Artigo publicado hoje no Público.
1. O ministro Relvas e o secretário Mestre Picanço entenderam presentear o país com um Plano Nacional para a Ética no Desporto (PNED) para "durar quatro anos", numa operação de cosmética política e de hipocrisia ilimitada. A única coisa que se lamenta é o esforço dedicado daqueles que são colocados a prestar serviço às derivas do poder político.
2. Logo na pomposa cerimónia de apresentação do PNED, o ministro Relvas, "irritado" com as referências a insultos racistas no jogo FC Porto-Manchester City, foi peremptório: "Se há país que não recebe lições de ninguém em matéria de racismo ou xenofobia, é Portugal. Não podemos permitir insinuações de outros povos que não têm a frontalidade de assumir a aproximação cultural e a nossa tradição universalista." E acrescentou: "Portugal pede meças a todos os outros povos do mundo no que toca a fenómenos de violência e corrupção no desporto." Peremptória, perigosa e "criminosa" ignorância.
3. Prosseguindo. Aquele que quer ficar na história como uma espécie de Pierre de Coubertin português, o secretário Mestre Picanço, lá foi adiantando: "[O PNED] é um documento de todos nós, com vista ao fomento da cidadania e respeito, no que o desporto é paladino, sendo portador de valores humanísticos e sentido ético, além dos valores morais associados e que convergem para práticas multidisciplinares."
E, para concretizar este desígnio nacional, Mestre Coubertin tem uma Comissão de Honra e Embaixadores da Ética Desportiva. Tem até um Provedor da Ética no Desporto. E quem é esse provedor? Nem mais nem menos que um dos candidatos à presidência do Sporting nas últimas eleições. Adivinhem quem se encontrava na sua lista? Mestre Coubertin, pois claro.
4. Omnipresente, verdadeira musa de Mestre Coubertin, lá está o presidente do Comité Olímpico de Portugal e de tantas outras coisas. Entre essas, naturalmente, o Conselho para a Ética e Segurança no Desporto, secção do Conselho Nacional do Desporto. Ora, recentemente, com a chancela da Secretaria de Estado, Vicente Moura distribuiu, para análise, a algumas entidades, um "Modelo de Regulamento da Prevenção da Violência". Todo o texto é digno de ser lido. Agora, porém, pelo seu "elevado sentido ético", transcreva-se parte do seu artigo 3.º (Princípios) "As pessoas referidas no artigo anterior [todo o universo desportivo e para além dele] devem pautar a sua conduta, tanto na actividade desportiva, como na vida quotidiana, por um conjunto de princípios. E, de entre eles, o da neutralidade política e o do olimpismo." Como é que é, falsos arautos da ética? Na vida quotidiana?
5. Desejamos que a página do PNED nos dê conta da lista dos Embaixadores da Ética Desportiva. Não é difícil adivinhar, contudo, que lá encontraremos presidentes de federações desportivas e, seria uma injustiça de bradar aos céus, o chefe da Missão Olímpica Londres 2012, o presidente da Federação Portuguesa de Canoagem.
Portugal tem em Fernando Pimenta uma das afirmações de excelência desportiva internacional. O atleta há muito tempo que aguarda uma decisão de um recurso que apresentou junto do Conselho de Justiça dessa federação. Um destes dias, como manifesta forma de controlar, amordaçar e quebrar a personalidade e a dignidade do atleta, a poucos meses dos Jogos, Fernando Pimenta recebeu uma nota de culpa onde se invocam pretensas infracções disciplinares cometidas em 2009. 2009!
6. Cito Millôr Fernandes e com ele concordo em absoluto: precisamos de um código de falta de ética.
2. Logo na pomposa cerimónia de apresentação do PNED, o ministro Relvas, "irritado" com as referências a insultos racistas no jogo FC Porto-Manchester City, foi peremptório: "Se há país que não recebe lições de ninguém em matéria de racismo ou xenofobia, é Portugal. Não podemos permitir insinuações de outros povos que não têm a frontalidade de assumir a aproximação cultural e a nossa tradição universalista." E acrescentou: "Portugal pede meças a todos os outros povos do mundo no que toca a fenómenos de violência e corrupção no desporto." Peremptória, perigosa e "criminosa" ignorância.
3. Prosseguindo. Aquele que quer ficar na história como uma espécie de Pierre de Coubertin português, o secretário Mestre Picanço, lá foi adiantando: "[O PNED] é um documento de todos nós, com vista ao fomento da cidadania e respeito, no que o desporto é paladino, sendo portador de valores humanísticos e sentido ético, além dos valores morais associados e que convergem para práticas multidisciplinares."
