Existem federações desportivas cujas preocupações dominantes são as competições internacionais. E estruturam-se em função daquela matriz. A organização e o desenvolvimento interno das modalidades passam para segundo plano. Esta opção tem custos elevados na economia das modalidades. Os orçamentos federativos ficam excessivamente onerados. E num quadro de recursos limitados sacrifica-se o que deveria ser prioritário: os quadros competitivos nacionais e o apoio a todos quantos neles participam.
O retorno interno daquela opção é, na maioria dos casos, reduzido. Em muitas das modalidades a capacidade competitiva internacional mantém-se fraca e é a mesma há anos seguidos. Busca-se uma expressão competitiva que nunca chega. Procura-se uma visibilidade que não se alcança. O efeito é nulo sobre a realidade interna. E o financiamento público que suporta esta opção não baixa. Pelo menos em parte. Tem sentido útil continuar a colocar à disposição das mesmas pessoas e das mesmas lógicas de trabalho, recursos financeiros sem que os resultados apareçam? Não seria mais útil reforçar as disponibilidades públicas nas modalidades e organizações que têm apresentado resultados? Deve tratar-se como equivalente o que no plano dos resultados é distinto?
A crise financeira ocorrida em 2002 passou sem que as políticas públicas e as políticas associativas tenham feito um esforço significativo para acertarem projectos à luz do que os meios disponibilizados pela economia real permitiam. Pelo contrário, continuou a gastar-se, houvesse ou não disponibilidades.
Os anos de 2005 e seguintes conseguiram uma folga significativa. Mas o aumento dos meios financeiros disponibilizados não foi aproveitado para aumentar o grau de exigência sobre os programas e os projectos internos. A orientação foi “ir a todas” repescando antigos projectos e linhas de apoio financeiro. Manteve-se aberta uma politica de recepção a eventos internacionais desnecessária quando havia sinais evidentes de uma crise global que justificariam maior selectividade. Em termos gerais não havia condições para um aumento da despesa pública. O contrapeso está aí. E a crise global vem a calhar como argumento definitivo. Só que a crise do financiamento público já dura em estado latente há cerca de uma década.
Culpar os governos por esta situação é o mais fácil. Mas não é correcto. Atribuir a exclusividade das responsabilidades aos governos em matérias que, em primeira linha, não são suas, não é sensato. A responsabilidade vai direitinha para as organizações desportivas. Não é preciso muita observação para constatar que em muitas das organizações desportivas a governação é feita provavelmente com muita alma, mas pouco projecto.Com uma propensão para a megalomania de iniciativas e de eventos que levam a gastar em grande com objectivos menores. Que dão mais atenção aos centros de alto rendimento que às escolas de formação e acompanhamento desportivo. Que são muitas vezes penalizantes para clubes e entidades desportivas de base que, com poucos meios, ainda garantem alguma da formação desportiva que se vai fazendo.Quem acompanha as competições de jovens, apercebe-se do quadro de dificuldades –organizativas ,de arbitragem ,de transportes, de apoio médico, etc- com que se confrontam.
O tópico da formação desportiva e da competição dos jovens deixou de fazer parte da agenda de preocupação de muitos dos dirigentes de topo das principais modalidades. Há excepções que servem para confirmar a tendência geral.
Não existe futuro desportivo se não se cuida de todos quantos estão em fase de formação desportiva. Substituir este investimento pelo recrutamento de jovens de outros países imitando da pior maneira o que se passa com os escalões superiores é um logro.Que infelizmente vai acontecendo e não apenas no fuitebol.Não é socialmente aceitável que entidades que têm competências publicas invistam na alta competição descurando ou sacrificando a iniciação e formação desportivas.
O retorno interno daquela opção é, na maioria dos casos, reduzido. Em muitas das modalidades a capacidade competitiva internacional mantém-se fraca e é a mesma há anos seguidos. Busca-se uma expressão competitiva que nunca chega. Procura-se uma visibilidade que não se alcança. O efeito é nulo sobre a realidade interna. E o financiamento público que suporta esta opção não baixa. Pelo menos em parte. Tem sentido útil continuar a colocar à disposição das mesmas pessoas e das mesmas lógicas de trabalho, recursos financeiros sem que os resultados apareçam? Não seria mais útil reforçar as disponibilidades públicas nas modalidades e organizações que têm apresentado resultados? Deve tratar-se como equivalente o que no plano dos resultados é distinto?
