A propósito da notícia de primeira página de ontem dos jornais Público e Sol, retroagimos uns bons anos na nossa vida desportiva para relembrar a nossa estreia internacional em representação do Académico Futebol Clube na competição da Taça das Taças de andebol. O clube, como qualquer outra organização desportiva de natureza associativa, dispunha de parcos recursos financeiros para fazer face a despesas tão avultadas para a preparação e concretização de tal participação. Recorrer a patrocínios públicos e privados foi uma das soluções encontradas. Porém, bem próximo da competição, as verbas disponibilizadas sofreram grandes reduções por parte dos patrocinadores. A poucos dias da partida e face às sérias perspectivas de inviabilidade na dita competição internacional, foi o esforço financeiro de pais, atletas e dirigentes que nos permitiu ir além fronteiras e regozijarmo-nos por ouvir e fazer ouvir com dignidade o hino nacional.
Claro está, como devem saber ou presumir, este cenário repetiu-se e continua a repetir-se inúmeras vezes, seja a representação de Portugal feita através de equipas de clubes ou de selecções regionais ou nacionais e, diga-se em abono da verdade, que pouco ou nada se tem importado o Estado com injustiças, contrariedades ou incumprimentos de patrocinadores mesmo quando está em causa o bom nome de Portugal além fronteiras, e por maioria de razão, no caso que apresentamos de seguida, de facto nem se deveria importar.
Excepção ao quadro descrito foi ontem conhecida e trazida ao conhecimento geral pela primeira página dos jornais supracitados, e atestada anteriormente pelo Diário da República do dia 9 do corrente mês.
Em causa está a acção do Estado, através da decisão governativa da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, de atribuir uma verba de 2.000.000 de euros à entidade “CSS Stellar” com vista à participação de Tiago Monteiro na Fórmula 1.
Neste breve recorte de opinião, gostaria apenas de evidenciar as enormes contradições e desvarios governativos na política de apoio público financeiro ao desporto profissional ou de alto rendimento. Bem sabemos, pois tem sido para nós objecto de análise e estudo nos últimos anos, que o apoio financeiro e material por parte da administração central, regional e local tem sido, ainda que com variações e disparidades, uma constante nas últimas décadas, inclusive em contravenção com a base legal existente desde 1991.
Sucessivos governos têm demonstrado alheamento e indiferença à agonia e asfixia de parte do movimento desportivo associativo, que tem vivido sem programas públicos para o seu reconhecimento, apoio e revitalização e, consequentemente, incapaz de em muitas regiões do país promover a prática desportiva de crianças, jovens e menos jovens. Também neste blog temos já expressado e demonstrado a enorme insensibilidade do Estado para com a miserável participação feminina no desporto a todos os níveis e esferas de competência, ou para com o desporto adaptado. Temos já frisado igualmente como, de forma incompreensível, o actual Governo voltou as costas a atletas de excepção e reconhecimento internacional ímpar, como Carlos Lopes, Aurora Cunha e António Leitão, terminando o contrato de prestação de serviços desportivos que com eles mantinha de legislaturas anteriores, ou como tem relegado para segundo plano casos como o de Mário Aníbal, protelando incrivelmente e há anos a clarificação e operacionalização, por exemplo, da matéria do seguro desportivo dos atletas de alto Rendimento.
Invocarmos a indignação por estas e outras situações começa a estar permanentemente na ordem do dia nacional. Não é só no desporto que o descontentamento e a angústia têm sido grandes. Os professores, os reformados, os doentes, os injustiçados e muitos mais têm discordado e lutado contra a actual conjuntura e as recentes decisões políticas.
Enquanto cidadã e mulher do desporto não queiram igualmente, e sem fundamentalismos no que concerne ao apoio público ao desporto profissional e de alto rendimento, que aceite de ânimo leve e de bom grado a atribuição de 2 milhões de euros a Tiago Monteiro para participar na Fórmula 1, ou se quisermos, dito de outra forma, porque nada nos move contra este excepcional atleta, ao desporto espectáculo e ao business desportivo. Atendendo, entre outras, a razões estratégicas de política desportiva, não podemos menosprezar nem descurar a história e a efectivação do quadro normativo legal instituído pelo actual governo através da sua Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto, interditando o apoio financeiro público ao desporto profissional (vide artigo 46.º da Lei n.º 5/2007, de 16 de Janeiro).
Assumam-se e atribuam-se responsabilidades políticas a quem de direito, nem que para tal os cidadãos e as cidadãs comecem a escrever “cartas de conforto” antes das eleições do próximo ano.
