terça-feira, 18 de agosto de 2009

Estatisticamente falando

A administração pública desportiva (IDP) divulgou os resultados de um estudo de recenseamento dos praticantes desportivos federados actualizando, supomos, o ultimo estudo publicado em 2005. Conhecemos do trabalho agora anunciado apenas o que foi divulgado na comunicação social, designadamente no jornal Público.
Os estudos sobre a demografia desportiva são escassos, a autoridade estatística nacional (INE) parece que se mantém afastada, ignoramos, se por vontade própria se alheia, e trabalhos que na base do levantamento estatístico permitam sustentar o aprofundamento da realidade desportiva só podem ser bem-vindos. É de saudar a iniciativa e reconhecer o mérito devido à entidade promotora e aos técnicos responsáveis.
Das notícias divulgadas o maior destaque foi seguramente o da duplicação em doze anos (três ciclos olímpico) do número de praticantes desportivos federados. O que é bom no plano interno. Mas que não chega para colocar o país ao nível dos indicadores médios europeus (cerca de 25%). Pior. Se o objectivo fosse atingir essa média, a crescer com a média deste últimos 12 anos precisaríamos de perto de 80 anos para alcançar aquele valor.
Estes indicadores e outros que, seguramente, o estudo a publicar permitirá cruzar servem também para se poder avaliar se a direcção fundamental das políticas públicas (centrais e locais) e associativas têm tido o retorno desejável. Ou se, pelo contrário, deverão ser introduzidas modificações que permitam retirar um melhor aproveitamento da relação custo/benefício. Como assinalava, António J. Serôdio num comentário anterior, “nem sempre as federações com mais dinheiro, quer absoluto quer relativo, são as que têm os melhores resultados.” A que acrescentaríamos o facto de se tornar óbvio que para algumas modalidades desportivas a sua persistente incapacidade de crescimento em termos competitivos internacionais não justificam as apostas públicas. Esta incapacidade carece de uma correcção quer da acção do Estado, quer da liderança privada/associativa.
Os estudos sobre a demografia desportiva federada têm revelado também que o número de variáveis a trabalhar aumentou e que se alteraram algumas dos conceitos e realidades. A própria matriz de inventariaçãodos censos desportivos carece de ajustamentos face a realidades desportivas significativas como a da prática desportiva do INATEL, censo desportivo que alguns países europeus integram nas sua estatísticas de praticantes federados.
O conceito de “praticante desportivo federado”em algumas modalidades, deixou de estar confinado ao “praticante em competições desportivas federadas”; o mesmo praticante tem várias filiações desportivas; no ciclo de vida do praticante há migrações entre modalidades; a permanência etária é mais longa; há modalidades com quadros competitivos abertos que não obrigam à filiação federativa; outras que “forçam” essa filiação mesmo sem participação competitiva.
Nos resultados agora divulgados o caso do crescimento do voleibol, ultrapassando o basquetebol e o andebol e o salto de crescimento de modalidades individuais de ar livre são merecedoras de atenção como bons exemplos
O futebol é um caso à parte que continua a crescer mesmo convivendo com uma persistente insustentabilidade financeira e com uma acentuada crise no plano do recrutamento de alguns agentes (árbitros e pessoal médico/paramédico).
A monitorização/acompanhamento por parte da administração pública desportiva de uma realidade cada vez mais segmentada e a pedir respostas distintas torna-se muito difícil de operar com uma orgânica que vive de alterações conforme a matriz governamental que domina, mas que se não afasta de um modelo que já não consegue responder a todas as variáveis que o desporto federado envolve desde o que tem um claro domínio profissional ao que, no plano oposto, se constrói na base da recreação/lazer.
O dispor-se de bases de estudo e de trabalho que permitam avaliar em tempo útil o retorno das politicas públicas e associativas é essencial.Os resultados agora divulgados criam a expectativa de que possam servir para alguma coisa, para além do conhecimento da realidade. Resta aguardar.

21 comentários:

Anónimo disse...

As estatísticas do desporto federado foi o terceiro dos estudos lançados pela Administração Desportiva.

Os outros dois foram sobre os perfis da Actividade Física e da Aptidão Física da população portuguesa.

No artigo de José Manuel Constantino apenas se assinala e comenta um deles. Aliás em termos de uma honestidade intelectual bem diversa da de outros autores deste blog...

