quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O desporto para trabalhadores

Após a passagem em termos estatutários de Inatel Instituto Público para a Fundação Inatel, aproxima-se o início da primeira época desportiva do sector do desporto para trabalhadores com os actuais estatutos.

Já há algum tempo que se torna impossível dividir as ofertas e dinâmicas desportivas pelos ‘teóricos’ sectores desportivos estandardizados que compõem de alguma forma o sistema desportivo português.

A questão do desporto e trabalhadores, em que não trabalhadores (agregado familiar e participantes ao abrigo de protocolos com entidades colectivas) usufruem da oferta desportiva para um nicho específico, ou a situação dos trabalhadores que preferem outro tipo de ofertas de actividades e serviços de exercício físico (ginásios, associações, prática informal, etc.) deixou de ser estanque e com isso, potenciar o aparecimento de inúmeras situações dúbias e/ou singulares.

Parece não existirem dúvidas que o impacto que esta tipologia de prática desportiva bem como a sua oferta atinge actualmente é diferente comparativamente ao passado. A oferta de todo um mercado de actividades desportivas é mais abrangente e diversificado, felizmente. Os interessados têm um maior leque de escolha, sejam eles trabalhadores ou seus agregados, embora a capacidade de realizar actividades num território tão vasto e transversal continua a ser uma das marcas deste movimento desportivo que ainda contém algumas características corporativas.

O que antigamente podia ser confundido com um misto de acções entre o Inatel IP e o IDP (ou as anteriores denominações), com a duplicação de acções, de apoios e filosofia de actuação, deixou de existir pela ausência de dinamização por parte de algumas das entidades.

Prestes a iniciar-se a época desportiva 2009/10 da Fundação Inatel (a 1 de Setembro), um possível paradigma poderá (re)surgir, que é a permanência de alguns valores e da alteração da actual visão e missão da instituição com uma mudança estatutária, bem como a sobrevivência de alguns dos programas desportivos face a novos objectivos que têm em conta novas realidades e estratégias sociais e não só.


Concluindo, e no seguimento de alguns posts já aqui colocados, é e será sempre importante ter o conhecimento e consciência do real impacto das várias ofertas de ‘sectores’ desportivos, do retorno que as mesmas assumem, da quantificação de praticantes, movimentos e entidades envolvidas. Ao nível deste ‘sector’, estão envolvidas mais de 900 entidades colectivas (CCD’s), perto de 30 000 praticantes em provas de carácter regular e anual onde sustenta toda uma logística de acção, atinge mais de 100 000 participações em eventos promovidos conjuntamente por diversas entidades, subsidia pecuniariamente com 370 000 € os CCD’s na vertente desportiva mais os subsídios não pecuniários.

33 comentários:

Anónimo disse...

Há muito que o Inatel, na sua vertente desportiva, deveria ter sido extinto.

Trata-se de uma sobrevivência do Estado Novo, sem paralelo em nenhum país europeu.

Num país civilizado o chamado "desporto para trabalhadores" deveria ser da competência das centrais sindicais.

É absurdo existir um organismo do Estado para proporcionar desporto para trabalhadores-que-nem-sempre-são-trabalhadores....

Ridículo!!!!

Anónimo disse...

Dizia nº 1 do artº 56º da Lei 30/2004, de 21 de Julho (Lei de Bases do Desporto) do XVI Governo:

As actividades desportivas que envolvam trabalhadores e respectivas entidades
patronais
constituem um elemento de uma política desportiva equilibrada e condição
essencial ao desenvolvimento do desporto para todos
.

Nesta norma estava vertido o credo básico do corporativismo: os trabalhadores e os patrões, juntinhos, muito amiguinhos, a praticar desporto!!!

O que, aliás, vinha na esteira de outro dos conceitos básicos do mesmo corporativismo: o dos "corpos sociais intermédios"!!!!

Uma verdadeira delícia!

Não contente com isso, naquela Lei 30/2004 o PSD fazia ainda apelo a um outro conceito desportivo já "falecido": o do "desporto para todos", conceito esotérico que na sua definão, se caracterizava precisamente por prescindir da competição...

