sábado, 27 de outubro de 2007

Profissionalizar a bola ou a arbitragem?


Confesso que fiquei um pouco confusa após a intervenção pública do Presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional aquando da celebração do 1.º ano do seu mandato.
Não sei bem se o seu grande objectivo é dar prossecução à profissionalização dos árbitros ou se efectivamente o que vai profissionalizar é a bola de jogo.

Não estando em causa o desempenho global da Direcção da LPFP neste seu primeiro ano de exercício, na verdade, no discurso mencionado nada se esclareceu, nada se acrescentou relativamente ao propósito tão anunciado na época transacta da profissionalização dos árbitros. Em contrapartida, Hermínio Loureiro afiançou que irá correr Seca e Meca para “profission
alizar a bola de jogo”. Eis as suas palavras: “Por isso vos revelo em primeira-mão que irei até onde for necessário para que a introdução do chip na bola, o controlo electrónico das linhas de baliza e outras inovações portadoras de uma maior garantia de defesa da verdade desportiva sejam introduzidas neste desporto.”

Ao ler as notícias do “jantar dos 10” (os dez melhores árbitros de futebol, a convite do jornal A Bola, fizeram uma “reunião de trabalho” na Ti Matilde, cfr. A Bola de 20.10.07) as confusões avolumaram-se. Então não é que os homens de negro até hoje não conhecem qualquer projecto para a sua profissionalização! E para meu espanto, não é que o que eles desejam é o estatuto de “profissionais em part-time”! Questiono: não é este já o seu estatuto - treino técnico, logística de transportes, utilização de ginásios privados, remunerações mensais superiores aos salários médios, em simultâneo com o exercício de profissões de alguma segurança?

3 comentários:

Teixeira Homem disse...

Olá Mª José

"E para meu espanto...eles desejam é o estatuto de “profissionais em part-time”! " - dizes tu.

Só por cortesia, minha amiga, podes ter ficado por aí.
De facto, acredito que seja senso mais ou menos comum pensar que essa "malta", que diz que ganha pouco, não quereria outra coisa que não fosse ser ... "profissional em part-time"

Espero é que na próxima "reunião de trabalho" esteja uma nova geração de árbitros porque, por mais rezas e bençãos que possa haver, estes já deram o que tinham a dar, já ninguém acredita neles. O que quer que se procure fazer para melhorar a imagem destes homens ... tem de ser com outros. Estes têm as mãos demasiado sujas.

Acredito até que o próprio Hermínio Loureiro estará também mais capaz de "profissionalizar a bola de jogo em part-time"...

Parabéns por esta iniciativa.

Maria José Carvalho disse...

Caríssimo Doutor TH,

Independentemente dos juízos críticos acerca destes ou daqueles árbitros, penso que é necessário, principalmente para quem levantou esta lebre, fundamentar e contextualizar estes estatutos. O que é que uns entendem por profissionais e outros por semi-profissionais, e obviamente como se fará a operacionalização de tais estatutos sob o ponto de vista laboral, social e fiscal. Caso contrário continuaremos com a política dos chavões e do disse que disse que não disse…

Nuno Parreira Castro disse...

Bom Dia,
Felizmente se começa a comentar com alguma seriedade estas matérias que tanto impacto têm na actividade futebolistica. Na verdade dá que pensar essas incongruências de discurso entre dirigentes e dirigidos. Se de uma empresa se tratasse, diria que ambos não estão alinhados. O que não é bom presságio!
Cumprimentos.
Nuno Castro.