Com a nota de rodapé suplementar de que aparentemente se pretendeu "actualizar" idêntico estudo realizado em 2005...

E quanto aos dois restantes estudos, realizados sob encomenda da Administração Desportiva? Porquê esse silêncio? Será que não merecem qualquer comentário? Será porque neles colaboraram cinco Universidades? Ou será porque são absolutamente inovadores em Portugal, nomeadamente em termos de iniciativas da Administração Desportiva?

Anónimo disse...

Sim, o INE devia ajudar mais.
É um assunto difícil, o de "estatisticar" o desporto. Díficil, porque o Desporto é uma realidade complexa. Havendo por isso dificuldade em consensualizar os critérios e os indicadores. Pelo que dizem as Federações? Pelo que dizem os praticantes? Com acelerómetros? Medidndo que variável? O ritmo cardíaco? O tempo de duração daquilo que cada um concebe como sendo «actividade física»? Pelos critérios da OMS? etc.
A dificuldade talvez só se resolva começando por encarar a tarefa como «complexa». E depois, com métodos adequados a essa complexidade.Sem haver alguém à partida que se reclame dono/a da verdade. E talvez também no diálogo prática/teoria (universidades/movimento associativo).
Mesmo assim, talvez sim talvez não.

Anónimo

Anónimo disse...

o anónimo das 11 deveria enviar ao professor Constantino os estudos desconhecidos antes de disparar

porque não enviar o link para o pagode se maravilhar

Anónimo disse...

Para o anónimo das 17h59

O problema do "pagode" - para usar a expressão que certamente utilizou em sentido autobiográfico - não é ter acesso a estudos, mas sim - mais prosaicamente - o de saber ler.

Dentro de dias aqueles estudos estarão publicados em livro, e "o pagode" já poderá, então, comprá-los.

Até lá, pode ler alguns highlights (apontamentos, em linguagem "p'ró pagode") no PÚBLICO, de 6 de Agosto.

Se tiver qualquer dificuldade com a ortografia ou o vocabulário, é só dizer.

AJS disse...

As estatisticas são elementos fundamentais para se poder verificar a evolução de seja o que seja, e naturalmente o desporto não pode ser diferente, pelo que estas iniciativas são de congratular. Quanto ao associativismo seria interessante saber igulamente a distribuição pelo País, pois existe uma diferença cada vez maior entre o litoral e o interior.A evolução dos desportos colectivos e individuais, pois no interior mesmo o futebol está a perder espaço para modalidades individuais ou mesmo para o futsal, pois é mais barato deslocar dois ou três miudos no carro do treinador ou do director para o litoral.Entre outras situações. No entanto estes estudos, e outros já realizados ou a realizar, só o são efectivamente importantes se servirem para mudar estratégias. A. J. Serôdio

Anónimo disse...

Provérbio secular:

As estatísticas são certas em geral e erradas em particular.

São como as sondagens... não acertam.

Li isto não sei onde:

Um americano foi saber qual a profundidade média de um rio para tomar banho porque não sabia nadar.
A profundidade média era 50 cm.

Foi ao banho, acertou num fundão e morreu afogado.

Anónimo disse...

Mas de quem é o estudo efectuado em 2005? Está publicado? onde posso encontrá-lo? Alguém me pode ajudar?

José Correia disse...

Finalmente estudos...!

O que é espantoso mesmo é a administração pública desportiva finalmente, ao final de toda uma legislatura, fazer estudos e eles não estarem de imediato e gratuitamente, como bem público puro que deveriam ser, na net, nos sites do governo ou do IDP.

Num governo que até se ilustra de ser tecnologicamente da linha da frente isso é lamentável.

Bastaria irem ver o que se faz em todos os países que compõem a Grã-Bretanha onde existe nas organizações governamentais públicas ou para-públicas todo um vastíssimo conjunto de estudos que são feitos em permanência para darem forma devida, apostada nas evidências reais, às respectivas políticas públicas desportivas.

Mas aí será, penso eu modestamente e sem ser o intérprete mais avisado, outro socialismo mais fiel e em íntima relação à comunidade e aos desportistas e eleitores/contribuintes.

Lembre-se também a este propósito que durante os últimos anos o IDP e a Secretaria de Estado não promoveram quaisquer outros estudos sobre as realidades desportivas nacionais.

