Aquilo que a grande maioria da bibliografia utiliza para diferenciar uma boa ideia de uma oportunidade é que esta última conduz a que essa boa ideia vá preencher uma necessidade ou lacuna existente num mercado, seja ele qual for.
Perante isto, os que de alguma forma, directa ou indirectamente, são formados em desporto e/ou trabalham no sistema desportivo afirmam constantemente que o sistema desportivo e os vários sectores desportivos necessitam de ferramentas de gestão, mais bom senso, indicadores credíveis, melhores dirigentes, melhores comportamentos, mais equipamentos de apoio, formas de credibilizar a oferta de serviços desportivos, etc.
Destaca-se claramente a necessidade da mudança (e sabemos bem como pode ser desconfortável, mais para uns do que para outros) e um espaço sedento de ideias que preencham as tais necessidades e lacunas da população, da sociedade e do fenómeno desportivo em si.
Perante esta conjugação de factores, o não aparecimento regular de ideias que preencham essas tais necessidades e lacunas, quer pelas pessoas que já trabalham no e para o desporto, quer em concursos como por exemplo o Poliempreende, deve-nos colocar (ainda mais) em alerta.
Será a falta de atractividade do mercado? Falta de credibilidade vs dificuldade? O não interesse dos que já cá andam em receber pessoas e ideias novas? Ideias que se tornem em oportunidades, provocar tantas alterações, instalando o receio em alguém? Não passam de suposições as razões para a nulidade de interesse do empreendorismo e inovação nestas áreas, mas a mesma nulidade é uma realidade.
Num País que apresenta um índice baixo de participação desportiva regular (os estudos indicam sempre valores entre os 24 % a 30 %), vai com alguma regularidade dinamizando eventos desportivos de média e grande dimensão, tem um número elevado de instituições universitárias/politécnicos a oferecer cursos de Educação Física, Treino Desportivo, Gestão do Desporto, etc., seria de pedir mais (ou oferecer?) aos estudantes e interessados da área que apresentassem ideias mais inovadoras e se tornassem em oportunidades de negócio ou criássemos melhores condições, pelo menos, para as suas apresentações.
sábado, 28 de novembro de 2009
Oportunidades no fenómeno desportivo
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Rui Lança
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Associativismo desportivo,
Escolas do Desporto
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Gestor ou Professor ?
Esta questão que poderá parecer descabida ou despropositada foi-me colocada por uma estudante de forma muito ajustada e à qual eu respondi, provavelmente de forma precipitada, que correspondia à figura do gestor desportivo.
Desejando a estudante em causa concorrer futuramente a um dos nossos municípios para exercer tal actividade profissional, seguiu uma recomendação minha de procurar no Diário da República diversos concursos públicos para essa actividade e analisar os critérios de recrutamento.
De facto, os concursos, e muitos foram analisados, são dúbios quanto ao perfil do técnico superior de desporto. As dúvidas e perplexidades no fim destas leituras desabrocharam nesta estudante que, para além de confusa ficou assustada face, por um lado, às inúmeras exigências que observou em determinados concursos e por outro lado, relativamente às diferenciadas funções que são exigidas a tal profissional.
De facto, entre muitas outras, elencou diferentes tarefas descortinadas em diversos concursos públicos, tais como:
- Consultoria, estudos, planeamento, programação, avaliação e aplicação de métodos e processos de natureza técnica/científica, tomando decisões;
- Recolher, seleccionar e tratar informação, planificar e definir estratégias com vista a uma boa rentabilização social e desportiva dos recursos existentes, com o objectivo de oferecer e prestar um serviço de qualidade;
- Representação do órgão ou serviço em assuntos da sua especialidade, com tomadas de decisões de carácter técnico, enquadradas por directivas ou orientações superiores;
- Gestão e coordenação de eventos desportivos;
- Preparação e acompanhamento de programas de modalidades desportivas;
- Planificar as épocas desportivas das Piscinas municipais, leccionar e assegurar diariamente as aulas, as turmas e os horários da Escola de Actividades Aquáticas.
Contudo, nem tudo a decepciona, resta-lhe a satisfação de pretender licenciar-se em Ciências do Desporto no ramo opcional de Gestão Desportiva, pois assim sentir-se-á mais habilitada ao exercicio profissional numa realidade de grande hibridismo no desempenho de funções de gestão e funções de leccionação como é paradigmático o caso do técnico superior de desporto.
Que pensam disto os licenciados em Gestão do Desporto? Em que mercados profissionais se podem afirmar categoricamente estes licenciados?