22 comentários:
O poder, o arbítrio do poder e o abuso do dinheiro público: que responsabilidades e consequências no Portugal desportivo?
Este governo entrou no desporto com uma grande retórica transformadora e com uma voracidade legal que impressionava qualquer um habituado aos “desmandos” antecedentes. “Congressou-se” os desportistas e as suas “dirigências” federativas e logo se publicou uma nova e grandiloquente “Lei de Bases”.
Agora sim é que essa fantochada de patrocinar a esmo o desporto comercial e altamente bem retribuído ia de “pantanas”. Nem mais um “tusto” para esses comilões e a lei aí estava categoricamente a impor (v.g. artigos 46º e 47º da novel “Lei de Bases”).
Agora, incredulidade das incredulidades, desdita das desditas, hipocrisia das hipocrisias, ilegalidade das ilegalidades, fica a saber-se oficialmente, muitos meses depois, que o nosso governo, a quem cumpre constitucionalmente por enquanto (diga-se em abono) cumprir a lei que ele próprio criou, esse mesmo governo e o seu representante tutelar do desporto aprovaram um subsídio particular para um atleta no módico valor de dois milhões de euros. Este subsídio que é particular, já que o desporto em causa não é de representação nacional em qualquer evento oficial, é só o maior dos subsídios individuais atribuídos ao desporto nacional através do Instituto do Desporto de Portugal. Nenhuma federação desportiva nacional recebeu idêntica soma para promover as suas actividades e o respectivo desporto em Portugal e fora de portas no mesmo ano de 2007.
Agora deve perguntar-se se o governo e o Senhor Secretário de Estado do Desporto devem ou não, em primeiro lugar, cumprir a lei que criaram? Se o governo e o seu representante máximo da tutela podem prevaricar contra a lei? Se essa prevaricação tem consequências e quais são elas? Se os governantes são ou se julgam donos dos dinheiros públicos de modo a fazerem deles as atribuições individuais que bem entendam, dando, depois muitos meses depois, disso disfarçadamente “conta” ao país e aos contribuintes?
Amanhã vai ser possível vir a conhecer-se outras decisões destas, fundadas num véu de neblina e de ilegitimidade, e continuar a defender o respeito da lei de bases e da regulamentação que se prepara para a complementar?
Quais foram os benefícios, e por quem foram assimilados, desta enorme soma de dinheiro dispendido numa participação individual de um atleta num desporto altamente rentável, comercial e profissionalizado? Será que os contribuintes portugueses, todos nós, andámos a pagar os ordenados do atleta e aquilo que deviam ser os patrocínios privados que deveriam suportar uma participação individual neste desporto da Fórmula 1?
O governo, e o Senhor Secretário de Estado do Desporto em especial, deve ao país mais que uma esfarrapada e disfarçada explicação (como a que foi dada aos jornais) e o respeito da legalidade impõe-lhes que retirem as consequências devidas de terem agido contra a sua própria “Lei de Bases”, que aprovaram e fizeram publicar com tanto estertor…!
J. Manageiro da Costa
(em 21 de Abril de 2008)
Ainda não consegui interiorizar esta decisão governativa. O que é que estava em causa afinal? A participação de Portugal na F1? Mas desde quando é que Portugal tem uma equipa de F1? Nenhum estado tem...
Dá-me pena e revolta-me o facto de se estoirar dinheiro em causas perdidas e de valor duvidoso.
Esses 2 milhões praticamente chegariam para pagar o projecto de esperanças olimpicas para 2012.
Mas isto do Tiago Monteiro é mesmo verdade ou isto não passa de uma peta de 1 de Abril atrasada?
Então mas não há ninguém, nenhuma Instituição, nenhuma individualidade, que ponha esta gente a pagar pelo que faz? Continuamos a pactuar com os vendilhões da Pátria? Estes que tanto apregoaram o fim das arbitrariedades, afinal não passam de mais uns desses loucos contribuidores que continuam a afundar o País? É esta a classe da mudança? Qual mudança? Será que este País não tem gente séria que ponha na ordem (que ponha mesmo!)estes demagogos?!
Talvez fosse útil a todos nós ccolocar na internet a LISTA NEGRA DOS VENDILHÕES DA PÁTRIA, ao lado da dos credores do Estado (que nunca mais sai)...