E eu que até gosto do desporto como área de estudo e de investigação fiquei em branco nesse importantíssimo imperativo de quem governa e administra publicamente o desporto nacional. E pelos vistos vou ainda ter de pagar o tal livro que dizem que vai ser editado lá para Setembro próximo pelo nosso governo socialista.

Caramba a net e a divulgação pronta e disseminada do conhecimento, ainda que só estatístico, não conta neste domínio da nossa governação e administração pública...?

P. S.: Há mais de ano e meio onde escrevo habitualmente lamentei a ausência de estudos sobre desporto em Portugal e até identificava um conjunto de temas onde essas carências eram visíveis e deveriam se supridas (nas áreas da economia e gestão do desporto, mais exactamente).

José Pinto Correia, Mestre em Gestão do Desporto

Anónimo disse...

Os vários comentários confluem para o consenso de que as «estatísticas» são um elemento imprescindível. Até se vislumbra um certo aplauso á iniciativa deste governo socrático. O que é raro.
Embora, por mim, a maioria das vezes, não seja necessário nem desejável haver consenso. Porque é higiénico, julgo, haver um elemento agonístico e nietzscheano. Para que a Democracia plena funcione, e a realidade se desequilibre … para a frente ou para trás, ou para outra qualquer direcção. Para Avançar Portugal diriam uns desses cujos. Os outros dizem outras coisas.
Mas nestas eleições estão todos mais para desequilibrar do que para equilibrar. Talvez porque de Portugal, desde os mais idos tempos, até os romanos disseram que era um Povo que «não se sabia governar, nem deixava que o governassem». Talvez essa flexibilidade estocástica seja uma vantagem adaptativa. A verdade é que somos dos mais antigos, e cá vamos ficando, com cada vez mais falantes. E com um pool genético cada vez mais miscigenado, o que é uma vantagem nas gripes, e na criatividade.
Mas voltemos ao “estatisticamente falando” do ilustre Professor J.M. Constantino. Para, se me permitem, tentar arranjar mais uma provocação, perante esta horribilidade do consenso sobre a bondade das estatísticas.
Noutra mensagem já tinha provocado o insigne economista Doutor Tenreiro, sobre a validade do cálculo perante a mudança das premissas e do contexto. Agora vi escrito, pelo Professor Serôdio, um contexto feito das seguintes peças: «eixo litoral – interior», «eixo desportos colectivos – desportos individuais», «eixo associativismo – realidade desportiva não associativa».
Mas ainda existirão estes «eixos», de modo a fazerem sentido para a análise e o diagnóstico do que o Desporto na actualidade?
Há quem diga, (ilustres estudiosos e catedráticos do assunto), que o desenvolvimento, sobretudo a partir dos anos 80/90 do século passado, passou a ser guiado pela força centrífuga/centrípeta das Cidades. Que a malha da realidade globalizada é uma descontinuidade puxada por centros gravíticos. Do que resulta uma análise policêntrica, como vários núcleos em torno dos quais gravita a realidade sócio-económica. Em que as «realidades nacionais» deixaram de ter poder para lhes provocarem influência. Em que aquelas dicotomias e «eixos» já não são um bom indicador para descrever a realidade do que acontece. Ora sendo assim, os instrumentos de cálculo estatístico mantêm-se, mas o que vão medir já mudou. E a aplicação provoca um resultado que já não serve para mudar estratégias.
Em vez de «litoral-interior» há mobilidades e pessoas em direcção às «cidades». O que muda o tipo de decisões sobre o planeamento de infra-estruturas desportivas. Mas também muda a sazonabilidade da oferta e da procura desportiva. Por exemplo, agora tudo converge para o Allgarve, e para outros algarves. E quanto á demografia e às classes etárias, hoje, há tantos idosos quanto jovens. Logo o dinheiro não pode ir só para os que têm idade para fazer «alto-rendimento». Porque os outros já são metade, com tendência para aumentarem. E também votam.
Tudo para voltar á complexidade do Desporto enquanto realidade difícil de estatisticar. Hoje praticámos desporto ou actividade física? E quando tínhamos 3 anos de idade? E quando tivermos 80?
Por outro lado, se a estratégia estiver bem, deixa de haver necessidade de estatísticas, como foi dito? Não me parece.
Finalmente, porque é que este governo sentiu necessidade de fazer estas estatísticas (relativas à condição e à aptidão físico-desportiva) e os outros anteriores não? Essa necessidade que o impulsionou, e o distinguiu dos outros, não é o resultado de uma nova estratégia e de um novo paradigma de desenvolvimento do desporto?
Se o não fosse a necessidade inexistiria.

