quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Falar e fazer

Peço desculpa aos economistas (e particularmente a um, Fernando Tenreiro, que habitualmente vem a estas lides bloguísticas com um sentido de participação que é de enaltecer) mas não resisto a citar uma avaliação feita por José Roquette numa conferência na Ordem dos Economistas em que disse o seguinte (cito de cor): “o país tem economistas a mais e empresários a menos”. Não o disse, mas penso eu: o país tem muita gente a falar dos problemas e poucos a procurar resolvê-los. Pelo menos a nossa capacidade (escrevo no plural) em falar dos problemas não é equivalente à capacidade em os enfrentar e solucionar. Culpa da natureza complexa de muitos problemas é certo, mas culpa também de uma atitude que é mais propensa a falar do que a fazer. Em alguns casos é até uma opção de comodismo. Resolver alguns problemas é muitas vezes enfrentar interesses organizados e isso dá trabalho e chatices. Razão que explica a atracção que temos pelos diagnósticos, pelos livros brancos, verdes e de outras cores, pelos grupos de trabalho, de reflexão, as ”task forces”, os “think thanks” e designações afins, pelas comissões, pelos relatórios, pelos pareceres, pelos Congressos, pelos assessores, pelos adjuntos e conselheiros técnicos. Muitos estudam o já estudado e diagnosticam o já conhecido.O desporto não escapa a esta moda. É por falta estudos que o estádio de desenvolvimento desportivo nacional é o que é? Não. Reconheço que há matérias pouco estudadas e outras a necessitar de actualização, mas o que já se conhece e está estudado é pouco aproveitado. Chega para responder a alguns das nossas dificuldades e deficiências. Não é sequer um problema financeiro. Então o que é? Uma coisa mais simples e que teimamos em não valorizar: a competência para empreender e fazer. Sei que esta perspectiva meritocrática se não inscreve nas grandes teorias explicativas dos modelos do mundo. Nem sequer nas grandes teorias doutrinárias ou ideológicas. Tem espaço reduzido num país que teima em não valorizar as elites e em cuidar da sua massa crítica. Sei que é uma perspectiva dominada por algum pessimismo e desencantamento. Mas a vida teima em ensinar que muitas das nossas dificuldades (continuo a escrever no plural) são apenas falta de talento e de capacidade. Dar valor a quem faz e não a quem anuncia que vai fazer é, nos tempos que correm, um mérito que importa enaltecer, porque é um bem escasso.

9 comentários:

Anónimo disse...

Razão têm os outros "eles falam, falam e não fazem nada..."
1.º Entendo que ainda faltam muitos e muitos estudos a fazer no desporto, desde o desporto na escola, ao das academias, ao das aventuras e radicais até ao federado.
2.º O problema é que o sr. José Manuel separa as coisas que não são separáveis.
3.º Para empreender e fazer, para se ter o tal talento e capacidade (não caem do céu como a chuva) é necessário estudar as matérias em que devemos actuar, proceder a novos estudos, aplicá-los e não apenas fazer por fazer.
3.º O mal do nosso desporto é exactamente fazer-se por fazer, numa gestão corrente, sem questionar, sem estudar, sem inovar e assim se repetem sempre os mesmos erros.
4.º Quanto à questão de não faltar dinheiro, tem que explicar melhor essa ou então não conhece o país que temos e os clubes, esses milhares que vivem com a carolice do costume. Enfim...falam...falam.
Márcio Ferreira

Anónimo disse...

