Os percursos desportivos de Vanessa Fernandes e Albertina Dias são diferentes. E as suas situações de vida também. Mas há algo comum: o modo como construíram a carreira desportiva. A qual comportou sempre um elevado grau de risco. E com ela a insegurança. No caso da Vanessa uma suspensão desportiva precoce. No caso da Albertina a ausência de um projecto de vida pos-carreira desportiva. E, em ambas as situações, há o risco, mais numa que em outra, de procurar no Estado a solução para os problemas descritos. Ora, quer um, quer outro dos problemas, têm razões a montante do Estado. E essas razões bem podem ser evidenciadas pelo testemunho, também recente, de um jogador internacional de futebol júnior, Taira, aluno brilhante no ensino secundário e de notas elevadas numa das mais exigentes universidades portuguesas em economia e gestão.
Este último recusa-se a deixar de ser o aluno brilhante que é para ser jogador de futebol. Mas também não quer deixar de continuar a ser um excelente jogador de futebol correndo risco de deixar de ser o aluno que é. E, portanto, quer estudar ao mais elevado nível de exigência académica e treinar ao mais elevado nível da sua modalidade.
Os casos Vanessa e Albertina foram o inverso. Deixaram tudo para fazer desporto. A Vanessa fê-lo de tal modo que, como era expectável, se saturou. E pediu para parar. A Albertina teve uma vida pessoal e familiar adversa e é hoje confrontada por uma situação em que não tem recursos para viver com um mínimo de segurança.
No caso do jovem futebolista provavelmente há uma família que o prepara e que o orienta.O paraíso do desporto é apenas uma possibilidade sem descartar outras preparações para a vida. Nos outros dois casos, as opções de “só” desporto, teriam sido, suponho, solidárias com as respectivas famílias. Na expectativa, porventura, de uma mobilidade social ascendente e proveitos bem mais difíceis de alcançar se a opção fosse outra. Quantos casos existirão com situações idênticas mas de menor peso mediático? Provavelmente muitos. Ao lado de outros, com percursos semelhantes e que conseguiram, no final das carreiras desportivas, com maior ou menor dificuldade, uma inserção no mercado trabalho ou outro e têm as suas vidas organizadas.
Mas vejamos o assunto pelo lado de quem organiza a vida desportiva dos atletas. Está a vida desportiva organizada para poder ser conciliável com a preparação para uma outra actividade profissional? Fazem tudo quanto está ao seu alcance para evitarem a “profissionalização” desportiva precoce? Preocupam-se com a escolaridade e a progressão dos jovens desportistas nos estudos? Os quadros competitivos, os estágios e as selecções levam em consideração os calendários escolares? Persuadem os jovens talentos de que precisam de qualificações profissionais que se não podem esgotar no desporto? Não creio haver apenas uma resposta. Haverá seguramente quem se preocupa e quem diga que se preocupa.
Nestes tempos, um jovem, com habilitações profissionais, corre igual risco de ausência de emprego que um outro que as não tem. Mas, apesar de tudo, está preparado para uma profissão. Quem as não tem, nem isso está. Ora a ausência dessa preparação não pode ser imputada ao Estado. E não é ao Estado que tem de se pedir responsabilidades pelo facto de a opção pelo desporto ter sido feita com prejuízo de um outra preparação para vida para o pos-carreira desportiva. Ao Estado deve-se pedir mecanismos de conciliação entre a preparação desportiva e a preparação escolar/profissional. No limite condições de facilitação profissional no pos-carreira.E reconhecimento por elevados serviços desportivos prestados ao país quando é caso disso. Mas não é á porta do Estado que se tem de ir bater quando voluntariamente se optou por uma carreira desportiva com a exclusão de tudo o resto. E em que o sistema desportivo ignorou por completo que há mais vida para além do desporto.
A resolução deste problema não está no prolongamento de bolsas ou criando fundos de apoio financeiro. Resolve, a curto prazo, o problema de alguns. Mas não resolve o problema de fundo. E esse não é da exclusiva responsabilidade do Estado. Pertence também às famílias, aos clubes e às federações desportivas. Pensando que a vida se não esgota numa carreira desportiva e que é preciso estar preparado/habilitado para o que vem a seguir. Que é sempre bem maior.
