domingo, 5 de setembro de 2010

O grande desígnio nacional

Um novo texto de Luís Leite.
"O que é actualmente o meu país nos rankings desportivos (considera-se apenas o sector masculino e só as modalidades de maior expressão mundial) ?
Modalidades colectivas:

8º no ranking da FIFA (Futebol) ;
42º no ranking da VIVB (Voleibol) ;
49º no ranking da FIBA (Basquetebol) ;
Fora dos 47 primeiros do ranking da IHF (Andebol);
22º (em apenas 95 países membros) no ranking da IRB (Râguebi);

Modalidades individuais (não havendo ranking por países, situação calculada e aproximada):

Entre 20º e 40º na Vela e no Judo;
Entre 25º e 35º no Atletismo;
Fora dos 50 primeiros na Natação;

(Desconhecem-se ou é impossível determinar posições noutras modalidades)
É este o país, muito pouco relevante no Desporto no contexto Mundial ou Europeu, que decidiu colar-se à Espanha como forma de tentar conseguir aquele que é, claramente o grande desígnio nacional para as próximas décadas: a organização de uma Taça do Mundo de Futebol.
Para quê pensar em como é que vamos pagar a nossa monstruosa e impossível dívida externa?
Para quê pensar como e para quê se vai construir um TGV altamente ruinoso e sem viabilidade financeira?
Para quê pensar em pôr a Justiça a funcionar a tempo e horas?
Para quê pôr fim a ao facilitismo miserabilista na Educação?
Para quê investir a sério num desenvolvimento desportivo que nos tire da cauda da Europa em número de praticantes?

Temos que ser optimistas!
O povo quer é bola e quer bola cá dentro! E quer ver a bola nas bancadas e na TV!
O Euro 2004 deu mais de 1000 milhões de euros de prejuízo a Portugal e não teve qualquer resultado positivo no Turismo nesse ano? Não interessa! Ficámos com os Estádios.
Qual a previsão de custos deste fantástico evento? Não interessa!
Portugal precisa de se mostrar ao mundo com a sua fantástica capacidade organizativa!
Venha, pois o Mundial de 2018 (se por acaso ainda existirmos como país independente)."

25 comentários:

Fernando Tenreiro disse...

Luís Leite você faz uma pergunta pertinente, responde bem a ela sucintamente e depois perde a cabeça na conclusão.
Faz o mesmo que o José Pinto Correia que mimetiza o outro em vez de dele se distinguir e que você criticou.
Os espanhois têm o slogan:
Diga-o com flores!

Luís Leite disse...

Caro F. Tenreiro:

Reconheço não ter jeito para floreados...
Quanto aos espanhóis, no desporto mundial são actualmente potências de top-ten em quase todas as modalidades de maior expansão e mesmo em muitas das restantes.
Com ou sem flores...

Horacio Poiares disse...

Apenas uma pequena correção: no ranking da IHF, Portugal ocupa a 32º posição, o que para a sua análise é quase a mesma coisa- não é relevante...
A sua análise é pertinente, com flores ou sem flores....
Horácio Poiares

Luís Leite disse...

Caro Horácio Poiares:

Peço desculpa pelo erro.
Aliás, em masculinos, na IHF Portugal ocupa a 30ª posição entre os 176 membros, menos aproximadamente 30 que nas outras modalidades referidas.
O 32º posto é relativo à classificação global de ambos os sexos.
O andebol tem uma expressão muito forte na Europa Central e do Norte
e numa segunda linha na Europa do Sul e Magreb.

Anónimo disse...

Só devemos ser bons no Hóquei em Patins... onde há, pelo menos 4 equipas em todo o mundo!

E mesmo assim estamos a habituar-nos a ficar em 3º ou 4º.

Brincadeirinha....

Anónimo disse...

Falar sem o mínimo de rigor é desonestidade intelectual. Para fazer flores convém falar do que se sabe e não misturar disciplinas Olímpicas e não Olímpicas e simplesmente omitir modalidades que estão bem acima dos 20.

Fernando Tenreiro disse...

A brincadeirinha é que o paradigma é precisamente esse, a da incapacidade de produção de resultados desportivos da primeira água europeia com a perda de competências que no passado acumulámos.
Várias federações estão a passar por fases menores e poderão cair mais.
O síndroma de Barcelona, quando Portugal ia ganhar imensas medalhas e saiu de mãos vazias tem a sua continuação actual na incapacidade de vencer convencendo que estamos a caminhar para a média europeia.
Os dados do Luís Leite mostram que os resultados ideais seriam que Portugal começasse a ter posições abaixo dos vigésimos.
Em termos de definição de metas de política desportiva esta seria uma meta inicial com possibilidades de realização.

