Como é que um governo pode melhorar a promoção da actividade física e do desporto no seu país? Como é que todos os agentes de desenvolvimento deste sector podem trabalhar na mesma direcção? Como coordenar este processo à escala nacional?
Estas foram as três questões centrais a que o Governo de Espanha deu resposta no documento “Plano Integrado para a Actividade Física e Desporto”, recentemente divulgado na página Web do Conselho Superior de Desporto de Espanha e que pode ser consultado em http://www.csd.gob.es/csd/noticias/plan-integral/. Neste documento estiveram envolvidos mais de 100 investigadores e especialistas de Universidades, Comunidades Autónomas, Municípios, Federações, Clubes, Ministérios e Entidades Privadas. O referido documento pretende ser um instrumento de trabalho para os próximos 10 anos e define objectivos, eixos estratégicos, programas, medidas e indicadores de para o desempenho do desporto e da actividade física no País vizinho.
Em termos estratégicos, a coordenação geral, a necessidade de colaboração e lealdade institucional entre todos os agentes envolvidos, são considerados factores críticos de sucesso do Plano. A visão dos Espanhóis está assente numa co-responsabilização de todos os agentes envolvidos no processo de desenvolvimento desportivo, com a finalidade de alcançar metas que foram definidas para uma década.
No âmbito dos Programas a desenvolver, é notória uma segmentação da população, dando-se grande importância a determinados públicos alvo, que por norma, são esquecidos nas políticas e programas de desenvolvimento da actividade física e desportiva. É também dada grande importância aos grupos escolares, quer seja no ensino básico quer seja no ensino universitário. Por fim, o documento elenca e identifica 100 medidas enquadradas em 14 programas.
O Plano torna-se ainda mais valioso pelo facto de quantificar metas a longo prazo, ou seja, está registado onde é que Espanha quer estar em 2020. Fixam desta forma uma série de metas, comparando-as com os índices actuais. Estabelece-se uma meta central neste Plano, ter 50% da sua população entre os 15 e 75 anos a praticar actividade física e desporto de forma regular face aos actuais 37%.
Era excelente que este tipo de acções nos pudesse influenciar em termos de aprendizagem, e sobretudo, dar-nos a coragem de escrever o que queremos da actividade física e do desporto para o nosso País, fixando metas para nos podermos medir e alterar o que for necessário em benefício de toda a população.
Todos sabemos que problema do desenvolvimento desportivo em Portugal não é certamente uma questão de dinheiro, mas sim, da falta de coordenação e de coerência entre os diferentes agentes que actuam no desporto e da ausência de objectivos e metas a alcançar. Temos em Portugal gente capaz de analisar o nosso cenário de forma séria, que conhecem exemplos de sucesso noutros países e que são capazes de elaborar um plano à medida da nossa realidade. Temos que definitivamente acabar com um sistema, quase sempre perverso, que poucos favorece e do qual a maioria não beneficia.
3 comentários:
É de facto um bom exemplo o desporto espanhol.
Não se esqueça do que deixa aqui escrito:
"Todos sabemos que o problema do desenvolvimento desportivo em Portugal não é certamente uma questão de dinheiro..."
'Por favor', pedir-lhe-ia encarecidamente os Ministros das Finanças se tivessem conhecimento desta sua afirmação, que consiga o resto e mostre que tem dinheiro suficiente para "elaborar um plano à medida da nossa realidade".
Obviamente os MFinanças são iliteratos desportivos. É uma valência sem relevância para o seu perfil de funções.
O problema não é se o copo está meio cheio ou meio vazio. O problema não é se estas pessoas, que se sentam no topo ou as outras que se sentam do lado de baixo da nora são capazes.
O problema fulcral é que o copo português é pequeno e pequeno na maior latitude que quiser tomar.
O que me parece, pela leitura do índice e como sugere que fazem os espanhóis, é que, a definição dos objectivos é um bom início de trabalho.
Dizer à partida que o dinheiro é suficiente, prejudica a criação do valor acrescentado.
