As coisas até podem vir a correr bem à seleção nacional de futebol. Oxalá que sim. Mas tem tudo para correr mal. Se isso acontecer vai cair o Carmo e a Trindade. Se não, tudo se esquece. Mais difícil é dizer o que tem ser dito qualquer que venha a ser o resultado. Para uns não será oportuno. Para outros até pode servir com fator adicional de motivação.
Manuel José foi quem primeiro chamou a atenção para o ambiente festivaleiro que rodeou a preparação da seleção nacional. Que deixou de ser apenas um processo de preparação desportivo para se transformar numa operação mediática e comercial. O que aconteceu este ano não é diferente do que ocorreu em situações anteriores. Sobretudo a partir do momento em que operação “estágio da seleção” passou ser a considerada como um negócio. E em que interesses comerciais e autárquicos disputam visibilidade através da seleção. No estágio para o mundial da Africa do Sul mundial, antes da partida, o percurso do hotel para um picnicão no parque integrou uma paragem numa estação de abastecimento de combustível para umas centenas de adeptos soprarem num instrumento inenarrável. Desta feita, o populismo autárquico, ávido de protagonismo mediático, foi ao ponto de em contrapartida aos dinheiros públicos que gastou, fazer os jogadores desfilarem de charrete na deslocação aos Paços do Concelho. É claro que tudo isto mexe com a seleção e exige dos jogadores presenças e disponibilidades que nada acrescentam à preparação desportiva. E os treinos transformaram-se num verdadeiro pagode com romarias de gente a ir ver os seus ídolos. E a comunicação social desdobrou-se em reportagens que, à escassez de matéria desportiva, envolvia o que os jogadores comiam, vestiam, onde e como se equipavam, onde dormiam e outras banalidades. E divulgavam a um país em crise as bombas em que os jogadores se deslocavam à mistura com penteados esquisitos, roupas extravagantes e tatuagens aberrantes. É esta rapaziada, com este ambiente de vedetismo, paga principescamente, que o mestre do leme do nosso desporto designa por novos conquistadores. Excelentes exemplos que se escolhem para o país! E excelente modo de comparar com aqueles que outrora, no meio de miséria e dificuldades de toda a ordem, abriram novos caminhos no mundo.
A preparação para uma competição de elevado nível requer concentração e focalização no objetivo desportivo. As obrigações sociais e institucionais devem ser reduzidas ao mínimo. Obriga a não ceder às lógicas comerciais e mediáticas que envolve uma qualquer participação desportiva do futebol. E exige algo que tem de ser ensinado, porque não nasce de geração espontânea: o sentido de honra e a noção de dever pátrio, o orgulho de servir Portugal que não pode confundir-se com o patrioteirismo saloio que nos querem impingir. E se o futuro da nação portuguesa nada tem a ver com os destinos de um seleção desportiva, do futebol ou de qualquer outra modalidade, o que se deseja é que os competidores portugueses possam ter sucesso. Não por qualquer carência de autoestima, que uma vitória no futebol suprisse, mas porque no desporto procura-se o sucesso e isso constrói-se com vitórias.
Os dirigentes do futebol, onde estão pessoas com profundo conhecimento e experiencia das exigências da preparação desportiva de um seleção nacional, devem retirar ensinamentos das situações vividas. E corrigir o que houver que alterar. E eu que gosto de futebol, mas não gosto do modo como o pensamento dominante quer que se goste do futebol, espero sempre que os jogadores joguem bom futebol e, se possível, que Portugal vença. Dispenso comentários, frases, ditos, reportagens especiais e outras pérolas com que amiúde nos brindam. Dos jogadores e de um sem número de especialistas que, nestes momentos, sempre surgem.
6 comentários:
Estou totalmente de acordo.
JMC só se esqueceu da importância dos brincos dos jogadores.
Nota-se um gigantesco desnível entre a capacidade financeira dos jogadores e o seu background cultural e educacional.
Isto nota-se na vida social e no campo de futebol.
Não são realmente um bom exemplo para os nossos jovens.
Estranha-se como é que um homem como Humberto Coelho que, como jogador e como homem soube sempre ter um desempenho exemplar, alinha com tudo isto e, embora de forma inteligente, se predispõe a defender o indefensável.
"Os novos conquistadores"...com os salários que ganham não t~em mais que a obrigação de ganharem tudo o que lhes apareça pela frente ! O futebol, como se viu e como se vai vendo quase diariamente é composto por "gente" que nada seria na vida, dado o seu baixíssimo Q.I. e outras qualidades inexistentes. O futebol aqui e hoje apenas troça da débil economia e demais ramos do Direito que norteiam ou nortearam em tempos este País. Os Novos Conquistadores deste País são, salvo douta opinião, todos aqueles que não têm emprego ou recebem "esmolas" no montante do ordenado mínimo ! Estes sim, "conquistam diariamente" o mundo para não morrerem à fome e doença ! Estes são miseravelmente os Novos Conquistadores do miserável país em que, outrora, portugal se tornou ! Para estes não interessa desporto algum porque não lhes dá comida e medicamentos ! Para estes devia de haver mais respeito numa política, numa economia e numa sociedade que mais parece um qualquer filme de "O Padrinho".
