Mais um texto de José Pinto Correia, que a se agradece. Está a abrir-se um novo ciclo político em Portugal. E no desporto tem de abrir-se necessariamente um espaço de ampla discussão em volta das políticas desportivas que conduzirão o futuro do nosso desporto para outros níveis de prática e de resultados competitivos.
Está assim chegado o momento para que se abram as portas à discussão sobre a nova política ou as novas políticas desportivas.
E desde logo se deve começar por reconhecer que a política implica escolhas e opções entre alternativas de organização da sociedade. E no caso do desporto, esta política deve permitir organizar sob formas e instrumentos alternativos o desporto – pois se trata de política desportiva.
Podem e devem surgir então quadros referenciais distintos e até antagónicos para essa formatação da política desportiva.
E desde logo, e à cabeça, surge o papel do Estado – que não apenas o do Governo pois que este é o gestor temporário desse mesmo Estado – na sistematização do desporto.
O Estado deve ter um papel essencial, porque insubstituível, no desporto ou não? Se sim, deve ter esse papel em todos os níveis, desde o desporto de base (escolar e/ou comunitário) até ao de competição (muitas vezes quase ou mesmo profissional)?
No desporto escolar a respectiva organização e financiamento deve ser confiada ao nível governativo local, de acordo com o princípio da subsidiariedade, ou ser centralmente definido por uma entidade governamental centralista (um Ministério ou equivalente)?
Como se organiza o Estado para promover o desporto a nível nacional? Deve existir um organismo governamental ou para-governamental encarregue de promover o desporto de base por todo o País ou deve deixar-se essa missão e recursos correspondentes entregues num ente governamental ministerial central (um Ministério da Educação, por exemplo, para o desporto escolar)?
Como organiza o País e o governo o financiamento do desporto de competição? Deve existir um organismo governamental ou para-governamental encarregado de promover e financiar o desporto de competição e os respectivos ciclos olímpicos?
Estas questões podem ter obviamente respostas diversas. Essas respostas definem estruturalmente o sistema desportivo nacional, no pressuposto de que ao Estado cabe um papel insubstituível na promoção e financiamento do desporto.
Claro que poderá existir uma alternativa ideológica, de cariz vincadamente liberal, que é estranha à matriz europeia do desporto, de dizer que o Estado deve sair do desporto, ser “Menos Estado”, e que a primazia deve ser dada à iniciativa privada e às denominadas instituições intermédias (nas quais se incluem nomeadamente os clubes). Só que nesta concepção fica por clarificar como seria concretizada a independência das organizações privadas ou não-lucrativas do desporto relativamente ao Estado, por um lado, e como se garantiriam níveis adequados de prática desportiva na base.
Mas no meio de hipóteses extremas de organização do desporto há inúmeras possibilidades de organização do desporto nacional que carecem de ampla discussão e podem ter caminhos e soluções organizativas e financeiras completamente díspares. Só que tudo isso pressupõe pensamento profundo, estratégia de desenvolvimento, opções organizacionais, entendimento dos papéis dos diversos patamares da orgânica estadual e dos agentes e actores do sistema desportivo.
Depois, ainda destas respostas terem sido dadas e encaminhadas soluções consequentes, e como acima se referiu, viriam as políticas desportivas – no entendimento actual das denominadas políticas públicas. E aí a sua indispensável concepção e operacionalização passaria pela preparação e a liderança activa dos próprios governantes, decorrentes de um seu correspondente nível de reflexão estratégica e do entendimento do papel social, económico e cultural do próprio desporto na vida nacional.
No final deste exercício poderiam vir a ser outras as contas para a prática e os resultados internacionais do nosso desporto. Que não os mesmos míseros vinte e tantos por cento de prática regular que nos envergonha no contexto europeu e que todos continuamos a referenciar há quase uma década.
Está assim chegado o momento para que se abram as portas à discussão sobre a nova política ou as novas políticas desportivas.
E desde logo se deve começar por reconhecer que a política implica escolhas e opções entre alternativas de organização da sociedade. E no caso do desporto, esta política deve permitir organizar sob formas e instrumentos alternativos o desporto – pois se trata de política desportiva.
Podem e devem surgir então quadros referenciais distintos e até antagónicos para essa formatação da política desportiva.
E desde logo, e à cabeça, surge o papel do Estado – que não apenas o do Governo pois que este é o gestor temporário desse mesmo Estado – na sistematização do desporto.
O Estado deve ter um papel essencial, porque insubstituível, no desporto ou não? Se sim, deve ter esse papel em todos os níveis, desde o desporto de base (escolar e/ou comunitário) até ao de competição (muitas vezes quase ou mesmo profissional)?
