quarta-feira, 27 de junho de 2012

O melhor do mundo

Numa modalidade desportiva individual é fácil saber quem é o melhor do mundo. São os resultados individuais alcançados. Numa modalidade coletiva quais são os critérios para essa definição? Como se define o melhor jogador de basquetebol? E o melhor voleibolista? E o melhor futebolista? Essa a razão que explica que na generalidade dos desportos coletivos o melhor do mundo, ou de uma determinada competição, seja decidido por meios eletivos que envolvem subjetividades, juízos e apreciações individuais. Só que aplicar critérios de valoração individual em modalidades coletivas e absolutizar o resultado é uma tarefa muito complexa.
Num campeonato de futebol é possível distinguir o melhor marcador e o guarda-redes menos batido. E fazê-lo assente em dados objetivos. Mas o melhor avançado ou o melhor guarda-redes só o pode ser por critérios subjetivos a menos que se desagregue o que é coletivo em ações individuais e se monitorize cada uma dessas variáveis que, mesmo assim, serão sempre determinadas pela dinâmica do coletivo. Se o problema já é de difícil solução numa mesma modalidade coletiva o que dizer quando se afirma qualquer coisa como o melhor desportista de todos os tempos?
O desporto acolhe vários desportos. E as suas lógicas internas são muito distintas. Atingir com precisão um alvo, como no tiro, é bem diferente de uma ação motora cuja avaliação obedece a um critério técnico-estético, como na ginástica. Nadar em águas abertas é bem diferente que fazê-lo numa piscina. O desempenho motor numa modalidade com oponente é diferente de uma modalidade sem essa interação. E naquelas em que há oponência é distinto haver ou não contato físico. Em algumas modalidades o ambiente físico é estável, em outras é incerto. No desporto, existem elementos comuns –o ato competitivo - mas é distinto o modo com ele se estrutura no plano do desempenho corporal.
Mapear e perceber as especificidades de cada uma das modalidades e as características do apuramento de resultados ajuda-nos a perceber como certo tipo de comparações obedecem a critérios arbitrários e de fraca sustentação com a respetiva lógica interna. E que também nesta matéria um certo tipo de normalização ou pensamento único é enganador.
O ato motor que sustenta o desempenho em situação competitiva é multiforme e complexo. A tentativa de padronização do comportamento motor e a sua hierarquização só é possível no quadro de uma simplificação da complexidade. O que sendo possível em modalidades desportivas individuais em que a ação motora é registada em tempo, distância ou peso já o não é para outras em que a avaliação é distinta. E nas modalidades coletivas essa simplificação é sempre uma ação redutora.
Na febre de quantificação e comparação a estatística (e os rankings) funciona como uma espécie de bengala. Mas pode ser uma ilusão. Porque a estatística é uma presa fácil da má ciência. Serve às mil maravilhas a comunicação mediática. Mas é sempre uma leitura (e não a única leitura) do comportamento desportivo. Não se trata de negar a sua importância como elemento de interpretação do comportamento motor individual/coletivo mas de perceber que não é linear a sua extrapolação para a compreensão da globalidade do desempenho em situação competitiva. E menos ainda para uma classificação de valia ou mérito desportivo em sentido absoluto.
Razão pela qual quando se diz que este ou aquele praticante desportivo de uma modalidade coletiva é o melhor do mundo se deva ter em conta o valor da afirmação. Porque não compete sozinho,carece da cooperação da equipa e o que alcança como performance é em parte determinado pela dinâmica da equipa a que pertence. Numa equipa de fraco desempenho o resultado seria bem diferente!

15 comentários:

Luís Leite disse...

Obviamente que num país totalmente mergulhado numa única modalidade, onde prevalecem culturalmente o populismo e a ignorância, são explorados até à exaustão pelos políticos e pelos profissionais da comunicação os epítetos e toda a lógica explorativa que satisfaz interesses alienantes e comerciais.
A este estado catatónico, designado vulgarmente por "paixão", associa-se facilmente uma população ávida de algo que, mesmo sendo inverdade ilusória, preencha o pobre imaginário de umas gentes sem esperança.

Anónimo disse...

