segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

O mito da modernização legislativa

Em 1989 tive a minha única experiência de participação em “produção legislativa”, permita-se o pomposo da expressão. Nesse ano, por convite do PCP, juntamente com mais cinco pessoas elaborámos uma proposta de projecto de lei de bases que foi presente à Assembleia da República. Nesse conjunto de pessoas não havia juristas: cinco eram profissionais de desporto e um formado em Letras. Desconfio que o texto final apresentado (e que foi claramente rejeitado na A.R) teve a escrita de um jurista, o então deputado do PCP, José Magalhães. O que discutimos e colocámos no papel era política desportiva. O direito vinha a seguir e disso nós não entendíamos. Recupero esta experiência, cujo sucesso político foi nulo, para ilustrar um persistente equívoco em que incorre alguma da produção legislativa sobre o desporto: a discussão sobre as políticas não antecede a produção legislativa. Ora o direito no desporto, como em qualquer outra área social, tem de servir para responder a uma intencionalidade política. Quando os decisores políticos se demitem da definição prévia dessa intencionalidade ou o fazem de modo pouco explicito e se concentram, antes de tudo o mais, na lei, entregando essa tarefa aos juristas - que é um círculo no que ao desporto respeita relativamente restrito –corre o risco que o direito preceda a realidade e se coloque á frente da política. O resultado não é brilhante. No final, como já aconteceu no passado, invocam um argumento adicional de legitimidade afirmando que temos a legislação mais avançada da Europa (para uma realidade social muitas vezes das mais atrasadas). Quando José Sócrates, então candidato a primeiro-ministro, garantiu, interrogado a esse respeito, que não pretendia alterar a lei de bases em vigor, porque uma lei de bases não é coisa para se andar a alterar sempre que mudam as maiorias governamentais pensei que, independentemente do mérito ou demérito da lei então existente (cuja história, da elaboração, à discussão e aprovação na A.R., se um dia contada, revelará o modo como o país é governado), como não havia um problema do desporto nacional que fosse politicamente impeditivo de ser resolvido com aquele quadro legislativo o governo iria investir na sua regulamentação (toda ela por fazer) plasmando-a ao que fossem os seus propósito políticos. A opção, como se sabe, acabou por ser outra (o que dá para escrever também uma história que rivaliza com a história da anterior lei) e interrogo-me se o tempo gasto será compensado por uma capacidade e qualidade de produção legislativas que respondam melhor aos problemas desportivos do país. De resto, subsiste um problema que, não sendo exclusivo do desporto, é pouco favorável a uma outra abertura de produção e inovação legislativas. Em todos os sectores sociais do país existe um sobrenormativização. Há leis a mais e regulação a menos. A fúria e o frenesim legislativos, sempre anunciados como reformadores e modernizadores, estão na razão inversa da capacidade reguladora e fiscalizadora do Estado. O desporto não tem escapado a esta tendência com uma singularidade própria: a governação sobre o desporto e a sua concomitante regulação tornou-se mais complexa, acompanhando o próprio desenvolvimento das sociedades modernas, mais abertas e com dinâmicas difíceis de controlar a partir exclusivamente do direito como emanação da vontade política de um ente público. A acumulação de situações de desregulação e de conflitualidade no desporto não cessam, por isso, de aumentar. A consequência é o de que a resposta normativa é cada vez mais difícil e menos duradoura. Não é uma questão de maior ou menor domínio da técnica de produção jurídicas. O facto é que estamos perante novas formas de organização das práticas desportivas em que os saberes normativos conhecidos são, muitas vezes, insuficientes como instrumentos reguladores. No desporto, tal propósito, assume ainda características específicas, porque acresce, em muitas ocasiões, uma incompreensão quanto á evolução das organizações desportivas, uma atribulária concepção sobre o modelo de relacionamento entre o Estado e o movimento associativo desportivo (alguns dos artífices nunca esconderam a sua antipatia às federações desportivas e respectivos dirigentes, lembrando-se deles e convivendo com eles apenas nos períodos eleitorais…) e uma lógica de desenvolvimento desportivo que procura reflectir um tempo em que o desporto obedecia exclusivamente ao modelo da prática desportiva federada. Agrava tudo isto que, por hábito cultural, o legislador não ausculta, nem requer a participação daqueles que vão operar com as normas ou a quem elas se destinam. O resultado é conhecido e não há, na realidade actual, nada que permita admitir que esta situação se não irá manter. A culpa não é dos juristas mesmo aqueles que se servem do direito para fazer política e tem um pé em cada um dos lados. A responsabilidade é das orientações que recebem (?) dos decisores políticos.