Fernando Tenreiro disse...

Não vejo que seja pertinente estar a separar modalidades olímpicas e não olímpicas.
A questão pertinente do Luís Leite foi conseguir uma base de benchmarking universal para saber onde nos encontramos.
Creio que a resposta que deu é razoável.
Talvez o anónimo possa materializar a sua dúvida e propor uma via alternativa.

Luís Leite disse...

Obviamente que é completamente diferente estar em 30º do ranking entre 210 países ou entre 50 países membros.
Como sabemos, também há muitas modalidades que são praticadas por poucos países mas por muita população, como o beisebol (basebol), (USA, Canadá e Japão), o Futebol Americano (USA) ou o Cricket (Índia, Paquistão) e também há muitas que são praticadas por poucos países e por pouca população mesmo dentro de cada país, como o Hóquei em Patins ou o Corfebol, por exemplo.
Também há as que são muito universais mas com poucos praticantes.

Claro que não podemos tirar conclusões precipitadas e não podemos esquecer os títulos olímpicos ou mundiais em modalidades individuais com grande ou média expressão internacional
(Atletismo, Judo, Vela, Tiro com pistola ou Tiro com armas de caça).
Aqui o Atletismo leva a palma, a grande distância, porque tem, há décadas, um eficaz sistema de detecção e acompanhamento de talentos, ambicioso e profissionalizado. Mas mesmo assim com muitas limitações.
Eram estes estudos que o IDP devia fazer e não faz ou faz e não divulga. E depois admiram-se que o organismo seja rotulado, globalmente, de incompetente.

Anónimo disse...

Gostaria de saber em que Almanaque encontrou os rankings? Tenho a certeza que existem mais modalidades em Portugal que não o hóquei em patins colocadas bem acima dos 20 primeiros. Para tal consultar os resultados nos Campeonatos do Mundo em categoria absoluta e lá chegará. Se não acha pertinente separar disciplinas olímpicas e não olímpicas defende que colocar pesca à minhoca e salto em cumprimento é tudo no mesmo saco! então aí vá à Gala da Confederação e regozije com os Campeões do Mundo que temos.

Fernando Tenreiro disse...

Escrever num blogue não é fazer uma tese.

O tema suscitado é aceitável, a resposta sugerida viável e sendo formalmente curta é eficiente.

Por estes motivos permite desenvolvimentos positivos no sentido da pertinência da questão inicial.

A questão do porquê e do 'como saio daqui' é outra conversa.

Salvador Lambreta disse...

Caro Luis Leite:
Não tem jeito para floreados mas gosta de “dourar as pílulas”que lhe interessam… e “queimar” as outras.
Para quem se arroga criterioso, rigoroso… e muito analítico, nada como enunciar modalidades cujos elementos deixa “para adivinhar”…
Ninguém discute a superior expressão internacional do “seu” Atletismo e respectivo mérito de todos os que para tal contribuem… mas, fica-lhe mal ser inexacto para com aqueles que procuram seguir o vosso bom exemplo.
Para que conste, os últimos dois rankings da Natação à escala continental e mundial, determinam:
Europa: 2008 – 26º em 50 países; 2010 – 23º em 51 países
Mundo: 2008 – 45º em 200 países; 2009 – 44º em 202
Fora dos 50 primeiros numa lógica de implantação universal (mais de 200 países), significa estar entre o 51º e o 202º, o que não é manifestamente o caso.
Se desconhece a situação de uma modalidade (aliás, como alude noutras tantas), tente ser mais correcto nos seus “cálculos e aproximações”… genéricos!
E eu que pensava que só a natação “metia água”…

Salvador Lambreta

Luís Leite disse...

Quando um Instituto Público cuja missão é tratar de analisar o estado do Desporto português e financiar as Federações e as instalações desportivas:

1) Não faz estudos sobre a qualidade do Desporto português no contexto internacional;

2) Financia equipamentos desportivos com base em dados errados ou falsos e no puro e simples desconhecimento/desinteresse sobre a respectiva homologação e se recusa a dialogar com as Federações;

3) Quando se criam Decretos-Lei sobre segurança no Desporto e se mete no mesmo saco o Futebol (onde não há educação nem fair-play mas há claques violentas) e muitas outras modalidades onde nunca houve um único caso de violência;

4) Quando o financiamento é atribuído anualmente às Federações sem qualquer fundamentação ou justificação, ano após ano;

5) Quando o respectivo Presidente exerce em acumulação com outras actividades públicas com autorização especial da Tutela;

Esse organismo do Estado, pago pelos nossos impostos não é incompetente?