Anónimo

Anónimo disse...

A olho nu é possível detectar duas linhas de entre os autores deste blog:

- uma "linha MFL", ou seja, partidária do discurso destemperado, despreocupada com os factos (esses empecilhos), na esteira da "judicialização do discurso" (eufemismo de salão que designa a calúnia sistemática, travestida em científico marketing político);

- uma "linha Moita Flores", com chiliques de esquerda, que convive com alguma dificuldade com os self made man e os arroubos arrivistas e ressabiados de "bases" com pendor paroquial.

Os primeiros estão bem representados pelos Meirins, os mestres Correias, os Manageiros, as Carlas Ribeiro ou as Maria José Carvalho.

Aos segundos, pertencem, além do próprio JM Constantino, o Alfredo Silva, o João Almeida ou o Rui Lança.

Sobretudo quando, uns e outros, não escrevem sob anonimato, claro.

Anónimo disse...

certamente que alguém me corrigirá, porque não tenho as palavras certas mas na ciência a verdade tem de ser contestada

o que não pode ser contestado não será ciência

ora o desporto é uma actividade contestável

segundo o estudo publicado pela Allied Dumbar no Reino Unido há vinte anos bater tapetes e tratar de crianças pequenas é uma fonte de condição física. Esse parece ser o estudo actual saído a 6 de agosto no Público: não é necessário desporto basta condição física, clubes e federações para quê, corra para e no trabalho, aumenta a produtividade do país e ganha em condição física para dar cambalhotas à noite e ligue para o estudo da condição física para garantir para a taxa nacional

também os dados nacionais do associativismo desportivo mostram que temos uma larga margem de progressão nas palavras do Secretário de Estado do Desporto Dr. Laurentino Dias; larguissima diz o Professor JMConstantino com as taxas actuais faltam 80 anos para a média europeia

Salvo erro, logo no início do seu mandato o Dr. Laurentino Dias, através do Ex-Presidente do IDP Professor José Manuel Constantino publicou o livro de estatísticas de 2005 e assinou um protocolo com o INE, a actual legislatura terão mais resultados que não têm sido relatados

terão sido estes passos fundamentais para o desporto português?

os diferentes intervenientes deste blogue gostariam de ter mais estudos e análises, ou seja, mais ciência e mais contestação

isso seria 'estar contra o governo'?

ou ajuda todo o governo a governar melhor?

será possível fazê-lo na próxima legislatura e deixar esta tal como está?

Anónimo disse...