Na nova Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto (Lei nº 5/2007, de 16 de Janeiro), naturalmente, não há qualquer referência nem ao "desporto para trabalhadores" (sobrevivência do corporativismo), nem ao "desporto para todos" (o dito desporto "sem competição").

Haja Deus!....

Rui Lança disse...

Dado que opiniões são opiniões, apenas acrescentar alguma informação no seguimento do que já aqui foi escrito.

Do conhecimento que tenho, tal como existe a Fundação Inatel (no seu todo e não apenas desporto), existem a INDET (México) e depois algo semelhante no Brasil (SESI e SESC), mas muito ligadas às centrais sindicais como é referido no primeiro comentário.

Ao nível do desporto e com esta génese, por essa europa fora existem exemplos. UISP de Itália, ASKO da Áustria, FSGT ou FFST de França, outros relacionados com movimentos específicos de áreas laborais no Leste, Bélgica, etc.

Quanto às diversas referências da Legislação, são factos.

Anónimo disse...

Haja Deus…e paciência!!!

Dos Estatutos do IDP :

Departamento de Desenvolvimento Desportivo
…….

d) Apreciar os procedimentos de concessão de apoio técnico, material e financeiro ao desenvolvimento de acções no âmbito do desporto federado, bem como no âmbito do desporto para todos;
……….
Divisão de Desporto para Todos (DDT)

1 - No âmbito do Departamento de Desenvolvimento Desportivo, é criada a Divisão de Desporto para Todos (DDT)

Trata-se de uma morte estranha. Morreu na lei de bases e continua a viver esotericamente na orgânica da administração pública desportiva.

Anónimo disse...

....ou seja o IDP trata de um morto....

Anónimo disse...

Diz o Rui Lança

Ao nível do desporto e com esta génese, por essa europa fora existem exemplos. UISP de Itália, ASKO da Áustria, FSGT ou FFST de França, outros relacionados com movimentos específicos de áreas laborais no Leste, Bélgica, etc.

Ora, é aqui que reside a confusão!!

Nenhuma destas organizações é de natureza pública. Nenhuma delas é governamental.

Ao contrário do Inatel, que agora se travestiu de fundação pública.

E nem comento as referências à INDET (mexicana) ou à SESI e SESC (brasileiras), uma vez que estes países seguramente não constituem o modelo que Portugal pretende seguir.

O modelo português é o da Europa. Porventura ainda se encontrarão algumas pequenas sobrevivências, deste género, nos ex-países de Leste, mas esses ainda há pouco abandonaram um modelo estatal de organização da sociedade e é natural que ainda se não tenham habituado ao modelo de funcionamento europeu.

Mas Portugal não tem desculpa. O fascismo já caiu há mais de 35 anos e nós continuamos a conviver com estruturas que só se justificam numa lógica do Estado Novo!

É este o ponto.

Anónimo disse...

Ah sim....
Talvez agora o inatelfundação entenda que o DL 385/99 se lhe aplique....
Ou será que ainda é uma excepção ?

Anónimo disse...

"Desporto para trabalhadores" é um conceito tão útil para formular uma política desportiva como "desporto para bípedes"!

Anónimo disse...

Nesta perspectiva, em 1966 surgiu, pela primeira vez, o conceito de “desporto para todos” e, em 1975, a “Carta Europeia do Desporto para Todos” aonde, por estranho que posa parecer, a palavra competição acabou pura e simplesmente ignorada. Deste modo, o desporto foi ilusoriamente transformado numa actividade acética, praticada à margem de toda e qualquer contaminação de tipo competitivo, em que se privilegiava prioritariamente o exercício da actividade física com meros objectivos recreativos. Entretanto, o verdadeiro desporto, evoluiu em regime de roda livre, à margem de qualquer controlo de ordem ética, político e social, enquanto os responsáveis tanto desportivos como políticos se limitavam a fazer a triste figura de avestruzes. Esta situação só veio a ser corrigida com a publicação da “Carta do Desporto” em 1992, aonde se passou a considerar de uma forma clara, a dimensão competitiva do desporto e a sua organização a diversos níveis. O problema é que o mal já estava feito. A assunção da competição na sua plenitude veio tarde de mais.

O texto é do Prof. Gustavo Pires e pode ser lido aqui: http://www.forumolimpico.org/?q=node/515

É um texto que se subscreve, não obstante alguns erros ortográficos, como por exemplo "acético" por "asséptico".