Este último recusa-se a deixar de ser o aluno brilhante que é para ser jogador de futebol. Mas também não quer deixar de continuar a ser um excelente jogador de futebol correndo risco de deixar de ser o aluno que é. E, portanto, quer estudar ao mais elevado nível de exigência académica e treinar ao mais elevado nível da sua modalidade.
Os casos Vanessa e Albertina foram o inverso. Deixaram tudo para fazer desporto. A Vanessa fê-lo de tal modo que, como era expectável, se saturou. E pediu para parar. A Albertina teve uma vida pessoal e familiar adversa e é hoje confrontada por uma situação em que não tem recursos para viver com um mínimo de segurança.
No caso do jovem futebolista provavelmente há uma família que o prepara e que o orienta.O paraíso do desporto é apenas uma possibilidade sem descartar outras preparações para a vida. Nos outros dois casos, as opções de “só” desporto, teriam sido, suponho, solidárias com as respectivas famílias. Na expectativa, porventura, de uma mobilidade social ascendente e proveitos bem mais difíceis de alcançar se a opção fosse outra. Quantos casos existirão com situações idênticas mas de menor peso mediático? Provavelmente muitos. Ao lado de outros, com percursos semelhantes e que conseguiram, no final das carreiras desportivas, com maior ou menor dificuldade, uma inserção no mercado trabalho ou outro e têm as suas vidas organizadas.
Mas vejamos o assunto pelo lado de quem organiza a vida desportiva dos atletas. Está a vida desportiva organizada para poder ser conciliável com a preparação para uma outra actividade profissional? Fazem tudo quanto está ao seu alcance para evitarem a “profissionalização” desportiva precoce? Preocupam-se com a escolaridade e a progressão dos jovens desportistas nos estudos? Os quadros competitivos, os estágios e as selecções levam em consideração os calendários escolares? Persuadem os jovens talentos de que precisam de qualificações profissionais que se não podem esgotar no desporto? Não creio haver apenas uma resposta. Haverá seguramente quem se preocupa e quem diga que se preocupa.
Nestes tempos, um jovem, com habilitações profissionais, corre igual risco de ausência de emprego que um outro que as não tem. Mas, apesar de tudo, está preparado para uma profissão. Quem as não tem, nem isso está. Ora a ausência dessa preparação não pode ser imputada ao Estado. E não é ao Estado que tem de se pedir responsabilidades pelo facto de a opção pelo desporto ter sido feita com prejuízo de um outra preparação para vida para o pos-carreira desportiva. Ao Estado deve-se pedir mecanismos de conciliação entre a preparação desportiva e a preparação escolar/profissional. No limite condições de facilitação profissional no pos-carreira.E reconhecimento por elevados serviços desportivos prestados ao país quando é caso disso. Mas não é á porta do Estado que se tem de ir bater quando voluntariamente se optou por uma carreira desportiva com a exclusão de tudo o resto. E em que o sistema desportivo ignorou por completo que há mais vida para além do desporto.
A resolução deste problema não está no prolongamento de bolsas ou criando fundos de apoio financeiro. Resolve, a curto prazo, o problema de alguns. Mas não resolve o problema de fundo. E esse não é da exclusiva responsabilidade do Estado. Pertence também às famílias, aos clubes e às federações desportivas. Pensando que a vida se não esgota numa carreira desportiva e que é preciso estar preparado/habilitado para o que vem a seguir. Que é sempre bem maior.
22 comentários:
O JMC mais uma vez está carregado de razão. Mas deveria ser o Estado enquanto maior financiador do Alto rendimento a potenciar um modelo que comtemplasse a conciliação entre estudos e o treino.
Infelizmente, são muito poucas as modalidades que fazem esse enquadramento no alto rendimento.
A inexistência de um programa nacional que comtemple o Alto rendimento e a carreira universitária é disso um sinal.