15 comentários:

Anónimo disse...

O JMC está enganado.
De facto, se a culpa não é dos juristas também não é dos políticos. Os primeiros, acabaram de chegar ao desporto, os segundos, mais dia, menos dia, vão-se embora.
Os verdadeiros responsáveis são uns senhores que dão pelo nome de dirigentes, que no vértice estratégico do sistema desportivo estão olimpicamente agarrados ao poder há dez, quinze, vinte e mais anos.
Não vale a pena bater no ceguinho, quer dizer, no Laurentino, até porque, não tarda muito ele também vai pregar para outra freguesia.
A responsabilidade é daqueles que tendo o poder no Movimento Desportivo, aceitam conviver com a situação descrita por JMC, sobretudo porque dela tiram proveito. São as chorudas gratificações, motorista às ordens, telemóvel à conta, cartão de crédito na carteira, hotéis de cinco estrelas, viagens por todo o lado. E tudo à conta do bolso do contribuinte. Depois, apresentamos as mais miseráveis taxas de participação desportiva da Europa.
O JMC sabe muito bem quem são os dinossauros do desporto nacional. Todos sabemos. Salvo raras excepções, são eles o verdadeiro cancro do nosso desporto. Os outros, os políticos, não passam de pequenas gripes passageiras.
Cumprimentos
Gustavo Pires

José Manuel Meirim disse...

Deixe-me expressar um único desacordo e logo nos últimas palavras do texto.
Nesse segmento afirma que "A culpa não é dos juristas mesmo [d]aqueles que se servem do direito para fazer política e têm um pé em cada um dos lados."

Não é fácil densificar o universo que pretende atingir e o sentido total da afirmação.
Atrevo-me, até melhor esclarecimento, a uma das leituras possíveis e legitimo-a com uma citação que hoje recolhi no Público:
"O autor escreve apenas metade de um livro. A outra metade fica por conta do leitor" (Joseph Conrad, escritor).

Assim sendo, se o jurista tem um pé em cada um dos espaços, sendo, em bom rigor e acima de tudo, um político - pois, segundo afirma, serve-se do direito para «fazer política» -, tendo por referência os valores que norteiam a política portuguesa, entre eles, os princípios da mentira e o da sobrevalorização do entendimento partidário (sectário), tais juristas, podem ser bons políticos, mas não são, seguramente, bons juristas no sentido de fiéis às regras de interpretação e aplicação das normas legais.

E, por via desse actuar - o direito ao serviço de uma politica mentirosa -, o direito servirá apenas para fazer perdurar no poder o grupo ou grupos nele instalados.

Não vejo, pois, como considerá-los inimputáveis ou mesmo irresponsáveis.

José Manuel Meirim

Comité Português Pierre de Coubertin disse...

O JMC está enganado.
De facto, se a culpa não é dos juristas também não é dos políticos. Os primeiros, acabaram de chegar ao desporto, os segundos, mais dia, menos dia, vão-se embora.
Os verdadeiros responsáveis são uns senhores que dão pelo nome de dirigentes e que no vértice estratégico do sistema desportivo estão olimpicamente agarrados ao poder há dez, quinze, vinte e mais anos.
Não vale a pena bater no ceguinho, quer dizer, no Laurentino, até porque, não tarda muito ele vai pregar para outra freguesia.
A responsabilidade é daqueles que tendo o poder no Movimento Desportivo, aceitam conviver com a situação descrita por JMC, sobretudo porque dela tiram proveito. São as chorudas gratificações, motorista às ordens, telemóvel à conta, cartão de crédito na carteira, hotéis de cinco estrelas, viagens por todo o lado. E tudo à conta do bolso do contribuinte. Depois, apresentamos as mais miseráveis taxas de participação desportiva da Europa.
O JMC sabe muito bem quem são os dinossauros do desporto nacional. Todos sabemos. Salvo raras excepções, são eles o verdadeiro cancro do nosso desporto. Os outros, os políticos, não passam de pequenas gripes passageiras.
Cumprimentos
Gustavo Pires

josé manuel constantino disse...

Respeito a opinião do JMMeirim e em certa medida compreendo-a numa óptica profissional mas entendo que numa hierarquia de responsabilidades a primeira e a maior é de quem aprova e assina a lei, não de quem a prepara.Apenas isso.

Comité Português Pierre de Coubertin disse...

