“Parte-se do pressuposto de que uma pessoa deficiente não consegue ser eficiente”
“Lutei para ser equiparada aos ditos «normais»”
“Nunca sonhei com a fama e o protagonismo, mas sonhei ter o meu momento de glória”
Leila Marques
(Atleta Paralímpica – Atlanta/96; Sidney/2000, Atenas/2004)
Em texto anterior prometi discorrer algumas considerações acerca da participação portuguesa nos Jogos Olímpicos. Não faltarei a este compromisso moral em breve, mas aproveito este momento para me redimir da omissão aos Jogos Paralímpicos, dedicando em exclusivo este breve texto à participação feminina nesta magnífica competição internacional.
Fá-lo-ei partindo de um caso de vida exemplar, a que poderíamos juntar o ensinamento de muitos outros, como o de Susana Barroso (Natação - 3 medalhas de prata nos JO de Atlanta/1996 e Sidney/2000 e 3 medalhas de bronze nos JO, Barcelona/1992 e Atlanta/1996); Olga Pinto (Atletismo – 2 medalhas de ouro, 1988); Maria Melo e Cristina Gonçalves (Boccia – respectivamente, medalha de ouro nos JO, Seoul/1988 e medalha de ouro nos JO, Atenas/2004); Maria Odete Fiúza (Atletismo – Atlanta /1996, Sidney/2000, Atenas/2004) ou Maria João Morgado (Natação – Sidney/2000, Atenas/2004), sem menosprezo pelos demais.
“Lutei para ser equiparada aos ditos «normais»”
“Nunca sonhei com a fama e o protagonismo, mas sonhei ter o meu momento de glória”
Leila Marques
(Atleta Paralímpica – Atlanta/96; Sidney/2000, Atenas/2004)
Em texto anterior prometi discorrer algumas considerações acerca da participação portuguesa nos Jogos Olímpicos. Não faltarei a este compromisso moral em breve, mas aproveito este momento para me redimir da omissão aos Jogos Paralímpicos, dedicando em exclusivo este breve texto à participação feminina nesta magnífica competição internacional.
Fá-lo-ei partindo de um caso de vida exemplar, a que poderíamos juntar o ensinamento de muitos outros, como o de Susana Barroso (Natação - 3 medalhas de prata nos JO de Atlanta/1996 e Sidney/2000 e 3 medalhas de bronze nos JO, Barcelona/1992 e Atlanta/1996); Olga Pinto (Atletismo – 2 medalhas de ouro, 1988); Maria Melo e Cristina Gonçalves (Boccia – respectivamente, medalha de ouro nos JO, Seoul/1988 e medalha de ouro nos JO, Atenas/2004); Maria Odete Fiúza (Atletismo – Atlanta /1996, Sidney/2000, Atenas/2004) ou Maria João Morgado (Natação – Sidney/2000, Atenas/2004), sem menosprezo pelos demais.
Nos contactos que mantive nos últimos meses com a Leila Marques, uma nadadora excepcional, médica de profissão e catedrática na estruturação do pensamento e da consciência social das pessoas portadoras de deficiência, cimentei ainda mais a convicção de que todos nós, naturalmente uns mais do que outros, somos profundamente discriminatórios para com as pessoas portadoras de deficiência. Entre muitos outros exemplos, basta darmos uma leitura em sentenças de tribunais (e pasme-se, mesmo oriundas de tribunal superior como o Tribunal Constitucional); basta referirmos as disparidades entre as bolsas de alto rendimento que são atribuídas aos/às atletas paralímpico/as e aos/às olímpicos/as; basta equacionarmos as insuficiências estruturais quanto às acessibilidades nas infra-estruturas desportivas, nos edifícios e arruamentos em geral (públicos ou privados), para nos apercebermos de quão injusta, discriminatória e anti-humanitária continua a ser a nossa sociedade para quem necessita de especial atenção.
Quem participou no Fórum promovido pela Associação Portuguesa Mulheres e Desporto, realizado no dia 29 do mês passado no COP, ter-se-á apercebido da dimensão e complexidade da problemática da inclusão das pessoas portadoras de deficiência e do insofismável contributo do desporto para a vida destas pessoas. Contudo, não chega ficarmos pela fase do diagnóstico, sendo este a maior parte das vezes inacabado e imperfeito, nem pelo testemunho e pela denúncia de discriminações sociais e desportivas que se apresentam como duplamente penalizantes para as pessoas com deficiência. Temos de avançar para a operacionalização real de políticas desportivas consubstanciadas em metas e programas concretos, que podem gerar a mudança qualitativa na vida social e desportiva das pessoas com deficiência.
Quem sabe se em futuras campanhas como as que estão a ser promovidas pelo Ministério do Turismo (Retratos da Costa Oeste da Europa por Nick Knight) veremos uma estrela dos/as paralímpicos/as a “diminuir o défice de imagem que o país tem no exterior” e a ser considerada “exemplo de portugueses de excepção”. Ou ainda melhor, quem sabe se uma ínfima parte dos recursos públicos (como os gastos nesta campanha…) se destinará ao Comité Paralímpico de Portugal, para que deixe de ser apenas uma aberração jurídica da nossa Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto (vide artigo 13.º da Lei n.º 5/2007, de 16 de Janeiro) e passe a ser uma realidade associativa nascida da vontade dos particulares que se desejem comprometer com um projecto sócio-desportivo consistente e estruturado.
Sem utopias, desejamos vivamente, num futuro bem próximo, ver os vários ministérios com responsabilidades nesta matéria, assim como as organizações desportivas e a sociedade civil, empenhados conjuntamente em acções promotoras de uma melhor qualidade de vida dos/as atletas paralímpicos/as e da sua preparação para os Jogos Paralímpicos.
Para finalizar, não podemos deixar de enaltecer o trabalho da Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes (FPDD), entidade responsável pela representação portuguesa nos Jogos Paralímpicos de Barcelona/92, Atlanta/96, Sidney/2000 e Atenas/2004, em modalidades tão diversificadas como Atletismo, Boccia, Futebol de 7, Natação, Ténis de mesa, Basquetebol e Equitação.
Aguardamos com expectativa a participação portuguesa nos próximos Jogos decorrente do Projecto Pequim 2008. No entanto, estou certa de que estes jogos, assim como outras competições, devem sobretudo valer para que todos/as sejam melhores amanhã do que foram hoje e, parafraseando a Leila Marques, acreditemos que “Há lugar para todos nesta sociedade. Mas antes de mostrar aos outros o que quer que seja, devemos dizer a nós próprios que somos capazes.”
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