Texto publicado no Público de 9 de Junho de 2013
1.
Viajar quase 900 quilómetros para participar em seminário no âmbito da II
Semana da Juventude e do Desporto, organizado pela Câmara Municipal de
Mirandela, não é fácil.
Abandona-se
o conforto da capital, da centralidade, do metro, da comunicação fácil, para
olhar uma realidade afastada, interior, de passos e agir diferentes. Lisboa é o
centro da vida; Mirandela, o afastamento rodeado de pedras rudes, uma terra mais
de azeite e menos de alheiras, ao contrário da ideia que se carrega à partida
da viagem.
2.
Perante uma plateia de dirigentes associativos locais e alguns estudantes de
Bragança, tentei transmitir o que o Direito “dá” ao dirigente desportivo
voluntário e o que dele “exige”. Pouco ou nada e quase tudo, respectivamente.
Mas,
para além dessas constatações, comuns a este infeliz País, seja o nordeste,
inesperadamente, assumiu-se como centralidade e Lisboa como inevitável
periferia.
3. A Federação Portuguesa de Pangration Athlima tem
sede em Mirandela, foi fundada em Abril de 2000 e congrega cerca de duzentos
praticantes.
Portugal participou, na Grécia, no
Campeonato do Mundo de Pangration em 2003, obtendo 3 medalhas de bronze por José
Varela (C.A.M.P.A. de Alijó), Ivete Alves (C.A.M.P.A. de Alijó) e Pedro Mores
(A.M.A.O. de Mirandela). Colectivamente, a equipa portuguesa foi 8ª classificada.
A representação nacional esteve também presente no Campeonato da Europa, em 2004, igualmente na Grécia, conquistando, em agon, uma medalha de ouro por João Varela, de Alijó; medalha de prata por Sandra Dias e uma de bronze por Cristina Novo, ambas do Mirandela. Em paleismata mais uma prata por intermédio da dupla: Sandra Dias e Cristina Novo. Portugal foi 5º.
A representação nacional esteve também presente no Campeonato da Europa, em 2004, igualmente na Grécia, conquistando, em agon, uma medalha de ouro por João Varela, de Alijó; medalha de prata por Sandra Dias e uma de bronze por Cristina Novo, ambas do Mirandela. Em paleismata mais uma prata por intermédio da dupla: Sandra Dias e Cristina Novo. Portugal foi 5º.
4. Pangration? Em Mirandela? Alijó?
“O combate de pankration define-se como um combate entre 2 atletas cujo
objectivo é a vitória de um deles sobre o seu adversário. Aos atletas é
permitido qualquer tipo de ataque com os membros superiores, inferiores e com a
cabeça. As técnicas devem ser as permitidas pelas regras e assim evitar
traumatismos. As técnicas podem ser utilizadas com os atletas em pé ou no chão.
É permitido qualquer tipo de prisão (agarre) de corpo ou roupa com os pés ou
mãos cumprindo os regulamentos. É permitido qualquer tipo de projecção ou
prisão e pressão muscular sempre que não leve a um traumatismo sério e
duradouro”. Trata-se uma antiga arte marcial e antigo desporto de combate sem armas, que segundo a mitologia
grega teve início com os heróis Hércules e Teseu. Uma mistura de boxe e luta olímpica, tendo surgido pela primeira vez na
33ª Olimpíada (648 AC).
5.
Num tempo em que para o Estado o dinheiro mede as modalidades desportivas, parecendo
privilegiar a diminuição de federações desportivas - contrariamente ao que se
julgava ser uma finalidade das suas incumbências -, em Mirandela existem
exemplos de pluralidade desportiva, quer o Estado queira ou não queira.
Estou
certo, que outras centralidades existirão por este País fora que, com base no
apoio público local e no voluntariado, continuam a pugnar pela afirmação do desporto
como realidade social que contribui para o desenvolvimento da personalidade
humana.
8 comentários:
Desconhecia esta modalidade e não posso crer que beneficie de apoios públicos?
Se assim for, é um caso de incompetência de quem lhe atribui (e mantém) o estatuto de utilidade publica desportiva... pois apesar de, possivelmente cumprir os critérios que a lei obriga, não cumpre as regras do bom senso e da utilidade cívica ... somos seres racionais, devemos agir como tal, mesmo que o legislador não tenha previsto uma cláusula para modalidades que cumpram os critérios e se autodenominem desportivas, mas que no fundo são exemplos desviantes e infelizes da atividade física... que eles "queiram andar à porrada" tudo bem... mas que os meus impostos os financiem? tudo mal!
Não tem expressão nacional ou internacional.
Antes teríamos a bisca.
Excelente artigo.. onde se verifica a inovação das modalidades desportivas...
A bisca poderá ser o desporto mais jogado em Portugal, dado o número de reformados que, em todo o país, passam as tardes na jogatana, nas praças públicas.
Viva a bisca!
Segundo o homem invisivel deviamos era tirar os apoios a federações como o Judo, Karate, Boxe e demais... sao exemplos desviantes e infelizes da atividade fisica. Faça um favor a todos e mantenha tambem os seus comentarios como invisiveis !
A meu ver, existe bastante utilidade e transfer na pratica do judo e do karate (ou do aikido)... já o boxe, assim como a modalidade em questão não concordo que seja um desporto com utilidade publica.
Nem todos os desportos de combate devem ser colocados ao mesmo nivel pois não têm os mesmos objetivos nem a mesma filosofia.
É a minha opinião, outros terão diferentes opiniões, naturalmente!
PS para o anomimo de 15 de Junho (tão invisivel como eu, por ser anonimo): não quer propor a utilidade publica desportiva também para as lutas de cães???
Tenho alguma pena que a designação 'pancrácio', ouvida a doutos professores, há bem mais de trinta anos, quando eu era estudante, tenha sido preterida...
Sobre o Pankration, é uma modalidade com cerca de 5000 anos que fez parte da cultura graga. Não se limita a una tipos que andam a pancada`. Antes de falar deveríamos informar-nos. Quanto à representatividade, basta procurar na internet e ver que é a modalidade que mais esta a crescer.
Pancracio é uma tradução da palavra grega. Foi adotado internacionalmente o termo PANGRATION e é o único aceite pela federação internacional embora se continue a usar com capa por causa dos Ingleses.
Alem disso é uma modalidade sem contacto total e não como muitas outras que consideramos muito duras. Leiam os regulamentos de competição e verão o que é o Pangration.
Manuel Novo
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