O JMC está enganado.
De facto, se a culpa não é dos juristas também não é dos políticos. Os primeiros, acabaram de chegar ao desporto, os segundos, mais dia, menos dia, vão-se embora.
Os verdadeiros responsáveis são uns senhores que dão pelo nome de dirigentes e que no vértice estratégico do sistema desportivo estão olimpicamente agarrados ao poder há dez, quinze, vinte e mais anos.
Não vale a pena bater no ceguinho, quer dizer, no Laurentino, até porque, não tarda muito ele vai pregar para outra freguesia.
A responsabilidade é daqueles que tendo o poder no Movimento Desportivo, aceitam conviver com a situação descrita por JMC, sobretudo porque dela tiram proveito. São as chorudas gratificações, motorista às ordens, telemóvel à conta, cartão de crédito na carteira, hotéis de cinco estrelas, viagens por todo o lado. E tudo à conta do bolso do contribuinte. Depois, apresentamos as mais miseráveis taxas de participação desportiva da Europa.
O JMC sabe muito bem quem são os dinossauros do desporto nacional. Todos sabemos. Salvo raras excepções, são eles o verdadeiro cancro do nosso desporto. Os outros, os políticos, não passam de pequenas gripes passageiras.
Cumprimentos
Gustavo Pires

Anónimo disse...

Tenho sido um leitor atento deste espaço de discussão que considero util, no sentido de podermos dentro da maior cordialidade e pluralidade de opiniões fazer valer todos os pontos de vista ligados ao movimento desportivo.
Parabens ao Dr JMConstanino e ao Dr Meirim.
Na realidade temos cada vez mais politicos que se servem do desporto para nele instituirem formas e modos mais ou menos politicos de viver esse mesmos desporto, ou seja de desporto ou realidade desportiva só conhecem os lugares VIPs dos estádios de futebol.
Ouve e atrevo-me a citar, quem já anteriormente referiu, que vivemos numa ilha rodeada de futebol.Na realidade todas as decisões politicas estão voltadas para essa realidade, esquecendo todos aqueles que de forma benévolo contribuiem para elevar o nome de Portugal além fronteiras e estou a falar no desporto amador.
Quando se fazem leis, devia-se acautelar um conjunto de realidades de forma especifica e não geral, partindo da parte para o todo.
Como é amplamente sabido as diferentes assimetrias sociais, económicas e culturais do nosso País, carece de uma análise mais profunda de todo o movimento desportivo nacional e não devemos legislar em termos desportivos sem ter em atenção todos esses factores.
Felizmente que temos bons e conceituados juristas com conhecimento do fenomeno desportivo e que poderiam dar um contributo efectivo na execução das leis desportivas portuguesas.
Quanto aos dirigentes desportivos, não me referindo ao futebol pois esse é um mundo à parte, quero apenas dizer o seguinte, temos os dirigentes que temos e mais não podemos reclamar,neste momento da nossa civilização passamos por uma crise de valores, que se reflete no dirigismos desportivo, nomeadamente no amador, cada vez temos mais "dinossauros", porque não existe vontade, por diversas razões de ser dirigente desportivo, abrindo a porta aos dirigentes profissionais e a pequenos ditadores de ideias e manipuladores como acontece em algumas Federações Desportivas em que ter ideias e contestar é proibido, fazendo lembrar tempos outrora passados.
Cumprimentos
José Barradas

josé manuel constantino disse...

Obrigado Gustavo Pires pelo comentário.
Não posso, contudo, estar mais em desacordo.
Em primeiro lugar porque não estou a alcançar que responsabilidades têm os dirigentes desportivos na elaboração e produção legislativas;
Em segundo lugar porque não considero que a situação desportiva nacional tenha como únicos e prinicipais responsáveis os dirigentes desportivos.
Em terceiro lugar porque se a razão do problema fosse a perenidade nos cargos e as mordomias auferidas então como explicar os níveis de desenvolviemnto desportivo de outros países onde ocorre presisamente o mesmo tipo de fenómenos e da práticas?Ou não é essa um aprática corrente nas prinicipaisorganizações despotivas nacionais e internacionais?;
Em quarto lugar porque as mordomias e outras sinecuras não são exclusivo dos dirigentes invocados mas atravessam a administração pública desportiva ,os governos ,as autarquias e as empresas públicas.
Em quarto lugar porque tudo isto me parece ,em termos de desenvolvimento desportivo e com o devido respeito, pouco relevante.
O que do comentário retiro como intelectualmente mais estimulante é o conceito de "vèrtice estratégico"que a meu ver é um conceito que não tem nos dias de hoje qualquer operacionalidade explicativa.O vértice é de natureza estritamente formal e lugar de disputa e concertação de diversos poderes alguns exteriores à lógica desportiva( ver casos do COI,AMA,FIA,FIFA,etc).Estratégico em quê?A globalização do desporto funiciona em rede e não é fácil dizer ,a não ser numa perspectiva estruturalista, que o vértice está localizado nesta ou naquela organização desportiva mesmo nas instâncias olímpicas.Concluindo, considero,com o devido respeito que o conceito de "vértice estratégico" é um instrumaneto que corresponde a uma visão ultrapassada da abordagem à situação desportiva mundial.Mas isso fica para um outro post.

