Os contornos pouco claros da rábula em torno da transferência do futebolista Tiago Gomes para o Málaga são o exemplo mais recente – por certo não o último - do impacto cada vez maior do envolvimento de grupos de empresários e fundos de investimento no negócio da compra e venda de direitos desportivos de futebolistas profissionais.
Ocorre que muitas destas empresas e agentes não têm qualquer vinculo ao mercado desportivo, pelo que a sua actividade não é regulada pelas autoridades do futebol, como no caso de sociedades desportivas ou agentes de atletas. Tratam-se de grupos empresariais que procuram rentabilizar os activos financeiros associados aos direitos desportivos dos jogadores, assumindo uma posição negocial cada vez mais relevante no mercado de transferências. A regulação da sua actividade encontra-se no domínio dos mercados financeiros.
A transferência do jogador, durante o mercado de Inverno, foi sempre assumida pelo presidente do clube como uma prioridade para colmatar as dificuldades de tesouraria e regularizar os salários em atraso do plantel profissional de futebol.
Neste momento, após uma estadia conturbada em Espanha, o atleta regressa à Amadora e o clube, vendo gorada a transferência e respectivo o aporte financeiro, enfrenta a possibilidade de rescisão de contratos dos seus futebolistas profissionais.
Aqui chegados importa questionar, no âmbito de um desporto globalizado e cada vez mais atraente ao investimento de sociedades financeiras e empresas sediadas em domicílios fiscais off-shore, quais os instrumentos que as autoridades do futebol encontram para preservar a tão propalada especificidade do desporto e proteger os atletas da especulação de interesses económicos de actores externos ao mundo do desporto?
O financiamento do desporto profissional não é um tema novo, tendo sido, no passado, matéria de intervenção reguladora de instâncias da União Europeia (UE).
No entanto, as autoridades do futebol - guardiãs do seu valor social - parecem distantes de assumirem uma estratégia clara sobre a monitorizarão e controlo dos fluxos financeiros no futebol profissional, hesitando em definir e implementar um quadro de acção para reter o dinheiro gerado pela capitalização dos activos desportivos no mercado do futebol.
Ao invés - agitando o perigo de crise da identidade nacional - parecem mais preocupadas com epifenómenos circunstanciais de financiamento de grupos empresarias, particularmente no futebol inglês. A propósito da identidade cultural e do futebol inglês, num dos últimos jogos do Arsenal na da Liga dos Campeões, não deixou de ser curioso constatar que dos 6 jogadores de formação local inscritos pelo clube (Clichy, Senderos, Fabregas, Bendtner, Hoyte e Walcott - jogadores que tenham passado pelo menos 3 anos, entre os 15 e os 21 anos, no clube ou num clube do mesmo campeonato) de acordo com as recentes regras da UEFA para reforçar a identidade cultural, apenas dois eram ingleses.
A dimensão económica do desporto é um dos três capítulos do Livro Branco sobre o Desporto, cujo Plano de Acção “Pierre de Coubertin” é uma prioridade na política desportiva comunitária e marca a agenda política, animada com as disposições do Tratado de Lisboa, no caminho de um “Programa de Desporto da UE”.
A necessidade de uma avaliação profunda da importância económica do desporto e dos seus mecanismos de financiamento, em particular no debate sobre a implementação de contas satélite no desporto (fundamentais para um novo paradigma de prestação de contas numa lógica de “value for money” que não nos cansamos de sublinhar), saída das conclusões da Reunião Informal dos Directores Gerais do Desporto da UE é uma manifestação de liderança da esfera política comunitária no sentido de maior regulação dos fluxos financeiros no mercado desportivo face à impassividade das autoridades desportivas, mais entretidas em envidar os seus esforços na distorção de princípios de Direito Comunitário para a utópica senda da preservação da identidade nacional através do desporto.
As conclusões da reunião informal, de hoje, dos Ministros do Desporto da UE poderá ser mais um sinal no reforço do lançamento de uma agenda europeia do desporto onde o financiamento do desporto é um tema decisivo e prioritário ao nível do plano de acção.