Agradeço ao J. Manageiro da Costa o contributo tão clarividente e escorreito sobre esta matéria. São sempre bem-vindas as suas observações e os seus juízos, bem demonstrativos do conhecimento abalizado que tem acerca das matérias desportivas.
Ao Schlumpy recomendo-lhe que vá interiorizando esta e outras medidas análogas, e se tiver alguns minutos consulte http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1326532&idCanal=56
e veja o que os portugueses espalhados pelo mundo vão dizendo acerca da argumentação que o senhor Secretário de Estado classifica como "acto normal" para o subsídio de dois milhões a Tiago Monteiro, melhor dizendo, digo eu para sermos rigorosos, à empresa “CSS Steller”.
São mesmo desvarios que a nossa administração pública desportiva continua a ter sem que daí advenham quaisquer consequências! Há quem passe entre os pingos da chuva, mesmo sem chapéu, e não se molhe...
Só me admiro do silêncio que o anterior presidente do Instituto do Desporto de Portugal mantém acerca deste assunto e de outros também! Talvez seja altura de fazer algum comentário pois tenho a certeza que a opinião pública ficaria mais elucidada sobre esta generosidade e a forma como ela foi "efectuada".
Fica aqui o desafio Sr. Professor.
Depois da explicação dada pelo Secretario de Estado do Desporto Dr. Laurentino Dias no jornal Público pelo sobre este subsídio de 2 milhões de euros para o Formula 1 Tiago Monteiro, participar e chegar ao fim dos vários grandes prémios em ultimo lugar...(com excepção da primeira corrida em que houve greve de varios pilotos e o TM ficou em 3º lugar... posso concluir que a POLITICA DESPORTIVA ESTÁ TRANSFORMADA NUMA VERDADEIRA SARDINHADA, embora esta decisão teve como co-responsáveis o Hermínio Coveiro e o José Manuel Konstantinov, mas parece que está tudo bem, anda o povão a ser roubado nos impostos, para depois os homens do Poder distribuirem o dinheiro desta maneira, isto é mais do que um caso de policia.
Atenção MP.
Não é primeira vez, nem será provavelmente a última, que sou “convidado”a falar sobre este ou aquele assunto. Tenho, de resto, sido mimoseado, neste espaço, com alguns comentários anónimos. Alguns delirantes como este último. Não vou comentar as motivações. Era inevitável que esta situação ocorresse neste pequenino mundo do nosso desporto, da política caseira, do “in circle” lisboeta e da minha “corporação”. Quero apenas acrescentar algo sobre alguns dos “desafios” para que sou provocado. Umas vezes anonimamente. Outras sobre a forma de pseudónimo, assim o entendo por não conhecer as pessoas que se identificam com um “nome”, como é o caso de um comentário da Maria Guiomar Santos (?).Enquanto exerci funções na administração pública desportiva nunca dei qualquer entrevista ou tornei pública uma opinião sobre política desportiva. Desde que deixei de exercer essas funções nunca produzi qualquer comentário público sobre o modo como a administração pública desportiva foi ou tem sido gerida. Recusei qualquer tomada de posição sobre este ou aquele dossier. Não acedi, quando solicitado pela comunicação social, a pronunciar qualquer comentário sobre este ou aquele assunto desportivo ou sobre o que se “consta” ou se “diz” pelos corredores. Nunca falei da actual “gestão” do IDP. As únicas excepções a esta atitude foram a de um comentário sobre um organograma desactualizado que, durante tempo de mais, persistiu em garantir a presença no site do IDP e sobre o carácter anómalo de um financiamento de 2 milhões de euros a uma entidade estrangeira, precisamente a matéria que agora chega ao conhecimento público, mas porque o assunto deixou de estar na órbita da administração pública para ser “repescado” para a instância política e tratado de modo “clandestino”. Mas nunca falei da maneira como o assunto foi administrativamente resolvido. Os que trataram do assunto saberão que procedimentos foram adoptados e se quiserem falar do assunto que falem de modo a se perceber a “normalidade” e a “legalidade” do acto que praticaram. Nunca utilizei o acesso privilegiado a informação relevante, antes e depois do exercício das minhas funções, para qualquer posição pública. E também o não vou fazer neste caso. Não fiz qualquer jura eterna de não falar sobre o IDP. Nem renunciei a nenhum dos meus direitos cívicos. Mas falar ou estar calado têm igual importância. E sou eu que decido. Não vale a pena insistir. Quando eu quiser falar do IDP escrevo um livro de memórias. E assinarei com o nome que consta no meu bilhete de identidade. Não fujo às responsabilidades do que fiz e do que faço.Com uma vantagem. A da liberdade possível de quem não tem lobi, seita, patrocínio político, partidário, familiar, religioso ou maçónico. Não deu ainda para perceber?