josé manuel constantino disse...

Obrigado José Barradas pela sua colaboração.
Este é também um espaço de opinião e de confronto de ideias.Dio seu comentário retiro algo que me parece importante:o que ocorre no desporto não é distinto do que ocorre em outros sectores sociais.Esta constatação não deve servir para legitimar a situação mas apenas para constatarmos que um desporto diferente requer uma sociedade também diferente.Somos o que somos e com com estes homens e mulheres que temos de construir um futuro diferente. Volte sempre!

Anónimo disse...

Concordo com o José Constantino sobre a responsabilidade social do que acontece no desporto. Discordo da responsabilidade dos políticos e do “vértice estratégico” do Gustavo Pires.
O (in)sucesso do desporto português cabe à utilidade que os inúmeros actores retiram da estrutura de remuneração dos seus actos.
Os partidos jogam o desporto como outro activo qualquer e mais não lhe é solicitado. A literacia desportiva nacional está longe das europeias para suscitar outro tipo de medidas de política. A produção de medalhas baseia-se na exploração intensiva dos talentos desenvolvidos com os melhores recursos que a ciência do desporto portuguesa já produz e que o “vértice estratégico” organiza com eficácia. A profundidade da prática desportiva da população é pequena e “descobre” apenas os talentos que afloram, sem gerar os resultados que um trabalho de maior rigor facultaria. O milagre desportivo é alimentado pelo circo mediático que mais do que nunca vende sonhos impossíveis, sem aferir danos colaterais.
A administração pública identifica para os políticos o betão desportivo, o futebol e as medalhas os activos vitais de cada legislatura. A administração pública do desporto português tem níveis elevados de impreparação para a Europa e o mundo do século XXI, o que também não é grave porque não se sabem alternativas.
O associativismo responde aos impulsos da sua mais fiável fonte de rendimento, políticos e administração pública, e vai sobrevivendo. Aceita o betão e produz as medalhas e o futebol possíveis. O futebol é mais remunerador e tem uma estrutura consolidada que produz maior valor acrescentado e de maior dimensão do que as restantes actividades desportivas.
A academia, fechada na sua torre, ou está absorta de onde tem e põe os pés ou faz afirmações não científicas de impossível aplicação pela sociedade.
Por isso, caro Gustavo Pires, a academia parece ser o mais contraditório dos agentes do desporto.
Possui um conhecimento científico e técnico sobre a realidade desportiva portuguesa e fracassa no usufruto do seu potencial.
Parte da academia do desporto produz resultados para a produção de campeões e medalhas e alcança resultados desportivos positivos. Onde esta parte da academia falha é na venda do seu produto. Ela preocupa-se com a sua cátedra, a remuneração escolar e do ministério da ciência, mas é avessa ao risco e ao empreendedorismo e aceita fechar-se a exigir que a maior parte da população portuguesa pratique desporto e daí beneficiar com os lucros acrescidos. Abdica de reivindicar o desenvolvimento do mercado.
A outra academia é o “salve-se quem puder”. Distingue educação física de desporto e apropria-se do que passa. Falta-lhe um fundamento teórico sólido, falta-lhe o paradigma das sociedades evoluídas e tem a “cabeça perdida” acusando tudo e todos de falta de ética e de princípios.
A população e a sociedade portuguesas são objectivas. Se o desporto demonstra que produz lucros culturais, económicos e sociais o apoio é instantâneo e estão na primeira fila a reclamar os benefícios do seu apoio e a partilha de lucros.

Refere o José Meirim existe inimputabilidade e irresponsabilidade no direito do desporto. Sejamos magnânimos e consideremos que não é só no direito. Alguns gritam a plenos pulmões as suas características e ninguém os ouve e lhes dá o pezinho … no sítio certo. Depois admiram-se da Judite e das finanças meterem o nariz.