Os atletas têm acesso ao Ensino Superior por via do Alto rendimento e a primeira coisa que fazem é abandonar o desporto devido, na maioria dos casos, à impossibilidade de conciliação, por vezes até dificultada pelos estabelecimentos de ensino. Impossibilitando o treino, estudo e descanso.
Concordo absolutamente.
E não é só o problema de como sobreviver sem uma profissão, sem um ordenado.
Tão ou mais doloroso, para os grandes desportistas é, com o passar dos anos, deixarem de ser reconhecidos na rua, serem esquecidos.
Os momentos de glória no desporto são muito saborosos e por vezes duradouros.
Mas o esquecimento posterior é devastador.
Nas duas áreas, muito pouco tem sido feito no nosso país.
A apreciação que consta deste texto é, quanto a mim, muitíssimo acertadas.
Penso, contudo, que há uma problemática subjacente que não foi tocada e é de preponderante importância:
Hoje em dia vemos quase que um regresso à idade média no sentido de ver os filhos como mão de obra potencial (a que hoje se chama, mais suavemente, de investimento). Ao ver o clã Aveiro ser sustentado sem ter de fazer coisa nenhuma (e apenas cito o clã Aveiro por ser mais mediático e, por isso, facilitar a ilustração) e viver em luxo há um número desconhecido mas seguramente elevado de famílias que pretendem o mesmo e fazem por isso.
Há uns anos, tive conhecimento de que era exigido (pelos pais) aos departamentos médicos de júniores e juvenis de um clube (sendo certo que deverá acontecer em todos) que tudo fizessem para que os filhos jogassem...mesmo quando lesionados, com, por exemplo, as célebres infiltrações. Quando tal era recusado, porque as crianças estão a crescer, por exemplo, a reacção era violentíssima.
O problema não é estatal é da célula familiar.
Ctos.
Em que ano é que a Albertina Dias deixou o desporto? Quem é que governava na altura? Que medidas foram então tomadas para resolver a situação da Albertina Dias?
Para ajudar .... só o Presidente da ADoP a lançar suspeitas de doping sobre todos os atletas.
Só mesmo neste País, em que o mau exemplo vem de cima!
Para o anónimo das 9.33h:
Já em 1993 foram tomadas medidas legislativas para dar uma solução ao problema dos antigos atletas de eleição super-medalhados.
Essa legislação, demasiado exigente, exigia 12 anos de registo comprovado no Regime de Alta Competição.
O legislador pensava assim, ser quase impossível algum desportista conseguir essa exigência, sacudindo-se assim a água do capote.
Apesar da constante pressão de algumas Federações e das Associações de Atletas Olímpicos e de Alta Competição (do Atletismo), apenas alguns dos mais gloriosos nomes (quase todos do Atletismo) acabaram, vários anos depois, por começar a receber uma bolsa mensal, que entretanto foi retirada a quase todos.
Curiosamente, mantiveram-se a receber aqueles que estão ligados ao partido que está no Poder.
Apesar da permanente pressão das organizações representativas dos atletas, só recentemente o Estado voltou a pensar no assunto, mas sem tomar medidas estruturais para lidar seriamente com o problema.
Infelizmente, as medidas que vão sendo tomadas são apenas circunstanciais, conjunturais.
O texto de JM Constantino é excelente e um bom alerta.
Pessoalmente penso haver aqui um problema de Estado, um problema de famílias, um problema de desporto e um problema de exploração infantil (não serão problemas a mais?).
Ronaldo assinou o primeiro contrato profissional aos 13 anos de idade e abandonou os estudos. Martina Hingis profissionalizou-se aos 14 anos e Kuti Kis aos 12 anos também já era profissional.
Nádia Comaneci foi campeã da Europa aos 13 anos e campeã olímpica aos 14.
Maurício Baldivieso jogou os últimos 10 minutos do encontro entre o La Paz e o Aurora da I Liga da Bolívia em 2009 aos... 12 anos.
E muitos mais exemplos há!
Então porque é que a FIFA e a UEFA só estão preocupadas com a exploração infantil na Indonésia quando são as crianças a coser as bolas ou as chuteiras?
