quarta-feira, 28 de março de 2012

Rumo a Londres 2012

Um texto de Luís Leite, que se agradece.


A 4 meses dos Jogos Olímpicos de Verão, julgo ser interessante fazer uma retrospetiva das participações portuguesas, com o objetivo de se poderem tirar algumas conclusões.
No final, julgo ser possível fazer uma previsão das expetativas aceitáveis para os Jogos que se avizinham.

Portugal participou até agora em 22 edições dos Jogos Olímpicos de Verão, entre 1912 e 2008.
Nessas 22 participações ganhou 22 medalhas, o que dá uma média de uma medalha por participação.
Foram conquistadas 4 medalhas de ouro (todas do Atletismo), 7 de prata e 11 de bronze.
Das 22 medalhas, 10 foram conseguidas pelo Atletismo.

Além do Atletismo, mais sete modalidades conseguiram medalhas: Vela (4), Equestre (3), Ciclismo (1), Esgrima (1), Judo (1), Tiro – Fosso Olímpico (1) e Triatlo (1).

Em termos de medalhas, o máximo que Portugal conseguiu numa edição foram 3, em apenas duas edições: 1984 (Los Angeles) e 2004 (Atenas).
Em 9 edições, Portugal não conseguiu qualquer medalha.

Se considerarmos as medalhas e o número de pontos obtidos (do 1º ao 8º lugar), sendo 8 para o 1º e 1 para o 8º, vejamos as melhores participações:

Atenas 2004: 3 medalhas, 42 pontos;
Los Angeles 1984: 3 medalhas, 26 pontos;
Atlanta 1996: 2 medalhas, 33 pontos;
Sydney 2000: 2 medalhas, 30 pontos;
Pequim 2008: 2 medalhas, 28 pontos;
Montreal 1976: 2 medalhas, 19 pontos;
Londres 1948: 2 medalhas, 17 pontos.

As piores participações, com 0 medalhas:

Estocolmo 1912: 0 pontos;
México 1968: 0 pontos;
Moscovo 1980: 0 pontos;
Munique 1972: 3 pontos;
Antuérpia 1920: 5 pontos;
Tóquio 1964; 5 pontos;
Los Angeles 1932: 6 pontos;
Melbourne 1956: 7 pontos;
Barcelona 1992: 8 pontos.

Modalidades que conseguiram mais pontos:

Atletismo: 98;
Vela: 79;
Equestre: 42;
Esgrima : 19;
Judo: 14;
Vólei de Praia: 10.

Atendendo ao número de medalhas e pontos e o número de participações, Portugal é o país mais fraco da Europa em resultados olímpicos, com população superior a 3 milhões de habitantes e apenas devido à Albânia, pois de resto só está acima dos microestados com menos de 500 mil.

Tomando como base os resultados obtidos no passado e a fraca tradição desportiva nacional e tendo em consideração o panorama atual das modalidades e atletas já qualificados e eventualmente a qualificar, é possível fazer um prognóstico global quanto a expetativas realistas:

Dificilmente Portugal ganhará uma medalha e é improvável que ultrapasse os 15 pontos.

Esta previsão reflete o desinteresse com que o país sempre olhou e olha para os Jogos Olímpicos, revelando uma enorme incapacidade de organização profissional e responsável, salvo raríssimas exceções.

A nível governamental, reina o desconhecimento sobre a matéria e a profunda crise financeira que o país atravessa será invocada para justificar uma crescente decadência do desporto olímpico.

A população desportiva, nessa altura, estará preocupada com o Europeu de Futebol e com a aquisição de reforços futebolísticos.

15 comentários:

Anónimo disse...

Devem de estar a brincar ,nesta altura do campeonato, depois de sido publicada a lista do IPDJ, alguns funcionários estão muito, mas muito mal, classificados, depois estão preocupados
com medalhas? então a comida que temos de por na mesa aonde está?

Anónimo disse...

"A nível governamental, reina o desconhecimento sobre a matéria e a profunda crise financeira que o país atravessa será invocada para justificar uma crescente decadência do desporto olímpico."



Um 'comentado relatório de auditoria' da IGF vem demonstrar que existe conhecimento e que a crise financeira já começou 'lá para trás' ao exigir que determinado praticante devolva uns largos milhares de euros de subsídios, que já terá gasto, e que 'alguns membros do desporto olímpico' não possam/pudessem (desde 2005) receber/recebido indemnizações de algumas centenas de milhar de euros, que já terão gasto, por, alegada, incompatibilidade estatutária...

