1988. Serviços administrativos de uma federação desportiva. Procuro os elementos documentais necessários para preparar um trabalho. Vasculho armários e abro dossiers. Na secretária do treinador nacional da modalidade encontro uma caixa com um produto anabolizante de origem búlgara. Informo o presidente respectivo. O treinador é chamado e ameaçado de rescisão imediata do contrato de trabalho. Insurge-se contra tal facto e esclarece que a aquisição do produto não era da sua responsabilidade, mas de um dirigente. Que era prática habitual proceder a significativas aquisições no estrangeiro sempre que havia deslocações a estágios ou provas internacionais. O abastecimento era feito junto das delegações dos países de leste. No ano em que ocorreu este facto o referido dirigente foi agraciado com o título de dirigente desportivo do ano.
2009.Um antigo futebolista publica em livro parte das histórias que viveu. Conta como se dopavam. Omite os clubes. Mas revela as circunstâncias. Novidade não tanto o que revela. Mas o facto de assumir o que muitos outros negam.
2009.Numa equipa de futebol júnior circula a informação de que numa outra o interregno no campeonato serviu para “tomarem umas coisas”. Pergunto como sabem do facto. É-me respondido que através de familiares de jogadores. Insisto se sabem o que era administrado. Não sabem. Mas no imaginário dos atletas era algo “para correrem mais e terem mais força”. O meu interlocutor também quer obter apoio médico . O que nada tem de errado. Mas que suporta a percepção que a alimentação e o treino normais não são suficientes. E que a farmacologia é indispensável.
2009.Ciclismo.Vencedores das voltas em cadetes, juniores e elites acusam resultados positivos. Juntam-se aos casos da Volta a Portugal. Estranho? Apenas para quem acredita em anjos.Só o ciclismo? Obviamente que não. A dimensão e a escala deste fenómeno permanecem desconhecidas. Por razões óbvias. Não é possível colocar um controlador atrás de cada competição ou atleta. E a negatividade de muitos dos controles feitos não são garantia de ausência de dopagem. São apenas a garantia que no momento da análise as mesmas deram resultados negativos.
O que fazer? A lógica proibicionista e punitiva faz parte do arsenal deste combate. E muitos países e legislações procuram apertar o cerco. Fazem o possível. Mas o que mina esse combate é que muitos dos combatentes são antigos cúmplices da dopagem. A todos os níveis. Treinadores, dirigentes, médicos e afins. No ciclismo e fora dele. Exagero na afirmação? Antes fosse. O facto de antes terem responsabilidades em práticas dopantes torna-os inválidos para um processo de regeneração? Não necessariamente. Mas o facto de nunca o admitirem e reconhecerem o seu passado deixa muitas dúvidas sobre a sinceridade dos actuais propósitos. Desconfio sempre quando a conversa começa por apelos inflamados à ética, ao fair- play e à verdade desportiva. Porque o que se trata não é de conversa. É de acção.
2009.Um antigo futebolista publica em livro parte das histórias que viveu. Conta como se dopavam. Omite os clubes. Mas revela as circunstâncias. Novidade não tanto o que revela. Mas o facto de assumir o que muitos outros negam.
2009.Numa equipa de futebol júnior circula a informação de que numa outra o interregno no campeonato serviu para “tomarem umas coisas”. Pergunto como sabem do facto. É-me respondido que através de familiares de jogadores. Insisto se sabem o que era administrado. Não sabem. Mas no imaginário dos atletas era algo “para correrem mais e terem mais força”. O meu interlocutor também quer obter apoio médico . O que nada tem de errado. Mas que suporta a percepção que a alimentação e o treino normais não são suficientes. E que a farmacologia é indispensável.
2009.Ciclismo.Vencedores das voltas em cadetes, juniores e elites acusam resultados positivos. Juntam-se aos casos da Volta a Portugal. Estranho? Apenas para quem acredita em anjos.Só o ciclismo? Obviamente que não. A dimensão e a escala deste fenómeno permanecem desconhecidas. Por razões óbvias. Não é possível colocar um controlador atrás de cada competição ou atleta. E a negatividade de muitos dos controles feitos não são garantia de ausência de dopagem. São apenas a garantia que no momento da análise as mesmas deram resultados negativos.
O que fazer? A lógica proibicionista e punitiva faz parte do arsenal deste combate. E muitos países e legislações procuram apertar o cerco. Fazem o possível. Mas o que mina esse combate é que muitos dos combatentes são antigos cúmplices da dopagem. A todos os níveis. Treinadores, dirigentes, médicos e afins. No ciclismo e fora dele. Exagero na afirmação? Antes fosse. O facto de antes terem responsabilidades em práticas dopantes torna-os inválidos para um processo de regeneração? Não necessariamente. Mas o facto de nunca o admitirem e reconhecerem o seu passado deixa muitas dúvidas sobre a sinceridade dos actuais propósitos. Desconfio sempre quando a conversa começa por apelos inflamados à ética, ao fair- play e à verdade desportiva. Porque o que se trata não é de conversa. É de acção.
1 comentário:
no seu post faz acusações muito graves que pelo seu silêncio na identificação dos intervenientes o colocam lado a lado com os mesmos.
ou será que apenas nos contou uma estória em vez de uma história?!?
P
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