No desporto escolar a respectiva organização e financiamento deve ser confiada ao nível governativo local, de acordo com o princípio da subsidiariedade, ou ser centralmente definido por uma entidade governamental centralista (um Ministério ou equivalente)?
Como se organiza o Estado para promover o desporto a nível nacional? Deve existir um organismo governamental ou para-governamental encarregue de promover o desporto de base por todo o País ou deve deixar-se essa missão e recursos correspondentes entregues num ente governamental ministerial central (um Ministério da Educação, por exemplo, para o desporto escolar)?
Como organiza o País e o governo o financiamento do desporto de competição? Deve existir um organismo governamental ou para-governamental encarregado de promover e financiar o desporto de competição e os respectivos ciclos olímpicos?
Estas questões podem ter obviamente respostas diversas. Essas respostas definem estruturalmente o sistema desportivo nacional, no pressuposto de que ao Estado cabe um papel insubstituível na promoção e financiamento do desporto.
Claro que poderá existir uma alternativa ideológica, de cariz vincadamente liberal, que é estranha à matriz europeia do desporto, de dizer que o Estado deve sair do desporto, ser “Menos Estado”, e que a primazia deve ser dada à iniciativa privada e às denominadas instituições intermédias (nas quais se incluem nomeadamente os clubes). Só que nesta concepção fica por clarificar como seria concretizada a independência das organizações privadas ou não-lucrativas do desporto relativamente ao Estado, por um lado, e como se garantiriam níveis adequados de prática desportiva na base.
Mas no meio de hipóteses extremas de organização do desporto há inúmeras possibilidades de organização do desporto nacional que carecem de ampla discussão e podem ter caminhos e soluções organizativas e financeiras completamente díspares. Só que tudo isso pressupõe pensamento profundo, estratégia de desenvolvimento, opções organizacionais, entendimento dos papéis dos diversos patamares da orgânica estadual e dos agentes e actores do sistema desportivo.
Depois, ainda destas respostas terem sido dadas e encaminhadas soluções consequentes, e como acima se referiu, viriam as políticas desportivas – no entendimento actual das denominadas políticas públicas. E aí a sua indispensável concepção e operacionalização passaria pela preparação e a liderança activa dos próprios governantes, decorrentes de um seu correspondente nível de reflexão estratégica e do entendimento do papel social, económico e cultural do próprio desporto na vida nacional.
No final deste exercício poderiam vir a ser outras as contas para a prática e os resultados internacionais do nosso desporto. Que não os mesmos míseros vinte e tantos por cento de prática regular que nos envergonha no contexto europeu e que todos continuamos a referenciar há quase uma década.
3 comentários:
Um novo ciclo, portanto, pleno de perguntas, de hipóteses, de interrogações, de amplas discussões, de debates.
Mas estranhamente parco de respostas, de escolhas, de afirmações, de propostas concretas.
Um belo e prometedor ciclo, aquele que aí vem, a julgar pela amostra!!!
Eu não tenho a certeza de que se esteja a abrir um novo ciclo político em Portugal.
Os governantes não param de nos enganar e não querem sair do poleiro.
No estado em que isto está, ninguém quer ir para lá.
Ao que parece, para além dos cortes nos vencimentos dos funcionários públicos e dos aumentos dos impostos que pouco ou nada resolvem, a situação económica e financeira tende a agravar-se.
A economia estagnou e a dívida soberana, sem crescimento económico e com juros a 10 anos a 7% está a projectar-nos para um futuro de miséria e de fome.
Sem economia e sem perspectivas de crescimento económico a médio prazo e uma dívida pública impossível de pagar, não há dinheiro para implementar estratégias políticas em qualquer área e muito menos no Desporto.
A independência política depende da independência económica e esta chegou ao fim.
A breve prazo virão para cá estrangeiros governar-nos.
O que vier a acontecer será imposto pelos nossos credores.
Se a Europa implodir ou nos expulsar, teremos que voltar ao sector primário para nos podermos alimentar, já que com a globalização, os outros sectores já não são competitivos.
Não tenhamos, pois, ilusões.
Concordo com o anónimo das 13,27 na descrição de crise geral.
Ponho as maiores dificuldades na solução das coisas do desporto.
As dificuldades do desporto são distintas das nacionais porque ficam em geral sempre por baixo.
Quer quando o país se desenvolve quer quando cai, o desporto fica sempre em baixo e por baixo de todos os outros.
Há modos diferentes de resolver os desafios do desporto e a forma de as resolver no desporto.
Enquanto a cultura por exemplo demite-se, protesta e manifesta-se com os seus maiores expoentes como Manuel de Oliveira, por exemplo.
No desporto nenhum agente maior toma uma posição pública e nacional.
O desporto não o faz e isso não tem a ver com a acção dos governos mas com a acomodação dos agentes.
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