Uma crónica que devia ser lida e entendida e discutida por todos os que têm a "mania" e acesso aos meios da comunicação Social e entenderem quanta ignorância por ai anda mas que vende jornais , mas não mais do que isso! com a tentativa de de se dizer "O melhor do Mundo em Futebol, andebol etc... é....."
O conteúdo desta cronica do JMC é elucidativo... e esclarecedora.
Ainda há pessoas com rasgo e inteligência para nos pôr a pensar....
AC
Obrigado pelo seu contributo

Anónimo disse...

A Vida tem destas coisas. Por isso é tão interessante e complexa.
Quem diria!? Refiro-me a este volte-face de JMConstantino, agora, não apenas «especialista em motricidade e higienismo», mas, pasme-se, rendido a essas famigeradas «ideo-logias». Não sei quem disse que na Vida tudo é possível, mas volte-faces destes, mesmo expectáveis, são sempre motivo para um saudável e amistoso sorriso. Quem diria… O Amigo Tenrreiro é que não lhe vai perdoar o descrédito, mesmo com pitadas de prudência, à maledicência das Estatísticas.

Funcionário do Estado

Fernando Tenreiro disse...

Caro autor e comentaristas,

Ao realizar a minha tese de doutoramento deparei-me com a afirmação da parte dos economistas dos desportos profissionais, de que o desporto era competição.

Simultaneamente outros economistas chamavam a atenção, e este é um aspecto que fundamenta as imensas estatísticas do desporto americano e agora se estão a desenvolver economicamente na Europa, que a actividade de competição são cadinhos experimentais onde é possível encontrar informação abundante e correcta, testar fórmulas de estratégia e de táctica, assim como, o comportamento dos agentes e as teorias económicas que os fundamentam.

Porém, considerando a recreação verifica-se que a competição é menos relevante e que a actividade física, ou o exercício noutras acepções, é a essência da actividade do desporto.

A questão que se me colocou foi como articula a actividade física e a competição.

A solução para o problema encontrei-a em Akerlof que definiu os mercados falhados, dizendo que era a competição do mercado que permitia validar a qualidade do produto vendido. Nos mercados falhados acontece que a competição e as regras dessa competição não tinham a qualidade dos bons mercados.

A imagem a que recorro com frequência é que se eu e o autor e os comentaristas quisermos saber quem tem a melhor qualidade física pelas actividades que fazemos, competimos entre nós.

O Ronaldo e o Messi são maiores porque a competição que se abriu entre eles os obriga a competir para suplantar o adversário.

Quanto às estatísticas individuais e colectivas tudo depende da qualidade da definição do que se pretende medir e do uso que deles fazemos.

Como em tudo há bons e maus aproveitamentos das relações e dos produtos mas estou em crer que as estatísticas bem usadas são o sal e o conteúdo que permite produzir o melhor desporto em todo o mundo.

Quanto ao melhor de todos os tempos estaremos numa dimensão intangível e intemporal muito do agrado das discussões abertas e da comunicação social e sem consequências de maior para o produto desportivo, quer dos vivos quer de todos os outros.

A matéria é do meu interesse porque depois da tese vão surgindo afirmações que me permitem ir aferindo os resultados a que cheguei e de que aqui deixo o testemunho.

Atentamente,

Anónimo disse...

Há comentários um bocado patetas com o do folha A4 vulgo funcionário do Estado....pirou de vez!

Anónimo disse...

