A tabela de classificação de domínios científicos e tecnológicos adoptada pelo Eurostat classifica as ciências do desporto como um sub-domínio das ciências da saúde. Equivalente, entre outras à higiene do trabalho ou à saúde ocupacional. Nela não há lugar para as ciências da motricidade ou para as ciências da actividade física.
Este paradigma (epistemológico como lhe chamariam os cientistas) revela até que ponto, e apesar dos avanços ocorridos nas últimas décadas, o desporto e as ciências de suporte vivem ainda sobre uma clara colonização de uma perspectiva biologizante. E como as tentativas de definir áreas científicas alternativas não passaram disso mesmo : tentativas.
A emancipação científica das ciências do desporto, por um lado e a ambiguidade do estatuto científico a outras soluções, deveria obrigar à reflexão da comunidade académica e científica ligada às práticas do desporto. E à definição de uma estratégia que ultrapassasse corporativismos locais e/ou institucionais.
Aquilo a que se vem assistindo é, em parte, à aceitação daquele estado das coisas. Multiplicam-se, em alguns círculos, os projectos de claro pendor sanitário ligados ao sedentarismo e despreza-se, ou desvaloriza-se, a investigação ligada às práticas do desporto. Subsistem ,em alguns círculos, gregarismos científicos que se auto-reconhecem mas que não alargam o seu estatuto à restante comunidade científica. Hipotecam-se recursos públicos para suportar estas lógicas centradas em pequenos grupos de académicos que aproveitam interesses particulares localizados no aparelho de Estado central e local. E as instituições do ensino superior vivem sob os auspícios de uma espécie de “new labour” académico onde há muita “ciência”e pouca “universidade”.
A lógica de submeter o desporto e as ciências do desporto a uma perspectiva salutogénica não tem, bem o sabem todos quantos estudam o desporto, qualquer comprovação ou evidência científica. Torná-lo refém das ciências da saúde é um logro. Pensar que é dessa forma que ganha credibilidade junto da comunidade científica é alimentar equívocos e dificultar o reconhecimento do seu estatuto. Será sempre visto como um parceiro menor de uma coisa maior.
Esta tendência tem também repercussões na formação das diferentes profissões sendo crescente um abandono da promoção das práticas desportivas a favor de formas primárias de exercitação motora e de programas de mobilização física das populações.
As mutações ocorridas no mundo do desporto e o desenvolvimento da indústria do espectáculo desportivo acentuaram as dificuldades de afirmação dos argumentos sobre os quais se formou o desporto moderno. A saída para este problema não é o refúgio para o campo do “higienismo físico” È percebermos e que a evolução da motricidade do homem, a podemos ir buscar e fundamentar numa perspectiva antropológica, mas o aparecimento e desenvolvimento do desporto, só o podemos compreender no quadro de uma dimensão axiológica com uma envolvente histórica, económica, sociológica e cultural.O que pede outros contributos disciplinares.Como escreveu Marcel Mauss “ o corpo é e tem história. E o “corpo desportivo” não é redutível ao “corpo motriz”.
Este paradigma (epistemológico como lhe chamariam os cientistas) revela até que ponto, e apesar dos avanços ocorridos nas últimas décadas, o desporto e as ciências de suporte vivem ainda sobre uma clara colonização de uma perspectiva biologizante. E como as tentativas de definir áreas científicas alternativas não passaram disso mesmo : tentativas.
A emancipação científica das ciências do desporto, por um lado e a ambiguidade do estatuto científico a outras soluções, deveria obrigar à reflexão da comunidade académica e científica ligada às práticas do desporto. E à definição de uma estratégia que ultrapassasse corporativismos locais e/ou institucionais.
Aquilo a que se vem assistindo é, em parte, à aceitação daquele estado das coisas. Multiplicam-se, em alguns círculos, os projectos de claro pendor sanitário ligados ao sedentarismo e despreza-se, ou desvaloriza-se, a investigação ligada às práticas do desporto. Subsistem ,em alguns círculos, gregarismos científicos que se auto-reconhecem mas que não alargam o seu estatuto à restante comunidade científica. Hipotecam-se recursos públicos para suportar estas lógicas centradas em pequenos grupos de académicos que aproveitam interesses particulares localizados no aparelho de Estado central e local. E as instituições do ensino superior vivem sob os auspícios de uma espécie de “new labour” académico onde há muita “ciência”e pouca “universidade”.
A lógica de submeter o desporto e as ciências do desporto a uma perspectiva salutogénica não tem, bem o sabem todos quantos estudam o desporto, qualquer comprovação ou evidência científica. Torná-lo refém das ciências da saúde é um logro. Pensar que é dessa forma que ganha credibilidade junto da comunidade científica é alimentar equívocos e dificultar o reconhecimento do seu estatuto. Será sempre visto como um parceiro menor de uma coisa maior.
Esta tendência tem também repercussões na formação das diferentes profissões sendo crescente um abandono da promoção das práticas desportivas a favor de formas primárias de exercitação motora e de programas de mobilização física das populações.
As mutações ocorridas no mundo do desporto e o desenvolvimento da indústria do espectáculo desportivo acentuaram as dificuldades de afirmação dos argumentos sobre os quais se formou o desporto moderno. A saída para este problema não é o refúgio para o campo do “higienismo físico” È percebermos e que a evolução da motricidade do homem, a podemos ir buscar e fundamentar numa perspectiva antropológica, mas o aparecimento e desenvolvimento do desporto, só o podemos compreender no quadro de uma dimensão axiológica com uma envolvente histórica, económica, sociológica e cultural.O que pede outros contributos disciplinares.Como escreveu Marcel Mauss “ o corpo é e tem história. E o “corpo desportivo” não é redutível ao “corpo motriz”.
2 comentários:
Muito bem dito. Há quanto tempo, com outros colegas e amigos, venho dizendo o mesmo por outras palavras. Tantas vezes vi, no olhar de muitos «doutos», um sorriso de desdém. No Museu, enquanto projecto, lavrei uma trincheira contra esse «status quo» que aqui foi criticado. Trata-se, aqui, de escolher «uma concepção e um entendimento» que possam levar «a prática» por um caminho, ou por outro. Qual dos caminhos prestigia e desenvolve melhor o Desporto, os seus profissionais e o benefício da sociedade?
Pedro Manuel Cardoso
Ao Anónimo Pedro Cardoso
Poderia ao menos informar quando é que o Museu é inaugurado ?
Ou sobre o andamento das obras de adaptação (ou não haverá tempo para adaptações?) do Pavilhão Carlos Lopes?
As perguntas fundamentam-se nas apostas que se fazem neste país à velocidade do som, e depois se cumprem (quando se cumprem), como antigamente se dizia das obras de Santa Engrácia.
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