quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O Diário da República

O desporto nacional vive com uma pluralidade e diversidade de agentes e organizações. São os atletas, os treinadores, os técnicos, os árbitros ou juízes, os dirigentes; são ainda os clubes, as federações desportivas, a Confederação do Desporto de Portugal e o Comité Olímpico de Portugal.
Mas também temos o Governo, o IDP, as autarquias locais e outros entes públicos.
Ora, Pequim alertou-nos para a existência de um outro operador até agora, pelos vistos, a viver na clandestinidade, criando teias subtis no sistema desportivo.

Trata-se do Diário da República.
O jornal oficial – é mesmo um jornal (agora electrónico) com notícias e tudo –, revelou-se possuidor de vontade própria, é um ser pensante e, do ponto de vista das organizações desportivas privadas de cúpula, ou pelo menos dos seus principais responsáveis, é matreiro e perigoso, age sempre contra os seus interesses.

Primeiro, foi o presidente do Comité Olímpico de Portugal, em entrevista à RTP1, no passado dia 26 de Agosto.
Acerca da contagem das medalhas, e dos verdadeiros objectivos desportivos da missão portuguesa, lá foi afirmando que assinou uma “carta ao Governo” a indicar 3 ou 4 medalhas, mas não 5. E a representação de 13 ou 14 modalidades. Mas o Governo, depois, no Diário da República, é que aumentou esse nível de exigência. Ora aí está ele, o abominável Diário da República. Falso. Traiçoeiro.

Ontem, foi a vez do presidente da Confederação do Desporto de Portugal confirmar a existência desse ser, na sua coluna no jornal A Bola.
Afirma a dado passo: “Medalhas, medalhas, medalhas foi a tónica das últimas semanas, uma tónica a que Portugal não podia ficar indiferente sobretudo depois do COP ser obrigado a incluir no contrato-programa, com a administração pública desportiva, a conquista de quatro medalhas em Pequim e, provavelmente, porque para estes, isto de medalhas é fácil, quando da publicação em Diário da República, o número foi aumentado para cinco!”
Cá está ele uma vez mais. Sempre tortuoso, não se limitando a reproduzir e a publicitar um contrato assinado pelas partes. Apanha as partes desprevenidas, de costas, e altera o escrito e assinado.

Bem vistas as coisas, agora que é indesmentível a presença autónoma do Diário da República no universo dos agente desportivos só resta optar por uma das seguintes soluções: ou elimina-se tal jornal – difícil em face da sua previsão na Constituição da República Portuguesa –, ou altera-se o diploma relativo à composição do Conselho Nacional do Desporto, de molde a prever a sua presença, de pleno direito.

Não será difícil para o Governo seguir esta última opção, pois o referido diploma já convive com a presença do inexistente Comité Paralímpico de Portugal e o Conselho Nacional do Desporto vai também coexistindo com a presença de um presidente de uma federação desportiva que perdeu a “razão de ser” que o legitimava (existência de uma competição desportiva profissional).

7 comentários:

Anónimo disse...

Há afirmações como a dos Presidentes do COP e do CDP que, como ensinou Aristóteles, retratam melhor quem as faz, do que quem elas pretendem atingir.

Complexo da Lapa

Anónimo disse...

O que não vem escrito em nenhum Diario da Republica (traiçoeiro)e não consta em nenhum jornal, televisão ou rádio, foi a forma como decorreu a participação da nossa administração pública desportiva nos últimos jogos desportivos da CPLP que decorreram no Brasil.

Foi uma participação merecedora de várias medalhas, e em que modalidades?

Porque não estiveram presentes em nenhum evento desportivo....

Subiu ao podium com o Bronze um Sub-director geral que com enorme esforço conseguiu mudar de hotel, para estar na mesma série que alguns pesos pesados, foi o primeiro a comprar os chinelos de enfiar no dedo e não faltou a nenhuma prova gastronómica. No novo quarto de hotel não faltou o queijinho fesco, as bolachinhas e claro o chá verde anti-oxidante. A dedicação e o empenho à causa publica assim o exigia.

A Prata chegou ao Director Geral que logo tratou de garantir na sua prova automobilistica, todas as condições para uma prestação à altura do Timoneiro. Avaliar a prestação nos jogos, com registo no bloco de folha amarela (afirmação da sua passagem pelos EUA, na Convenção Republicana), demandava a necessidade de uma deslocação constante em observação de paisagens e avenidas, garantindo-se assim uma observação sempre atenta.
Um verdadeiro Observatório sobre rodas, na senda da estratégia de Rede de Observatórios, que lança sempre que há Mestrandos e Doutorandos (orientados por si) disponiveis para receber a dizima oriunda do erário público.

O ouro ficou assim por conquistar nesta prestação dos atletas de elite da nossa Administração Pública Desportiva.

Os outros atletas de elite também presentes, não conseguiram chegar ao podium apesar do esforço demonstrado, ficaram-se pelos diplomas.

O ouro verdadeiro da vitória, não o da mediocridade e provincianismo, foi atribuído fora do podium, em cerimónia singela e clandestina, aos técnicos portugueses da equipa organizadora do Jogos da CPLP, da CDP ao IDP, os técnicos mostraram estar à altura do desafio.

Correram descalços, jogaram com bola de trapos, saltarem numa caixa sem areia, laboraram com a força de quem sabe o que faz e que faz o melhor que consegue e que deixam.

Parabéns aos homens e mulheres do ouro, que não subiram ao podium.

Afinal como diz o provérbio "antes só que mal acompanhado"

Infante Santo

Anónimo disse...

O que é chocante em toda esta matéria que o professor refere é a falta de verticalidade/responsabilidade de pessoas que jogam com a eventual ignorância dos outros. Como se fosse possível o diário da república publicar um contrato que não tivesse sido previamente visto e assinado pelas partes. Mas depois de ler o que sobre este assunto escreveu o anterior secretário de estado ,Hermínio Loureiro ,que homologou o referido contrato e que agora o critica, já nada é de espantar.

Anónimo disse...

Queijinho fresco? Bolachinhas? Chinelos? Chá verde?Prova automobílistica ?Dízima do erário público? Mas que filme é este?

ACC

Anónimo disse...

O que me deixou integrado foi por acabar de não saber quem foi o "criminoso", se o COP que prometeu x bolachas, se o Governo que prometeu y, se a Confederação que augurou z, ou se o Diário Republicano que alvitrou k.

Mas, pelos vistos, Meirim sabe, sem provas, que foi o Diário Republicano quem mentiu, quem prometeu bolachas em demasia.

Esta história policial está muito mal contada. Meirim não sabe, nem lhe interessa saber, desde que atire pedradas ao único Republicano que não pode reagir: o Diário.

José Manuel Meirim disse...

O anónimo de ontem, lamento afirmar, mas não leu o texto com atenção.Afirma, como é bom de ver, exactamente o inverso do que digo.
José Manuel Meirim

Anónimo disse...

Desculpe, mas não consegue fazer um discurso com princípio, meio e fim.

É uma baralhada de atropelos quando podia resumir tudo em 4 ou 5 alíneas, e ser mais claro e directo.

Se não consegue transmitir as ideias de outra forma, como a do João Paulo Almeida que não se perde com divagações.

O teor do seu discurso, emotivo e apaixonada, arrasta os comentadores para a sua linha, e não passamos disto.

Nem consegue desconstruir, nem construir. E, desculpe, como jurista, deveria ter mais cuidado com o que escreve e como escreve.

Se for mais objectivo e directo, só tem a ganhar.

Cordialmente.