Diz o Luís Leite
(...)apenas alguns dos mais gloriosos nomes (quase todos do Atletismo) acabaram, vários anos depois, por começar a receber uma bolsa mensal, que entretanto foi retirada a quase todos.
Curiosamente, mantiveram-se a receber aqueles que estão ligados ao partido que está no Poder
Qual Partido no poder? Que atletas é que, estando ligados a tal Partiodo, é que continuaram a receber?
Esta denúncia do Luís Leite é tão grave que é indispensável clarificar isto!!!!!
O anónimo das 17.34 não sabe que partido está no Poder.
E eu não quero falar nos nomes, porque tenho uma relação de amizade com todos. Os que continuaram a receber e os que deixaram de receber.
Portanto, não vou apontar nomes.
Todos merecem o meu respeito.
Escreve Luís Leite
E eu não quero falar nos nomes, porque tenho uma relação de amizade com todos. Os que continuaram a receber e os que deixaram de receber.
Portanto, não vou apontar nomes.
Todos merecem o meu respeito.
Isto é simplesmente espantoso!!!
Luís Leite quer ser presidente da federeração de atletismo.
Denuncia publicamente atletas por receberem favores políticos. Desafiado a provar o que diz, escusa-se a concretizar por ser "amigo" dos atletas e por ter "respeito" por eles!
Estranho respeito e estranha amizade estas que não o inibem de lançar o labéu de suspeição sobre todos e de insinuar os mais torpes conúbios políticos com o "partido do poder"...
Quando não se concretiza o que se afirma corre-se o risco de ser havido por simples caluniador!
Espantoso, este LL!!!!!
Ficamos assim com uma ideia precisa sobre quais seriam os novos valores éticos que imperariam no atletismo nacional se Leite viesse a ser presidente da FPA!
Disse LL
Portanto, não vou apontar nomes.
Todos merecem o meu respeito.
Com amigos destes,não precisam de inimigos!.....
Este problema, que não é só do desporto, veja-se por exemplo o caso lamentável dos concursos televisivos que estão a “vender sonhos a inocentes”, começa efectivamente na família e é muito potenciado por treinadores, dirigentes, clubes, federações, governos e pela sociedade em geral. É acima de tudo uma questão ética e cultural. Infelizmente não se tem colocado a actividade escolar como o mais importante e fundamental na educação e preparação para a “vida” das nossas crianças e jovens. No que se refere aos atletas com estatuto de alta competição, estes deveriam ter necessariamente um planeamento de carreira académica e profissional. Existem boas práticas noutros países em que os Centros de Alto Rendimento coordenam ou apoiam toda a actividade destes atletas e possuem um departamento de planeamento de carreira, provavelmente poderia ser um serviço que do ponto de vista financeiro ficaria mais em conta ao Estado, que os apoios de “reiteração social” pós-carreira desportiva. Por força da actividade que desempenho numa Universidade, verifico diariamente que é possível estudar e competir ao mais alto nível e que esta adição é possível se a administração pública desportiva, federações, clubes, dirigentes, estabelecimentos de ensino e muitas vezes os próprios atletas estiverem dispostos a isso, se não for um esforço e ao mesmo tempo um prazer para todos dificilmente funcionará e continuaremos com o mesmo problema. Um problema grave e muito sério.
Obviamente os comentários de certos anónimos não me merecem resposta.
Não aceito críticas ao meu carácter vindas de gente invisível, que precisando sempre do anonimato, tem um carácter, logo à partida, muito duvidoso.
Estamos num país livre e eu sempre disse aquilo em que acredito, sem hipocrisias.
Não preciso de provar nada a ninguém.
E muito menos a anónimos.
Agradeço os contributos do Luís Leite,do Kaiser Soze e do Armando Inocentes.
Creio que o Fernando Parente sintetizou bem o problema ao afirmar que :"é possível estudar e competir ao mais alto nível e que esta adição é possível se a administração pública desportiva, federações, clubes, dirigentes, estabelecimentos de ensino e muitas vezes os próprios atletas estiverem dispostos a isso".
Existem exemplos dessa conciliação no nosso País.