E, para concretizar este desígnio nacional, Mestre Coubertin tem uma Comissão de Honra e Embaixadores da Ética Desportiva. Tem até um Provedor da Ética no Desporto. E quem é esse provedor? Nem mais nem menos que um dos candidatos à presidência do Sporting nas últimas eleições. Adivinhem quem se encontrava na sua lista? Mestre Coubertin, pois claro.
4. Omnipresente, verdadeira musa de Mestre Coubertin, lá está o presidente do Comité Olímpico de Portugal e de tantas outras coisas. Entre essas, naturalmente, o Conselho para a Ética e Segurança no Desporto, secção do Conselho Nacional do Desporto. Ora, recentemente, com a chancela da Secretaria de Estado, Vicente Moura distribuiu, para análise, a algumas entidades, um "Modelo de Regulamento da Prevenção da Violência". Todo o texto é digno de ser lido. Agora, porém, pelo seu "elevado sentido ético", transcreva-se parte do seu artigo 3.º (Princípios) "As pessoas referidas no artigo anterior [todo o universo desportivo e para além dele] devem pautar a sua conduta, tanto na actividade desportiva, como na vida quotidiana, por um conjunto de princípios. E, de entre eles, o da neutralidade política e o do olimpismo." Como é que é, falsos arautos da ética? Na vida quotidiana?
5. Desejamos que a página do PNED nos dê conta da lista dos Embaixadores da Ética Desportiva. Não é difícil adivinhar, contudo, que lá encontraremos presidentes de federações desportivas e, seria uma injustiça de bradar aos céus, o chefe da Missão Olímpica Londres 2012, o presidente da Federação Portuguesa de Canoagem.
Portugal tem em Fernando Pimenta uma das afirmações de excelência desportiva internacional. O atleta há muito tempo que aguarda uma decisão de um recurso que apresentou junto do Conselho de Justiça dessa federação. Um destes dias, como manifesta forma de controlar, amordaçar e quebrar a personalidade e a dignidade do atleta, a poucos meses dos Jogos, Fernando Pimenta recebeu uma nota de culpa onde se invocam pretensas infracções disciplinares cometidas em 2009. 2009!
6. Cito Millôr Fernandes e com ele concordo em absoluto: precisamos de um código de falta de ética.
5 comentários:
E já agora, precisamos de Desporto a sério!
O resto já temos e demais, a começar pela omnipresente demagogia.
Se há valores inerentes à prática desportiva, por que é preciso promovê-los?... Se são inerentes a essa prática, ainda há a necessidade de serem assimilados e vividos nela própria?... E para que serão necessários os Embaixadores da Ética Desportiva?... O PNED será financiado pelo IPDJ, "de acordo com as suas necessidades, sendo para tal fim criada, provida e cabimentada uma rúbrica específica que assegurará a sua execução." Ou seja, por todos nós...
Sérgio Abrantes Mendes foi designado Provedor da Ética no Desporto...
Carlos Resende (treinador do ABC de Braga), Sara Oliveira (nadadora do F. C. Porto), Carlos Oliveira «Boia» (veterano do Remo do Barreiro), Pedro Figueiredo (jogador de golfe) são alguns dos embaixadores não presidentes, parecendo que Vítor Baía também...
Por que não convidar André Villasboas?
Luis Santos (ex-Presidente da Federação Portuguesa de Andebol) também é embaixador.
Da Federação Portuguesa de Jetski são embaixadores António Curtinhal (em representação dos pilotos e treinadores) e Horácio Lopes (em representação dos dirigentes), tal como o seu Presidente, Paulo Rosa Gomes.
O Presidente da Associação de Empresas de Ginásios e Academias de Portugal, José Júlio Vale Castro, o Presidente da Federação Portuguesa de Corfebol, Mário Almeida, o Presidente da Federação Portuguesa de Dança Desportiva, Alberto Rodrigues, e o Presidente da FADU, Bruno Barracosa, assim como José Curado, Jorge Araújo e Mário Saldanha... também...
Com tantos embaixadores, o nosso desporto vai virar mesmo ético!
Valha-nos Deus!
Mais uma droga de artigo. Mal redigido e cheio de nada. Deixe este espaço para o Desporto e crie um para destilar os seus ódios e frustrações ....
Pode estar mal redigido e cheio de nada...
Mas que diz verdades, lá isso diz!
E falar disto não é falar de Desporto??? Se calhar não convém...
Nota: não tenho nenhuma procuração do Prof. JM Meirim.
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