O Tiago Monteiro será - juridicamente falando - um "clube participante em competições profissionais"?!!!
É que, se não for - o que apenas por comodidade de raciocício aqui se aventa... - não está abrangido pelo artº 46º da Lei 5/2007, o qual apenas proíbe o financiamento aos "clubes participantes em competições profissionais"!!!...
A argumentação da Maria José Carvalho apenas teria alguma razão de ser se ainda estivesse em vigor aquela redacção abstrusa do Dec-Lei nº 432/91 - que falava de apoios ao "desporto profissional", sem definir o que se entenderia como tal...Mas essa redacção já não está em vigor e a Maria José Carvalho deveria saber isso...
...era escusado ter-se preocupado tanto nesta para tão esclarecida resposta(!).
Caro José Manuel Constantino
As suas explicações são justificadas, o seu desejo de se manter atento, mas "keto" no seu canto , não faz o seu género e nem vai conseguir fazer carreira politica com esses modos de actuação.
O Caro amigo fez um bom trabalho no IDP e reconhecido publicamente, mas houve algumas situações como é o caso do Tiago Monteiro na Fromula 1 que deveria merecer uma maior ponderação, depois da sua saída o IDP está em auto gestão pela ausência com um Doutor Luís Sardinha em parte time!!! e a despachar subsídios para os amigos e familiares, mas essa situação deve interessar ao Laurentino Dias para pode4r mandar só e como quer.
Este Tema muito interessante do modo como a adminstração publica, administra os nosso dinheiros em causas, que não tem nenhum impacto pde valorização social , mesmo que a titulo pessoal.
Parabens á Maria José Carvalho, atleta de andebol de eleição nos anos 70, professora universitária e que hoje uma referência nacional no direito desportivo e na forma civica como intervem em causa que justificam as opiniões de pessoas crediveis.
Bem haja...
cumprimentos
AD
Eu gostaria de comentar mas devo ser pitosga com corpos de letras tão microscópicas, e não consegui ler as minúsculas mais minúsculas.
Foi de propósito?
Era tão vergonhoso que era preferível dificultar a leitura.
Por favor não volte a fazer isso.
Agradeço
anonimo
24 de Abril de 2008 15:47
caro bistoga basta clicar sobre as letras miudinhas e logo fica ao seu jeito... seja mais tolerante e ninguem quer esconder nada a ninguem e muito menos a Maria Jose Carvalho, só quem a não conhece!
AD
Ao anónimo de nome AD
Cliquei duas vezes nas letras miudinhas e não tugiram nem mugiram.
Mantiveram-se no seu statu quo, e permaneci pitosga.
Tenho que pedir ao governo uns pós de novas tecnologias.
Mas fico-lhe grato pela boa intenção.
Já agora acrescento que as letras miudinhas é uma forma de discriminação porque eu também não consegui.
Qual será a ideia? Será falta de espaço para os textos da Maria José?
Foi precisamente há uma semana que coloquei este texto no nosso blogue. Agradeço às pessoas que participaram com comentários e assim enriqueceram a discussão e a reflexão crítica em torno de mais um caso insólito do nosso desporto. De facto, foi uma semana animada e o nosso blogue continua a revelar-se como um espaço aberto e democratico, onde reinam as liberdades de expressão e argumentação. Permitam-me apenas breves alusões aos seguintes comentários:
Anónimo de 23 de Abril de 2008 0:05
1.º Ilustre jurista (?), não seja paternalista/maternalista ou castigador/a. Pretendeu julgar-me e fê-lo precipitadamente. Mas eu compreendo que após um dia de trabalho, ao comentar o texto depois da meia-noite, já não tenha grande capacidade ou paciência para interpretar cabalmente o que eu escrevi. Quando aludi ao artigo 46.º da Lei 5/2007 não foi para aferir a legalidade ou ilegalidade do apoio público concedido à empresa “CSS Stellar”. Foi tão só para me reportar à medida estratégica de política desportiva que subjaz a este artigo da LBAFD, qual seja a da interdição do apoio financeiro público ao desporto profissional.
2.º No que respeita à legalidade ou ilegalidade deste apoio, naturalmente não será neste blogue que a mesma será aferida, até porque pressinto que muita tinta ainda correrá acerca deste assunto em múltiplas instâncias.
