, mas isso é querer esconder o mau desempenho.
Vimos isso na educação e os testes da OCDE. Como ficavamos mal colocados passamos (o ministério da educação) a dizer mal dos testes e saímos do esquema de avaliação (PISA). (Portugal estava na altura proximo dos EUA. Sabe o que disse um senedor sobre o estado da educação americano? "Se a responsabilidade do nosso modelo de educação fosse uma potência externa, nós declaravamos-lhe guerra!". Este comentário é de quem está habituado a agir (às vezes da pior maneira). Nós estamos habituados a fugir da realidade que não gostamos.
O mesmo aconteceu na saúde (mais no antigo regime) e com os cuidados pre-natais.
Em mbos os casos quando olhamos os diagnósticos a sério, os resultados tornaram-se evidentes.
Temos medo do quê???
4. Claro que relações são... médias. E numa média há quem esteja ACIMA e quem esteja ABAIXO.
Mais, há quem esteja muito afastado dessa média e seja um outlier.
De outra forma, a estatística dá-nos tendências! Não nos dá resultados determinísticos.
Por isso é que é "giro" ver uma competição! Pois há uma certa incerteza.
Mas tb sabemos que em têndÊncia estamos certos.
É a única forma de agir.
Conclusões:
1. Portugal é, aparentemente, um outlier pela negativa!
2. A relação existe entre dimensão existe, mas há sempre incerteza.
Há quem rebente com as amarras da dimensão e seja estupendo. Mas é a excpção, o heroi.
O resto, está nessa relação.
3. Estas relações estatísticas indicam tendências sobre ONDE PODERIAMOS CHEGAR DADA A NOSSA CAPACIDADE/DIMENSÃO.
4. Mas há sempre erro; que no desporto se chama treino e política desportiva. E é aí que nós falhamos.
Caro anónimo das 18:31h,
Não sei em que é que se baseia para afirmar que não percebo muito de estatística.
Você conhece-me?
É que não vejo nada na sua argumentação que vá contra aquilo que escrevi.
Obviamente que quantos mais forem os dados, desde que devidamente ponderados, mais perto estaremos de um diagnóstico rigoroso.
A estatística não faz previsões.
Faz diagnósticos (sobre o passado).
Eu fiz o meu, com os dados que entendi mais relevantes sobre o passado olímpico de Portugal, no contexto europeu.
Não queria ofender. Se me excedi, lamento. Não foi intencional.
Não o conheço pessoalmente, apenas pelas suas afirmaçoes e comentários. E tenho-o em elevada consideração.
Em qq caso, a minha afirmação tem haver com o grafico que é possivel desenhar com os dados que refere (população e medalhas: MÉDIA DE MEDALHAS POR PRESENÇA, OBTIDAS EM JOGOS OLÍMPICOS DE VERÃO, POR PAÍSES EUROPEUS COM POPULAÇÃO SEMELHANTE OU INFERIOR À DE PORTUGAL).
Irá reparar que os dados que menciona sofrem é de heterocedasticidade: ou seja, a incerteza aumenta; á medida que aumenta a população. De outra forma, qto maior o país (demografia) menos preciso se torna esta tendência. Mas a tendência é essa!
Para faciliar o cálculo do gráfico veja-se aqui os ´seus números já prontinhos a entrarem no excel.
x y
HUNGRIA 10.1 19
SUÉCIA 9.2 18.6
BIELORRÚSSIA 9.7 15.2
FINLÂNDIA 5.3 12.6
BULGÁRIA 7.5 11.3
REPÚBLICA CHECA 10.3 8.6
DINAMARCA 5.5 6.9
SUÍÇA 7.8 6.9
NORUEGA 4.8 6.2
BÉLGICA 10.4 5.4
AZERBAIJÃO 8.9 5.2
GEÓRGIA 4.4 4.4
ESLOVÁQUIA 5.4 4.8
GRÉCIA 11.2 4.1
CROÁCIA 4.4 4.4
ÁUSTRIA 8.3 8.3
ESLOVÉNIA 2 0
ESTÓNIA 1.3 0
LITUÂNIA 3.4 3.4
ARMÉNIA 3.2 2.4
SÉRVIA 9.8 9.8
SÉRVIA E MONTENEGRO 10.8 2
LETÓNIA 2.2 0
MOLDOVA 3.5 1.4
IRLANDA 4.3 1.4
PORTUGAL 10.6 1
A relação é evidente (tal como é com o PIB pc) - apesar de citar um único caso: a Hungria - de forma a afirmar que não há relação entre o PIB pc e as medalhas.
Abraço com elevada consideração e estima
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