Lá por se tirar um «mestrado» não se passa a não dizer as asneiras que se diziam antes. O que abona em desprestígio desses «mestrados», mas também que eles não mudam o que é intrínseco à pessoa que os tira. Isto vale para o mestre Correia. Por mais «cursos» que tire não embute, salvo seja.
«Estudos por questionário» há-os aos milhares.
Agora até há uns softwares que os fazem automaticamente. Como aquelas antigas máquinas de encher chouriços. Na aldeia das províncias havia-as às carradas. São fáceis, são baratos, levam pouco tempo a fazer, e o rabinho está sempre assente na cadeirinha frente ao écran. È uma espécie de jogo de playstation. Era o que havia no IDP. Perguntava-se às Federações, e pronto, depois era só fazer as contas com a máquina de calcular, e enfeitar a edição com uns gráficos com «mini-saia» (peço desculpa à comunidade gay, por estar do lado da heteroxia).
Depois há aqueles estudos em que é preciso gastar milhares de horas no terreno, falar com 20 ou 30 mil pessoas, envolver e coordenar 5 Universidades das mais prestigiadas, com profissionais com doutoramentos, com uma prática de excelência, com obra publicada saída em revistas de mérito, etc.
A pergunta que podemos deixar a algumas iluminárias que para aqui escrevem é a seguinte:  Quanto tempo leva um «estudo» do segundo tipo? Quantos há no Mundo, idênticos ao que foram apresentados nas piscinas do Jamor, neste momento?
A resposta é consoante a honestidade de cada um. Uma pessoa honesta diria que levam no mínimo 2 ou 3 anos a fazer. Ora é fácil subtrair esses anos de 2009, para se perceber que os «estudos» foram uma preocupação muito anterior à do que essas iluminárias sequer imaginaram. E que começaram logo desde o início. O que não foi o caso da maioria dos outros que se sentaram nas cadeiras do «poder». E mostra um rumo e uma estratégia, feita de «obra concreta» e não de «conversa de blog».
Porque razão os outros governos, técnicos e demais responsáveis «anteriores» não os fizeram? A resposta é simples:  Porque não foram capazes, porque não tinham a mesma estratégia e o mesmo rumo… digam lá porquê?
O pedir ao INE, e depois reivindicar que se pediu, é fugir às responsabilidades. Porque nada se fez mais do que pedir. Não se apresentou um documento/trabalho com as propostas do Desporto que orientasse esse pedido. Qualquer ignorante ou «político de meia tijela» o podia fazer, que isso não o ilibava da mesma incompetência que grassou até 2005, neste domínio.
Onde está esse trabalho para vermos a competência no modo de apresentar o Desporto para o diagnóstico estatístico, antes de 2005? Evidentemente que não existe. Pelas opiniões que alguns escrevem aqui, percebe-se que nem sequer estavam preparados para o produzir. Portanto é o mesmo que nada. Nas aldeias remotas também haviam as visitas periódicas de uns espertos que tentavam vender a «banha da cobra» aos outros.
Acresce que, no Jamor há poucos dias, não foi apenas apresentado um «estudo», nem dois, mas sim três. Por enquanto três, aliás. O que mostra outra coisa. Que foi considerado o ciclo da realidade desportiva que vai da «actividade física» ao «desporto dito federado» até ao dito «alto-rendimento». Ou seja, outra vez, uma visão, um rumo e uma estratégia diferentes do paradigma que grassou até 2005.
Goste-se ou não das pessoas, tenha-se mais ou menos inveja, o que é facto é que este governo socrático deu uma cabazada ás oposições, também na área do Desporto. Até mete dó.
A propósito das eleições, vi estarrecido, em imagens televisivas, que por este andar o Comandante Moura ainda vai ser o Presidente da Câmara de Oeiras. Sim, porque as legislativas do COP já foram, e até 2012, tem lugar garantido, sejam quais forem os resultados eleitorais.
Até esta…

Anónimo

Anónimo disse...

Ora vem mesmo a propósito deste debate das «estatísticas do desporto». Lá está, basta mudar o contexto e as premissas para o valor das estatísticas mudar.
Então havia 2500 escolas com 1 a 10 alunos em 2005?
Não é uma vergonha?
Como se podia fazer «educação física e desporto escolar» em 2500 escolas destas?
Então, melhorar a «educação física e o desporto escolar» tinha que começar por fechar esta vergonha, e começar numa primeira fase por construir 273 novos centros escolares e requalificar 100 escolas secundárias.
Lá está, a mudança de estratégia.

“Melgaço, Viana do Castelo 19 Ago (Lusa) – O primeiro-ministro José Sócrates disse hoje em Melgaço que o Governo e as Câmaras Municipais têm em curso investimentos de mais de 1.500 milhões de euros na modernização do parque escolar. "Estão em curso obras de construção de 273 novos centros escolares e de requalificação de 100 escolas secundárias", afirmou. José Sócrates disse que as obras em curso de construção de novos centros escolares dão razão à opção tomada pelo Governo de encerrar as 2500 escolas "primárias" que funcionavam com dois ou três alunos. "Tivemos a coragem política de fazer uma reforma, a de requalificar e construir as escolas do século XXI", salientou, frisando que o encerramento de escolas com menos de 10 alunos era recomendando, há décadas, por especialistas e organizações internacionais. Disse que a existência de escolas com dois ou três alunos conduzia as crianças a uma situação de exclusão e de ausência de condições de sucesso académico, frisando que estavam privadas do direito de usufruir do convívio próprio de uma comunidade académica. Para o primeiro-ministro, o investimento no parque escolar traz benefícios não só ao sistema de ensino, mas significa, também, um estímulo forte à actividade económica e ao emprego, numa altura de forte crise internacional.”

Estas construções começaram ao mesmo tempo que se faziam as «estatísticas do desporto» que sempre faltaram. E os mais de 545 mil m2 de área para fazer desporto que foram aumentados de 2005 a 2009? É mais do que a área do Concelho de Oeiras. Em apenas 4 anos.
Depois disto as estatísticas vão ser outras. Evidentemente.
Sem necessitarmos de esperar por elas para ter Estratégia.