Rui Lança disse...

"Nenhuma destas organizações é de natureza pública. Nenhuma delas é governamental."

Concordo, embora tenha algumas dúvidas a 100 % relativamente aos casos da UISP e FSGT, dado que não são públicas mas recebem imensos apoios públicos. Mas não retira a importância ou pertinência do seu texto, apenas acrescentar mais informação.

Anónimo disse...

Sobre o papel dos "corpos sociais intermédios" no fascismo, deve ler-se, entre outros, Manuel de Lucena, em "Notas para uma teoria dos regimes fascistas", publicado em Análise Social, vol. xxix (125-126), 1994 (l.°-2.°), 9-32, ou aqui: http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223301589K7cVM2xo9Xo83KK9.pdf

Ficamos assim a perceber melhor o PPD/PSD!!!

Anónimo disse...

Para o Rui Lança

A UISP (UNIONE ITALIANA SPORT PER TUTTI) é, estatutariamente, um Ente di Promozione Sportiva: por definição, uma entidade privada, reconhecida pelo CONI.

A FSGT (FEDERATION SPORTIVE et GYMNIQUE du TRAVAIL) é, juridicamente, uma fédération affinitaire et multisports: por definição, também, é uma federação multidesportiva, privada.

Quanto ao facto de receberem muitos subsídios: a Federação Portuguesa de Futebol ou o Comité Olímpico de Portugal também recebem muitos subsídios...e não são entidades públicas!

Anónimo disse...

Sim, o autor já tinha afirmado que não eram públicas.

Anónimo disse...

O que me parece é que a prática desportiva que é oferecida pelo inatel tem a sua razão de existir, se calhar com outro modelo estatutário. a verdade é que sem IDP, alguém deve assumir essa dinamização de actividades e não vemos nem o governo nem outras entidades a chegarem-se à frente.

Anónimo disse...

Tomemos por boas as referências adiantadas pelo Rui Lança:

(...) perto de 30 000 praticantes em provas de carácter regular e anual (...)

Traduzindo: "perto de" significa que os praticantes desportivos inatelianos não chegam a 30.000...

Quantos "trabalhadores" - ou melhor, "empregados" - existem em Portugal?

E é por causa destes 30.000 que o Estado dispõe de um serviço público, nacional, dotado de um orçamento, alimentado com verbas dos jogos sociais, e de um parque desportivo dito "dos trabalhadores"??!!! E que campeonatos são esses em que se paga aos árbitros mais do que as federações desportivas lhes pagam?!

Portugal é um país falido, com tiques de rico perdulário!

As instalações do INATEL já há muito deviam ter sido transformadas em parques desportivos municipais! E a organização dos tempos livres dos "trabalhadores" não é tarefa que compita aos Poderes Públicos. Sobretudo num Estado que se não reclama de uma visão paternalista dos ditos "trabalhadores" (que, nas sociedades ocidentalizadas, aliás, costumam coincidir com filiados no PCP e suas famílias...).

Anónimo disse...

É ignorante do que é Desporto quem afirma que Desporto para Todos é um conceito errado.
Quem o afirma não sabe nada de Desporto.
Não pode existir Desporto sem competição.
Ao desaparecer a competição passamos a falar de outra coisa que não é Desporto.
A competição que o Desporto proporciona deve ser para Todos, da infância á idade sénior. Porque contem um elemento pedagógico e de aprendizagem essencial à Vida em Sociedade que mais nenhuma outra actividade humana possui.
Esta ignorância é a causa de muitas das parvoíces que se disseram nestas mensagens. E uma das razões do atraso do Desporto em Portugal.
A actividade física não é desporto.

Anónimo

joão boaventura disse...

O conceito de desporto para todos nasceu na Noruega, em 1966, não para acabar com a competição desportiva, mas para transmitir ao sedentários que também poderiam fazer desporto competitivo consigo mesmo, com o tempo ou com os obstáculos ou declives do terreno.

Nasceu como actividade informal como o jogging que as pessoas fazem nas ruas da cidade, em fato de treino, ou os percursos do Jamor.