Ocorre que muitas destas empresas e agentes não têm qualquer vinculo ao mercado desportivo, pelo que a sua actividade não é regulada pelas autoridades do futebol, como no caso de sociedades desportivas ou agentes de atletas. Tratam-se de grupos empresariais que procuram rentabilizar os activos financeiros associados aos direitos desportivos dos jogadores, assumindo uma posição negocial cada vez mais relevante no mercado de transferências. A regulação da sua actividade encontra-se no domínio dos mercados financeiros.
A transferência do jogador, durante o mercado de Inverno, foi sempre assumida pelo presidente do clube como uma prioridade para colmatar as dificuldades de tesouraria e regularizar os salários em atraso do plantel profissional de futebol.
Neste momento, após uma estadia conturbada em Espanha, o atleta regressa à Amadora e o clube, vendo gorada a transferência e respectivo o aporte financeiro, enfrenta a possibilidade de rescisão de contratos dos seus futebolistas profissionais.
Aqui chegados importa questionar, no âmbito de um desporto globalizado e cada vez mais atraente ao investimento de sociedades financeiras e empresas sediadas em domicílios fiscais off-shore, quais os instrumentos que as autoridades do futebol encontram para preservar a tão propalada especificidade do desporto e proteger os atletas da especulação de interesses económicos de actores externos ao mundo do desporto?
O financiamento do desporto profissional não é um tema novo, tendo sido, no passado, matéria de intervenção reguladora de instâncias da União Europeia (UE).
No entanto, as autoridades do futebol - guardiãs do seu valor social - parecem distantes de assumirem uma estratégia clara sobre a monitorizarão e controlo dos fluxos financeiros no futebol profissional, hesitando em definir e implementar um quadro de acção para reter o dinheiro gerado pela capitalização dos activos desportivos no mercado do futebol.
Ao invés - agitando o perigo de crise da identidade nacional - parecem mais preocupadas com epifenómenos circunstanciais de financiamento de grupos empresarias, particularmente no futebol inglês. A propósito da identidade cultural e do futebol inglês, num dos últimos jogos do Arsenal na da Liga dos Campeões, não deixou de ser curioso constatar que dos 6 jogadores de formação local inscritos pelo clube (Clichy, Senderos, Fabregas, Bendtner, Hoyte e Walcott - jogadores que tenham passado pelo menos 3 anos, entre os 15 e os 21 anos, no clube ou num clube do mesmo campeonato) de acordo com as recentes regras da UEFA para reforçar a identidade cultural, apenas dois eram ingleses.
A dimensão económica do desporto é um dos três capítulos do Livro Branco sobre o Desporto, cujo Plano de Acção “Pierre de Coubertin” é uma prioridade na política desportiva comunitária e marca a agenda política, animada com as disposições do Tratado de Lisboa, no caminho de um “Programa de Desporto da UE”.
A necessidade de uma avaliação profunda da importância económica do desporto e dos seus mecanismos de financiamento, em particular no debate sobre a implementação de contas satélite no desporto (fundamentais para um novo paradigma de prestação de contas numa lógica de “value for money” que não nos cansamos de sublinhar), saída das conclusões da Reunião Informal dos Directores Gerais do Desporto da UE é uma manifestação de liderança da esfera política comunitária no sentido de maior regulação dos fluxos financeiros no mercado desportivo face à impassividade das autoridades desportivas, mais entretidas em envidar os seus esforços na distorção de princípios de Direito Comunitário para a utópica senda da preservação da identidade nacional através do desporto.
As conclusões da reunião informal, de hoje, dos Ministros do Desporto da UE poderá ser mais um sinal no reforço do lançamento de uma agenda europeia do desporto onde o financiamento do desporto é um tema decisivo e prioritário ao nível do plano de acção.
1 comentário:
Repare, caro João Almeida
Reunião Informal
Isto é, sem forma, sem responsabilidade
Preto no branco
A querer dizer: ninguém engana ninguém.
Depois despertamos de um sonho e acordamos perante a realidade... disforme.
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