Estas e muitas outras questões deverão ter a sua pertinência no X Congresso da APOGESD o qual visa debater as principais questões relacionadas com o emprego e as diversas oportunidades de negócio/actividade na Gestão do Desporto.
Aqui fica o convite de rumar até à Covilhã e enriquecer o debate e a reflexão sobre a Gestão do Desporto.
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Maria José Carvalho
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Gestão desportiva,
Lei e desporto
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Com o Benfica à venda, quem o compraria?
O futebol português, por má gestão, é susceptível a tragédias de que os projectos mencionados neste texto são exemplo
Dada a imagem do futebol português, os investidores guardam distâncias mas poderia ser diferente caso o futebol português e o clube fossem um modelo de gestão. Se a estrutura accionista e a governance do clube fossem semelhantes ao Barcelona, um clube sem finalidade lucrativa e uma imagem ética mundial, chegariam os empresários internacionais e os maiores nacionais.
O desporto é um bem económico reconhecido pelas externalidades que produz, mas não como um bem comum que depende da gestão sustentável. Assume-se neste artigo que as duas características tornam o futebol português, por má gestão, susceptível a tragédias de que os projectos seguintes são exemplo.
O projecto Carlos Queiroz levou os juniores a campeões dos mundiais de 1989 e 1991. O treinador foi corrido e Portugal eclipsou-se. A nossa geração era de chumbo, com os espanhóis a aprenderem a lição, ganham o Euro 2008 e a sua geração de ouro distingue-se para a África do Sul.
Foi prometido pelo lóbi do Euro 2004 que o desporto e o futebol português não voltariam a ser os mesmos. Será difícil identificar como activos de uma boa promessa concretizada, os jogos do campeonato com os estádios vazios, os salários em atraso, a falência de inúmeros clubes históricos, o défice continuado dos clubes, as compras, vendas e o camartelo de infra-estruturas desportivas, que alimentam a gestão liberal dos clubes para captura de lucros no mercado de trabalho dos jogadores profissionais. Nos estádios, a média de espectadores é menor, como se vê no quadro dos 50 maiores clubes que neste texto se reproduz.
Países Clubes 2008-2009:
Escócia (2) 53.450
Alemanha (13) 50.302
Espanha (7) 47.990
Média (50) 45.509
Inglaterra (12) 43.688
Itália (6) 43.664
Holanda (3) 42.114
França (4) 39.657
Portugal (2) 37.230
Turquia (1) 33.030
Na Europa, a Escócia é a excelência da gestão dos espectáculos de futebol e estamos com a Turquia. A comparação com a França e a Holanda é enganadora, dado que os seus clubes beneficiam de condições de governance e regulação pública ausentes do contexto nacional.
O projecto da arbitragem profissional foi um projecto de Hermínio Loureiro que foi buscar Vitor Pereira, o melhor árbitro português reconhecido pela FIFA e pela UEFA, para o liderar. O projecto correspondia nos domínios técnico e no económico aos quesitos europeus. Na sua apresentação, o projecto foi morto politicamente. Este acto teve duas consequências. A primeira foi que a arbitragem passou a ser considerada como o projecto inicial e foi tratado 24 horas por dia numa "dezena" de canais televisivos, em directo e por cabo, como se fosse possível a qualquer um trabalhar com televisões por cima do ombro a verter ácido. A segunda consequência foi a Liga intuir que novos projectos arriscariam ataques prejudiciais ao futebol, num meio sensível como a primeira liga. Sem consensos, a Liga congelou a inovação.
O projecto do Mundial de Futebol com a Espanha leva o caminho do Euro 2004.
O último projecto é o da pretensão do Benfica ser tratado de forma diferenciada dos restantes clubes quanto à venda dos direitos televisivos. O SLB só pode estar a usar uma medida nacional e outra internacional. Na primeira quer benefícios diferentes porque "é o maior", na segunda vai querer ser igual ao Manchester e ao Real Madrid. Os outros clubes aguardam a sua vez de captura dos valores comuns do futebol nacional. Quanto às goleadas de Jorge Jesus, também José Mourinho passou pelo Porto e o resto está igual.