Depois foi morrendo lentamente, como as modas, para dar lugar a novas formulações, como estilhaços do desporto para todos, já institucionalizadas como a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta, ou a Federação Portuguesa de Orientação.

Como o desporto para todos nasceu na Noruega não se vê qualquer conexão com o fascismo nem com o corporativismo.

O que se pode dizer é que o "aproveitamento dos tempos livres" (FNAC, INATEL) encontra no "desporto para todos" o seu equivalente, já que este também pressupõe a necessidade de ocupar os tempos livres.

A FNAT nasceu em 1935 e o Desporto para Todos em 1966.

Se o Desporto para Todos foi copiar a FNAC, então sim,o Desporto para Todos seria geneticamente fascista.

Mas está ilibado, porque o Desporto para Todos é privado.

Anónimo disse...

Para o anónimo das 17:36

Escreve Você:

A actividade física não é desporto.

Diz a Carta Europeia do Desporto:

Entende-se por “desporto” todas as formas de actividades físicas que, através de uma
participação organizada ou não, têm por objectivo a expressão ou o melhoramento da
condição física e psíquica, o desenvolvimento das relações sociais ou a obtenção de
resultados na competição a todos os níveis


Segundo a Carta Europeia, portanto, a actividade física (que é considerada desporto) pode ter uma de três finalidades:

- a expressão ou melhoramento da condição física e psíquica;
- o desenvolvimento de relações sociais;
- a obtenção de resultados em competição a todos os níveis.

Tudo isto é desporto, segundo a Carta Europeia.

E só um dos três "tipos" de actividade física é que envolverá competição.

Você pode, por isso, dirigir os seus "mimos" contra o conceito de desporto constante da Carta Europeia!

Anónimo disse...

Para o Prof. João Boaventura

Não é o "desporto para todos" que tem conexões com o fascismo ou o corporativismo.

É a FNAT/INATEL, quer na sua versão de instituto público, quer na sua versão de fundação pública.

Questão diversa é a do "desporto para todos" que o legislador da Lei 5/2007 considerou um conceito inoperacional (e por isso, o não consagrou nessa Lei), ao contrário do PPD/PSD que dele fala na Lei 30/2004.

São questões diferentes.

E foi como questões diferentes que foram anteriormente referidas.

Não misturemos os assuntos!

fernando tenreiro disse...

Rui Lança o quadro que apresenta poderia ser melhor explicitado.

A Segurança Social decide em seu favor o uso dos dinheiros dos jogos sociais e não é claro que o explicite quanto aos resultados mais benéficos para a população.

O desporto português tem algumas limitações na actuação da sua administração pública.

O INATEL é uma delas.

O Estado intervém na produção federada e permite que um ministério sem vocação desportiva faça a gestão de uma parte de dinheiros dos jogos sociais, sem um controlo explícito dos resultados desportivos produzidos.

O Estado financia o INATEL para produzir desporto para a terceira idade ou para a ocupação dos tempos livres dos idosos vulgo turismo sénior?

Qual é a racionalidade do Estado produzir actividades recreativas de âmbito desportivo quando tem uma outra entidade que regula o sector e existem organizações sem finalidade lucrativa como os clubes e as federações que produzem esses bens com eficiência.

Os CCD’s não se poderiam organizar numa federação e candidatar-se como toda a federação desportiva ao apoio do Estado?

Aliás, ao ter criado uma Fundação privada o Estado vem demonstrar que a vocação pública não é relevante e a sua iniciativa e manutenção de actividades de produção desportiva competem com a iniciativa privada do associativismo e com a oferta pública local das autarquias.

Os números apresentados são pequenos, 30.000 praticantes, não chegando ao milhão de praticantes.

Uma reforma eficaz teria esclarecido esta confusão que o Ministério da Segurança Social mantém e o Desporto respeita e não equaciona uma via mais eficiente de produção desportiva para a população adulta.

Não existem estudos sobre a eficiência da produção desportiva dos diferentes sub-sistemas de produção desportiva em Portugal, nem existe a coragem de aplicar bem o dinheiro que se diz investir no desporto para benefício desportivo da população.

Por si só o MSS nunca dirá que não quer o INATEL e os seus milhões(?).