Economistas e Gestores no Desporto: ou do pensar ao fazer e do pensar para fazer

Por aquilo que modestamente vou acompanhando do desporto e do sistema desportivo em Portugal o que me parece desde logo que devo dizer é que nesse mesmo desporto e sistema não existe economia e economistas a mais antes pelo contrário. A pobreza portuguesa em matéria de economia do desporto é confrangedora. Penso mais, que se podem contar por menos do que os dedos de uma mão as pessoas com formação económica que entre nós produzem conhecimento no domínio do desporto. Trabalhos académicos em economia do desporto são com uma ou outra excepção inexistentes, investigação no IDP, na Secretaria de Estado, nas Autarquias, ou no próprio Sistema Educativo em matéria de economia do desporto é desconhecida, impublicada e sem relevo.
Por outro lado, disciplinas académicas de economia do desporto são desconhecidas no nosso sistema de ensino superior e universitário.
Claro que se pode e deve perguntar como foi e é possível “conduzir estrategicamente o desporto” (o denominado “steering” dos anglo-saxónicos) sem que uma das ciências sociais mais relevantes da actualidade de sistematização da racionalidade dos decisores políticos e restantes agentes esteja visivelmente presente.
Não se estranhem, por isso, que tenham estado no passado e continuem a estar hoje e futuramente ausentes da “direcção e organização do desporto nacional” as questões relativas a análise de investimentos e do bem estar económico e social, da racionalidade e eficiência da afectação de recursos escassos (escassíssimos segundo sabemos), as dinâmicas de procura versus as da oferta, análises de desenvolvimento nacional e regional e local do desporto, bem como a basilar determinação rigorosa e modelar do valor económico do desporto.
E não nos escandalizemos, portanto, quando os máximos dirigentes do sistema desportivo, desde o Comité Olímpico ao Presidente da Federação de Futebol, propõem a cada volta realizar eventos de muitos e muitos milhões de euros e contos. Ninguém faz as contas devidas, ninguém exige estudos de viabilidade e análises de custos benefícios, ninguém quer saber da rentabilidade económica e social desses projectos. E mesmo quando por contrafeita obrigação se fazem estudos, como no caso do EURO 2004, as metodologias de análise escolhidas dão a ilusão de que esses projectos têm impactos económicos que as análises de custos benefícios e os factos pós evento categoricamente desmentem (ainda que tenham tido mão de economistas ocasionais que fizeram uma mãozinha bem paga no desporto para tal “empreitada”).
Deixemos vir, por conseguinte, mais economia e mais e novos economistas para o desporto. Desta ciência só pode resultar um óbvio e indispensável benefício para a racionalidade das decisões e para uma melhor afectação de recursos e organização do sistema desportivo – desde a base não competitiva até ao topo competitivo. Exijamos ao IDP e à Secretaria de Estado apoios e patrocínio para que mais economia e economistas surjam no desporto em Portugal.
Veja-se, ou melhor estude-se por análise de políticas desportivas comparadas, como no Reino Unido as autoridades estabelecem parcerias com as Universidades para o estudo efectivo e consequente da economia do e no desporto e chegam mesmo a financiar “Centros de Investigação em Economia do Desporto” (seria fastidioso enumerar aqui e agora os estudos e benefícios que daí têm provindo para a “coordenação global do desporto” pública e para-pública).
Agora também é certo que existe uma grande distinção entre a gestão, entendida particularmente como a capacidade de empreender, e a economia entendida como ciência (dando aqui de barato as diferenças existentes entre os dois tradicionais ramos da economia: a Macroeconomia e a Microeconomia).
Mas a falta de iniciativa e de capacidade de assunção de riscos que se traduzem em insuficientes concretizações e resultados, aquilo que poderia referir-se como o “just do it”, são características bem portuguesas mesmo ao nível dos tradicionais negócios e da nossa “classe empresarial”. Os empreendedores e os seus sucessos repetidos resultam de contextos culturais evoluídos e facilitadores da iniciativa e do fracasso que não são apanágio tradicional de Portugal. Agora uma coisa é certa, onde essa iniciativa tem fulgor a racionalidade económica impera.
Como dizia Peter Drucker (o pai da gestão moderna como hoje a conhecemos): não há países desenvolvidos e subdesenvolvidos, há países administrados e sub administrados.

josé manuel constantino disse...