O futebol profissional sem os grandes empresários portugueses e sem a concorrência de capitais internacionais, tem resultados esporádicos. A selecção, a prazo, será liquidada porque os clubes vivem das compras e vendas além-fronteiras e não há condições de vida aos viveiros de bairro e aos campeonatos amadores para sustentar o liberalismo do topo profissional. Esperam-se milagres de S. Queiroz, para tudo ficar na mesma. Consomem-se as actividades amadoras, que são a essência do futebol profissional moderno. O futebol profissional vive de líderes que pelo mérito, no Porto, pela força, no Benfica, ou pela razão, no Sporting, potenciam o seu produto privado. Os grandes empresários portugueses deveriam ser enfeitiçados pelo futebol e acarinhados pelo Governo para investirem no futebol, indo buscar ao mercado financeiro o músculo necessário para o aplicar onde é necessário. O risco de pegar num clube pequeno e assegurar-lhe uma missão desportiva e social é um risco a proteger pelo Estado. Com a demissão de Paulo Bento, o Sporting demonstra como os clubes se transformam em poços de contradições onde as direcções tentam salvar a vida e os clubes são condenados.
Haverá em Portugal e no estrangeiro empresários interessados em investir no futebol português? A resposta será positiva se os princípios desportivos, económicos e sociais forem aplicados e todos, amadores e profissionais, com e sem finalidade lucrativa, beneficiarem.
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José Manuel Meirim
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11:02
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Desporto profissional,
Gestão desportiva
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
As escutas
Quando se isola um destes protagonistas (ex. os dirigentes, ou os técnicos, ou os atletas, ou os clubes) e se lhes atribui a responsabilidade pelo progresso de todo o sistema (ou pelo seu atraso) está a cometer-se um erro de simplificação. Está a atribuir-se a uma das partes um poder de influência e de configuração de todo sistema desportivo que ele realmente não tem. O mesmo se passa com os decisores políticos.
Um decisor político pode tomar iniciativas que influenciam o resultado de todo o sistema desportivo. Na forma como exerce as respectivas funções reguladoras e de fiscalização. No modo como estrutura o ordenamento legislativo. Nas medidas de apoio e incentivo ao desenvolvimento da prática desportiva. Mas não pode por decreto fazer aparecer dirigentes desportivos qualificados, empresários empreendedores, técnicos cultos e competentes ou atletas com elevado potencial desportivo. O decisor político é importante, mas não é suficiente.
Não é despiciendo lembrá-lo num tempo em que o aumento do grau de exigência aos políticos não pode viver a par de um menor esforço de exigência em relação aos restantes actores e intervenientes. O que obriga a que se avalie por onde se distribuem os eventuais factores de constrangimento ao sistema desportivo e evite cair na atitude fácil, mas ilusória, de tudo colocar no âmbito da responsabilidade política.
Os tempos que se avizinham vão ser duros. Parte das justificações do passado deixam de ter sentido. O país disporá, pelo menos por dois ciclos olímpicos, de uma estabilidade politica e de uma continuidade governativa que são um bem precioso .E de uma infra-estrutração e condições de trabalho bastante boas. Os dirigentes máximos das duas organizações desportivas (COP e CDP) não regateiam encómios às políticas do sector. Existe uma clara sinergia política (e partidária) entre as orientações estratégicas de politica desportiva e as lideranças do movimento associativo. Podem discutir-se uns trocos que paguem algumas das aventuras associativas, mas no plano substantivo não existem linhas de divergência. Á partida estão reunidas as condições para o sucesso. E não se justifica, a não ser por preguiça intelectual ou desculpa esfarrapada, culpar o desporto escolar, cujas costas largas estão sempre à mão, para ser elevado a factor crítico essencial ao eventual insucesso da nau desportiva.
Não creio por isso que seja ao nível da instância politica que devam incidir as preocupações pela elevação da qualidade do nível desportivo. Mas sobre a base de construção das decisões que alimentam todo o sistema desportivo. Os tópicos da formação do praticante, da formação do técnico,da preparaçãoe treino desportivos, do enquadramento competitivo e da vitalização do sistema associativo carecem de ser visitados. Que por serem mais simples e mais lineares talvez ajudem a uma outra progressão. E são decisivos.
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josé manuel constantino
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Associativismo desportivo,
Política desportiva
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Vamos todos «ginasticar»?
Na página da Internet da Federação de Ginástica de Portugal uma das notícias em destaque é relacionada com formação: Formação: Esclarecimento o Decreto-Lei n.º 271/2009 ("Lei dos Ginásios").
Aí apela-se à formação pela FGP dos profissionais da área do fitness, afirmando-se que, desde que enquadrados pela formação profissional disponibilizada pela FGP, todos esses profissionais, estarão enquadrados na lei.
Lendo as normas do Decreto-Lei nº 271/2009, de 1 de Outubro, não retiramos as ilações da FPG.