A questão que se coloca é a de definir que desporto se pretende para a terceira idade e as medidas de política para o alcançar aplicando da melhor forma os parcos dinheiros públicos.

Existem externalidades negativas da existência do INATEL e da sua actuação que prejudicam as federações.

No caso do INATEL como no do Desporto Escolar os objectivos medem-se em milhões de praticantes desportivos e o desafio de uma reforma eficaz é tremendo sob pena da população continuar a perder com a situação que prejudica anualmente milhões de portugueses.

O Ministério da Segurança Social deveria demonstrar estar disposto a ceder numa matéria que não têm competências estruturantes ou fundamentais.

A Segurança Social não precisa desta muleta, por muitos milhões que lhe custe entregá-la ao desporto.

O orçamento anual da segurança social será de mais de mil milhões de euros e os peanuts que recebe dos jogos sociais são peanuts que não são geridos da melhor forma por ser o MSS e não ser o desporto a fazê-lo.

Isto não é correcto, tira coerência à política desportiva e prejudica a população portuguesa.

Anónimo disse...

INATEL para quê e porquê?

O estatuto do INATEL lembra que Portugal em 2009 ainda não deixou de lado as estruturas e as matrizes de organização e pensamento do denominado Estado Novo, corporativista e estatulátrico.

Por isso mesmo, o Estado ainda tem a predominância na organização social que tem, e tantos são os arautos socialistas e comunistas ou bloquistas da sua supremacia interventiva.

Sobra por isso pouco espaço e recursos, organizacionais, humanos e financeiros, para que o desporto se organize fora das mãos visíveis do Estado. E muitas das intervenções legislativas recentes provam essa tendência absorvente do pai Estado, um verdadeiro Estadão.

E os sindicatos, obviamente, por dourtina e ideologia, dão-se afanosamente bem com essa tutela benevolente, que tem óbvia tradução constitucional desde 1974.

Só que falta depois sociedade civil e organização democrática e liberal do desporto. Como falta em tantos outros domínios, como nas grandes empresas que dependem das grandiosas obras e favores do Estado - ou melhor dos respectivos governantes do dia. Que bem se vê agora na ribalta.

Portanto, INATEL para quê e porquê?

Porque o Estado patrocina e manda inquestionável na sociedade, mesmo a sindicalizada e trabalhadora que paternalisticamente se deixa enredar como antes de Abril de 1974!

J. Manageiro da Costa

Anónimo disse...

A definição de Desporto da Carta Europeia está profundamente desactualizada. Deve ter sido feita por um daqueles inúmeros grupos de assessores e especialistas em generalidades, que vão para a União Europeia fazer de conta, e produzem documentos inócuos cheios de frases feitas e lugares-comuns que não têm nada a ver com a realidade concreta. Muitas vezes são o refugo que é chutado pelos que têm o poder real nos vários países.
Hoje em dia existem inúmeros os trabalhos e teses a nível internacional que actualmente refutam essa definição da Carta Europeia.
É anacrónico, e profundamente errado, afirmar que Desporto são “todos os tipos de competição”, ou “todos os tipos de actividade física”, como disparatadamente lá se diz.
Isso validaria competições como a competição da guerra, ou a competição económica por maior cota de mercado, ou a competição do crime por zonas territoriais. Todos esses tipos de competição passariam também que ser «desporto».
Como se vê, um puro disparate.
Mas é também disparate quanto a “todas as actividades físicas”, porque o defecar, o fazer arte, o rezar, o escrever também seriam «desporto».
Portanto, essa definição é tola e sem nexo.

Anónimo

Anónimo disse...

