Não há nada encoberto que não venha a descobrir-se e nem há nada de escondido que não venha a saber-se.
In A Bíblia para Todos, Evangelho segundo Lucas, capitulo 19, versículos 2 e 3.
O modo como está a ser conduzida a reestruturação da administração pública desportiva venceram a minha resistência de voltar a este tema. Na altura escrevi o que considerei ser uma opção de extrema gravidade. E que a coisa não ia correr bem. Procurei que chegasse a quem o deveria saber o perfil de comportamento e de uso do exercício de funções públicas do então adjunto do secretário de estado do desporto e juventude, hoje vice-presidente do IPDJ, membro do conselho fiscal da RTP e presidente da comissão liquidatária da Movijovem. A explicação que me foi dada para tão estranha escolha é, por pudor, irrepetível no espaço público. Não está em causa qualquer motivação política e menos ainda partidária. Reservo-me a usar o direito que tem qualquer cidadão de censurar a entrega dos assuntos da governação do seu país a quem tem, como rota mestra de condução, o praticar o mal.
A vida ensina o cuidado que é preciso ter com aqueles que precisam de andar sempre com a pastoral da defesa dos dinheiros públicos. Dos que vestem a farda de polícias zelosos dos bons hábitos na fiscalização do comportamento dos outros. De quem, conhecendo, melhor que a generalidade, as leis e as normas as instrumentaliza em proveito próprio num espertismo que mais cedo ou mais tarde é descoberto. O certo é que os avisos feitos não tiveram quaisquer consequências que não fosse o alargamento do seu poder e dos seus seguidores que instalou na administração pública desportiva. Era (é) o verdadeiro poder no IDP e no IPDJ. Quem dá ordens. Quem defende orientações. Quem se senta no topo da mesa das reuniões. Quem põe e dispõe. Quem nomeia. Quem grita e gesticula. Quem semeia tempestades.
O genuíno prazer em praticar o mal, como é o caso, não é para estudo de psicanalistas ou terapeutas. Mas à atenção de quem governa. É que só o indiferentismo de uns tantos permite que isso ocorra. É um mistério que gente séria com anos de dedicação à causa pública pactue com este estado de coisas. Que sabem muito mais do que eu sei e aceitem a situação. Eu não sei se é verdade ou mentira o conteúdo do que por aí circula na net. Mas o que está em causa começa por ser o respeito pelos outros. E o princípio mais elementar da ética, que o governo elegeu como mote para a sua ação, é agir tendo em consideração as consequências desse seu agir nos outros.
È certo que vivemos numa situação de constrangimento das consciências. Em que denunciar práticas lesivas do Estado podem custar o lugar que se ocupa. Em que o oportunismo tem alto valor no mercado da vida. Mas na vida há situações que, por insustentáveis e lesivas do interesse da comunidade, requerem a respetiva denuncia com todos os riscos pessoais que isso possa envolver.
O percurso não engana. E não vou recensear factos e nomeações recentes. Cedo ou tarde as vítimas serão aqueles cuja confiança foi fundamental para se ter chegado onde chegou. No passado chamavam-se Laurentino Dias e Luís Sardinha para quem o trabalho sujo para com o José Manuel Constantino (e por tabela para Hermínio Loureiro) ficou por sua conta e risco. Hoje as vítimas dão pelo nome de Augusto Baganha e os quadros e funcionários do IDP. Mas chegará o dia de Miguel Relvas e de Alexandre Mestre. A menos que, se ainda forem a tempo, corrijam o que tem de ser corrigido. De todo o modo, com perdas escusadas.