Anónimo

AJS disse...

Pois é, pode ser que estes estudos estatisticos apontem para "outros" 545 mil m2 de equipamentos que não estes. Pode ser que afinal os eixos ainda tenham alguma razão de ser, porque a força centrífuga/centrípeta das cidades também funciona nas "médias e pequenas cidades" do interior. Porque, pode igualmente ser, que as realidades sejam totalmente diversas e naturalmente necessitem de aproximações diversas. O importante é relacionar todos estes dados com os resultados desportivos. AJ Serôdio

Anónimo disse...

Plenamente de acordo, António José Serôdio.
E o que refere, "da necessidade de articulação dos dados" é, e minha modesta opinião, essencial.
É o que realmente importa fazer, e esforçarmo-nos por fazer, no presente e no futuro. Se quisermos mesmo que o "estatisticamente falando" melhore.

Anónimo

Anónimo disse...

Bem, eu como inculto nestas cenas do "desporto" só perguntaria aos Exmos Doutores, Mestres e Dr.s o que resultará de tantos estudos ? Será que o Futebol vai deixar de ser "O Desporto Rei" ? Será que com esses estudos, daqui a 5 anos limpamos as medalhas de ouro dos Jogos Olímpicos e mundiais ? será que o IDP vai passar a Ministério ?

Anónimo disse...

Ainda por causa das «estatísticas».
Saiu ontem mais um documento importante sobre «estatísticas que interferem no desporto».
Tudo começou, para não variar, em 2005. Conseguimos, com esforço e trabalho árduo, meter o Desporto na ENAM e na CIAM.
Depois do Desporto lá estar, foi um trabalho que demorou 4 anos. Pela simples razão de que, em 2005, não tinham feito trabalho nenhum nesta área.
Um trabalho que se deveria ter feito há 30 anos, e que, mais uma vez, só agora houve capacidade para o fazer. E em apenas 4 anos.
Um trabalho que resulta do envolvimento durante estes 4 anos de quase todos os ministérios, e das regiões Autónomas da Madeira e dos Açores. Para o qual foi criada, inclusive, uma Comissão Interministerial. Que reuniu universidades, empresas, investigadores portugueses e estrangeiros, Estado, União Europeia, UNESCO, etc., etc. E que, ao fim de 4 anos, produziu um conjunto de indicadores que são cruciais para uma área fundamental para Portugal.
E que já permitiram ao País ter conseguido uma credibilidade e uma posição negocial na União Europeia e na UNESCO completamente diferentes da que tinha em 2005.
O Desporto nela é apenas uma pequena parte. Mas uma parte importante, que conseguimos que nela ficasse. Como foi possível até 2005 terem-no deixado de fora?
Para perceber o alcance destes «dados» é preciso saber qual foi a «Estratégia» e o «Modelo de Desenvolvimento para o Desporto» adoptado em 2005. Para isso basta ler o Programa apresentado aos eleitores em 2005. Está lá. Como, aliás, volta a estar para o período que se lhe segue.
São «dados» fundamentais para o Desporto, e também para a «economia do desporto». Mas que ainda ninguém tinha feito. Porquê?
Não tinham feito, por causa dessa visão fechada do desporto, que continuava, como há 30 anos, a olhar para si próprio como uma coisa específica e isolada do resto da Realidade. Por causa desse «modelo fechado e unifactorial de desenvolvimento do desporto» que mansamente se prolongou até 2005. De que os documentos “Portugal de Ouro” da TeamWorks e “Opções estratégicas para o desenvolvimento desportivo nacional 2003-2013” são a mais eloquente expressão. Tentavam, mas não conseguiam sair do gueto onde metiam e concebiam a realidade desportiva e o Desporto. Aliás, como ainda agora dão mostras, apesar de todo este esforço pedagógico que fazemos para se livrarem dessa canga.
Quais são os «dados relevantes» a que me refiro? Qual a Estratégia que os permitiu obter?
A resposta é esta: --- Prosseguindo a estratégia de desenvolvimento do Desporto escolhida em 2005, que a articulou, pela primeira vez em Portugal, com a Estratégia de Desenvolvimento Sustentável. Por causa desta opção o Desporto foi integrado em 2006 na “Comissão Interministerial para os Assuntos do Mar e recursos hídricos” e na “Estratégia Nacional para o Mar 2006-2016”, potenciando o seu impacto económico e turístico.
Exactamente essa «relação». A «relação do Desporto com o Mar e com os Recursos Hídricos».
Sabem quantas Federações Desportivas com UPD estão envolvidas nesta «relação»? Sabem quantos praticantes desportivos estão envolvidos nessa «relação»? Sabem quanto dinheiro é movimentado pelo desporto nessa «relação»? Sabem quantas empresas portuguesas exportam produtos e serviços de Desporto no âmbito dessa «relação»? Sabem qual o potencial económico do Desporto nessa «relação»? Sabem quais são as cinco primeiras Medidas a tomar para potenciar o desenvolvimento do desporto dentro dessa «relação»? Claro que não sabem.
Mas com o trabalho que fizemos já ficarão a saber. A Bem de Portugal e do Desporto.
Como foi possível, durante estes anos todos, deixarem abandonada esta «relação do desporto com o mar e com os recursos hídricos»?
Olharam para o umbigo do que se passava no estrito funcionamento interno do Desporto. Com esse «modelo» tornaram obscuras todas as relações que o Desporto faz com a Sociedade. Por isso não sentiram necessidade de trabalharem para os dados que agora conseguimos publicar… “O Desporto nas Actividades Hídricas e do Mar”.

