Contudo, este regresso já não é tão entusiasmante nem tão esperançoso como outrora. E desta vez senti, inclusive, com certa intensidade a angústia a entrar em mim de forma mais avassaladora. Por mais optimista que seja e que assim queira permanecer, por mais que ame este país, por mais que queira que ele progrida e se despegue da estagnação, do marasmo, da resignação, do impasse, sou invadida pela sensação de que a conjuntura socioeconómica e o atavismo conservador da mentalidade portuguesa não ajudam em nada.
Na ânsia de me colocar a par das novidades, falo com a família, os amigos, leio os jornais, ouço os noticiários e o que encontro de novo e sobretudo moralizador, promissor e arrebatador? NADA…
Neste País, parece que nada acontece, parece que o tempo pára para dar azo à rotina maçadora, ao fazer por fazer, ao surgir das datas agoniantes de pagar as contas antecedidas do dia dos míseros salários nacionais que as cubram, para muitos, pelo menos parcialmente.
Deparo-me novamente com a revolta dos professores e das respectivas associações sindicais, com o aumento das taxas de juro, com o aumento progressivo dos assaltos à mão armada e da insegurança em geral, e não pararia com desgraças se não me lembrasse da cultura e do desporto…
Ainda bem que por estes dias temos um Rodrigo Leão a representar Portugal no Ulsan Worl Music Festival, na Coreia do Sul, uma Paula Rego a inaugurar uma exposição retrospectiva em Lisboa, com obras criadas desde os anos 50 até à actualidade, um Manuel de Oliveira retratado no museu de Serralves até 2 de Novembro, e muitos outros a relevarem o que de melhor podem fazer os portugueses.
No desporto, com a recente participação olímpica e paralímpica também enchemos o ego e regozijos pessoais, independentemente de entender que o estado sócio-desportivo nacional está bem distante dos resultados internacionais alcançados naquelas competições. Mas este é assunto para outro dia.