15 comentários:
Caro JMC, todos os "governos" vieram com a treta dos "Praces" e reformas da administração pública com vista a uma melhor qualificação dos funcionários e uma melhor racionalização do seu funcionamento. Qualquer acção de formação no INA "ensina" a qualquer funcionário e dirigente a importância dos "colaboradores" na organização. Qualquer moderna licenciatura, incluindo as dos governantes, conduz cada vez mais a uma teoria prática da necessidade e importância dos colaboradores e seu empenho na organização. Todas as Escolas Económicas e de Recursos Humanos, bem como todos os respectivos Gurus, alertam, faz séculos, para a importância dos "colaboradores" na organização. Neste país parece que as organizações, salvo algumas excepções, necessitam apenas de assessores e dirigentes. Tudo o resto é gado. Veja-se a novel "reforma da AP". Logo, enquanto os cargos dirigentes na AP forem políticos, estes mesmos só vislumbram pessoas nas épocas eleitorais. Após isso apenas vêm gado. No IDP e sucessor acontece o mesmo com todos os quadrantes pol´+iticos que por aqui passaram, mais ou menos agressivamente mais ou menos humanizante. Os funcionários já estão habituados. Mas se quer que lhe diga, também há por lá uns artistas que merecem "porrada" até sangrar.estou-me a lembrar de um jurista que levou a vida toda naquele organismo a "puxar lustro" e a lixar a vida e o juízo a uma data de funcionários a tal ponto de que quando lhe podem fugir é vê-los. Para alguns chegou a hora e não há que ter pena deles. Claro que o mexilhão apenas está sujeito a mudanças de clima, tipo Jamor quando te portas mal, mas em geral assiste a estas bricadeiras de putos com o sarcasmo do costume. Portanto toda a razão lhe assiste, não é novidade nenhuma a opção errada que se assiste, mas estão-se todos a marimbar para o assunto. Entretanto, o gado que lixa-se mais ou menos, Parece que desta vez se lixará mais com a "fundição" mas até aí vai haver sobrinhos e afilhados, sócios do clube e boys que, como de costume irão passar por cima de muitos que mais não fizeram que trabalhar a vida toda o melhor que puderam. Querem ser evoluídos? Então optem pelo sistema inglês onde só são escolhidos politicamente acima dos sec estado! Ser ser assim todas as "reformas" que por aí tem vindo e hão-de vir não passarão de meras diarreias mentais pra inglês ver.
Obrigado!
o que anda a fazer o homem mais meigo do mundo, o FF "as minhas princesas" será que no final das listas, é assim tão meiguinho.
Mais uma vez, com acerto e oportunidade JMC dá-nos, infelizmente, com este post, mais uma sua reflexão (preocupação?) sobre os sombrios sendeiros que se desenham para um dos pilares essenciais do sistema desportivo português que é a administração pública desportiva, ainda com a roupagem de IDP mas a travestir-se num denominado IPDJ, acrónimo que (a História o confirmará), bem pode ser o epitáfio do braço do Estado na administração do Desporto. Infelizmente, digo-o também, porque quando estes assuntos ressoam através das trombetas da “Colectividade”, é porque já há mais fogo do que fumo, e a coisa afinal se tornou grave o suficiente para ser ignorada. Com a sua experiência e conhecimento das idiossincrasias de uma instituição que liderou, JMC sabe-o bem. Qual Titanic, barca cujo comandante ignora o manual de pilotagem (que entretanto vai vendendo em planos de Ética e quejandos…), o IDP/IPDJ voga, em ambiente de baile de debutantes, rumo ao desastre total. A metáfora não é inocente, lembrando o currículo de naufrágios mais ou menos dramáticos associados à existência desta Barca do Inferno que já se chamou, DGD, INDESP, IND e IDP. Só que, desta vez não haverá sobreviventes, excepto o Imediato, que será preso e (bem) condenado. Da praia de Algés e dos terraços da Teixeira Gomes, os armadores da nau, (que talvez se safem das grilhetas), serão acompanhados (pelos agentes desportivos) aos calabouços da História do Desporto em Portugal, com direito a retrato no Álbum dos Malditos. Visão catastrofista, dirão uns, mas suspeito que não estará longe do projecto – dissimulado, claro -, de “queima de arquivos” desejado e alimentado por uns tantos “arrivistes” que assessoram os novos Illuminati a quem foi entregue a gestão pública do desporto português. Fim aos Dinossáurios! Chegou a Era dos que (só) Mamam!!
