sábado, 19 de março de 2011

Clubes “portugueses” brilham na Liga Europa

Texto de Luís Leite cujo envio agradecemos


Pois é, o Futebol português está de parabéns.
Três clubes passaram aos quartos-de-final da Liga Europa, uma espécie de Taça para descobrir o melhor dos clubes europeus que não são muito ricos.
Só é pena que, sendo os clubes indiscutivelmente portugueses, quase todos os que jogam são estrangeiros, 90% sul-americanos.
Ou seja, clubes portugueses mas jogadores estrangeiros.

Pergunta 1:
Será que acontece o mesmo com os outros clubes de Futebol estrangeiros que andam nestas lides?
Resposta 1:
Não. Há em quase todos uma maioria de jogadores nacionais.

Pergunta 2:
Somos um país rico, que pode importar e gastar dezenas de milhões de euros por ano em jogadores estrangeiros?
Resposta 2:
Não. Somos um país pobre e à beira da bancarrota. Mas também exportamos grandes craques. Uma coisa dá para a outra.

Pergunta 3:
Os clubes portugueses são ricos?
Resposta 3:
Não. Estão sempre tecnicamente falidos.

Pergunta 4:
Os jogadores portugueses não prestam?
Resposta 4:
Temos muitos jogadores de qualidade a jogar no estrangeiro, mas para jogarem em Portugal, os nossos não servem.
As escolas dos clubes servem para descobrir jogadores para exportar.
O mercado manda que tenham nomes esquisitos, mesmo que desconhecidos. Senão não são verdadeiros “reforços”.
Se um desgraçado é português, desconfia-se e tem que correr o dobro dos outros, como o Fábio Coentrão, o João Moutinho, o Carlos Martins, etc.

Pergunta 5:
Os guarda-redes portugueses não prestam?
Resposta 5:
Alguns não são maus, mas têm o azar de ser portugueses.
Os estrangeiros devem ser melhores de certeza, porque são estrangeiros.

Conclusão:
Os clubes portugueses são bons demais para jogar com jogadores portugueses.

4 comentários:

Kaiser Soze disse...

Assunto muito interessante, sem dúvida.
Esquecendo o assunto dos agentes FIFA e da necessidade (destes e outros) de concretizarem transferências para assim ganharem dinheiro, parece-me que deverão ser tidos em conta outras questões.

A questão do aproveitamento do produto nacional (falarei só da realidade dos clubes grandes, porque, juntamente com o Braga, são os que estão na Europa, tivemos no Sporting o comprovativo da falência (para já desportiva) do modelo fortemente apoiado na Academia. A diferença de juniores para séniores é enorme. É uma transição muito difícil e não sustenta uma equipa que se quer vencedora porque, como em todos os deportos, o grau de exigência é muito maior e constante, pouco dado a experiências.

A isto acresce que os que se aproveitam vão embora porque, muito legitimamente, querem ganhar mais dinheiro e, com as transferências, alimentam o clube.
Se repararmos, retirando o FCP e o SLB do último ano, é confrangedor que os melhores jogadores portugueses (a grande maioria) saíam para clubes de média ou pequena dimensão europeia, para clubes que lutam, na melhor das hipóteses, por acesso à Taça Uefa, vindos de clubes que lutam por vencer o campeonato.

É o EURO que fala mais alto e, convenhamos, é mais fácil vir buscar um bom português do que um médio espanhol ou inglês ou italiano.
A isto ainda podia ser acrescentado os mecanismos de defesa de campeonatos como o espanhol e até o inglês...e mesmo com estes mecanismos, ainda temos o Arsenal e o Real Madrid pejados de estrangeiros.

Luís Leite disse...

A transição de juniores para seniores é mais difícil em Portugal que nos outros países?
A Argentina e o Brasil importam futebolistas europeus?
São, por isso, os clubes deles mais fracos?

Com a liberdade de circulação descaracterizaram-se as equipas de futebol europeias (e sobretudo as portuguesas) que hoje em dia são constituídas por mercenários, que nem fazem esforço para aprender a língua.
Devia haver uma limitação de estrangeiros inscritos por clube.
Prevalecem as negociatas.

Kaiser Soze disse...

Não, não importam europeus porque não podem.
Sim, comparadas com as equipas de top europeu são mais fracas.

Luís Leite disse...

Não importam europeus porque não precisam. São exportadores e limitam-se a aproveitar o que de melhor aparece.
Brasil e Argentina não são só muito bons em Futebol.
São muito bons em muitas outras modalidades olímpicas e têm um nível desportivo equilibrado.
Está por provar que as equipas de topo europeus sejam mais fortes que as melhores equipas brasileiras e argentinas.
Raramente se encontram.
Esta Europa (Bosman e tudo o resto) é um equívoco monumental.