terça-feira, 13 de março de 2012

Quando pensa que já se viu quase de tudo...

Quando pensa que já se viu quase de tudo, há sempre alguém que nos consegue surpreender. E para mal dos nossos pecados, surpreende-nos pela negativa. O que se passou ontem com a possível decisão de alargamento de 16 para 18 clubes na primeira liga foi um cimentar das péssimas qualidades e competências que coabitam nos dirigentes em Portugal.

A decisão da Liga em propor para autorização por parte da Federação Portuguesa de Futebol que esta época desportiva não desça nenhum dos 16 clubes em prova potencia inúmeras discussões sobre a prova que em Portugal move mais dinheiro e (tele)espectadores.

A época já entrou no último terço! A discussão do título envolve jogos entre os três clubes que lutarão pelo título até final com clubes que supostamente irão (iriam?) lutar para não descer. Que impacto terá a não consequência de não descer nas equipas que para lá disso, mais nada tinham como motivação? Como explicar aos 3.º e 4.º classificados da divisão de honra?

A opinião pública já não tem uma excelente imagem dos dirigentes do Futebol. Vamos lá saber porquê…mas ontem, diria, que foram demasiadas balas de canhão nos pés. A eleição de alguém que prometeu aos insatisfeitos uma fórmula mágica e com isso ganhou uma eleição. Como suportar isso?

A frase que muitas vezes se diz, se lê, se ouve “temos o país que merecemos” ontem cimentou mais um ou vários degraus.

6 comentários:

Carlos B. disse...

A incerteza do que se pode dizer quanto a isto, faz com que a caravana vá passando. Incrível a submissão de algumas pessoas perante estes factos e perceber se o silêncio é de conivência ou das pessoas ficarem incrédulas.

. disse...

Penso que para compreendermos melhor o que se anda a passar: http://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1537523

Muita política aqui. O que irá fazer o antigo presidente da Liga?

Luís Leite disse...

Quando:

O clube campeão nacional pode jogar exclusivamente com jogadores estrangeiros e ser campeão nacional;

Teoricamente dois clubes podem em Janeiro, a meio do campeonato trocar integralmente as suas equipas;

Um jogador pode ser campeão nacional desde que joge apenas um minuto no último jogo, tendo jogado metade do campeonato como titular noutro clube, que tanto pode ser o maior rival como o último classificado;

Todos os clubes estão há muito tecnicamente falidos e vivem da venda de jogadores, dos direitos de transmissão televisiva e sabe-se lá de que outras ginásticas inconfessáveis;

Não surpreende que as regras sejam alteradas com dois terços do campeonato jogado.

No futebol tudo é possível.

josé manuel constantino disse...

A Liga ontem decidiu mais coisas.O eventual alargamento da competição é algo que não depende dela em exclusivo.Pelo que é pat ajá um não-decisão.Mas a negocição dos direitos televisivos essa sim altera as regras do jogo e tem efeitos imediatos a menos que se seja boicotada por algum clube.E decidiu não se pronunciar sobre duas questões que andam aí pelos gabinetes e sobre os quais reina o silêncio:as dívidas ao fisco e a regulação das apostas on-line.

Artur disse...

Desta vez, tenho de concordar que este 'bater' tem uma razão de ser. Infelizmente...quando existia uma oportunidade para dar um bom exemplo, estragou-se tudo.

joão boaventura disse...

Relembro uma vez mais aqui, e a propósito, o que escreveu um jornalista de "L'Équipe":

"Se o futebol falasse poderia dizer sempre: - Por onde quer que eu ande, o escândalo acompanhar-me-á sempre".

Numa das suas visitas fugazes a Portugal, transmiti esta ideia a Blatter, e ele, negou completamente o seu conteúdo.

Isto para concluir que a ideia implícita na frase acusatória do jornalista francês, é a de que, como o futebol é dirigido por humanos, afinal são os humanos que injectam os escândalos no futebol.

E é disso que o "futebol" se queixa pelo que a reforma, se reformas há que fazer, elas devem começar e incidir nas pessoas, e não no futebol.

A falta de juízo no futebol é o retrato da falta de juízo das pessoas que o dirigem.