Nos próximos dias discorrerei algumas considerações acerca da participação portuguesa nos Jogos Olímpicos, com particular enfoque na participação das raparigas e mulheres que, como é sabido, intervieram pela primeira vez em 1952 nos Jogos da XV Olímpiada, Helsinquia, isto é, 40 anos depois da primeira participação dos homens portugueses (1912). Imortalizaram-se, deste modo, as três ginastas então estreantes, Dália Cunha, Natália Cunha e Laura Amorim.
De então para cá, a participação feminina registou uma evolução progressiva, ainda que, sublinhe-se, tais desenvolvimentos tenham sido muito lentos, recheados de escolhos e estereótipos que só a determinação e a perseverança humana, e sobretudo a de muitas mulheres, têm permitido derrubar.
Este não é, infortunadamente, um problema sócio-desportivo apenas de foro nacional!
Contudo, outros países e continentes já despertaram, e há muito…, para a busca de soluções, para a convergência de interesses e para a concretização de planos concretos para minimizar as diferenças de oportunidades e as muitas discriminações ainda existentes no plano desportivo entre homens e mulheres. Portugal, mais uma vez, e também neste domínio, se apresenta anémico e pouco consequente nas políticas públicas transversais a ele respeitantes, seja ao nível do desporto, da juventude, da educação, da reabilitação, do turismo, entre muitos outros...
Não subestimamos, igualmente, os maiores investimentos e esforços que deveriam existir por parte das organizações desportivas privadas no sentido de garantir e preservar um acesso e desenvolvimento do desporto em igualdade de oportunidades entre rapazes e raparigas, mulheres e homens.
Contudo, tem o Estado português, tal como consignado na Constituição da República Portuguesa (conjugue-se a leitura, entre outros, dos artigos 9.º, 13.º, 64.º, 70.º, 71.º e 79.º) e reforçado na Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto (vide, artigos 2.º, 3.º, 6.º da
Lei n.º 5/2007, de 16 de Janeiro) cumprido as suas incumbências nesta matéria?
Não será difícil responder a tal questão. Vejamos, a contraponto, e a título meramente exemplificativo, o clip que anexamos a este texto, para retermos preocupações de outros países neste domínio, assim como o apoio expresso pelo governo inglês à
Women's Sport and Fitness Foundation.
Depois desta visualização, recreemo-nos “procurando as diferenças”…