Dispõe o artigo 1º, desse diploma, que o mesmo define o regime jurídico da responsabilidade técnica pela direcção das actividades físicas e desportivas desenvolvidas nas instalações desportivas que prestam serviços desportivos na área da manutenção da condição física (fitness), designadamente aos ginásios, academias ou clubes de saúde (healthclubs), independentemente da designação adoptada e forma de exploração, bem como determinadas regras sobre o seu funcionamento.
Adiante, estabelece o artigo 4º: o director técnico (DT) é a pessoa singular que assume a direcção e a responsabilidade pela actividade ou actividades físicas e desportivas que decorrem nas instalações desportivas referidas no artigo 1.º
O DT deve ser titular do grau de licenciado na área do desporto ou da Educação Física (artigo 7º, nº 1).
E aos profissionais responsáveis pela orientação e condução do exercício de actividades físicas e desportivas não compreendidas no objecto das federações desportivas dotadas de utilidade pública desportiva, aplica-se o disposto no artigo 7.º, por força do artigo 13º, nº 1. (destacámos).
Ou seja, exige-se a mesma qualificação.
Assim sendo, por ora e salvo melhor opinião, não vemos como pode a FPG sustentar – e promover – a sua formação como meio de alcançar título suficiente para efeitos do Decreto-Lei nº 271/2009.
Estaremos errados?
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José Manuel Meirim
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22:50
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Agentes desportivos,
Federações desportivas,
Infra-estruturas desportivas
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Marcar pontos
Desde já, convém actualizar a agenda neste domínio após a ratificação do Tratado de Lisboa, de modo a aclarar, não apenas as prioridades da Comissão, no âmbito das acções preparatórias com vista à implementação das disposições do Tratado, bem como os próximos passos deste processo.
Da reunião dos Directores Gerais responsáveis pelo desporto da UE, realizada nos dias 1 e 2 de Outubro em Solna, de onde saíram as conclusões da presidência sueca, sublinham-se dois novos pontos a reter:
- A possibilidade de compensação dos organizadores de eventos desportivos pelas empresas que ofereçam apostas sobre as suas competições (tendo em atenção, não apenas as novas propostas legislativas francesas e suecas neste domínio, bem como o impacto no desporto profissional da recente jurisprudência do TJCE e de outros casos pendentes sobre esta matéria);
- A relutância em reabrir o processo de adopção das referências internacionais de protecção da privacidade e dados pessoais da Agência Mundial Antidopagem como um anexo à Convenção Internacional contra a Dopagem da UNESCO.
Segue-se na presidência da UE a Espanha. Espera-se deste país um maior ímpeto na condução da agenda, dado o seu tradicional empenho político-desportivo. Disso dá nota o parágrafo final das conclusões da presidência. Ainda durante o próximo semestre a Comissão prevê uma edição especial do Eurobarómetro sobre actividade física e o desporto, onde se poderá actualizar os dados face à última versão de 2004.
Por outro lado, no final do mês de Outubro foram revelados os resultados do questionário online lançado pelo projecto EU:Sport:Future. Trata-se de um projecto financiado pelo programa Europa dos Cidadãos em € 250.000, gerido pela ENGSO e por autoridades desportivas de 7 países da UE, com o objectivo de auscultar e recolher a opinião dos cidadãos sobre a competência futura da União sobre o desporto e produzir recomendações concretas em 5 áreas que em muito se aproximam dos temas que presidem aos grupos de trabalho que coordenam a acção dos Estados-membros.
Assim, da conferência final, realizada no passado dia 30 de Outubro em Oeiras, foram divulgados os resultados finais dos vários painéis sobre desporto e saúde, educação, voluntariado, emprego e sociedade. As recomendações, sintetizadas numa declaração final, não se destinam apenas às instituições da União, mas também ao movimento desportivo, governos nacionais e demais actores envolvidos no desporto.
Ainda que a competência conferida pelo Tratado assuma uma dimensão de coordenação e apoio, não deixa de ser relevante o facto de o Parlamento Europeu (PE) ter emendado as previsões orçamentais para 2010 em relação às acções preparatórias para o desporto, aumentando em 4,5 milhões de euros as verbas previstas pela Comissão, para um total de 6 milhões de euros (v. pp. 12-14), dando um claro sinal ao Conselho da importância que o desporto assume, nas negociações a encetar para fechar a versão final do orçamento em Dezembro.