Anónimo de 24 de Abril de 2008 8:06
1.º Muito obrigada pelas suas palavras AD.
Mas não me faça mais velha do que sou. Nasci em 1964, iniciei a prática desportiva do andebol aos 13 anos, pelo que na década 70 ainda dava apenas os primeiros “toques”. Se alguma vez fui a atleta de eleição que refere, terei sido, porventura, na décadas de 80 e 90. Bons tempos…, aos quais se seguiram outros ainda melhores.
Para finalizar, como também já estou a ficar meia pitosga, compreendo as dificuldades eventualmente tidas. Quem quiser o texto com caracteres maiores é só dizer e referir o endereço electrónico que reencaminharei o que necessitarem, agora e daqui para a frente. O meu “jogo” é sempre limpo e transparente. Nada tenho a esconder!
Boa semana de trabalho para todos/as, que será mais curtinha devido ao dia do Trabalhador/a...!!!
Este Blog que tem como base uma vontade várias personalidades do desporto e alguns deles mesmo "peritos" na matéria em questão e com os seus comentários só enriquecem o autor da crónica ou do tema em questão, como foi o caso da Drª Maria José Carvalho, pessoa que admiro não só pela forma de jogar e logicamente pela verticalidade como ainda hoje se mantêm atenta e participativa nos momentos bons e maus do nosso desporto, como foi o caso deste subsídio inacreditável aos carrinhos da formula 1
Mesmo que para o Secretario de Estado do Desporto seja normal!!!
De todo modo, este caso não é único e há outras autarquias (CMP) que fazem actividades desportivas gastando muito do orçamento previsto para as actividades da sua juventude local e que vai cair nos carrinhos da Boavista e depois os clubes desaparecem e os dirigentes amadores deixam de ser os financiadores dessas mesmas actividades por falta de apoio e motivação do Poder Local.
Utilizar os dinheiros públicos é um acto Moral e ética mente saudável quando vem aplicado.
Disse a Maria José Carvalho:
"Quando aludi ao artigo 46.º da Lei 5/2007 não foi para aferir a legalidade ou ilegalidade do apoio público concedido à empresa “CSS Stellar”. Foi tão só para me reportar à medida estratégica de política desportiva que subjaz a este artigo da LBAFD, qual seja a da interdição do apoio financeiro público ao desporto profissional.
Confesso: não percebo.
O que a Maria José tinha dito foi:
"(...)quadro normativo legal instituído pelo actual governo através da sua Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto, interditando o apoio financeiro público ao desporto profissional (vide artigo 46.º da Lei n.º 5/2007, de 16 de Janeiro)..
Fiz um reparo, chamando a atenção para o facto de o invocado artº 46º da Lei 5/2007, não interditar qualquer apoio ao "desporto profissional" - ao contrário do que a Maria José tinha sustentado.
E vem agora a Autora dizer que não citara, nem invocara o artº 46 para discutir a legalidade daquele apoio. Mas que tinha "aludido" a ele, como forma de demonstrar que o Governo visava interditar o aoio ao "desporto profissional".
Escapam-me por completo as diferenças entre "aludir", e "invocar" ou "citar". Não estou tão actualizado sobre estas matérias para me aperceber de tão subtil diferença. A não ser num ponto: é que se fosse "citação", se fosse "invocação" daquele artigo, a argumentação estaria errada - no plano técnico-jurídico, uma vez que aquela norma não diz o que a Maria José pretendeu que ela dissesse.
Mas, se agora fugimos para o poético "aludir", então passamos ao campo etéreo da poesia - e aos artistas têm que se perdoar todas as liberaddes poéticas. Não as podemos sindicar, à luz dos argumentos secos da hermenêutica jurídica.
Seja, pois, uma "alusão" - seja o que for que isso queira dizer no vocabulário técnico de alguém que se pretende jurista, e não poeta.
Mas segue-se logo outra inverdade: a de que o que se pretendeu, naquele artº 46º, foi interditar os apoios ao "desporto profissional".
E - tenho pena de o dizer - mas também isto não é exacto. O que se pretendeu, com o (mal) invocado artº 46º, travestido agora em "aludido", foi apenas interditar os apoios "aos clubes participantes em competições profissionais".
E se se quisesse acabar com os apoios ao desporto profissional, então ter-se-iam que reequacionar os apoios ao desporto de alto rendimento - corruptela elegante e suave do que há de mais profissional no desporto. E não foi isto o que se fez - justamente porque se não pretendeu anatematizar os profissionais do desporto.