A crise financeira ocorrida em 2002 passou sem que as políticas públicas e as políticas associativas tenham feito um esforço significativo para acertarem projectos à luz do que os meios disponibilizados pela economia real permitiam. Pelo contrário, continuou a gastar-se, houvesse ou não disponibilidades.
Os anos de 2005 e seguintes conseguiram uma folga significativa. Mas o aumento dos meios financeiros disponibilizados não foi aproveitado para aumentar o grau de exigência sobre os programas e os projectos internos. A orientação foi “ir a todas” repescando antigos projectos e linhas de apoio financeiro. Manteve-se aberta uma politica de recepção a eventos internacionais desnecessária quando havia sinais evidentes de uma crise global que justificariam maior selectividade. Em termos gerais não havia condições para um aumento da despesa pública. O contrapeso está aí. E a crise global vem a calhar como argumento definitivo. Só que a crise do financiamento público já dura em estado latente há cerca de uma década.
Culpar os governos por esta situação é o mais fácil. Mas não é correcto. Atribuir a exclusividade das responsabilidades aos governos em matérias que, em primeira linha, não são suas, não é sensato. A responsabilidade vai direitinha para as organizações desportivas. Não é preciso muita observação para constatar que em muitas das organizações desportivas a governação é feita provavelmente com muita alma, mas pouco projecto.Com uma propensão para a megalomania de iniciativas e de eventos que levam a gastar em grande com objectivos menores. Que dão mais atenção aos centros de alto rendimento que às escolas de formação e acompanhamento desportivo. Que são muitas vezes penalizantes para clubes e entidades desportivas de base que, com poucos meios, ainda garantem alguma da formação desportiva que se vai fazendo.Quem acompanha as competições de jovens, apercebe-se do quadro de dificuldades –organizativas ,de arbitragem ,de transportes, de apoio médico, etc- com que se confrontam.
O tópico da formação desportiva e da competição dos jovens deixou de fazer parte da agenda de preocupação de muitos dos dirigentes de topo das principais modalidades. Há excepções que servem para confirmar a tendência geral.
Não existe futuro desportivo se não se cuida de todos quantos estão em fase de formação desportiva. Substituir este investimento pelo recrutamento de jovens de outros países imitando da pior maneira o que se passa com os escalões superiores é um logro.Que infelizmente vai acontecendo e não apenas no fuitebol.Não é socialmente aceitável que entidades que têm competências publicas invistam na alta competição descurando ou sacrificando a iniciação e formação desportivas.
2 comentários:
O quadro traçado é exemplar da falta de gestão estratégica do desporto. E essa falta começa ao nível do Governo que nestes últimos quatro anos foi completamente incapaz de trabalhar sobre o diagnóstico real do desporto. Não produziu estudos nem qualquer documento orientador do caminho do desporto nacional. Nem teve a iniciativa de apreciar as estruturas e modelos de organização e gestão das fedrações desportivas. Limitou-se a produzir um novo quadro legal. Pouco, muito pouco para quem tem a obrigação de governar no desporto.
Obviamente que as federações limitaram-se dessa forma, por inconsequência da tutela desportiva, a continuar com as mesmas tradições de concentração do seu trabalho, dando particular destaque às competições internacionais que lhes dariam visibilidade (entenda-se necessariamente a visibilidade dos dirigentes).
Porque entretanto o discurso e a prática governamental era apenas orientada para os centros de alto rendimento e o desporto de base nacional era desvalorizado completamente.
E olhe-se então também para o que tem vindo a fazer o IDP. No desporto escolar e comunitário nem projectos nem recursos visíveis. até se chegou a concentrar na saúde e na actividade física em desfavor do desporto.
Ora, em Portugal o papel de orientação estratégica do desporto tem de provir do Estado, a partir do qual se escolhem áreas prioritárias de desenvolvimento e se lhes atribuem os recursos escassos. Não tem sido isso que se tem passado, portanto o desporto está entregue às mesmas lógicas de sempre.
Como poderia ser de outro modo? Com estes protagonistas e quadros mentais de referência?
José Pinto Correia
Enquanto não nos convencermos que os tempos mudaram e que as configurações do campo desportivo deram uma volta de 180º, não vamos a lado nenhum com estas lastimações do passado séc. XX.
Temos que mudar de discurso e apontar soluções.
Pela negativa não chegamos a lado nenhum. Marcamos passo sem sairmos do mesmo lugar.
Assim, não vale a pena blogar.
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