Aliás, o PE tem sido também a sede privilegiada para a concertação política, à margem da agenda institucional, e, no espectro negocial que compõe a acção governativa da União, a apetência para jogar neste tabuleiro confere, não raras vezes, resultados mais rápidos e eficazes. Platini está bem ciente disso e continua a marcar pontos.
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João Almeida
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17:55
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Europa e desporto,
Política desportiva
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Face oculta
As causas do problema são conhecidas. As soluções também. Mas como se trata na esmagadora maioria de equipamentos construídos com financiamento público a regra tem sido primeiro construir, a seguir fazer a festa e depois colocar os contribuintes a pagar.
Como explicar a contínua incapacidade para reconhecer erros cometidos? Como explicar as resistências ao exame crítico das decisões passadas e que contribuem para que os mesmos erros venham a ocorrer em decisões futuras?
Um velódromo como o de Sangalhos para a prática de uma disciplina que o país não pratica ainda que com valências para outras modalidades não ultrapassa o limiar do risco prudente e aceitável?
Alguns dos novos centros de alto rendimento que custos de manutenção e de funcionamento têm associados? E quem os suporta?
O facto de se atender a expectativas e a necessidades do desenvolvimento desportivo em matéria de equipamentos é meritório. Mas à necessidade deve estiver associada a sustentabilidade desportiva e financeira.
O grau de intervencionismo político, por via do financiamento público, tem sido elevado. Mas também errático, não estabelecendo linhas de orientação consistentes. Em muitos casos a satisfação de expectativas criou contextos de dependência financeira, particularmente no poder local, em que são aqueles que não utilizam os equipamentos que têm de financiar o seu uso. Em algumas autarquias a ocultação dos erros com a construção de complexos desportivos sobredimensionados tem tido a cumplicidade de interesses desportivos instalados que se recusam a interpretar os indicadores de colapso financeiro.
É dos livros e da experiência da vida: nem todo o investimento público gera progresso. O pais ainda se não deu conta que vai chegar um momento em que é preciso parar este desvario. E que não chega responsabilizar os governos por financiarem projectos de viabilidade duvidosa. A muitos deles estão associadas decisões autárquicas de quem tem mais olhos que barriga e interesses desportivos de entidades para quem os fundos públicos são inesgotáveis.
Numa matéria tão sensível e de importância estratégica para o alargamento, desenvolvimento e qualificação da prática desportiva, correr o risco de decisões que delapidam recursos e, a prazo, hipotecam a possibilidade de responder às necessidades de prática desportiva dos cidadãos não é um caminho aconselhável.
A avaliação analítica dos resultados de gestão dos equipamentos desportivos construídos é indispensável. Essa avaliação é essencial para passar de um politica de “palavras” e de “intenções” para uma política de racionalidade nas escolhas públicas.
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josé manuel constantino
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09:50
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Política desportiva
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
É chegado o tempo do incumprimento
O sistema desportivo nacional – dir-se-ia mesmo o país – não tem uma boa relação com a lei.
A regra vai ser, pois, não temos dúvidas, não respeitar e incumprir as leis que se aprovaram.
Neste domínio do incumprimento até é possível, à semelhança de outras experiências, estabelecer uma lista dos principais incumpridores.
E, não se pasme – ninguém já se choca com a afirmação – o principal incumpridor, vai ser o Estado.
Dezenas e dezenas de novas normas passaram a polvilhar o tecido desportivo, do sector federado a outros sectores, e os operadores privados, sejam federações desportivas ou outras entidades, vão jogar com esse notável curriculum público de incumprimento legal.
Vai funcionar muito o telefone móvel e as conversas de circunstância, as contrapartidas de apoio aos poderes instituídos e os fluxos financeiros públicos imprescindíveis à vivências das organizações desportivas privadas.
O amiguismo, o clientelismo, as lojas, as seitas, os corredores, o medo de represálias, o interesse do partido, as vaidades pessoais, vão desempenhar o papel de «fortes argumentos jurídicos».
As relações jurídicas vão ser – sempre foram – substituídas por perniciosas relações pessoais.
Para nós, resta-nos auxiliar, dentro das nossas capacidades, aqueles que acabarão inevitavelmente por serem vítimas deste estado de coisas.
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José Manuel Meirim
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09:54
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domingo, 1 de novembro de 2009
Criatividade II
Todos, com maior ou menor clareza, temos a percepção que nem tudo é mau como fazem parecer no nosso cantinho europeu. Há muita coisa a melhorar, a modificar, a terminar, etc., mas decido trazer aqui um bom exemplo.
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Rui Lança
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12:34
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