segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Orgânica a mais e política a menos

Se o desporto deixasse de ter na orgânica do Estado qualquer secretaria de estado ou ministério qual era o mal que isso causava? Os resultados desportivos regrediam? O número de praticantes baixava? Acabavam os clubes, os dirigentes desportivos, os treinadores e os atletas? Não se construíam mais instalações desportivas e as que existem teriam tendência a desaparecer? As selecções nacionais perderiam as competições? Se o financiamento às organizações desportivas fosse assegurado por uma qualquer entidade integrada em outra unidade orgânica do Estado que prejuízos daí advinham? A questão colocada, deste modo, pode parecer absurda e até provocatória, mas insisto: que matérias ficariam desprotegidas? Talvez a da regulação do sistema através da produção normativa. É isso assim tão necessário? E o que é, não pode ser assegurado por uma outra entidade? O estado a que chegou a administração pública desportiva demonstra que não é por estar desorganizada, desleixada e ineficiente que o país desportivo parou. Mais. Tem revelado que, excepção aos financiamentos públicos, não é necessária para mais nada e é dispensável para quase tudo. O ministro faz o que lhe dizem para fazer. Não é brilhante mas cumpre o seu papel. Atinge os objectivos mínimos. E quem lhe diz o que fazer reconhece-se no que diz, mas não se avalia pelo que faz .Como é comum aos políticos profissionais ganha em pose e em discurso o que lhe escasseia em obra. Um e outro são perfeitamente dispensáveis. A orgânica do governo para o desporto é excessiva para tão pouca política.

6 comentários:

Maria José Carvalho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maria José Carvalho disse...

Com várias perguntas, que eu interpreto mesmo como provocatórias, não resisto também em fazer-lhe uma JMC:
_ Quando presidiu ao IDP sentiu orgânica a mais para o desempenho das suas funções?
Claro que não precisa de responder. Num próximo post perceberemos melhor aquilo que neste já quis transmitir.

josé manuel constantino disse...

Vou responder.O que pensava e penso está, em parte, contido nas páginas 25 a 33 do livrinho que teve a amabilidade de prefaciar intitulado,Desporto Português-do estado do problema ao problema do Estado...

Anónimo disse...

As teses neoliberais do Estado mínimo são conhecidas e têm porta vozes em vários domínios económicos e sociais - e desde logo entre os economistas. Em países do sul da Europa, onde é tradicional a imensidão da presença do "Estado tutelar" (que não do "Estado-ama" que é mais do norte europeu desenvolvido e social-democrático por excelência)é também vulgar e flagrante o mau funcionamento e o imenso desperdício e irresponsabilidade desse mesmo Estado omnipresente. E os intérpretes desse Estado, que o são hoje ou já ontem o foram, são as mais das vezes ineptos, mal preparados e "corruptos" dos seus ofícios. O que sucede no desporto que é hoje indiscutivelmente visível é o mesmo que acontece na justiça, na educação e na saúde e assistência social, para dar apenas exemplos. Daí a retirar-se a "linha doutrinária e ideológica" de que o Estado deve desaparaecer dessas áreas socio-económicas vai uma passada que teria prováveis consequências trágicas para muitos cidadãos. Agora que deve exigir-se uma redefinição dos papéis do Estado, da sua organização e funcionamento, tudo é mais que necessário.
E o Estado deve estar presente organicamente no desporto porque neste sector há muito de social que o mercado e as organizações asociativas sózinhas não podem dar à sociedade no seu todo. Basta lembrar os bons modelos da Europa relativos ao "Desporto para Todos" e à promoção da prática desportiva. No meio é que está a virtude, se se quizer há uma "terceira via" que também no domínio do desporto deve ser implantada e percorrida. Claro que esta está longe, muito longe mesmo, do que actualmente este "socialismo parolo desportolista" faz em Portugal...!

josé manuel constantino disse...

No próximo post darei alguns contributos a esta tema cujo debate o merece, tanto mais que existem posições e entendimentos aparentemente contraditórios e que justificam ser discutidos.

Anónimo disse...

O j. manageiro da costa deve ter um problema com os economistas, o que só lhe fica bem.
Olhe que só lhe contaram a si que em todas as outras profissões os economistas são os que levam a primazia em termos liberais, neo-liberais e ultra-liberais.
Tirando esta afirmação de enorme significado, qualquer que ele seja e que não quero descortinar, a sua constatação sobre a acção do Estado tem interesse e pretende alguma racionalidade económica.
Concluo que você de facto não será economista mas tem pena!
Fernando Tenreiro, economista