Na SIC Noticias, faz precisamente hoje uma semana, dois parlamentares “atiravam-se” à lei de controlo da dopagem.Com satisfação e com uma suposta autoridade política. Em causa a possibilidade de avocação, por parte da autoridade nacional antidopagem, da matéria disciplinar que está delegada nas federações desportivas. Um dos parlamentares já deteve responsabilidades como ministro responsável pela pasta do desporto.
O à vontade com que ambos contestaram a disposição contida na lei revela o estado de responsabilidade politica que grassa neste país. É que ambos tiveram a possibilidade de contestar, em sede do parlamento, os termos da disposição que agora discordam. E no diário das sessões nada consta a esse respeito. Mais. O partido de um dos parlamentares (PCP) absteve-se na votação final e o do outro (PSD) votou a favor. E se, no caso do parlamentar do PCP, pode ainda jogar a seu favor tratar-se de uma matéria que não é da sua especialidade politica e não ter prestado a atenção devida, no caso do parlamentar do PSD era, apenas, o titular da pasta do desporto do governo de Durão Barroso. De resto, convém referi-lo, por regra silencioso em qualquer discussão parlamentar sobre desporto, incluindo nas iniciativas legislativas, cujo objectivo foi o de aprovar diplomas alternativos aos que ele próprio defendeu e fez aprovar.
Mas a coisa não ficou por aqui. Não satisfeito, o ex-governante titular da pasta do desporto, censurou o apoio da administração pública desportiva (IDP) a um site de um jornal diário (Diário de Noticias) sobre doping. Que existe precisamente nos mesmíssimos moldes que, no seu governo, o secretário de estado que dele dependia ordenou para que se fizesse a um outro diário (Publico). A diferença está apenas no órgão de comunicação social escolhido. O que mudou?A opinião ou o contexto? Mudar de opinião é aceitável. Mas tem de haver uma explicação. Se não há justificação para a mudança de opinião só o contexto o explica: antes era governo; hoje oposição.
Este exemplo vale por mil explicações sobre o modo como se exercem competências públicas. E, repetimos, porque não é de mais enfatizá-lo, sobre o sentido de responsabilidade politica de quem as deteve em matéria de desporto. Este tipo de comportamento não é único. E esvazia qualquer esperança em que o futuro possa ser diferente. Uma desmoralização que não resulta tanto de se poder discordar desta ou daquela orientação. Deste ou outro modelo. Mas de uma completa ausência de qualquer escrúpulo ético e de sentido de responsabilidade. E sem responsabilidade não há confiança.
É a situação relatada um caso fortuito? Antes fosse. A gravidade da situação é que ela não atinge apenas os protagonistas em causa. Se fosse passávamos à frente. O bloco central de interesses legitima este estado de coisas. Podem mudar os governos. Podem mudar os ministros. Até podem ser de partidos diferentes O risco de, mais tarde, os ver, como agora, na SAD de um qualquer clube de futebol e a discutir no Dia Seguinte o modo como o árbitro se comportou, é muito elevado.Com o mesmo fanatismo de um qualquer adepto. Porventura com o jargão da política e com maneirismos de salão. Senhor doutor para a esquerda e vossa excelência para a direita. Mas com o mesmo comportamento incompatível para quem exerceu ou pensa exercer cargos de natureza pública. Ou então, é vê-los, quando a política é feita de cumplicidades que não de méritos, a assinar um vulgar livro branco do desporto, que, um qualquer amanuense, mestre de protagonismo, lhes preparou.
O à vontade com que ambos contestaram a disposição contida na lei revela o estado de responsabilidade politica que grassa neste país. É que ambos tiveram a possibilidade de contestar, em sede do parlamento, os termos da disposição que agora discordam. E no diário das sessões nada consta a esse respeito. Mais. O partido de um dos parlamentares (PCP) absteve-se na votação final e o do outro (PSD) votou a favor. E se, no caso do parlamentar do PCP, pode ainda jogar a seu favor tratar-se de uma matéria que não é da sua especialidade politica e não ter prestado a atenção devida, no caso do parlamentar do PSD era, apenas, o titular da pasta do desporto do governo de Durão Barroso. De resto, convém referi-lo, por regra silencioso em qualquer discussão parlamentar sobre desporto, incluindo nas iniciativas legislativas, cujo objectivo foi o de aprovar diplomas alternativos aos que ele próprio defendeu e fez aprovar.
