Existe um exercício muito praticado pelos diferentes governos na avaliação da situação desportiva nacional: não partir dos problemas para as soluções, antes divagar numa espécie de catarse procurando no passado as razões do atraso dos diferentes factores de desenvolvimento desportivo. Não para identificar erros e melhorar a qualidade das políticas mas para encontrar responsáveis. Este exercício é sobretudo praticado ao nível das políticas públicas de génese governamental numa lógica que é comum ao rotativismo partidário. Razão que explica que muita do histórico governamental se circunscreva à narrativa discursiva. Valorizar o que se diz que se vai fazer, em relação ao que efectivamente se faz. Como não existe massa crítica disponível para o combate político a situação é relativamente pacífica. Quando ocorrem rupturas súbitas nos paradigmas das políticas públicas -como a de substituir a promoção do desporto pelo desenvolvimento do activismo e do higienismo físicos ou o de colocar o desporto a reboque dos programas de promoção da saúde – assiste-se a uma quase completa paralisia, na avaliação crítica dos mesmos. Esta incapacidade é visível ao nível das organizações desportivas incapazes de compreender o que está perante os seus olhos, insensíveis mesmo quando o objecto da sua acção, o desporto, é remetido para um instrumento subsidiário de outras políticas, como as da saúde, ao mesmo tempo em que cada vez mais se afasta das politicas educativa e de juventude com as quais deveria ter relações privilegiadas. Mas é uma incapacidade que resulta também de uma congénita fragilidade dos responsáveis políticos cuja formação, na grande maioria dos casos, não ultrapassa a leitura da imprensa desportiva e do registo futeboleiro e, como tal, facilmente ficam reféns de uma qualquer doença infantil do academismo.
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
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2 comentários:
"O desporto está morto e eu próprio não me sinto muito bem"! Chamem-se "os nomes às coisas"! Que faz hoje o IDP? Mexe-se e mal! Trata da saúde e da carreira do seu actual Presidente, ponto final. Porque os seus interesses pessoais estão acima dos do desporto, com o beneplácito óbvio do Secretário de Estado que só quer telegenia e mediatismo e vai largando umas bojardas no entrementes. É ver o que produz de discurso sobre desporto este insigne governante. E o seu coordenador, Ministro da Presidência, de quando em vez atoarda umas míseras linhas sobre "desportolismo" (quatro linhas é tudo quanto tem a europeíssima Presidência Portuguesa para o Desporto da UE). Enquanto os eternos Olímpicos viajam, viajam, gastam os tremoços e amendoins distribuídos em "Era Anterior" e sonham magnificamente.
Corrupção no desporto? Não tenho elementos para afirmar dizem outros que também vão em viagens e zurzem o "neoliberalismo vigente". Assim, com tantos e tais: morra e enterre-se o cadáver do desporto!!! E benzam-se os estádios para 2018, se vivermos até lá...
A permanência do erro vem desde Afonso Henriques. Não é apanágio do IDP. É endémico, e não há cura possível... porque amamos o erro permanente.
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