O problema das «Estatísticas» é mais interessante do que parece. Este volte-face de JMConstantino mostra, em relação ao comentário de FTenrreiro, que JMConstantino não conseguiu descolar da Fenomenologia e das Humanidades. Para os não-especialistas explico com mais esta folhita A4: quer isto dizer que a relação do fenómeno/facto com a causa (explicação) baseia-se meramente na opinião do emissor-de-opinião (JMConstantino) podendo variar sem que tudo o que diz perca validade, ou seja, o critério da prova não está fora da opinião/afirmação do emissor-de-opinião; é o campo da mera «retórica» onde basta a coerência argumentativa; é o campo da subjetividade e das conjunturas introspetivas. É por isso que, com o tempo, JMConstantino continua a andar aos círculos sobre si mesmo sem conseguir subir de grau académico (concretamente, de acordo com os critérios da Classificação das Áreas do Conhecimento “FOS 2007/OCDE internacionalmente aceites). Pelo contrário, FTenrreiro superou esse nível e passou para o nível científico das «ciências sociais» (isto é, procurou a prova e validação do conhecimento na descoberta, identificação, e caracterização de regularidades ou analogias demonstráveis empiricamente independentemente da opinião do observador/investigador). Utilizando o exemplo de FTenrreiro, percebe-se que estes dois paradigmas ao competirem estão destinados a alcançarem «resultados» qualitativamente diferentes (um anda às voltas sobre si mesmo; o outro consegue supera-se e saltar de nível). Por isso, com o tempo, quem aposta nas «Estatísticas» há-de evoluir, e ter inevitavelmente vantagem. Ainda há um nível superior a esses dois, que é os que buscam o conhecimento baseando-se na descrição física ou matemática de uma homologia entre a natureza do ser humano e a natureza do fenómeno observado, válida para o mesmo tipo de fenómenos dentro do mesmo tipo de contextos (é o caso das ciências ditas exatas ou naturais).
Se não fossem estas folhitas A4 muitos ficavam só no nível do Google e da Wikipédia, e, para a missão de um Funcionário do Estado, há sempre que contribuir para fazer subir de nível a Nação.

Funcionário do Estado

Luís Leite disse...

Desporto é competição.
Depois de toda a argumentação que tenho lançado aqui ainda há dúvidas?

Inacreditável a afirmação de F.T. de que "considerando a recreação verifica-se que a competição é menos relevante e que a actividade física, ou o exercício noutras acepções, é a essência da actividade do desporto".

Onde está a argumentação favorável a tão incrível disparate?
Nada...
Não há recreação desportiva sem competição.
É da natureza humana.

Quanto à atividade física, ninguém até hoje foi capaz de explicar o que é.
Será o "mexa-se"?
O que é o "mexa-se"?

A argumentação de muitos Doutorados, habitualmente limita-se à citação pura e simples de determinados autores recomendados pelos seus orientadores, que têm ideias fixas à partida.
Uma espécie de procura de ajuda de autores estrangeiros para justificar o injustificável, mas politicamente correto.

Fartei-me de citações e de modelos teóricos utópicos ou sem sentido.
Por mim, prefiro a independência analítica, baseada na experiência da vida e no bom senso.
Quanto aos académicos, há-os de todas as cores e formatos.

Também não percebo o que é que estes últimos comentários têm a ver com o texto inteligente (e livre e independente) de um pensador incontornável e certamente dos mais coerentes e inteligentes do Desporto em Portugal, que me habituei a respeitar.

Fernando Tenreiro disse...

De facto, há coisas que se mantêm iguais a si mesmas, incrementando na ofensa pessoal variada e na intransigência de dialogar.

Um problema para qualquer organização pública ou privada e para o país e o desporto quando estão de pedra e cal nas secretarias de Estado ao longo de décadas.

Anónimo disse...

A incompreensão que L.Leite mostra relativamente à «competição» é comum (sem ofensa). É essa incompreensão que está na base de diferenças de opinião, que, não têm razão se ser. Apenas peço para se darem à possibilidade de pensarem que não há apenas um «tipo» («espécie») de competição. Que há várias espécies de competição, e que a que corresponde ao Desporto é apenas uma das do espectro «antropológico». Foi isso que foi inovador em 776 a.C. relativamente aos outros tipos de competição que existiam. Foi essa invenção cultural, de um novo tipo de competição, que marcou a génese daquilo que, depois, se viria a chamar «desporto». Se fizerem essa distinção entre «tipos de competição» a discussão ganha outra clareza, e deixa de ficar presa ás questões absolutamente laterais e secundárias da «recreação», «atividade física», etc.

FdoE

Luís Leite disse...

Concordo, por uma vez, com o (tal) homem da Função Pública.
A competição é uma característica humana e está presente em todas as áreas de atividade.
Menos em certas "caminhadas" politicamente corretas, em que não existe sequer qualquer motivação de auto-superação.
Mas de uma forma geral, o dia-a-dia das pessoas é feito de competição (a diferentes níveis), embora algumas pouco se preocupem com isso.
Mas no Desporto, mesmo no informal ou de recreação, há sempre competição.
Senão houver, não é Desporto.

Fernando Tenreiro disse...

O Guiness também é uma competição e o circo outra, assim como, quando estamos a correr sozinhos competimos contra algo, nós próprios ou o relógio.