JF
O que o Dr. Constantino aponta neste post, reflecte os preocupantes zumbidos que ecoam dos lados da Infante Santo, e que têm soado também através de comentários recentes neste blogue – que também tem funcionado como caixa de reclamações dos “amordaçados” pelo sistema -, e que reforçam o que boa parte de nós, os que por lá passaram ou que ainda lá mantêm contactos familiares ou natureza profissional, nos temos vindo a aperceber, … sem o entender! Mas, pelo visto, o Poder também continua a não entender nada, quando, em contexto de grave crise económica e social, e apertado por limitações impostas por uma troika com a visão de um prestamista, outra prudência e discernimento nas opções e escolhas, tornariam menos dolorosos os sacrifícios e poderiam atenuar os efeitos desmobilizadores que a situação do país exige especialmente aos funcionários públicos. E no caso dos que têm servido a Administração Pública do Desporto, o fardo tem sido pesado, demasiado pesado, como se de penitência se tratasse pelos desvarios, ziguezagues e malfeitorias que muitos do mais de 30 directores e subdirectores-gerais que por ali passaram desde 25 de Abril de 74. E poucos terão sido os que, como JMC, reconheceram ou reconhecem a importância e o papel-chave que cabe a estes anónimos abnegados do serviço público do Desporto. Às muitas dezenas ou mesmo centenas de abnegados técnicos, administrativos e auxiliares, se deve muito do que foi reconhecido pelos diversos agentes desportivos e instituições públicas e privadas que com o desporto se relacionam, e também pelo público, como “bem feito”, de grande utilidade e benefício para o desenvolvimento e divulgação das causas do desporto no país, contribuindo também para alguns fugazes períodos em que brilhou a boa imagem da instituição. Claro que “esta gente” não aparece nas fotografias nem é citada nos currículos dos que por lá passaram. Aliás, se fosse avaliado pelos personagens fotografados e que preenchem as páginas do site institucional do IDP, poderia concluir-se não haver necessidade de fusão e redução de funcionários, pois “aquilo” funciona só com três ou quatro maduros (esforçados e de alta produtividade, já se vê…), e mais uns tantos figurantes habituais como o eterno comandante, o inefável gerente da confederação e, mais recentemente, com a participação especial da banda escocesa Simple Minds!
Na saga da extinção/fusão do IDP/IPJ, a renovação interna dos personagens da tragédia que se anuncia para o desporto, também já começou, ao que consta, com o “subtil” despedimento de um vice-presidente que se terá esquecido dos “princípios” canibalísticos que ele próprio terá assimilado nas universidades onde se cultivou o novel poder agora instalado. “Quem com ferro mata… “, poderá vir a ser a divisa desta tropa que cuidou, inclusivamente, de recrutar um Mefistófeles encartado e já com vários óscares pela sua prestação no processo de extinção da Direcção-Geral de Viação, que será o obreiro da pacífica transição do IDP e IPJ para o IPDJ, apregoada pelo secretário Alexandre Mestre ao “Record”, garantindo "que se vai tentar acautelar todas as situações". A aguardada ( e muito secreta, tipo SIS…) lista do pessoal que será devidamente acautelada em direcção à Mobilidade, contemplará, ao que consta, critérios que porão – definitivamente – a claro, os meandros, as teias de interesses e os “superiores” objectivos que guiam o bando que assaltou o Desporto, fazendo pelo caminho reféns entre alguns bem intencionados mas ingénuos, como Augusto Baganha, que, de resto, imagina-se que não imagina que o Céu já lhe caiu em cima. Claro que a grande orquestra será regida sob a batuta dessa figura de proa, pretenso Maquiavel – já em 2ª versão no IDP – para quem todos os meios (aqui “meios” é sofisma…) são legítimos para alimentar a enorme ambição de poder (e de benefícios materiais, já agora e “comme d’habitude”…), que são a “sua causa”, pois que, do Desporto, da sua História, das suas várias realidades e necessidades, percebe tanto como o Eusébio (desculpa, pá) percebe de Epistemologia da Física Quântica..! E é com este cenário e estes maestros que se prefigura o grande finale que se reserva para a Administração Pública do Desporto! A procissão já vai no adro, e com todos os sinais que nos chegam, a realidade é capaz de ser mais negra que as nuvens que hoje chegaram aos céus do país. Oxalá só chovesse. Não era mau!
Joel
Adivinha-se, para já, que nos Jogos Olímpicos de Verão do Rio de Janeiro 2016, Portugal irá apresentar uma digna, brilhante e ética comitiva, sob a batuta, "comme d'habitude" de um inefável Comandante, com cerca de 30/50 pessoas, das quais só uma irá competir, tentando fugir ao último lugar.
