sábado, 12 de dezembro de 2009

A mudança e o subsídio

Tal como a estória da águia mexicana nos transparece, a mudança pode ser um processo desconfortável, de introspecção, de exigência pessoal, por vezes solitário...e que quando se muda, não se volta para o mesmo local e para fazer a mesma coisa.

A tal mudança, ou melhor, as tais mudanças que aguardamos em diversos sectores da nossa sociedade vão sendo adiadas pelas mais variadas razões, especialmente se analisarmos o desporto e um procedimento que antigamente (?) se usava como regra e não excepção, que era a utilização e solicitação dos subsídios como forma de sobrevivência de pequenas associações, clubes de pequena, média e porque não, grande dimensão, de ONG's, etc.

Com o passar dos anos, tentou-se implementar uma cultura algo diferente - as parcerias -, as tais visões win-win em que as entidades que possibilitavam os subsídios/apoios negociavam e abordavam as entidades sobre cedências, prestações de serviços, etc., em que era necessário recuperar o investimento feito através do subsídio, recuperação que podia ser analisada consoante indicadores de participantes, de imagem, de eventos, repetições das actividades, etc.


Afirmo "tentou-se" por que considero que ainda é uma realidade longe de ser atingida em primeiro lugar. Segue-se a seguinte pergunta: "Quem faz mais força para que a cultura do subsídio e/ou subsídio-dependência permaneça? O que recebe ou o que dá?".

Se ao que recebe, saberá bem este estímulo, esta fonte de receita que com menos ou mais esforço, pode ser considerada uma receita 'fácil', ao que dá, proporciona um sentido de poder à volta do seu ego que transforma o acto em algo não importante, mas essencial. Diria que observando este caso com um 'olhar' mais relacionado com as teorias da psicologia, aparecia perto da base na pirâmide de Maslow.

A cultura de subsídio-dependência permanece. Permanece sem controlo dos seus retornos, mesmo que sejam benefícios, porque também os há. Não existem indicadores, padrões de análise. Para isto contribuem todos, uns disponibilizando ao 'desbarato', outros permitindo que a mudança não aconteça, outros fornecendo através dos impostos as verbas necessárias para manter este hábito.

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro Rui Lança,

Na sua pergunta...a resposta é claramente a 2.ª hipótese, viva o ego.

Mas mudar torna-se complicado, quer em algumas autarquias, IDP, Fundações, etc. Não vai ser fácil.

LM

Anónimo disse...

Dar os parabéns ao blog pela natureza dos comentários e coragem que vai tendo com temáticas muito interessantes.

Quanto a este assunto em particular, também concordo com o comentário anterior, a questão é bem colocada e optaria pela 2.ª hipótese, só quem trabalha nestes ramos dos pequenos e médios subsídios sabe dos vícios e quintais que se criam. É de facto uma questão essencial que dificulta aquilo a que se poderia chamar uma gestão ou até um planeamento.

Há claro bons exemplos, câmaras municipais que trabalham muito bem, não sei se o próprio IDP não acabou com isso, mas depois existem os outros exemplos ainda do despesismo.

A pergunta...é "Até quando?".

Tiago Viana disse...

Também há também boas condutas.
Contudo a 2ª opção é claramente a minha resposta.
É tudo um ciclo vicioso que tem agregado um factor, quem distribui subsídios recebe na generalidade dividendos políticos disso.
Relembro a frase de um(a) colega quando lhe questionei qual o orçamento tinha de gerir na sua instituição pública.
A reposta foi:
Não temos. Nós vamos mandando propostas e eles assinam.
Isto não é gestão.

Nuno Lopes disse...

Amigo Rui,

Julgo que a situação está generalizada, e esses bons exemplos são casos isolados. Muitas vezes por ignorância outras de forma dolosa. (Bem parece-me que a dinâmica do teu blog é contagiante.) Porém existe ainda muito por fazer...Felizmente muitos "iluminados" do desporto já identificaram o problema mas falta-lhes acção. Não tenhemos dúvidas o Movimento Associativo em Portugal é que faz girar o desporto. Não fossem os dirigentes deste País e não existia desporto. Rui cabe-nos essa responsabilidade. Sim a mim, a ti, e ao Tiago também, vamos avançar.