Ao se pretender retirar o elemento de competição ao desporto está-se a manipular o Desporto como o fizeram o regime fascista, e outros.
O nascimento do desporto ocorre precisamente no momento em que se inventou uma actividade humana que incorporou este elemento de competição sem as consequências que a competição real (não-desportiva) provocava.
Quando ocorreu pela primeira vez esta invenção humana, do Desporto?
Os iluminados que negam o Desporto para Todos, e a anulação da “competição no desporto” terão a coragem de o dizer aqui, para ficarmos a saber se sabem?
Também é um acto de manipulação ideológica pretender que os “patrões” e os “trabalhadores” não se possam conciliar. É próprio de quem acha que o mundo tem que ser uma “luta de classes” e um “confronto permanente entre empregadores e empregados”. Há muitos milhares de milhões de cidadãos que não têm essa opinião beligerante da Vida. E que a expressam em votações Democráticas em todo o Mundo.
Querer pôr na Lei uma opção ideológica é um acto fascista. Porque impede a opinião desses milhares de milhões de cidadãos, como o fascismo pretendeu fazer.
Por outro lado, a negação do elemento de competição (que é próprio e intrínseco ao Desporto) é uma das razões do lugar subalterno do desporto no projecto educativo da Escola. Uma das razões de uma ineficiente política de “desporto escolar” em Portugal. Uma das razões da ineficácia dos inúmeros “programas e campanhas de ética no desporto”. Uma das razões do papel secundário e imerecido dos “professores de educação física e desporto” em Portugal.
Como pode ser responsável por políticas de desporto quem é adepto de opiniões retrógradas e desactualizadas como as que vimos aqui escritas, e que infelizmente persistem há décadas no nosso País?

Anónimo

Anónimo disse...

Diz o Manageiro da Costa, em 27/8:

O estatuto do INATEL lembra que Portugal em 2009 ainda não deixou de lado as estruturas e as matrizes de organização e pensamento do denominado Estado Novo, corporativista e estatulátrico

Dizia, por sua vez, o mestre Correia, em comentário ao post de Meirim "O programa", em 23/6:

O desenvolvimento do desporto em Portugal pode e deve obedecer a uma matriz fundacional de carácter não “estatulátrico”

Esta repetida invocação do "estatulátrico" conforta-nos na convicção de que aqui há escola! Aqui há pensamento! Aqui há reflexão! Estatulátrica, acrescentaremos nós.

O problema é que entre o Correia, de Junho, e o Manageiro, de Agosto, o estatulátrico perdeu as aspas!!!!

E, meu caro Manageiro, nos pormenores é que a porca rabus torcit, como se diria no latim macarrónico do Palito Métrico Código da Praxe!!!!

Rui Lança disse...

Caro Fernando Tenreiro,

Um dos objectivos do post, salvo algumas excepções, está atingido, que era focar uma temática até agora não muito abordada na Colectividade.

Conforme conversas que tivemos recentemente por causa de frequências, agentes desportivos e programas de prática desportiva, felizmente, esta realidade atinge uma diversificação e dimensão que não permite num post retratar tudo aquilo que refere, e que em parte, concordo.

Os números aqui apresentados são alguns como sabe. São bem mais que os 30 000, porque se contarmos com os que diariamente praticam nas instalações (que poderiam ser muito bem autárquicas) atingem números elevados, para além de outros programas.

"O desporto português tem algumas limitações na actuação da sua administração pública." Concordo e tal como referi no post, estes pseudosectores desportivos criam situações ambíguas e limitadas. A realidade actual é bem diferente da que fez com que se criasse a FNAT, Inatel IP e agora Fundação Inatel.

"Os CCD’s não se poderiam organizar numa federação e candidatar-se como toda a federação desportiva ao apoio do Estado?" Concordo em absoluto, mas aqui a questão e o objectivo não era nem defender nem comparar uma oferta à outra qualquer, mas 'apenas' trazer para a discussão tópicos que na minha opinião dizem respeito aos dirigentes na área desportiva e também social, e conjugam dinheiros públicos, estratégias desportivas em consonância ou não com outras entidades públicas e privadas e que mal ou bem, dinamizam um conjunto de pessoas com fins desportivos, de lazer e tempo livre.

Relativamente aos comentários de J. Manageiro da Costa, considero-os mais que lógicos, bem como as sugestões apresentadas, outros cenários. Mas repetindo, não tenho a intenção de defender a ou b, mas sim, que fossem abordadas sugestões, uma temática interessante e que 'mexe' com diversos campos, o que considero estar concretizado. No conjunto de todos os comentários, o resultado final na minha opinião acrescenta valor, independentemente de concordar com eles ou não. Mas existem sugestões construtivas, cenários exequíveis e acima de tudo, uma grande chamada de atenção para o que se pode ou deve alterar.

Anónimo disse...

Os posts do anónimo das 22:27 e das 22:30 são de uma clareza beneditinamente olímpica!

