domingo, 11 de novembro de 2007

Ler O Jogo


Na viagem para a Corunha, num assento do pequeno avião, deparo, a dado momento, com um jornal desportivo português. Como jurista que gosta de olhar o desporto, todos os dias adquiro (por obrigação) A Bola e o Record, com tal gesto adquirindo informação – principalmente a partir da página 35 – sobre a vivência desportiva nacional. Fruto da repetição das matérias e, há que admiti-lo, de algum preconceito, tenho menosprezado a leitura de “O Jogo”.
Mas era esse jornal que se apresentava ali disponível para apressar a viagem.
Comecei pela última página, como se houvesse algo que me chamasse (agora até penso que alguém deixou o jornal com algum propósito).

Nela falava-se na “tremenda «gaffe»” de Laurentino Dias, pessoa que, como se sabe, desempenha, na infelicidade deste país, a personagem de membro do Governo responsável (?) pelo desporto (?).


Decorria o acto de apresentação de um – por sinal, algo esquisito – prémio “O melhor clube português”, a atribuir pelo Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol e, pelos vistos, apadrinhado por Laurentino Dias.

Reza a notícia que um jornalista questiona o presidente do sindicato sobre um eventual favorito.
Descreve o jornalista de “O Jogo” (que assina PMS):

“Laurentino Dias sobrepõe a sua voz à de Joaquim Evangelista, num estilo descontraído, lançando a seguinte recomendação aos profissionais da comunicação social: “Não querem que o presidente do Sindicato dê já a classificação final do campeonato... Ele nem sequer é o presidente da arbitragem, é o presidente do Sindicato de jogadores...”, referiu, antes de soltar uma gargalhada, logo abafada pela preocupação de Evangelista em prosseguir o seu raciocínio”.

Mais. Ainda na última página contamos com um comentário de Carlos Machado, verdadeiramente demolidor para Laurentino Dias.

A moral a retirar desta história não vai, contudo, para Laurentino Dias. É que a sua futebolice primária e tudo o mais que a envolve, é como a fama do Brandy Constantino: vem de longe.

Eu é que devo reafirmar as minhas convicções no pluralismo e na humildade, passando a comprar “O Jogo” e não ser alvo fácil do “silêncio centrão” de A Bola e do Record que, no dia seguinte ao acontecido, nada disseram e tudo, no fundo, ocultaram.

Obrigado PMS, obrigado “O Jogo”.

2 comentários:

Anónimo disse...

Laurentino Dias é assim mesmo - diz o que pensa sem temer as consequências. É boa pessoa mas de posição dúbia e comentário desabrido. Ex: há poucos anos discutia-se nos corredores do parlamento que joão cravinho e antónio josé seguro tinham enfrentado sócrates (ainda não era secretário-geral do PS) teimando posições indefensáveis de sócrates que colheram junto de antónio costa, antes que silva pereira fosse a tempo de esclarecer sócrates - laurentino lá foi dizendo a quem o queria ouvir que teriam de emigrar porque sócrates não perdoava afrontas. Poucos ouviram mas muitos compreendem hoje que cravinho esteja a milhas (a partir daí foi sempre a abrir contra sócrates porque, um sabe quase tudo e o outro quase nada) e quanto a seguro diz (quem sabe) que nunca mais se levanta, pois bastou ousar concorrer contra sócrates e fazer alguns contactos com comentários contundentes durante escassas horas (desistiu mas já não foi a tempo ...). Com costa ou soares a musica é outra e por isso o que melhor define sócrates foi dito por alguém recentemente - "é forte com os fracos e fraco com os fortes". O pior defeito de sócrates não é a ignorância mas sim a crueldade. Laurentino e "O Jogo" sabem estar do lado donde o vento sopra e por isso não escandalizam - são apenas sinónimo de atraso.

Anónimo disse...

Já viram nas Monarquias os reis fazerem alguma coisa, além de falar?

Já viram nas Repúblicas os Presidentes fazerem alguma coisa, além de perorar?

Se os de cima não fazem nada, não se entende que sejam os de baixo a fazê-lo.