Tenho andado a pensar que o Desporto não deve contar. Deve ser qualquer coisa assim como o Joker no jogo da sueca: existe, sem ele o baralho não está completo, tem sempre uns desenhos originais, obriga-nos a contar as cartas e a ir procurá-lo para o tirar mas… não conta.
É capaz de ser assim o Desporto para a sociedade, para os media, para os políticos, para os votos. Faz parte do “baralho”, mas não conta. E por isso não entra na lista de assuntos merecedores de atenção e indignação pública.
Só pode ser isto, e assim sendo estou mais sossegada. Finalmente encontro uma explicação plausível para que se assista sem qualquer reacção consequente ao que se está a observar na política desportiva nacional e na gestão do seu principal órgão executivo.
Afinal está tudo certo. Desde que o “Joker-Desporto” mantenha as suas cerimónias públicas de louvores aos atletas e selecções nos 7 dias após as conquistas de pódio, seja interveniente nas questões do futebol, arbitragem, doping e promova medidas avulsas de financiamento às federações, clubes e municípios, está tudo bem. O resto do “Desporto” afinal não conta.
Ahhh…. Hoje até vou correr melhor.
terça-feira, 30 de outubro de 2007
O desporto não “conta”
publicado por Carla Gil Ribeiro às 16:15 Labels: Política desportiva
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2 comentários:
É bem verdade e, digo-o agora, não andei longe de iniciar a minha participação neste espaço com essa mesma afirmação.
Para a sociedade portuguesa o desporto não conta. Poucos se indignam com os verdadeiros crimes de lesa desporto - para não irmos mais longe - que se vão praticando. Qualquer vitória - e mesmo estrondosa derrota ou sucessão de derrotas como no caso rugby - anestesia um povo infeliz, de um país infeliz.
Nós, por cá, só jogamos à sueca.
José Manuel Meirim
O Director da Bola, Vitor Serpa, diz que o povo português não merece os jogos olímpicos, a propósito da possibilidade de realização dos JO em Lisboa e da capacidade de entrega desportiva do bom povo português.
O reconhecimento das vitórias fugazes é a facilidade dos louros que uma máquina social e política bem oleada e facilitadora promove.
Não se discutem ideias, objectivos e formas consensuais de os alcançar.
O espanto é que sendo historicamente os resultados da alta competição portuguesa mediocres no contexto europeu, continuamos a não conseguir ter um posicionamento consensual e positivo face ao futuro.
No próximo dia 15 de Novembro o Panathlon Clube de Lisboa vai discutir o tema "Direito, Economia e Desenvolvimento Desportivo".
São prelectores os professores Jorge Crespo e José Manuel Meirim e eu também participo.
Vida longa ao vosso blogue,
Fernando Tenreiro
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