Aliás, o que costuma acontecer nos Jogos de Inverno, com menos acompanhantes.
No estado em que o país está e com estas instâncias de poder na área do Desporto, nada mais é de esperar.
ovos e galinhas deitados ao lixo, a dona da quinta foi substituída.
Um despedimento demasiadamente tardio. Estava protegida pelo Dono do IPDJ. Os estragos da "senhora gemadas" foram gigantescos, maiores que claras em castelo... e perdurarão durante muito tempo.
No passado dia 27 de Fevereiro de 2012 realizou-se, no auditório do Teatro Camões, a apresentação pública de uma "coisa" denominada PNED - Plano Nacional de Ética no Desporto.
A cerimónia foi longa, desinteressante, sem rasgo e sem brio, bacoca e, sobretudo, de uma insuportável chateza.
O relato da mesma, acompanhado de fotos dos circunstantes, é consultável em http://www.pned.pt/not%C3%ADcias/lan%C3%A7amento-pned.aspx. E, numa dessas fotos, lá está, ao lado do alegado presidente do IDP, Augusto Baganha, a inefável presidente do IPDJ, Lídia Praça, com o olhar a meia-haste, lutando denodadamente contra o sono...(façam já o download porque a fotografia vai ser retirada).
Segundo o relato oficial, a ordem dos discursos foi a seguinte:
1º - Alexandre Mestre;
2º - José Carlos Lima (coordenador do PNED);
3º - Paulo Marcolino (adjunto do secretário)
4º - Manuela Eanes (presidente do IAC)
5º - Nelson Évora
6º e último - Miguel Relvas.
O que tem isto de notável, perguntar-se-á?
É que Relvas reservou para si - e bem - o fecho da cerimónia. Mas ao secretário Picanço, que nunca mais se convence que é Secretário de Estado e não, como almejaria, secretário de ministro - foi reservado falar em primeiro lugar, em total violação do protocolo de Estado que estabelece que a ordem dos discursos deve seguir a ordem inversa das precedências. Se ao Ministro cabia falar em último lugar, por ser o mais graduado, das duas, uma: ou o secretário Picanço estava calado ou, não se podendo convencê-lo a tal, deveria falar imediatamente antes do Ministro. Nunca, por nunca, em primeiro lugar, o que protocolarmente cabe à entidade menos importante.
Mas o secretário Picanço, a quem falta mundo e conhecimento das gravatas e botões-de-punho, entre outras coisas, não sabe disto e aceitou fazer esta triste figura.
Para quem também já aceitou que o email do seu Gabinete pertencesse ao domínio do do Gabinete do Relvas (@maap.gov.pt), também está bem...
Quem se deve estar a rir de isto tudo, a bandeiras despregadas, é o "maroto" do Relvas!!!!
Sim, sou muito meigo, mas sou hetero. FF
Joel, actualize o seu google. Mefistofeles
Nem os membros do Governo sabem coisas tão básicas como o Protocolo de Estado!
A bandalheira e a incompetência começa na secretaria do ministro... e termina no próprio ministro.
Valha-nos Deus.
A quem entregaram este país!
Meus caros
Estão enganados a senhora das galinhas vai para a Secretaria de Estado.
Caladinha ...caladinha....mas nestes últimos meses "fez a ficha" de todos os colegos á "Minha Senhora" e ao "Pé de Gesso" eis a recompensa um lugar de telefonista em Algés.
Outrora estas personagens eram designados por "informadores".
E agora façam as malas rumem até à Segurança Social.
Mais uma vez JMC "mete o dedo na ferida","um tiro na mouche" ou acertou em cheio!!! Escolham a expressão que mais acerta.
Parece que na Secretaria de Estado do Desporto e da Juventude continuam a "fazer orelhas moucas" (hoje estou em dia de expressões populares) a todos os avisos e alertas que têm sido feitos...e pior, é que o perigo é duplo, além das pessoas de bem, o Desporto vai mais uma vez "sofrer" com a incompetência daqueles que nunca deram nada à causa desportiva.
Espero que, como diz o ditado, "Deus escreve direito por linhas tortas", que alguém neste processo abra os olhos atempadamente e "trave" os mal intencionados.
Muitos parabéns pelo post. Nunca desista de escrever sobre o DESPORTO, a sua opinião faz falta.
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