A Canoagem tem em funcionamento, há longa data, uma residência universitária. Com atletas integrados no projecto Olímpico que se licenciaram, obtiveram resultados desportivos e académicos reconhecidos por todos.
O melhor atleta portugês de Triatlo é estudante de Medicina encontra-se integrado num CAR com um palmarés desportivo e académico de referência.
O Voleibol tem equipas concentradas com programa de estudo e treino.
Existem boas práticas em Portugal e mais exemplos como os referidos.
Lamentável quando essas boas práticas não têm origem nos "gurus" do desporto nacional, sejam omitidas.
Mais que omitidas são criticadas como modelos decadentes apesar de estarem na base do modelo de desporto Universitário de sucesso nas grandes potências mundiais.
Os atletas são os primeiros a dizer sim, pois mais que ninguém querem a sua valorização pessoal, seja ela desportiva como académica.
"é possível estudar e competir ao mais alto nível" assim se tenha tal objectivo como estratégico.
Mas no final isso iria desmascarsr a inexistência de estratégia num País que é gerido por reacção e pelos interesses de quem se quer manter no poder a todo o custo.
Daí alguns terem recebido umas bolsas .... para se calarem e não gritarem: .... O REI VAI NU!
Permito-me discordar de Fernando parente, também citado por JM Constantino.
Na minha opinião, não é possível de todo conciliar estudos universitários e competição ao mais alto nível.
Ao mais alto nível (medalhado olímpico ou mundial ou mesmo de finalista em modalidades de grande expressão) exige-se na actualidade um hiper-profissionalismo com níveis de disponibilidade e concentração tais, que não é compatível com estudos levados a sério.
Os grande talentos têm que optar e normalmente optam pelo profissionalismo desportivo, porque pode dar sucesso e dividendos financeiros imediatos.
Nos Estados Unidos, é possível em universidades menos exigentes, porque as licenciaturas têm qualidade e níveis muito diferenciados e a coisa é facilitada para os bolseiros contratados.
Em Portugal, é praticamente impossível atingir-se "o mais alto nível" desportivo em simultâneo com a conclusão de uma licenciatura sem interrupções.
Os nossos grandes campeões sabem que isso não é possível.
Há no entanto casos extraordinários como o de Arnaldo Abrantes, por exemplo, que está a concluir Medicina e conseguiu ser semi-finalista nos 60m dos Campeonatos da Europa de Pista Coberta recentemente disputados.
Admito que é possível até ser-se olímpico nessas condições, mas sem pensar em posições de relevo.
Não ao mais alto nível mundial.
Isto é válido para qualquer modalidade, incluindo, como é óbvio, o próprio Futebol.
Deixemo-nos de ilusões facilitistas, porque as coisas não são assim...
Os últimos medalhados portugueses desde Atlanta parecem ser na sua maioria Licenciados.
O arquitecto Luís Leite analisa os factos limitado à única realidade que conhece.
Existem dezenas de campeões olímpicos que conciliaram a sua vida académica com a desportiva.
Mais nos países europeus e da América do Norte constituem a larga maioria.
Justificar tal evidência com a menor exigência das Universidades é ridículo e falso, assim o demonstra a credibilidade das Universidades americanas em pós graduações e doutoramentos.
Talvez LL enquanto dirigente nunca tenha cultivado esse modelo daí a renitência em aceitar uma evidência.
Acalenta a cultura que o atleta não pode conciliar a carreira desportiva de alto nível e académica, típica dos portugueses, de forma a justificar essencialmente o insucesso de muitos pseudo atletas que não o fizeram por manifesta incapacidade física e falta de talento. Tornaram-se intelectuais que não foram campeões olímpicos porque não dava para conciliar!
Infelizmente, por não existir essa visão após tantos anos e tantos milhões não existam muitos exemplos....
Anónimo das 10.39:
Temos 9 medalhas (sendo uma dupla na Vela) e 9 medalhados desde Atlanta 1996 Fernanda Ribeiro ganhou duas).
Destes, 6 tenho a certeza de que não são licenciados.