Para mim, tratava-se de uma simples questão técnica. E, por isso, não vou embarcar em comentários aos epítetos de "castigador", "paternalista", "cansado" com que fui imediatamente mimoseado por ter timidamente sustentado que a argumentação da Maria José estava (e está)errada.
E a prova da apregoada (e inesperada) invocação de que este Blogue constituirá um "espaço aberto e democratico, onde reinam as liberdades de expressão e argumentação", far-se-á pela publicação (ou não) desta resposta. Porque tal invocação é muito suspeita, quando ninguém pôs em causa tais aspectos - mas a Autora viu-se na necessidade de, a despropósito, deles se gabar!!!!....
Esperemos então para ver.
Porque, se não for publicado, os leitore não terão ciência desse acto de censura - mas a Maria José fica a saber que eu sei, que ela sabe, que eu sei, que ela sabe. E isso dá-me um gozo pessoal infinito - que lhe recordarei em público, em próxima ocasião. Fica aqui a promessa.
caro anónimo
29 de Abril de 2008 0:51
como já dizia o leitor dos jornais, muita parra e pouca uva! e sem entrar no assunto bem explicado pela MJC sobre a forma de gastar ,retirar, esconder, assobiar prao ar de milhões gastos sem nenhum interesse para a nossa juventude de 2 milhões de euros(dinheiro fresco) para um compatriota português andar a fazer triste na F1 de chegar em ultimo , não por falta de vontade ou competência mas carro não dava mais...
2-Lamento que com tanta finta de palavras não assinasse a sua resposta á MJC e quando a encontrar lhe falará, ponha-se a pau que ela é rija e jogos sujos e vadios não faz bem o seu género.
quanto ao interessa, o homem lá levou o dinheirito, o SED fez o papel que gosta, dizer que deu e muito bem... até porque ele é quem manda no Desporto, mesmo que nada tenha feito pelo desporto e começou mal com o Congresso do Desporto e um dia destes lá terá que ser dirá o José Sócrates,oh mano vai de férias porque estas a fazer e falar demais..
Parabéns aos que cantaram o hino nacional equipados com as cores nacionais e representando o nosso País nas competições desportivas internacionais como foi o caso da MJC
Ao anónimo de 29 de Abril de 2008 0:51
É mais que evidente, aliás como confessou, que não percebeu nem perceberá o meu texto. Também não vou repetir a argumentação que utilizei, creio que bem, passe a imodéstia! Tenho escritos acerca da matéria em questão e não maçarei mais os/as leitores/as deste blogue com trocadilhos e narrativas “redondas” que a nada levam que não seja alimentar egos e umbigos do tamanho do planeta.
Presumo que não será por incapacidade interpretativa (?) que não entende o que escrevi, que manipula e desvirtua as minhas frases, mas simplesmente porque, respaldado no anonimato, se encontra um homem pouco sério, pouco frontal, pouco corajoso, que se arvora no depositário da verdade absoluta e da integralidade, quando ao invés utiliza a ameaça mesquinha e truculenta no seu procedimento.
Não é este o “meu caminho”, nem a minha prosa, nem gastarei mais energias futuras com comentários do “disse que disse que não disse”. Tenho, felizmente, uma família adorável, muito trabalho, e uma cidade linda que me impedem de “conviver com pessoas de múltiplas personalidades” como o comentarista anónimo, que pelos vistos se encontra comigo publicamente, me fala, e usa este blogue dirigindo-se a mim sem se identificar chantageando-me. Mas que homem é este???
Se gosta de pensar, se tem tempo livre e se não tem consulta médica, ou afim, para resolver os seus problemas brevemente, opte por escolher uma boa peça de teatro, comprar um bom livro, quiçá de um bom poeta, ver um bom filme ou então simplesmente vista um fato de treino e faça desporto! Verá que a vida é bela e é desnecessário maltratar e chantagear quem apenas exerce de forma aberta e honesta a sua liberdade de expressão.
Aos restantes autores, comentaristas e leitores/as deste blogue:
Comunico que para mim, por ora, está encerrado e esgotado este assunto. Obrigada pela atenção dispensada ao texto comentado.
Grande "mulher do Norte" e do desporto. Venham mais textos e ponto final ou reticências. ... Todos aprendemos com lições destas. Obrigado
GM
Surpreende-me como os autores dete blogue perdem tempo a apresentar justicaçõeses a assalariados do governo travestidos de inocentes anónimos...
Maria Linhares de Castro
Jurista
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