Na sequência de tantas outras ineficazes criações de espécies orgânicas consultivas do membro do Governo responsável pela área do desporto, contamos agora com o moderno (e nada simplificado) Conselho Nacional do Desporto. No Público, em três sucessivos textos - 30/9, 7/10 e 14/10, de 2007 - tive a oportunidade de adiantar algo, muito crítico, sobre diversos aspectos do Conselho.
Hoje, refiro-me ao (dir-se-ia) incansável esforço do Secretário de Estado para, na composição do Conselho, conseguir obter uma importante - em número - célula do futebol. Em 33 membros do Conselho, quando reunido em plenário - haverá ainda que contar com o seu desdobramento em CESD e CSD ( parece que estamos a referirmo-nos aos diversos CSI (Miami, Nova Iorque, Las Vegas) -, contamos com 9 que se encontram - ou se encontravam até há pouco tempo - no futebol. E, se pode haver excepções, a regra é que só pensam, só falam e só sabem (?) de futebol.
Assim temos, por um lado, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, o presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, o presidente da organização mais representativa dos clubes desportivos que disputam competições de natureza não profissional e de âmbito nacional e o presidente da organização mais representativa de agentes de praticantes desportivos (os empresários desportivos).
Por outro lado, o Secretário de Estado, seguindo a "regra dos três grandes" nomeou de motu próprio, Cunha Leal (SLBenfica), Guilherme Aguiar (FCPorto) e Ernesto Ferreira da Silva (SCP).
No topo do bolo, em representação da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Fernando Seara.
Mais.
A eficácia do Secretário de Estado alcançou nível tal, que conseguiu reproduzir o programa de arbitragens e penalties duvidosos de futebol (e outras coisas de igual relevância para o desporto nacional como a existencial dúvida se foi "bola na mão" ou "mão na bola") que, no dia seguinte, passa na SIC notícias.
Fica-nos um mágoa e duas dúvidas.
É de lamentar - e só isto - que o jornalista David Borges não tenha sido nomeado secretário do Conselho ou de uma das suas partes [que segundo o diploma podem desenvolver-se, qual vírus mutante, sem limite aparente, de acordo com a vontade do governante (?)]
Por outro lado, bem vistas as coisas, em tempo de tamanha austeridade, será que algumas reuniões do Conselho ou das suas sequelas virão a ter lugar à segunda-feira, em momentos anteriores ao "dia seguinte"?
E quando começa o dia seguinte, uma reunião da direcção da Federação Portuguesa de Futebol, um painel de analistas do futebol e acaba a reunião do (s) Conselho (s)? Ou vice versa?
De nada servirá, para alterar esta situação, a futura apreciação parlamentar do diploma em causa, requerida por deputados do PCP.
E, se formos completamente honestos, também de nada servirá este Conselho, com esta composição e com este Governo (para já não falar dos anteriores).
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