Quanto a Nuno Delgado, julgo que é licenciado em Educação Física.
Quanto aos velejadores não consegui confirmar se são licenciados, mas pelo menos em 2008 ainda eram profissionais de Vela.
Portanto a sua teoria cai em saco roto.
Quanto ao resto, mantenho aquilo que escrevi.
São uma minoria os medalhados olímpicos licenciados e aqueles que o conseguiram fizeram-no em países muito evoluídos como os países nórdicos europeus, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Austrália, que têm graduações universitárias de nível muito diferenciado e facilitadoras para os bolseiros.
Quanto a doutoramentos, não conheço nenhum caso de medalhados olímpicos doutorados antes de terminarem a carreira de desportista.
Você conhece?
Diga lá...
Estou sempre disposto a aprender.
O Arquitecto LL é hábil com as palavras.
Nunca referi a existência de Campeões doutorados, mas sim rebati a sua ideia de termos atletas licenciados em cursos "a fazer de conta".
Espero que nem todos pensam como o Arquitecto pois se assim for os atletas de alto rendimento serão apenas "carne para canhão".
Acredito que podemos ser um Pais evoluido e ter atletas que conciliam desporto e formação académica.
O primeiro passo é acreditar que é possível.
Nesta situação não teria o LL o meu voto, pois defende que alto rendimento é prejudicial à saúde e inconciliável com estudo.
Com certeza o tempo o fará reflectir sobre essa posição.
Se eu sou hábil com as palavras (obrigado, não sei se concordo, tudo é relativo), o "anónimo" pretende ser hábil com ideias e argumentos, mas não consegue, lamento.
Você está completamente fora do mundo desportivo real e portanto também não podemos ser muito exigentes.
1) Há muitos países, entre os quais o nosso, com licenciaturas a fingir; a tendência natural tem sido copiar os modelos liberais americano e britânico, em que existem licenciaturas para todos os níveis de exigência, desde o top mundial ao grau zero do conhecimento; nesses países, onde a maioria da população é "graduated", o que importa é saber onde fez a "graduation", não se é "graduated".
2) Os atletas de alto rendimento não são carne para canhão, apenas fazem opções livres e correm riscos numa realidade de mercado;
3) Portugal não é propriamente um país evoluído e actualmente a esmagadora maioria dos desportistas federados acima dos 18 anos frequenta ou frequentou uma licenciatura; ou seja, é capaz de conciliar a prática desportiva com a vida académica; o que está aqui em causa é o nível desportivo e académico que atinge, atingiu ou atingirá e para quê...
4) Lembro-me que fiz mínimos para as Universíadas de Sofia, em 1977, tal como por exemplo o José Gomes Pereira da Natação e acabaram por não levar ninguém porque só éramos 2 ou 3 e não valia a pena; na verdade, já depois do 25 de Abril, o número de desportistas universitários com um nível razoável era reduzidíssimo, embora houvesse bastantes que levavam o desporto mais ou menos a brincar e conseguiam uma licenciatura a sério, de 5 anos; era dada prioridade aos estudos e havia emprego garantido...
"!Você está completamente fora do mundo desportivo real e portanto também não podemos ser muito exigentes."
Obrigado Mestre por tão sábios pensamentos. Sabe que essa sua arrogância advém da sua limitação. Eu cá tenho noção da minha que até pode ser superior à sua mas sei que ela existe.
Continue no seu Mundo de verdades absolutas.
Acaba por descridibilizar algumas das verdades que diz.
Mas se é feliz assim ....
Ó Anónimo,
Desculpe se o ofendi com a minha "arrogância", mas nunca tive essa intenção.
Não sou Mestre.
Tenho apenas uma pós-graduação de 2 anos em Planeamento Urbanístico, há quase 30 anos, no tempo em que as licenciaturas eram de 5 anos e os mestrados ainda não tinham aparecido por cá.
Não precisa de me agradecer nada.
Eu limito-me a debater ideias e argumentos num blog interessante sobre Desporto.
Mas não acho normal nem razoável que faça apreciações sobre a minha "felicidade".
Eu não o faria sobre a sua.
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