Há dimensões da realidade desportiva que nos surpreendem e é interessante acompanhar para perceber qual o contexto das transformações surgidas e distinguir a inovação e os seus benefícios objectivos.
É escusado adjectivar pessoas e instituições, como sugere o José Barradas e o José Constantino recusa liminarmente, chateia as pessoas, é marginal e carece de assertividade científica.
Andamos numa viagem só de ida e justifica-se encontrar os elementos fulcrais que, mexendo neles, se alavancam desafios de maior fôlego.
Como esta conversa …
Fernando Tenreiro

Anónimo disse...

Com tantos doutores a falar, concerteza falam de si, uns para os outros, e esquecem-se, às tantas, do que falam. Sobre a "certeza científica" e a "certeza da Fé" já muitos falaram e o Povo provou. O que é curioso, e mostra bem a razão do que disse antes, é que esta mensagem de JMC afinal errou. De manhã, antes da tal Reunião do CND, juntamente com o colega Jurista deste blogue, em uníssono, juraram que não ia acontecer nada. Afinal, passados dois dias, os principais agentes desportivos, aqueles que não são teóricos e passaram toda a vida a fazer e organizar a prática desportiva, vêm dizer que o que aconteceu nessa Reunião é uma "revolução no desporto em Portugal" que devia ter acontecido logo após o 25 Abril de 1974, e que ainda ninguém tinha a coragem de encetar, por medo e cobardia política. Curioso. De um lado os "teóricos" do outro os "práticos". Mas mais curioso é ninguém comentar que esta opinião de JMC estava errada. Certamente por estar motivada políticamente, ou pela "certeza científica", ou pela incapacidade de análise" ou pela "certeza da Fé". Seja como for é curioso este impeto, em uníssono, da arte advinhatória.

Anónimo disse...

Por vezes finge-se que se sabe, e trabalha-se essa imagem. E isso consegue enganar muitos... Até um dia. Mas o tempo encarrega-se de mostrar que afinal, de desporto, se sabe muito pouco. E também que não se tem uma formação nem uma preparação sólida em ciências sociais, as quais se está sempre a citar para justificar as superficialidades que se diz.



(ANEXO 2) [1 + 1 = 1]. Curioso. Estes dois companheiros de blogue escrevem a mesma asneira no mesmo dia, aproveitando a mesma oportunidade, convencidos, no seu douto adivinhar, que seria inevitável “a montanha parir um rato”.

Anónimo disse...

Ao Instituto do Desporto,
Para todos nos conhecermos:
- Em primeiro lugar diga o seu nome;
- Em segundo lugar diga a quem se dirige;
- Em terceiro seja objectivo nas suas afirmações.
Estes parecem-me os requisitos do debate em curso.
Você não diz o seu nome e faz acusações.
Talvez não deva esperar um tratamento de igualdade.
Se é isso que pretende.
Esta é a minha opinião
Fernando Tenreiro

josé manuel constantino disse...

Ao Joaquim
Caro Doutor,
terá todas as razões do mundo para discordar do que escrevi ae dar a sua douta opinião, menos uma:em nada do que escrevi"jurei que não ía acontecer nada" ou fiz qualquer previsão sobre uma reunião do CND.De resto nem o facto me referi.Há aqui qualquer mal entendido.Limitei-me a emitir uma opinião sobre a modernização legislativa,que vale o que vale, e vejo que para si vale pouco.Paciência! Volte sempre e assine.Por este lado não se perseguem pessoas por delito de opinião.

Anónimo disse...

Ora vamos lá às respostas, que só agora tive tempo para dar, pedindo desculpa pelo atraso.

1.º Comentário: Doutores são quem tem doutoramentos. E com Bolonha, até as licenciaturas antigas passam a cursos superiores. Portanto sobre este primeiro assunto JMC está outra vez errado: - o Joaquim, que é quem aqui tecla, não é Doutor.