Mas a coisa não ficou por aqui. Não satisfeito, o ex-governante titular da pasta do desporto, censurou o apoio da administração pública desportiva (IDP) a um site de um jornal diário (Diário de Noticias) sobre doping. Que existe precisamente nos mesmíssimos moldes que, no seu governo, o secretário de estado que dele dependia ordenou para que se fizesse a um outro diário (Publico). A diferença está apenas no órgão de comunicação social escolhido. O que mudou?A opinião ou o contexto? Mudar de opinião é aceitável. Mas tem de haver uma explicação. Se não há justificação para a mudança de opinião só o contexto o explica: antes era governo; hoje oposição.
Este exemplo vale por mil explicações sobre o modo como se exercem competências públicas. E, repetimos, porque não é de mais enfatizá-lo, sobre o sentido de responsabilidade politica de quem as deteve em matéria de desporto. Este tipo de comportamento não é único. E esvazia qualquer esperança em que o futuro possa ser diferente. Uma desmoralização que não resulta tanto de se poder discordar desta ou daquela orientação. Deste ou outro modelo. Mas de uma completa ausência de qualquer escrúpulo ético e de sentido de responsabilidade. E sem responsabilidade não há confiança.
É a situação relatada um caso fortuito? Antes fosse. A gravidade da situação é que ela não atinge apenas os protagonistas em causa. Se fosse passávamos à frente. O bloco central de interesses legitima este estado de coisas. Podem mudar os governos. Podem mudar os ministros. Até podem ser de partidos diferentes O risco de, mais tarde, os ver, como agora, na SAD de um qualquer clube de futebol e a discutir no Dia Seguinte o modo como o árbitro se comportou, é muito elevado.Com o mesmo fanatismo de um qualquer adepto. Porventura com o jargão da política e com maneirismos de salão. Senhor doutor para a esquerda e vossa excelência para a direita. Mas com o mesmo comportamento incompatível para quem exerceu ou pensa exercer cargos de natureza pública. Ou então, é vê-los, quando a política é feita de cumplicidades que não de méritos, a assinar um vulgar livro branco do desporto, que, um qualquer amanuense, mestre de protagonismo, lhes preparou.
13 comentários:
Os Acácios Vegetativos e Prósperos do Rectângulo
Eles, os nossos Acácios, Prósperos e Bem-Pensantes, deste rectângulo à beira-mar e do abismo, andam por aí, vão e voltam, circulam, pousam e repousam, ascendem e descendem, sobem e sobem ao mais acima, falam e zurzem, perpetuam-se no banco da frente de qualquer clima de poder do dia. Eles são os Chicos, chiques mesmo, muito bem às nove horas de qualquer liça ou evento. Ele há-os alaranjados ou rosinhas, mais ou menos às claras ou lá nos meandros esconsos de uma determinada secção de uma dada “ordem secreta”. Criaturas destas são polissémicas, sobredotadas, cientistas de todas as ciências, escuras ou transparentes, resistentes a todos os dias e eras, fantasticamente sapientes da sua douta categoria. E têm as caras que forem necessárias, desde as de cera às de pau, viram tripas e casacas, hoje são a favor e amanhã contra seja lá o que qualquer dessas duas vertentes da realidade queira significar-se. Andam por aí sempre à boca de cena. Eles são os “Arnautas, Valentinos, Madalinhos, Lelinhos, Di Laurentinis”, cá na vulgata desportiva, mas também são os Maiorais para outras “obras” decisivas da nossa santíssima terrinha lá noutros patamares da governança fausta desta desgraçada República. Grandes almas sem dúvida a destes “Conselheiros Acacianos”, que nos ajudam denodadamente a sermos cada vez melhor Nação, Pátria e Povo. Ah! e muitas dessas invulgares luminárias regimentais, como mandam os cânones epocais, vestem bem, comem melhor, passeiam pelo mundo, aos ombros dos que pagam os impostos e os preços dos bilhetes dos espectáculos desportivos. Nice, very nice indeed…!