Uau! Parabéns!...

Anónimo disse...

E, aquele desafio que sugeri no outro dia?
O de ir aos Programas dos Partidos ver o que lá estava escrito?

O INATEL está referido em quantos?

Anónimo

Anónimo disse...

Caro Rui Lança,

A verdade é que o INATEL com alguns hábitos de ricos que não deviam ser permitidos nos dias de hoje, apresenta e organiza muitas actividades para populações que sem isso não teriam qualquer acesso.

E penso que isso é que deve ser a preocupação, que sem a entidade, quem dinamizaria? Se em Lisboa ou Porto é mais um, em certas regiões do país é o único. Concordo com as considerações de Fernando Tenreiro, algumas explicações do Governo relativamente ao papel do INATEL e outras entidades na máquina desportiva estatal e não só, era gratificante. Para todos tentarmos ao menos perceber.

MP

fernando tenreiro disse...

Rui Lança,
As conversas que tivemos foram úteis para criar uma peça que espero venha a ser publicada. Aqui não dá. Assim que sair envio-lha.


Este CD é um espaço de liberdade e que como se observa tem sucesso.

Não está em causa o trabalho das pessoas e no limite mesmo com uma situação ideal haveria debates.

Ainda não tinha visto um poste crescer exponencialmente 28 comentários.

O Rui Lança consegui-o.

O INATEL mexe com as pessoas como um espaço de reforma potencial.

Vejo dois aspectos de intervenção pública:

O primeiro relacionado com a produção de actividade para uma faixa etária significativa começa nos trinta e vai até aos cem, se considerarmos o Manuel de Oliveira, o cineasta, em Porto Santo a tomar banho de mar todos os dias das férias às 8 horas da manhã (disseram-me).

O segundo relacionado com o incentivo ao associativismo. Clubes, CCD's, empresas, outras formas organizativas, privadas e também algumas públicas, há espaço para todos.

Anónimo disse...

Nesse aspecto concorda-se com a introdução de um assunto novo e congratulo. Tb concordo com o Prof. Tenreiro, o aspecto social e neste caso desportivo que o INATEL possui toca várias capelinhas e acredito que muitos dos comentários aqui falham na ligeireza como tentam atingir variáveis e alternativas.

Anónimo disse...

deixe o prof para lá
garanto-lhe que há muitos por aqui
ft

Anónimo disse...

Segundo o antigo site do INATEL o artigo 7º dos estatutos da FNAT, aprovados pelo Decreto-Lei nº 25.495, de 13 de Junho de 1935, teria a seguinte redacção:

A direcção e administração da F.N.A.T. competem a uma comissão central, que terá por presidente o general António Óscar de Fragoso Carmona e por membros efectivos o António de Oliveira Salazar, o licenciado em matemática Pedro Teotónio Pereira, António Júlio de Castro Fernandes e Jaime Ferreira.

!?!

Anónimo disse...

A consciência que te acompanha no que vais sendo é o puro registo disso que vais sendo para o poderes ler, se quiseres, depois de já ter sido. Mas no instante de seres o que és, o que és é apenas, por uma decisão anterior ao decidires. O que és é-lo onde a tua realidade profunda em profundeza obscura se realizou. O que és é-lo no absoluto de ti. A consciência testifica-nos apenas como o ser privilegiado que sabe o que é por aquilo que vai sendo e pode assim reconverter-se à posse iluminada disso que vai sendo. A consciência constata mas não interfere senão para se não ser mais o que se foi, ou mais rigorosamente, para se não querer ser o que se é - o que é ser-se ainda, embora de outra maneira.
Porque se neste instante me sobreponho, ao que sou, outra maneira de ser - a consciência que me altera o primeiro modo de ser é a paralela iluminação do modo de ser segundo. Decidi ainda antes de decidir, quando decidi não ser o que primeiramente decidira. Assim no torvelinho dos actos que me presentificam e da consciência desses actos, sempre o insondável de nós se abre para lá do que podemos sondar. Sempre a realidade de nós é a realidade original que na origens se gera. Sempre a autenticidade de nós está a uma distância infinita das razões que a justificam.

Vergílio Ferreira,
in
"Invocação ao Meu Corpo"