domingo, 6 de janeiro de 2008

Os jogos adiados

Este fim de semana diversos jogos oficiais de competições de topo de várias modalidades desportivas tiveram de ser adiados por falta de condições técnicas nos pavilhões. Aqui fica uma breve lista:

Futsal (Campeontao Nacional I Divisão)
Freixieiro – Sporting
Inst. D. João V – Sporting
Sassoeiros - Olivais

Voleibol (Nacional A1)
Sp.Espinho – CN Ginástica

Hóquei em patins (C.Nacional 1.ª Div)
Valongo – FC Porto


Diariamente sou confrontado com problemas no funcionamento de pavilhões desportivos, a maior parte devido a ausência de cuidados elementares de manutenção das instalações.
Na cultura da “obra feita”, intrincada na gestão desportiva pública e privada, uma vez construídos os espaços desportivos a manutenção é um elemento desvalorizado.
O incumprimento do quadro normativo nesta área é generalizado, nomeadamente nas condições de segurança definidas no DL 100/2003.
Com o avançar dos anos, e em períodos de condições metereológicas adversas, assiste-se com maior regularidade ao espoletar de inúmeros problemas (infiltrações, focos de humidade, levantamento do piso) com importantes consequências na segurança e conforto de atletas, utentes e espectadores.
Por norma utilizam-se rápidos mecanismos de recurso para remediar a situação até ao final da época, porque não existem outros espaços disponíveis para jogar. Depois volta-se a adiar uma intervenção de fundo porque o remedeio até dura mais uns tempos.
Quando já não existe alternativa a uma intervenção de fundo o orçamento apresentado é assustador.
Fazem-se as contas e chega-se à mesma conclusão de sempre. Uma manutenção eficaz e atempada das instalações e equipamentos prolonga a vida da infra-estrutura, reduz a factura de energia e reduz o preço das obras de recuperação.
Acresce que a falta de qualidade dos pavimentos é, ao nível das características técnicas das instalações, a principal causa de lesões nos atletas de competição. Este é um tema que não encontra referências em normas legais ou técnicas, apenas ligeiras recomendações de algumas federações desportivas.
Hoje a carga competitiva sobre os atletas é cada vez maior e mais precoce, diminuindo a duração das carreiras e aumentando as lesões de esforço no aparelho musculo-esquelético.
Quando ainda se assiste a jovens de escalões de formação a treinar em espaços desportivos com piso betuminoso e asfáltico, sem absorção de carga cinética, o futuro da sua saúde não augura nada de bom.
Em Portugal as federações homologam pavilhões desportivos cujas características técnicas são assustadoras. Em Portugal o mesmo piso de um pavilhão acolhe modalidades com tipos de carga tão dispares como o voleibol, o basquetebol, o hóquei em patins ou o futsal.
E se os pavilhões que recebem competições de topo apresentam estas condições e são noticia não é dificil adivinhar o cenário em outros quadros competitivos.

4 comentários:

Anónimo disse...

"Em todo o tempo seria interessante a leitura deste livro; mas sobretudo num século presumido que se gaba de ter resolvido o problema do optimismo político, sem que na realidade tenha feito outra cousa senão aumentar a massa (já tão enorme!) das calamidades humanas"

In "O novo príncipe,ou o espírito dos Governos Monárquicos"
José Osório da Gama e Castro

2.ª edição
Typ.Imp. e Const. de J. Villeneuve e Comp.
Rio de Janeiro
1841

Anónimo disse...

Convém relembrar que passámos do séc. XX para o séc. XXI, do Estado Providência para o Estado Penitência.

Anónimo disse...

E não só.

Se me permite, também passámos:

Do século da disciplina (XX) para o século do controlo (XXI).

tigerpunk disse...

E isto foram só os pavilhões em que iam decorrer jogos do escalão principal das competições masculinas... Nos campeonatos das divisões secundárias e femininos houveram muitos mais casos como estes... O que também nos faz questionar sobre as opções de investimento em infraestruturas desportivas: as câmaras municipais têm toda a facilidade em conseguir fundos do governo e comunitários para construir estádios e pavilhões que pouco uso vão ter enquanto que os clubes que praticam modalidades ao mais alto nível quase não têm apoios para as suas infraestruturas! O caso do Sp.Espinho é paradigmático: só pode usar a nave desportiva municipal até começar a época de atletismo de pista coberta e depois tem que jogar no seu velhinho pavilhão; enquanto isso o projecto do complexo desportivo, incluindo estádio e pavilhão, vão ficando na gaveta por o clube ter que suportar os custos sozinho. E desafio-vos a dizer o nome de um clube que tenha feito mais pelo voleibol nacional que o Sp.Espinho!!! Outro caso é dos estádios municipais com pistas de tartan (onde a selecção de sub-21 de futebol tem jogado muitas vezes) em que o município não investe 1 cêntimo no atletismo e o estádio acaba por ser usado apenas por equipa de futebol da 3ªdivisão ou dos distritais...