Some-se a isto a devolução de quase meio milhão de amoedação de Atenas e estão poupados quase...

E se o movimento olimpico tiver de suportar duplamente estas verbas...

Anónimo disse...

Espero (e acredito) que se engane.

Luís Leite disse...

Anónimo das 00:22

Eu tenho enorme respeito e consideração pelos desportistas que se qualificaram e ainda vão qualificar e pelos seus treinadores, mas olho à volta e...

Isto para não falar das modalidades coletivas e da sua incapacidade sistemática em conseguir a qualificação.

Portugal, infelizmente, é desportivamente irrelevante, destacando-se apenas algumas proezas isoladas em modalidades individuais, fruto de muito talento, dedicação e profissionalismo.
Que pouco têm a ver com um sistema desportivo medíocre, amador, incapaz.

Por cá o que interessa é contratar reforços futebolísticos, maioritariamente sul-americanos.
Negociatas.
E culpabilizar os árbitros pelos insucessos.

Globalmente somos um povo sem educação. E sem futuro.

Anónimo disse...

Rumo ao fundo seria um título mais adequado, infelizmente.
Vivemos num mar de rosas e laranjinhas, temos Comandante e Mestre, só falta o som dos violinos..... O silencio dos passageiros ..... Inexplicável!

Luís Leite disse...

Medalhas olímpicas em Jogos de Verão conquistadas por países europeus com uma população semelhante à nossa:

Hungria: 459;
Suécia: 475;
Bielorrússia: 64 (4 participações);
Rep. Checa: 33 (4 participações);
Bélgica: 139;
Suiça: 181;
Grécia: 108;
Áustria: 86;
Azerbeijão: 16 (4 participações).

Com aproximadamente metade da nossa população:

Finlândia 299;
Dinamarca: 170;
Noruega: 144;
Eslováquia: 20 (4 participações).
Irlanda: 23.

Anónimo disse...

são precisos novos dirigentes para mudar a situação actual!
Dr. Luís Leite: este ano vão-se realizar eleições na Federação Portuguesa de Atletismo.
Você é candidato?!?!?!
Quem fala tanto como você, certamente poderá dar um grande contributo à sua modalidade...

Luís Leite disse...

A situação atual do desporto português é fruto da falta de interesse da população pelo desporto em geral.

Em Portugal o que existe é clubite futebolística.

Estivemos sempre muitíssimo atrasados em relação ao resto da Europa, desde o princípio do séc. XIX.

A Espanha, por exemplo, tinha um nível de desenvolvimento desportivo semelhante ao nosso até ao fim da ditadura franquista.
de meados da década de 70 para cá o desporto foi desenvolvido de forma espantosa, a ponto de a Espanha estar entre as 10 maiores potências mundiais.

Portugal não revelou interesse pelo desenvolvimento desportivo, prevalecendo sistematicamente a demagogia, o desinteresse, o desconhecimento, a carolice, o amadorismo.
Tudo sufocado pelo Futebol.

Não será durante a maior crise financeira de que há memória que este país irá mudar de atitude face ao desporto.

O desporto português precisa de uma completa restruturação e esse processo (nunca com esta gente), demoraria pelo menos duas décadas.

Mas ninguém quer, porque a cultura instalada e as mentalidades não o permitem.

Anónimo disse...

Falar, lá isso fala...
Mas fará?

Anónimo disse...

Sr. Professor Luís Leite, não lhe fica bem falar tanto e dizer tão pouco, especialmente quando não responde às questões que lhe são colocadas!

Afinal é ou não é candidato à Federação Portuguesa de Atletismo?

Anónimo disse...

Vá lá, força nisso. Seja lá candidato. Se eu votasse o LL contaria com a minha cruzinha no papelinho. O que o desporto português precisa é de gente arejada, com ideias e fibra para inovar e que consiga por estes políticos em sentido. Vá em frente. Tem nível para dar a volta ao "sistema".

Anónimo disse...

A culpa é da abertura do CAR jamor...

Anónimo disse...

Estou impressionado!!!
O professor Luís Leite é quase sempre dos primeiros a falar e o último a calar-se e após tantos pedidos, não responde se é ou não candidato à Federação de Atletismo?

Vamos lá Sr. professor, assuma a sua candidatura! Eu cá acho que faz falta...

Anónimo disse...

Se for para a Federação Portuguesa dos Anti (seja o que for).

Anónimo disse...

Parece que o professor se calou....
Será que é de vez??? Ou será porque ainda ser cedo para para assumir candidaturas??!!!