Inquina o diálogo. Depois quer-me parecer que para fazer essa afirmação você tem ideias muito discutíveis acerca da economia do desporto nacional e referente a inúmeros segmentos da actividade desportiva.
Por fim, note que em todo o projecto de desenvolvimento o dinheiro é a última coisa a discutir e nós ainda estamos longe desse ponto.
Caro Fernando Tenreiro:
Necessitamos de facto de um plano para o desporto português, com as tais metas, e saber quanto estamos actualmente a gastar com este “modelo” e o investimento a realizar para lançar e manter uma nova e melhor realidade. O que sabemos para já é que temos poucos praticantes desportivos e um posicionamento que poderia ser melhor nos rankings de medalhas das competições internacionais.
Penso que o problema é efectivamente de coordenação, e no futuro, de compromisso e de elevação ética de todos os agentes envolvidos num processo de desenvolvimento desportivo.
Reparemos só em algumas questões que rapidamente me vêem à cabeça e que não ajudam a rentabilizar os nossos recursos económicos para esse objectivo tão nobre de ter mais e melhores praticantes: Que eficácia tem a Educação Física Escolar na promoção de hábitos desportivos ao longo da vida? Que complementaridade existe na formação desportiva entre Desporto Escolar e o Desporto Federado? Qual a qualidade, pertinência e aplicabilidade da produção científica que se faz no Ensino Superior dedicado ao Desporto? Qual o valor do financiamento das autarquias classificado como promoção e formação desportiva e que acaba por cair em projectos de desporto profissional ou não profissional praticado por atletas profissionais? Quanto está a custar por dia ao País os Estádios do Euro e outras instalações desportivas desadequados às necessidades locais? Qual o papel que a televisão do Estado poderia assumir na promoção da prática desportiva?. Só estas “rubricas” representam muito dinheiro, e faltam ainda muitas outras.
Quem está atento ao fenómeno desportivo em Portugal e sem perceber muito de economia, sabe que não somos eficazes nem eficientes a usar (nomeadamente) os dinheiros e meios públicos em benefício da quantidade e da qualidade desportiva. No entanto, é claro que um bom plano de desenvolvimento desportivo também necessitará de um bom estudo de viabilidade económica das medidas a tomar.
Caro Fernando Parente
A sua frase encontra em pessoas que apenas pensam o seu metier e o dos seus mais próximos, uma evidência.
Veja o seguinte:
o desporto perdeu funções com o PRACE. A organica dada ao IDP nem sequer tinha a área das infraestruturas, um instrumento tradicional das politicas desportivas de todos os governos, e muitas mais e o que sobrou foi encafuado em funções restritivas e sobrou espaço e dinheiro e o desporto vendeu a Lapa e perdeu orçamento. Quanto aos CAR eles são empurrados para as autarquias como os estádios.
Os estádios foram mal concebidos. os CAR estão a ser bem concebidos, certamente.
Mas existe estrutura no desporto para conceber bem os CAR e os ter em funciionamento para os altos designios desejaados por todos?
O desporto não se pensa e complexifica e mirra e desaparece.
O que acontece na Cultura é que aumenta o seu orçamento e sobe a ministério, a juventude tem o instituto, o movijovem e as tecnologias.
Porque é que o desporto é o menor sector da politica publica nacional e em perda sustentada?
Eu respondo-lhe, porque lhe falta informação, estudos, estruturas e os políticos e a sociedade portuguesa e os agentes privados desportivos receiam que o desconhecido tenha custos superiores aos benefícios prometidos.
Faltam Personalidades que tomem uma posição como o Cinema, os Cientistas, os Economistas e outros sectores que tomam posições de principio, fizeram.
As grandes personalidades do Desporto português estão todas no CND. Tem dúvidas?
Você nada vale e eu também não!
O facto de sectores do desporto terem dinheiro a mais é parte de uma estratégia errada, isso serve para esconder e esconde outros sectores.
A estratégia certa é a que gera beneficios para todos.
Muitos dos preteridos actualmente são os que podem gerar externalidades cruzadas abundantes.
Os que são actualmente beneficiados ganharão muito mais com a estratégia inovadora baseada num novo paradigma.
Divirta-se.
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