Quanto à Confederação e à sua razão de existir (a Gala do Casino), será que um título de Campeão do Mundo numa disciplina ou modalidade com 5 milhões de praticantes federados é igual a um Campeão do Mundo de uma modalidade com 500 praticantes em todo o mundo?
Esses títulos valem o mesmo?
São chamadas por telefone que decidem quem é o melhor desportista português?
Com base em que critérios?

Não, F. Tenreiro, não há "porquê" nem "como saio daqui" com gente desta!

Fernando Tenreiro disse...

Você, de facto, para arranjar amizades não se faz rogado!

Ok, o prazer é todo seu, homem!

Eu sei como saio daqui!

Anónimo disse...

Escreve o Leite

(...) e muitas outras modalidades onde nunca houve um único caso de violência

Quais serão as muitas modalidades onde o Leite assevera "nunca ter havido um único caso de violência"?

Será a columbofilia? A petanca? As damas?

Será que a ignorância do Leite em matéria de desporto tem que ver com a inexistência de estudos por parte do IDP?!

Luís Leite disse...

Quanto à Natação portuguesa e após os últimos Campeonatos da Europa 2010, que acompanhei com interesse, pese a simpatia que tenho pela modalidade e pelos seus praticantes e treinadores, os resultados foram bem esclarecedores da situação actual.
Estamos cada vez pior. Lamento.
Sinceramente e sem ironias.

Anónimo disse...

Bom, num Blog aparentemente democrático há, contudo censura! É que esta "abstracção" chamada Luís Leite insulta, já por duas vezes, o IDP "globalmente", ou seja, chama de incompetentes todos quantos trabalham naquele Organismo! Não conheço a idade desta "abstracção" mas, provavelmente, ainda usava fraldas quando eu já trabalhava naquele Organismo! E não sou "uma virgem ofendida" como a "abstracção " me poderá chamar, sou um simples Técnico que trabalha para sobreviver! Pela minha parte, não sendo um "seguidista" de ninguém, sempre trabalhei o melhor que sabia e podia, como Funcionário Público! Por isso entendo que esta "abstracção" me ofende e ofende todos os funcionários do IDP que não são aqueles que esta "abstracção" pretende atingir!Já muitos conhecem a história desta "abstracção" no desporto e já muitos o deixam a falar para as paredes que é o que ele mais gosta de fazer! Já muitos conhecem a sua "competência" no desporto mas este desconhece a competência dos que trabalham naquele Organismo. E parece não passar de um "indulgente mental" ao não saber a diferença entre uns e outros! Pelo exposto, solicito ao Responsável deste Blog que publique este texto em representação dos funcionários do IDP, um Instituto Público da Administração Central do Estado, cujos funcionários já foram pela segunda vez "insultados"! A não ser que tenha que apresentar a quem de Direito os respectivos textos para as respectivas conclusões a acções que se impõem quer contra esta "abstracção" quer contra o responsável do Blog que concorda em publicar ofensas a quem não é "visto nem achado" nos assuntos! Um funcionário.

Francisco Vieira disse...

Já agora uma pequena contribuição do xadrez para a pequena mas bem sugestiva listagem do nosso país nos rankings internacionais:
1) Ranking masculino: 58º entre 154 federações;
2) Ranking feminino: 62º entre 118 federações.
(Fonte: FIDE: Federação Internacional de Xadrez).

Em ambos os casos a classificação pode ser enganadora, porquanto, a FIDE considera para efeitos desta classificação, apenas os 10 melhores resultados de cada federação membro.

Em ambos os casos, Portugal está acompanhado da Austrália (57º masc e 63º fem). A FPX recebe anualmente cerca € 120.000 do IDP e a Fed australiana não recebe subsídios estatais, dependendo dos apoios e donativos privados.

A FIDE é a segunda federação internacional, a seguir à FIFA, com o maior número de membros.

Luís Leite disse...

Obrigado Francisco Vieira, pelos seus dados.