A questão da normalização das actividades e das competições implica uma aceitação de regras vasta por um conjunto largo de indivíduos dispostos a praticar esse tipo de actividade/competição e também dispostos a observar outros a praticá-la.

A normalização e a estrutura de regras são instrumentos fundamentais quando a produção e o consumo se estende a milhões de indivíduos, organizações e instituições à volta do mundo.

Há ainda um factor relevante que é o direito de propriedade que é atribuído a apenas uma instituição. O direito de propriedade é reconhecido nacional e internacionalmente e caso ele não existisse seria impossível o maior nível técnico e tecnológico alcançado pelas federações.

É o direito de propriedade privado que assegura o desenvolvimento tecnológico de Ronaldo e Messi, Barcelona e Real Madrid, e das selecções mais vencedoras em geral. Havendo mais de uma federação de futebol o produto desportivo e o económico são mais baixos, como por exemplo acontece com as artes marciais orientais.

Estamos a falar no seio de uma determinada federação à especialização que cria os mísseis à Ronaldo e as fintas à Messi que não servem para absolutamente mais nada que não seja a perspectiva de resultar aleatória dos jogos em que participem.

Foi desta forma, FdoE, que desenvolvi a relação entre a competição desportiva e a sua utilidade económica para a estrutura de produção das federações desportivas.

Como acima sugiro a recreação e a actividade física são fundamentais para a competição. Quanto maior é a massa dos aprendizes da actividade desportiva que se ficam pelo recreio e pelo lazer, maior é o consumo directo e indirecto, presencial ou tecnológico, da competição profissional.

Se do ponto de vista da competição em si, a recreação e a actividade física são laterais, elas são fundamentais para a percepção óptima da competição e dos seus protagonismos, os quais dependem do respectivo consumo por consumidores conhecedores e exigentes quanto à qualidade e técnica do produto competitivo oferecido.

A essência da minha tese é a afirmação de que a pirâmide de uma determinada actividade desportiva tem três níveis de produção interligados: o informal e o formal, dividindo-se este último em recreação e alto rendimento.

Anónimo disse...

F.Tenreiro na minha opinião passou ao lado da questão da Competição tal como L. Leite a colocou. Quando FTenreiro fala de “Atividade Física”, “Informal”, “Formal”, e outros conceitos semelhantes, é necessário chamar a atenção para que a sua validade, enquanto conhecimento e saber partilhado por uma Coletividade, surge apenas se lhes forem associados os referenciais fisiológicos e biológicos. Doutro modo cairemos na fenomenologia e nas humanidades (história, filosofia, arte, literatura, etc.), como JMConstantino, e outros «filósofos do desporto». O espaço aqui é curto, mas, para se aferir o que afirmei, considere-se a sequência de referenciais que indico adiante:

Em 1978 Hay define a Biomecânica Humana utilizada no Desporto do seguinte modo:  “A ciência que examina as forças que atuam sobre e no interior de uma estrutura biológica e os efeitos produzidos por essas forças” (Hay, J. G., 1978, “The Biomechanics of Sport Tecniques”, Prentice Hall Inc., Englewwod Cliffs, 1978, p.3).

Sete anos mais tarde, em 1985, Caspersen coloca a questão do seguinte modo:  “Actividade Física, é qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulte num gasto energético relativamente à taxa metabólica de repouso”. [Joana Mil-Homens in “Recolha de Informação sobre os Níveis de Actividade Física”, Conferência Internacional “Os Novos Desafios da Informação Desportiva / The New Challenges for Sports Information”, Lisboa, 14-16 Abril, 2004].

