José Sócrates convidou todos os partidos da oposição a dizer o que pensavam da possibilidade de um acordo ou uma coligação de incidência governamental. Propôs-lhes que deixassem de ser oposição. Que ajudassem à criação de condições de sustentabilidade governativa. Era indiferente o parceiro. Tanto faria uma coligação do PS com o BE, do PS com o PCP, do PS com o PSD ou do PS com o CDS. Podia ser à esquerda ou à direita. Desde que para tanto se respeitasse a base programática do PS. Dificíl? Talvez. Mas é assim num partido pragmático. A ideologia fica à porta e sentada. Mário Soares colocou-a na gaveta quando foi buscar o CDS ,de cujos dirigentes tinha dito cobras e lagartos. José Sócrates que nunca foi propriamente meigo para Louçã, Portas ou Ferreira Leite imitava-o. Parece que ninguém quis.
O pragmático é aquele para quem só faz sentido o que é útil para si ou para os seus interesses. O que revela ter efeito prático. O valor das ideias e dos princípios, mesmo daqueles que antes firmemente se proclamaram, é relativo e secundário. Socialismo? O que vale é aquilo que concorre para a solução imediata dos problemas. Tanto pode ser o BE para umas coisas, como o CDS para outras. Surpresa? Não. Pragmatismo e governabilidade. As divergências ideológicas entre os partidos, por mais acentuadas que pareçam ser, não resistirão à força de um homem prático. E José Sócrates é um excepcional intérprete dessa atitude política.
Muitas das políticas estão reduzidas a mecanismos de exercício do poder sustentados em projectos de base essencialmente técnica. Podem ser subscritos por uma qualquer maioria. Prova-o o facto de na anterior legislatura PS e PSD estarem juntos em dois terços dos diplomas aprovados. E as políticas desportivas são disso um bom exemplo. A matriz da arquitectura governamental tem no PS o partido inspirador. Mas foi mantida mesmo quando não foi governo. As diferenças estão sobretudo ao nível da dimensão dos factores de intervenção governativa. Não ao nível substantivo das políticas e do papel do Estado. De resto, a intervenção do Estado e a contratualização de objectivos de política desportiva eram os domínios que valiam a pena ser discutidos. Ao nível do objectivo das políticas e da competitividade do desporto nacional é difícil estabelecer fracturas ou divergências.
Exceptuando os que à esquerda entendem que o desporto é uma pura emanação do capitalismo num revivalismo “gauchiste”, que em parte o BE apadrinha, a separação politica e ideológica não está nos objectivos de política desportiva. Quando muito nos meios de lá chegar e no papel a assumir pelas políticas públicas. Mas como a política tende a deixar de ser um lugar onde se pode afirmar a decisão por uma questão de princípios ideológicos para o ser por uma questão de oportunidade que o poder confere, o caminho é estreito. E à medida que se processa a substituição geracional nos lugares de decisão política, facto natural, aliada à crise das grandes correntes doutrinárias, acentua-se a perda de valores e a desideologização das políticas. Só isso pode ajudar a explicar os “diálogos” transversais à esquerda e à direita que o futuro pressagia.
O pragmático é aquele para quem só faz sentido o que é útil para si ou para os seus interesses. O que revela ter efeito prático. O valor das ideias e dos princípios, mesmo daqueles que antes firmemente se proclamaram, é relativo e secundário. Socialismo? O que vale é aquilo que concorre para a solução imediata dos problemas. Tanto pode ser o BE para umas coisas, como o CDS para outras. Surpresa? Não. Pragmatismo e governabilidade. As divergências ideológicas entre os partidos, por mais acentuadas que pareçam ser, não resistirão à força de um homem prático. E José Sócrates é um excepcional intérprete dessa atitude política.
Muitas das políticas estão reduzidas a mecanismos de exercício do poder sustentados em projectos de base essencialmente técnica. Podem ser subscritos por uma qualquer maioria. Prova-o o facto de na anterior legislatura PS e PSD estarem juntos em dois terços dos diplomas aprovados. E as políticas desportivas são disso um bom exemplo. A matriz da arquitectura governamental tem no PS o partido inspirador. Mas foi mantida mesmo quando não foi governo. As diferenças estão sobretudo ao nível da dimensão dos factores de intervenção governativa. Não ao nível substantivo das políticas e do papel do Estado. De resto, a intervenção do Estado e a contratualização de objectivos de política desportiva eram os domínios que valiam a pena ser discutidos. Ao nível do objectivo das políticas e da competitividade do desporto nacional é difícil estabelecer fracturas ou divergências.
Exceptuando os que à esquerda entendem que o desporto é uma pura emanação do capitalismo num revivalismo “gauchiste”, que em parte o BE apadrinha, a separação politica e ideológica não está nos objectivos de política desportiva. Quando muito nos meios de lá chegar e no papel a assumir pelas políticas públicas. Mas como a política tende a deixar de ser um lugar onde se pode afirmar a decisão por uma questão de princípios ideológicos para o ser por uma questão de oportunidade que o poder confere, o caminho é estreito. E à medida que se processa a substituição geracional nos lugares de decisão política, facto natural, aliada à crise das grandes correntes doutrinárias, acentua-se a perda de valores e a desideologização das políticas. Só isso pode ajudar a explicar os “diálogos” transversais à esquerda e à direita que o futuro pressagia.
2 comentários:
A verdade é que, com diálogos transversais ou sem diálogos transversais, em Portugal o Desporto nunca foi algo de demasiado interessante para os políticos no poder.
Exceptuam-se os dividendos permanentemente retirados da alienante e analgésica clubite futebolística e dos feitos mais ou menos isolados e raros ao nível da alta competição em outras (poucas) modalidades individuais.
Os governantes do Desporto limitam-se sempre a aguentar a despesa dentro dos limites do aceitável, a menos que cheire a futebol e a construir bancadas.
Sobra o políticamente correcto: luta contra o doping, empurrões ao futebol profissional, apoio financeiro e colagem a determinados grandes eventos e manifestações que envolvam multidões (travessias de pontes, etc., corrida da mulher, etc.).
No que respeita a estratégia política para o Desporto, tudo vai continuar na mesma, com ou sem diálogos.
Não interessa grande coisa a nenhum partido (é a última das prioridades) e a cultura desportiva dos governantes e dos deputados é maioritariamente nula...
Agradeço ao Luís Leite o seu comentário.
As dinâmicas partidárias e as respectivas agendas políticas não são independentes das dinâmicas sociais.
Enquanto o grau de exigência social, relativamente às políticas públicas para o desporto,se não alterar, difilmente se pode prever uma modificação do posicionamento politico.
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