Ao Márcio Ferreira
Respeitável a sua opinião.Eu é que provávelemnte não conheço o país que temos e com esta idade dificilmente o vou algum dia conhecer.E portanto só me resta falar ...falar e falar...separar o que não pode ser separado,ignorar que faltam estudos e que falta dinheiro.Paciência!De todo modo agradeço o seu comentário

josé manuel constantino disse...

Ao J.Manageiro da Costa.
Muito feliz o modo como conclui com a citação de Peter Druker.É bem verdade.

Anónimo disse...

Caro Constantino
Porquê desculpar um direito que é o seu?

A sua extrapolação é possível mas não creio que ele quisesse dizer que os economistas não cumprem genericamente as suas funções, como os treinadores, professores de educação física, médicos, advogados, juízes, professores catedráticos, etc.
A minha interpretação é que o Dr. José Roquete se referia aos economistas que existem em todos os portugueses. Aliás futebol e economia são as duas matérias em que existem dez milhões de especialistas em Portugal. Por exemplo, caso Portugal beneficiasse de um maior espírito empreendedor por parte da sua população menos se esperaria do governo e a pressão sobre este seria de um conteúdo diferente permitindo alcançar resultados globais de outra feição e dimensão.
Contudo, todos são economistas mas poucos são os empreendedores.

No seu texto você aponta para as decisões que não são tomadas.
Eu concordo consigo e é para a eficácia dessas decisões urgentes e novas que são precisas mais equipas, especialistas, análises e investimentos.
Talvez se lembre, você tentou fazer isso quando esteve no IDP!
Se vir o perfil de alguns responsáveis do desporto, são baços, decidem sem estudos e análises, baseados em quimeras ou meros “ocus pocus”. Não investem na investigação, desconhecem as características sociais da população portuguesa, preferem o betão pelo betão, a pompa e a circunstância, essas coisas. Mais, não sabem o que é uma federação para além dos almoços e jantares, não compreendem o associativismo desportivo e o voluntariado da população, não percebem a relação entre amador e profissional e a não distinguem a dimensão cultural do futebol em relação às restantes modalidades.
Os estudos são complexos e de leitura difícil para quem nunca esteve voltado nessa direcção. Você tem capacidades de liderança superiores e não é deste tipo de dirigentes.

Há casos graves que necessitam de decisão superior para a sua resolução.
O caso da Lei de Bases III.
Bem sei que é uma grande realização do direito português. Em breve teremos a LBIV. Um dia destes estaremos a ver a qualidade do direito desportivo português pela massa corporal dos distintos causídicos. Infelizmente com a electrónica já não podemos medir a qualidade do direito desportivo português pelo indicador “resmas”.

E agora a sério.
Não encontro em escritos de direito análises que escalpelizem a racionalidade da LBIII, apontem as limitações e as vias alternativas e de progresso. Também não vejo artigos a analisar os seus aspectos inovadores e positivos. Como hipótese não está feita a análise do impacto desportivo da LBIII. Até se pode pensar que não é importante porque no pior cenário o impacto é nulo. É uma hipótese veneranda. Estas questões de religião são de respeitar!

Vamos pensar o desafio das leis de base do desporto, quando? Depois de 2009? Ou faz-se a LBIV! O direito desportivo português tem um grande desafio que é o de conseguir sair da situação que ele próprio insinuou junto dos dirigentes e partidos políticos e criou.

Deixo-lhe a ideia de que concordo com a sua rejeição parcelar de estudos, análises e investimentos. Mas face a um mundo cada vez mais complexo não vejo outra solução senão aprofundar os conhecimentos que temos dele. No mínimo não será ajuizado repetir o erro e deitar fora a LBIII e criar uma LBIV mas justifica-se, por exemplo, compreender quais os graus de eficiência possíveis.

Fernando Tenreiro

Anónimo disse...