Anónimo

fernando tenreiro disse...

Porque é que o anónimo das 16,10 não assina o seu nome próprio?

Para podermos falar sabendo quem é cada interlocutor?

Porque é que os anónimos que querem que todos votemos na maioria absoluta do Partido Socialista não dão o seu nome?

Porque é que isto aconteceu durante toda esta legislatura?

Anónimo disse...

Para o Fernando Tenreiro das 18:30

As perguntas do Tenreiro inserem-se na lógica da "Alice no País das Maravilhas".

Respondendo à questão, que não é para ser respondida (a prova disso é que, provavelmente, não publicam esta resposta): não é certamente por qualquer acto de repressão, do Governo, que os anónimos escrevem como anónimos. Se fosse por causa disso, então o Tenreiro também não escreveria, nem neste blog, nem em mais sítio algum, não é verdade?

Ora, como o Tenreiro muito bem sabe, nunca ninguém o impediu de exprimir a sua opinião em lado nenhum, não é?

Assim sendo, o anonimato de quem aqui se exprime só pode ter que ver com uma de quatro coisas:

- a primeira, é que tal forma de expressão está prevista neste blog e ninguém pode ser penalizado por exercer uma faculdade que previamente lhe foi reconhecida;

- a segunda, é que eventualmente algum ou alguns dos anónimos estão certos que, se se identificassem, não lhes publicariam as prosas, uma vez que alguns donos deste blog não fazem segredo de que usam a censura contra textos desafectos;

- a terceira, é porque diversos autores deste blog não desdenham escrever também sob anonimato, como é aliás o caso do próprio Tenreiro;

- a quarta, será porque algum ou aguns dos anónimos desempenham funções públicas e não querem que as opiniões que aqui exprimem conflituem eventualmente com o exercício de tais funções.

Quer o Tenreiro escolher entre estas quatro hipóteses?

Anónimo disse...