J. Manageiro da Costa
Totalmente de acordo.
Ora bem!!!!!
Escreve José Manuel Constantino sobre o seu ex-Ministro (José Luís Arnaut):
Não satisfeito, o ex-governante titular da pasta do desporto, censurou o apoio da administração pública desportiva (IDP) a um site de um jornal diário (Diário de Noticias) sobre doping. Que existe precisamente nos mesmíssimos moldes que, no seu governo, o secretário de estado que dele dependia ordenou para que se fizesse a um outro diário (Publico)
Grandes verdades!!!!
Totalmente de acordo.
Na Assembleia da República o nível médio dos deputados é, actual e globalmente muito fraco.
Como os "bons" não são cartas dos baralhos partidocráticos e não estão para ser vistos como meros "boys", não vão para lá, apesar dos incríveis privilégios dos deputados.
Mas no caso particular do Desporto, como tenho insistido neste blog, o interesse e o conhecimento são praticamente nulos, com excepção de umas larachas clubíticas de uns intelectuais da bola.
Assim, o legislador Governo está à-vontade para fazer os disparates que quiser.
O meu acordo total, para que não restem dúvidas, é com o texto de José Manuel Constantino.
Sr Professor,
Posso informá-lo que a única razão para a mudança de site do doping foi a diferença de orçamentos entre o Público e o DN. O IDP paga agora metade do que pagava ao Público.
Com os meus melhores cumprimentos,
..e sempre se ajuda o amigo Joaquim e se deixa o Belmiro ,digo eu!
Mais outro trecho autobiográfico do Manageiro...
Ora aí está um bom motivo para passar do Publico para o Diário de Noticias: ser mais barato. De facto se há matéria em que estes senhores são especialistas é no controle das despesas. Haja pachorra!
Diz o anónimo das 18:19
Ora aí está um bom motivo para passar do Publico para o Diário de Noticias: ser mais barato. De facto se há matéria em que estes senhores são especialistas é no controle das despesas
Mas, é ou não mais barato? Se sim, qual é a "pachorra"? Se não, porque é que o Anónimo não o demonstra?
Ou será que, de facto, era mais barato, mas o Anónimo entende que não foi por essa razão que se mudou? E se fôr isto o que se pretende, será que agora se deverão discutir as decisões governamentais com base em análises psiquiátricas sobre "os verdadeiros motivos da coisa"?!
Ou será que, finalmente, ao Anónimo lhe é indiferente se era ou não mais barato, porque...se mudaram é porque mudaram (no fundo, para beneficiarem o "amigo Joaquim")...e se não tivessem mudado é porque não tinham mudado (e apenas queriam condicionar a "independência" do Público)...
Ou seja: preso por ter cão e por não ter...
é tudo uma maneira visionária de ver, e ler, sempre existe alguma coisa para passar tempo ,,,,,por vezes desnecessária :) :)
Simplesmente patético este governante Laurentino!
Com que direito é que ele corrige ou aconselha Federações que são entidades autónomas de Direito privado?
Por que razão não deixou que o Conselho de Justiça da FPF se pronunciasse sobre o acórdão do Conselho de Disciplina?
Nunca em Democracia o Estado sentiu tanta necessidade de meter a unha no Desporto Federado através de legislação disparatada, sendo que no caso da adaptação dos Estatutos das Federações não a fez cumprir em tempo útil.
Depois, acaba por tirar a Utilidade Pública Desportiva (só em parte!) ao Futebol e à Vela, através de Despachos com prorrogações contradizentes e ilegais!...
Cada vez que fala em público ainda se enterra mais e o pior é que não se cala...
Agora anda a dizer que a nova Comissão Arbitral que tomou posse já estava pensada há muito tempo!...
Com que direito é que desconfia e se mete nas decisões dos Órgãos estatutários, legais e próprios das Federações?
Demita-se, por favor e vá para a Federação da Bola!
Este senhor não percebe nem nunca percebeu nada de Desporto.
Não é que os seus antecessores fossem menos maus...
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