O problema do Doutor Constantino é que ele esquece que os economistas não são necessariamente decisores, nem têm obrigação de serem mais decisores que outras profissões. Mais ainda, quando o Dr. Constantino foi decisor no IDP, que problemas resolveu? Tenho a percepção que criou mais problemas do que resolveu. Mas isto é apenas uma percepção infundada.
CPBarros

josé manuel constantino disse...

Ao CPBarros
Não tema em a sua percepção ser infundada.
Votos de bom Natal!

Anónimo disse...

A Mão que Embala o Desporto!

Ao Manageiro da Costa

Você é das pessoas que fazem uma nova opinião pública desportiva portuguesa. A sua posição é a que lhe interessa para você maximizar os seus interesses, podendo alterá-la, ela tem virtualidades que me apraz registar.

Apesar das vicissitudes que a economia do desporto passa, a sua peça é lúcida do ponto de vista económico e eu não teria essa legitimidade por falar em causa própria.
Você conhece em parte a economia do desporto que se faz em Portugal. Tem uma visão académica. Mesmo não me parecendo inteiramente correcta, as sugestões são incisivas.

Forçando a sua opinião acrescento que a Economia não precisa do Desporto, quem precisa da Economia é o Desporto.

O momento fulcral do filme sobre o prémio Nobel, John Nash, é quando ele ainda jovem descobre a teoria que lhe haveria de dar o galardão. Diz ele na roda de amigos quando estão no bar a procurar a melhor estratégia para poder conquistar um grupo de raparigas: se todos nos focarmos na loira, anulamo-nos uns aos outros e as restantes raparigas afastam-se por se verem rejeitadas. Porém se anularmos a loira e cada um de nós focar cada uma das restantes conseguimos conquistar uma rapariga por uma noite que é o nosso objectivo principal.

Ou seja, as principais áreas do desporto atiraram-se à loira e anularam-se. Caso tivessem focado uma das outras raparigas, o objecto máximo da sua própria área teria sido alcançado.
Os deputados não lideram um mercado de votantes eleitorais de cinco, seis, ou sete milhões de praticantes desportivos portugueses, os juristas não regulam e os gestores não gerem um mercado de quatro, cinco ou seis mil milhões de euros de activos desportivos potenciais.

Para a economia é indiferente se a população portuguesa gasta N mil milhões de euros em Internet, carros de corridas, sapatilhas, ambiente ou na farmácia. Este investimento de N mil milhões de euros de despesa em desporto é uma preocupação primordial do e para o desporto.

A economia foi a última ciência social a chegar ao desporto a nível europeu e esse atraso foi colmatado na Europa por procedimentos eficientes que essas economias mais avançadas ofereciam com abundância. Em Portugal os mais pequenos projectos económicos foram desbaratados. Poderia contar histórias que demonstram a origem da escassez de economia no desporto que você afirma no início do seu texto.

Os prejuízos da destruição da economia afectaram a política, gestão e o direito. Ao fazer o deserto na área económica, perde-se a capacidade de aferição da eficiência no mercado do desporto. Na verdade a eficiência económica é um dos instrumentos de progresso que mais falta faz ao desenvolvimento desportivo. Muito do marcar passo científico e aplicado que se assiste nas áreas da política, gestão e direito desportivo português radica na ausência da economia.

Desde há vários anos a esta parte tenho-me batido pela criação de um projecto de estatísticas do desporto. Este é um projecto que não é apenas económico. Nenhum agente desportivo pode actuar com racionalidade sem informação abundante, oportuna e correcta. O bando de cegos de serviço uns porque o meteram, outros porque assinaram de cruz, e outros porque são nulidades absolutas nas suas funções, lá meteram na magna carta III a história arcaica do atlas desportivo num artigo pleno de erros crassos.