O Caríssimo Professor Doutor F.Tenreiro, de vez em quando, lá vem com esta questão do “Anonimato”.
Várias vezes tentei esclarecer a questão. Mas acho que esse impulso limitador da Liberdade é mais forte do que a sua «vontade própria».
Talvez desconheça. Mas há uma «medida» para avaliar a Liberdade.
Não é uma medida «estatística», ou uma medida «económica» (no sentido restrito que F.Tenreiro usa sempre para a Economia). Não.
É uma «medida» fruto de muitos anos de experiência da Vida.
Nas aldeias, para quem lá viveu e veio para a Cidade, essa «medida» é de compreensão imediata. Mas também o é para quem esteve preso.
Ou para quem ficou na situação que o famoso Gregory Bateson definiu tecnicamente como “double bind”.
A medida da Liberdade é o tamanho da Diversidade, Caro Tenreiro.
Quanto menor é a Diversidade menor é a Liberdade.
Ora o Caro Professor Doutor Tenreiro quer à força diminuir a diversidade. Exactamente em nome daquilo que os outros, que no passado também restringiram a Liberdade, também apregoaram: --- “O fim do Anonimato”. Foi sempre em nome dessa «razão» que a Liberdade se perdeu.
O desaparecimento do Anonimato é a condição para se regressar ao «lápis azul da censura». Ou às visitas da pide às casas de todos os «identificados» (dos que perderam o Anonimato na Polis). Aquilo que levou aos genocídios, às traições, às deportações, às covas dos sacrifícios. Enfim, a condição para todas as perseguições cobardes à Liberdade.
Eu sei que já andam a querer parar a liberdade na Internet. Sei também que não vai demorar muito. O «poder instalado», os «instalados nos lugares», e outros privilegiados, já não aguentam a Democracia. Acham que, desde 1945 até hoje, já foi tempo demais.
Caro Professor Doutor Tenreiro o que lhe adianta a si haver «Anónimos» ou não? Não lhe adianta nada. Continua a ser o mesmo. Que culpa têm os outros de o Caro F.Tenreiro ter nascido? Nada.
A não ser que seja de um emergente partido daqueles do passado. Mas não acredito que seja.
Eu acho que o problema é a falta de capacidade para aceitar as consequências do debate em rede, que a Web e a Internet hoje nos possibilitam.
Vamos lá a um conjunto de exemplos explicatórios: --- Então os professores queriam que os alunos das suas turmas se identificassem antes de aqui escreverem? Que os subordinados dos vários chefes também se identificassem? Que os funcionários dos presidentes e dos dirigentes também fizessem o mesmo? Que os sem-estatuto e os sem-cargos se identificassem perante as listas pidescas dos moralistas que lhes pagam o ordenado? Que os jovens fossem identificados perante os mais idosos? Etc., etc..
Ò Caro Professor Doutor Tenreiro, mas isso era o mesmo que as votações-de-braço-no-ar das assembleias de má memória. Ou não?
E que em 2005 ainda foram encontradas no “modelo de organização do desporto português”.
Repare, alguns «partidos» ainda recentemente, na sua organização interna, eliminaram as «votações-de-braço-no-ar» por causa da falta de Liberdade que a falta de anonimato provoca.
O debate na Internet exige outra coragem e outra preparação.
Aqui são as «ideias», as «opiniões» e os «contributos» que são escrutinados e vigiados. E não a aparência física, a identidade ou o status das pessoas. Escrutinados e vigiados por Todos. E não, como antigamente, sempre pelos mesmos.
Caro Professor Doutor Tenreiro apresente um argumento e uma garantia que consigam anular as consequências que referi, e que estão provadas infelizmente no decurso da história humana. Será que é capaz?
Se o não for, o que lhe resta fazer?

Anónimo

Fernando Tenreiro disse...

Agradeço a explicação que me dirige.

A sua resposta é complexa como diz a Dra. Manuel Ferreira Leite.

Vejo duas vertentes:

1 - Aponta temores dos donos do blogues, que parecem os seus;

2 - A tomada de posição por exercício de cargos é um argumento interessante e até certo ponto aceitável.

Mas como justificar certa violência aqui referida/sentida por diferentes pessoas? O anonimato cobre essa violência!?

De qualquer modo, obrigado pela sua resposta.


A tese que faço no Porto, o meu trabalho no IDP e as aulas que vou dando têm-me ajudado a compreender uma série de coisas sobre o desporto português.

Isto certamente acontece com todos e o debate que aqui se faz tem-me ajudado a testar e a percepcionar coisas novas.

Veja o seguinte: compare os debates sobre estatísticas de há vários meses e o mais recente e note a diferença. A opinião dos bloguistas moveu-se. Eu diria postivamente.

Contudo, os debates quando tocam às medidas públicas têm uma dificuldade grande de ser equacionadas e discutidas.

De uma forma ou de outra as medidas tomadas terão interesse, o que a sua apresentação até agora não tem permitido o debate mais interessante de um ponto de vista técnico ou mesmo político se quiser.

As medidas são colocadas no seguinte género: O Governo fez, o Governo é o Maior.

Outra hipótese era dizer apenas uma medida em concreto e explicar a razão de determinadas opções e não outras.

Noutro comentário, noutro dia colocaria outra medida, etc.

Não sei porque é que os donos do blogue se oporiam a posicionamentos como este.

De qualquer forma continuo a achar que o anonimato absoluto, como o praticado, é excessivo e podia ser uma excepção.