Cinco anos depois Bouchard, em 1990, discutiu a relação entre a actividade física, a aptidão física e a saúde do seguinte modo: - “Uma distinção que importa desde já considerar reporta-se à relação dinâmica que se estabelece entre três conceitos diferentes, provavelmente complementares: a saúde, a «fitness» ou aptidão física e a actividade física (trabalho e recreação). Efectivamente o estabelecimento de um modelo conceptual de sistematização precisa dos termos em causa, promovendo-lhe alguma unidade na sua complexa relação parece ser um procedimento justificado pela multitude de noções que emergem das percepções individuais. A aptidão física (physical fitness) exprime a capacidade funcional para a execução de uma determinada tarefa (Fox, 1991b). Nela parecem ser possíveis de distinguir duas dimensões essenciais (fig. 5), associadas à nossa capacidade motora: as habilidades motoras relacionadas com a aptidão (motor-related physical fitness) e as componentes da saúde relacionadas com a aptidão (health-related physical fitness) (Caspersen e col., 1985). Os aspectos das habilidades motoras relacionadas com a aptidão (a velocidade, a agilidade, a potência, a coordenação) exprimem o rendimento de determinadas habilidades numa variedade de padrões motores fundamentais, influenciados pelo desenvolvimento do sujeito (Malina, 1992), não estando, provavelmente, tão relacionados com a saúde como as outras componentes”. (Bouchard e col., 1990, p.71).

Quatro anos depois, em 1994, Nigg introduz a seguinte definição de Biomecânica Humana:  “A ciência que examina as forças internas e externas que actuam sobre o corpo humano, e os efeitos que elas produzem.”, [Nigg, B. M. 1994, “Definition of Biomechanics” in Nigg, B. M. E Herzog, W. (eds.), “Biomechanics of the Muscl-skeletal System”, Jonh Wiley & Sons, Chichester, 1994, p.2].

No mesmo ano de 1994 Vázquez & Gallardo afirmam:  “O ideal de aperfeiçoamento contínuo e de superação que animam o desporto, conduziram ao Desporto de Competição ou de Alto Rendimento, e daí ao desporto-espectáculo e profissional. O Desporto deixa de ser voluntário, convertendo-se num trabalho duro e muito disciplinado (...) tendo como intenção a busca do máximo rendimento.” [Vázquez, Manuel Hernández e Guerrero, Leonor Gallardo APUNTS, Revista de Education y Deportes, 1994 (37) pp.58-67]. Esta afirmação está mais próxima da perspetiva de «Competição» que L. Leite referiu.

FdoE

Luís Leite disse...

"Atividade física" é um conceito demasiado abrangente. Aplica-se a tudo o que está vivo. Ou melhor: a tudo o que não está morto.
Prefiro o conceito "aptidão física", apesar de continuar muito abrangente, para designar algo feito com um mínimo de qualidade.
A "aptidão física" no Desporto não é nunca apenas "habilidade motora" mas também ou somente "habilidade cerebral". Como o provam todas as modalidades em geral e o Xadrez e o Bridge, em particular.

Quanto ao "direito de propriedade" não existe nas Federações, sejam elas internacionais ou nacionais, relativamente á atividade desportiva. O que existe é um direito de exclusividade representativa.

Anónimo disse...

Nesta discussão é preciso ter coragem. Essa teve-a um Professor Catedrático de Desporto português, em Julho de 1998, quando afirmou:

“Tenho procurado uma razão científica para a existência do Desporto, quer na sua forma actual, quer em formas anteriores, e não a encontro. Nem vejo que o acto desportivo seja necessário à existência do Homem e da humanidade. Não brota, pois, da razão da necessidade, nem pode ser justificado por razões orgânicas ou biológicas.”
[BENTO, Jorge Olímpio, (1999), “Desporto e Humanismo, o campo possível”, in VI Congreso de Educación Física e Ciencias do Deporte dos Paises de Lingua Portuguesa”, “VII Congreso Galego de Educación Física”, Actas, edição de González Valeiro M., Areces Gayo A., Martín acero R. Y Salvador Alonso j. L., INEF Galicia, Espanha. ISBN 84-605- 9295-2, pág.121]

Com tantos donos-da-verdade, com tantos sapientes, com tantas certezas e dogmas, até apetece perguntar: E esta, hem?

FdoE

Luís Leite disse...

Que eu saiba, este é um espaço de debate livre, pelo que não há donos da verdade nem dogmas.

As razões para a existência do Desporto encontram-se no âmbito das Ciências Sociais e não das Ciências Exatas ou de natureza orgânica ou biológica.

O Desporto surgiu na Antiguidade Clássica, como forma de afirmação individual e/ou coletiva, alternativa à Guerra.
O que se prova com as chamadas tréguas olímpicas.

Ainda hoje, o Desporto continua a uma forma de afirmação individual e/ou coletiva, alternativa à Guerra.
Basta ver como quando há Guerra não há Desporto.
E quando há Desporto não há Guerra.