Consultando site da FIDE, existem 170 membros, o que significa que há inúmeras Federações com muito mais membros, como o Voleibol, o Atletismo, o Basquetebol, etc., com mais de 200 membros.

Fernando Tenreiro disse...

Vamos lá a ver.

Primeira questão:

A inimputabilidade existe com invulgar abundância no desporto português.

Há insuspeitas personalidades a quem não se consegue ouvir uma utilidade há décadas, prejudicam o desporto, erram, existem e permanecem com a sua corte de dependentes e amantes de inutilidades e prejuízos que evitam assumir.

Não vale a pena dar ar ao balão da inimputabilidade porque ele incha sozinho, como a rã que queria ser boi, e mesmo sem a ajuda de inflamações para finalidade diversa.

A rã tem dado mostras de ser incapaz de reconhecer a figura que faz.

Há pessoas que de vez em quando se passam, como já aconteceu com muito boa gente. A coisa passa. O problema será quando não passa.

Para que a rã deixe de ser rã é necessário que as outras pessoas a tratem como rã que ela é, para ela compreender que faz figura de rã.

Quanto à inflamação ocasional ela também será positiva mas apenas, o quanto baste. Não mais, apenas para suscitar o "Chega!".


Segunda questão:

O exemplo do Xadrez dado por Francisco Vieira e da Natação por Salvador Lambreta são muito benvindos.

Se houvesse outros testemunhos especializados isso seria magnífico porque conheceríamos um pouco mais do nosso desporto.

Luís Leite disse...

De acordo com o Relatório da ONU para o Desenvolvimento de 2009, Portugal ocupa a 34ª posição.
Como vários dos países que se encontram à nossa frente são micro-estados e/ou estados cuja riqueza depende do petróleo, tudo quanto sejam classificações em rankings desportivos internacionais abaixo da 30ª posição é medíocre e abaixo da 50ª posição é mau. Isto se considerarmos Federações Internacionais com mais de 200 membros.
Para as que têm menos de 200 membros, estar abaixo dos primeiros 25% é mau.
Esta é a minha opinião.
Naturalmente discutível.
No caso do Futebol, os últimos resultados vão atirar-nos para um ranking bem mais baixo e mais de acordo com a realidade do nosso Desporto, que é medíocre.

Luis Melo disse...

O des(prezo)porto nacional a ler aqui

Luis Melo disse...

Ao contrário do futebol as outras modalidades praticadas em Portugal passam por imensas dificuldades, numa altura de crise económica e financeira em que se se torna extremamente dificil captar apoios, investimentos ou patrocínios. Consequentemente vários clubes fecham as portas, deixando milhares de pessoas sem possibilidade de desenvolver a sua actividade física, desportiva e competitiva.

Ao contrário do futebol as outras modalidades ainda podem ser uma mais valia para a sociedade. Enquanto que no “desporto rei” se cultiva a inveja entre clubes, a falta de fair-play, o ódio entre adeptos, a importância apenas do dinheiro, a imagem, o compadrio… nas outras modalidades ainda se cultiva o espírito de grupo, de sacrifício, a solidariedade, o esforço, o trabalho, o mérito, a carolice, a amizade.

Mesmo havendo tantos motivos para apostar e investir nas modalidades ditas amadoras, dedicando pelo menos tanto tempo a elas como ao futebol, os responsáveis governativos parece que não vêem ou não querem ver esta situação (e o pior cego…). Os sucessivos Secretários de Estado do Desporto têm-se focado apenas no futebol, e até imiscuido em assuntos que não lhe dizem respeito, tendo por consequência resultados catastróficos. Mas ultimamente parece haver um objectivo comum e indisfarçável: querem, à saída do Governo, conquistar lugar nas estruturas do futebol.

Ler resto do artigo aqui

Anónimo disse...

Diz o Luís Melo

Mas ultimamente parece haver um objectivo comum e indisfarçável: querem, à saída do Governo, conquistar lugar nas estruturas do futebol.

Lá porque o Hermínio Loureiro "saltou" do Governo para a Liga - com os brilhantes resultados que se viram - não quer dizer que o Laurentino Dias lhe siga a peugada, ainda para mais para a FPF, que não tem poder, nem dinheiro...

Anónimo disse...

Lá se vai a expectativa de ver os magníficos resultados da legislatura aplicados a uma federação, ainda por cima com o argumento que não há dinheiro.
A raposa dizia que estavam verdes...