2.º Comentário: Quanto à previsão e à advinhação mantenho o que disse. Porque o que o artigo diz, e deseja antecipar, é que o que iria acontecer naquela Reunião era apenas, e passo a citar, "produção legislativa" sem "a discussão sobre as políticas desportivas" que a deviam ter antecedido. Mais, era uma Reunião desnecessária porque o Primeiro Ministro teria dito, em tempos, que não era preciso mudar a anterior Lei. Ora o que o Primeiro Ministro disse foi diferente. Foi que, por princípio, não se devem andar a mexer sempre nas "leis de bases", excepto se elas contiverem erros grosseiros, tiverem sido feitas à revelia dos destinatários e forem impeditivas do desenvolvimento desportivo. Ora a anterior "lei de bases" era de facto tudo isso, não permitindo regular nem ajudar às soluções dos problemas do desenvolvimento do desporto em Portugal. Basta ouvir as opiniões dos agentes desportivos após a publicação da nova lei de bases e após a Reunião de dia 17/12/2007 para ficarmos elucidados sobre o que essa lei anterior impedia e o status quo que mantinha. E, sobre a "politica desportiva" que antecedeu a defunta lei de bases, devemos procurar no sítio certo. Ou seja, nos documentos ditos "estratégicos", que foram escritos e estão publicados, para justificarem o "modelo e as prioridades para o desenvolvimento desportivo" que suportava essa opção jurídica. Os quais mostram que esse modelo e essa perspectiva de política desportiva eram inadequados para enfrentar os novos desafios inerentes à mudança social ocorrida, e baseavam-se num diagnóstico errado dos factores e das prioridades. Quem fez essa lei ficou prisioneiro desses meia-dúzia de pretensos ilumidados que, sentados nos gabinetes, ou avençados para esse propósito, trouxeram ao Povo (aos praticantes desportivos, aos clubes e ao associativismo de base) as suas lindas ideias sem o escrutínio da participação aberta a todos. Lembro que a nova lei de bases e a sua regulamentação (outra coisa que na anterior nem conseguiram iniciar) foi antecedida do Congresso do Desporto em 2005/2006. Uma discussão realizada em todos os locais do País e também na Internet, e com tempo suficiente para todos porem por escrito as suas opiniões ( e não num congresso de poucos dias, preenchido por convidados, geralmente Doutores, e de preferência ao fim-de-semana num hotel). Ainda estão lá, ao acesso de todos, esses contributos, e quais foram. Foi por não ter acontecido aquele processo e aquela visão do que deve ser a política desportiva numa sociedade democrática e contemporânea que os erros nessa anterior lei de bases foram de tal modo grosseiros e prejudiciais para o desenvolvimento desportivo que não houve outra solução que não fosse cortar o mal pela raíz.

3.º Comentário: O "Joaquim", ou qualquer outro nome fictício, quando enviam comentários leram antecipadamente as regras do jogo que os autores deste blogue publicitaram, e que estão aqui à vista de todos. Verifica-se que reservam um espaço para "alcunhas", para "anonimato", etc. E quem põe comentários sabe, como todos, que o IP é facilmente identificado. É feio mudar as regras a meio do jogo, quando a discussão já não lhes agrada. É feio e mostra outra coisa. Mostra que ainda não perceberam e aceitaram que a contra-argumentação nesta nova era da Internet é diferente da do passado. Não há a protecção dos títulos, status, curriculum, hierarquias, cargos, locais, riqueza ou pobreza, etc. que os salvem de mostrar o que de facto valem e sabem. É por isso que há "alcumhas" e "anonimatos". E repito, é feio, a meio do jogo, ficar aflito com as consequências. Porque no jogo antigo, sem internet, eram sempre os mesmos e as mesmas iluminadas minorias que barravam o desenvolvimento à continuiada maioria dos outros. Mas se porventura for preciso jogar o jogo no registo dos "velhos senhores"... vamos a isso.
Assinado: Joaquim.

josé manuel constantino disse...

Meu caro Joaquim desejo-lhe um bom Natal.
Quanto ao primeiro comentário tomo a sua observação em boa nota e vou deixar de lhe chamar Doutor;
Quanto ao segundo,está profundamente equivocado quanto á imputação que faz relativamente ao momento do comentário.Nada mais lhe posso dizer a não ser que labora num erro de apreciação.De resto parte das apreciações que fiz estão publicads e têm mais de dois anos.Mas adiante.As restantes opiniões que exprime são respeitáveis embora delas discorde;
Quanto ao terceiro comentário compreendo as razões porque se esconde atrás de um pseudónimo.A sua acidez crítica e o modo com se refere a outras pesssoas está na razão inversa da coragem revelada. E com o devido respeito não fica bem ,a quem usa esse modo de se assumir, dar lições de procedimento a quem dá a cara.Mas enfim, o mundo não é perfeito e sei que você também não tem essa ambição.É a vida como dizia o António Guterres....