Disse José Manuel Constantino:
"A preparação para uma competição de elevado nível requer concentração e focalização no objetivo desportivo."
Será que os lideres da selecção estão de acordo com JMC? De certeza que estão. As questões a que ninguém saberá responder com rigor são as seguintes:qual é o grau ideal de concentração e de focalização (talvez sejam sinónimos)necessário na preparação para uma competição de elevado nível? deverá ser uma concentração permanente/contínua(se tal é possível)ou deve ser alternada com momentos de evasão em que deliberadamente se procura a "desconcentração"? Será que na opinião dos "treinadores/metedólogos" JMC e LL os jogadores deveriam estar enclausurados num "convento desportivo" longe de todos os ruídos, distracções entre as quais a internet, facebook, telemóveis, televisões, automóveis, etc, etc, etc?
Se vocês mandassem será que conseguiam regular tudo isto na dose desejável e adequada? Vejam bem, até o Humberto Coelho já não sabe nem decidir, nem liderar, nem defender o que o LL julga ser o defensável. E lá vem o LL outra vez com o background cultural e educacional dos jogadores mais o desnível com a sua capacidade financeira. E o outro anónimo a falar do QI baixissimo dos jogadores. O JMC e o LL podem ter backgrounds culturais e educacionais do tamanho do mundo e o anónimo pode ter um QI elevadissimo mas o que parece ignorarem por completo é que este "desporto futebol" faz parte de outra engrenagem que não aquela do desporto mais geral. Eu sei que não ignoram mas o que não resistem, nestas alturas,é à avaliação do fenómeno desportivo futebol com os mesmos olhos com que olham para o desporto geral. O futebol é uma actividade, outrora um desporto como outro qualquer,plenamente integrada naquilo que vulgarmente se chama "show business". As regras dessas actividades não são as mesmas que regem o desporto geral. Cá, e na Europa, é o futebol que representa o "showbiz" mas, por exemplo no EUA, que o LL parece tão bem conhecer,é o american football, é o basquetebol, é o baseball, é o boxe etc, etc. Se seguem essa realidade com alguma atenção podem verificar que o que se passa com a nossa selecção são apenas manifestações rurais do nosso paupérrimo "showbiz".
Se perdermos contra a Alemanha não será certamente por causa dos passeios de charrete, das recepções na autarquia, das grandes bombas/carros que os jogadores mostram ou dos banhos e massagens filmados pelas cadeias de TV. Passa-se o mesmo ou pior com as outra selecções. Estes jogadores estão mais do que habituados a estas solicitações. Se perderem com a Alemanha ou com qualquer outra selecção será porque jogam menos futebol. Ao contrário do que vocês pensam, eu penso, não sei se melhor ou pior,que tudo isto que alguém já chamou circo da selecção deve ser considerado com um instrumento de preparação. Preparação para o grande circo do Euro 2012 que hoje começa.
As obrigações sociais e institucionais devem ser reduzidas ao mínimo. Obriga a não ceder às lógicas comerciais e mediáticas que envolve uma qualquer participação desportiva do futebol. E exige algo que tem de ser ensinado, porque não nasce de geração espontânea: o sentido de honra e a noção de dever pátrio, o orgulho de servir Portugal que não pode confundir-se com o patrioteirismo saloio que nos querem impingir.
O anónimo das 16:28 confundiu-se.
Atribui-me o grau de "treinador/metedólogo" (julgo que queria escrever "metodólogo".
Mas não vejo em que é que aquilo que escrevi no meu comentário possa ter a a ver com esse tipo de funções.
Limitei-me a dar a minha opinião sobre o nível cultural médio dos nossos jogadores da Seleção de Futebol.
Que é muito baixo.
E fingem ser humildes, quando não são.
Isto não é uma acusação. Coitados.
É uma constatação.
Não vejo por que razão não se deve olhar para os futebolistas com os mesmos olhos com que se olha para todos os outros desportistas de elite.
Nem sei o que é isso de "engrenagem" quando se fala de Futebol.
Será a tendência que exibem de um modo geral as gentes ligadas ao Futebol à corrupção, à má-educação (palavrões constantes e cuspidelas para o chão permanentes dos jogadores) e à questão que fazem em se mostrar bimbos?
O que poderá dizer o Luis Leite dos "seus" lançadores de disco da melhor elite mundial quando estes cospem para a mão que pega no engenho. Nos jogadores de futebol é nojento e sinal de boçalidade num lançador de disco o cuspo na mão deve servir como lubrificante.
Se calhar temos é que concluir que os atletas de elite são todos uns energúmenos da pior espécie.
Nem todos os lançadores de disco de classe mundial cospem na mão antes de lançar.
Isso funciona mais como um tique nojento e reprovável, já que não resulta benefício óbvio dessa prática.
No Atletismo, esse tipo de más práticas existem, sem dúvida, mas não são generalizadas como no futebol, antes raras.
Há gente mal educada em todas as atividades.
O Desporto deve ser, independentemente do nível de desempenho atingido, uma escola de virtudes.
Os maus exemplos devem ser denunciados e combatidos, a começar logo na formação.
O que não acontece no Futebol, como é notório.
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