Posso concordar, sem grande entusiasmo, com a criação de centros de investigação económica, como objectivo em si. A minha hipótese é mais uma vez mais ampla.
Tomemos o caso do IDP, ou da CDP ou do COP, sendo que estas duas poderiam ser uma só. Estas instituições de topo do desporto português deveriam ser o local de chegada de técnicos e investigadores com o grau de doutores os quais formariam bicha para lá entrarem. Entrariam os melhores a quem seria pago o salário do mercado equivalente às suas capacidades. Refiro-me a penas a lugares técnicos.
Os estudos especializados em economia e noutras áreas necessitam de elementos de base sedeados nas organizações desportivas, com uma cultura institucional forte, para poderem liderar o concurso de investigadores e instituições externas e que poderiam ser nacionais e internacionais.

Concordará que muito, do pouco, que se faz nas organizações desportivas actualmente é medíocre ou insuficiente. Há a necessidade de definir os objectivos nacionais e os estruturais que sectorialmente colocarão o desporto nacional no patamar europeu. Devem ser criadas condições para o fornecimento de respostas pelo mercado. Do ponto de vista da economia será sempre agradável ter incentivos para o seu desenvolvimento específico. A outra hipótese é a da competição do mercado para a resposta às questões fundamentais colocadas pelo desporto.
Você é académico e sabe que as boas respostas surgem das boas perguntas e o desporto tem de conseguir fazer boas perguntas para obter as melhores respostas que mais interessam ao seu desenvolvimento.

A iliteracia do desporto em relação às áreas técnicas e sociais é um prejuízo para o próprio desporto e que soma centenas de milhões de euros anualmente. Como economista os valores em causa são exorbitantes, uma irracionalidade, mas essa sensibilidade não chega mais longe. Uma coisa é o interessante negócio da comunicação social incluindo os “opinion makers” do futebol. Outra coisa é a oportunidade de crescimento do mercado cujas consequências positivas para o país, o desporto não passa nessa mesma comunicação social.

Estive ontem com uma pessoa do desporto que mora numa cidade do litoral e que hoje recebe um dignitário para uma assinatura. A imagem desta pessoa foca-se na assinatura e está contente. Qual a relevância do debate que aqui temos?

A questão interessante é a da “mão que embala o berço”. Todo este esforço que se faz nos blogues é a da “mão que embala o desporto” durante vinte anos, com os resultados conhecidos, é a de “especialistas encomendados” ou têm substância inovadora…

Como nos devemos colocar? Como a mão que embala o desporto, como encomenda ou como agentes empenhados no desenvolvimento desportivo nacional?

Fernando Tenreiro

Anónimo disse...

�N�o se cuide que isto se far� falando ou escrevendo; isto se far� fazendo.�
(Agostinho da Silva)

UM OUTRO LADO DO DESPORTO...

De um lado menos vis�vel e longe do fait-divers futebol�stico, fa�o parte de uma massa an�nima de pessoas que desempenham por necessidade de "levar a �gua ao seu moinho", um elevado n�mero de fun�es no desporto (treinador, dirigente, massagista, motorista...)em regime de voluntariado e de benevolato. Embora multifacetado, como gostaria de fazer apenas uma, quer porque a faria melhor, quer porque n�o tenho a devida compet�ncia para as outras, quer ainda porque estou cansado.
A vinda de uma nova classe do desporto a dos gestores ser� bem vinda... havendo da minha parte alguma desconfian�a. E esta desconfian�a baseia-se na perspectiva da Gest�o do Desporto a aplicar, se uma Gest�o de Desenvolvimento Desportivo, se uma Gest�o meramente Economicista. Quantos aos Economistas ainda mais deles desconfio, sen�o veja-se o estado econ�mico do nosso Estado, e que tem sido gerido por quem? Gest�o essa que influencia nas diferentes �reas como a do Desporto. N�o sei se ser� intencional ou por incompet�ncia, mas sou de opini�o que nesta �rea apresentam uma ileteracia da cultura desportiva t�o elevada, que quase nos sugere ser maior que a da nossa classe pol�tica.